Não é o fim do
mundo, porém um péssimo indicador
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
A assunção de Donald Trump à presidência dos EUA se enquadra
na onda conservadora que varre o mundo. Com consequências ainda imensuráveis,
sobretudo se ele levar à prática o ódio, a discriminação, o preconceito e o belicismo
que marcaram sem tosco discurso de campanha.
Não será o fim dos EUA, nem o prenúncio da extinção do
Planeta. Mas é um sinal claro das implicações da crise global – sistêmica,
profunda, estrutural – que aflige o mundo, desde 2008, com epicentro no país de
Trump, sobre o desenho decadente dessas eleições.
Uma crise unanimemente considerada pior do que a grande débâcle
de 1929. Sem sinal de solução à vista.
Faltam pão e razão na maior parte do globo hoje.
Políticas sociais inclusivas sob bombardeio, primado exclusivo
da usura e da especulação, o grande capital financeiro no comando de tudo.
No salve-se quem puder, forças políticas à esquerda e
progressistas, enredadas em perplexidade e carentes e de alternativas
inovadoras, vêm-se constrangidas diante do avanço da direita em quase toda
parte.
Escutei hoje um comentarista ponderar que não é a primeira
vez que nos EUA se elege um candidato “exótico” (na expressão dele). No início
dos anos 80, Ronaldo Reagan, também republicano, elegeu-se duas vezes
consecutivas presidente da nação mais poderosa do mundo e o Apocalipse não
aconteceu.
Não aconteceu em termos, retruco cá com os meus botões.
Reagan comandou uma fase de intenso intervencionismo norte-americano
e de imposição das políticas de conteúdo neoliberal que agora recrudescem.
Como será com Trump?
Bom não será. O império, em dificuldades, terá o comando de
forças mais à direita no espectro político, aprofundando o apartheid social e afetando
as relações externas em todas as frentes.
Por exemplo: o acordo celebrado em Paris para a redução do
aquecimento global, Trump já avisou, dias atrás, num comício, que não cumprirá.
Nessa linha, muito mais virá por aí.
Agora, diferentemente da “era Reagan”, há um cenário de
crise e de relativa aceleração da transição do mundo unipolar (sob hegemonia absoluta
norte-americana pós-derrocada da União Soviética) para uma nova ordem
multipolar, onde pontificam novos centros de influência como a China.
Não será exagero pensar que nova onda de conflitos venha a
funcionar como fator de incremento da indústria armamentista norte-americana e
das cadeias produtivas a ela associadas para que o novo presidente possa, pelo
menos em parte, cumprir o que prometeu aos seus eleitores.
Leia também: Falsa democracia é
produto de exportação americano http://migre.me/viItK
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