O profeta nu
Eduardo Bomfim, no portal
Vermelho
Após a queda da União Soviética, a hegemonia unipolar dos EUA, a adoção do dólar como moeda padrão, o Mercado financeiro passou a exercer o domínio global com suas políticas e agendas para as sociedades.
Nesse tempo surgiu Francis Fukuyama, um nipo-americano, então um obscuro
professor universitário. Suas teses foram divulgadas em escala mundial pelo
Departamento de Estado dos EUA.
Suas concepções baseiam-se na supremacia do neoliberalismo econômico,
inspirado por Friedrich Hayek, filósofo, economista austríaco pai do
liberalismo moderno.
Fukuyama inventou a farsa do Fim da História com base na
desregulamentação dos fluxos do capital financeiro, do rentismo louco. Afirmou
que o mundo estava diante da paz definitiva, prosperidade econômica e social
contínuas.
Mas o mundo nunca presenciou tantas guerras de agressão, genocídios,
destruição de povos, nações. Ondas de milhões de refugiados, vítimas das
intervenções imperiais na África, Oriente Médio, vagando pelos “corredores
europeus para refugiados”, afogados aos milhares nos mares da Europa.
Em 2015 entidades internacionais anunciaram que pela primeira vez a
fortuna dos 1% mais ricos superou a renda de 99% da população da Terra.
O “profeta” Fukuyama está nu. Mas insiste no Financial Times em suas
concepções, porém acha que foram atingidas em cheio pela crise do “Mercado” em
2008.
Afirma que “a social democracia já havia aceitado há duas décadas o
neoliberalismo reformista, mas que errou em não indicar soluções econômicas
(dentro da Nova Ordem, óbvio) aos trabalhadores, restringindo-se às políticas
de identidades”.
Diz cinicamente que “a parte democrática das populações está se
sublevando contra a parte liberal do sistema, sua legitimidade e regras”. O seu
reacionarismo é contra outra ordem global multilateral com a China, Rússia, o
Brasil etc.
Alerta o grande capital que há uma revolta dos povos contra a
globalização do rentismo, que ele chama onda de “populismo” e “nacionalismo”:
“a elite (financeira) deve atentar às vozes raivosas que gritam diante dos portões”.
Fukuyama, pessimista, vê o Outono da Nova Ordem mundial. É a mesma linha
da grande mídia nativa monopolista. Cabe aos povos encontrar caminhos de
superação a essa globalização financeira adversa à democracia, às conquistas
trabalhistas, a soberania das nações.
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