Posse semiclandestina de Freire é o retrato de um
governo que não resiste à luz
Fernando
Brito, no Tijolaço
Nada
mais simbólico da situação de desagregação moral do Governo Temer do que a
posse semiclandestina de Roberto Freire como ministro da Cultura.
Aliás,
também o retrato da pequenez moral de Freire, que faz muito tempo se tornou um
bajulador da direita.
As
declarações de Temer do “evento” – a portas fechadas e sem a presença de
imprensa, não sei porque o chamo de evento – são de um completo desdém para com
o que até a “mídia amiga” está considerando um escãndalo, as pressões de Geddel
Vieira Lima sobre o Iphan para a liberação de uma obra em Salvador.
O
“manifesto” de apoio da base aliada, ontem, e a votação maciça para que o
ministro não fosse à Câmara já revelam o quanto o governo se preocupa em
blindar um cidadão que, como mencionei ontem, era chamado por Itamar Franco de “percevejo
de Gabinete”.
Não
precisava chegar ao que chegou, hoje, dizendo que “se o governo federal foi
bem até agora, a partir (da nomeação) do Roberto Freire vai ganhar céu azul,
velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil”.
Só
um energúmeno pode disser isso, mesmo como gracejo ou boutade, em
meio à crise que o país atravessa, atolado em dívidas, com os Estados
quebrando e a economia espalhando um rastro de desemprego e sofrimento na
população.
Vai
bem aonde, o governo?
Michel
Temer apresenta todos os sintomas de um megalômano detraquê, convencido
de ter uma grandeza que só encontra escala de comparação na sua pequenez moral.
Ilude-se
quem achar que seu trator parlamentar é força política.
O
que o sustenta, paradoxalmente, é sua falta de espinha dorsal diante do que lhe
é exigido: destruir o Estado brasileiro, os serviços públicos e a legislação
social-trabalhista.
Há
muito tempo os intérpretes do pensamento da elite brasileira o consideram uma
muxiba que se vai dar aos cães, depois de “feito o serviço”.
É
como disse o desavergonhado marqueteiro Nizan Guanaes, ontem: “aproveite,
Temer, seja impopular e tome as medidas amargas”. Tome, Temer, depois vá para o
lixo da História. Peça ao Roberto Freire para guiá-lo.
Ele sabe o caminho.
NOTA – Que passa distante da história de lutas de
Pernambuco, do velho PCB, do PMDB da resistência, e da traição do grupo de
Freire aos trabalhadores, artistas e intelectuais que não entraram no PPS e
tentaram impedir no Congresso do Partidão, no Recife, a criação da legenda que
comanda como pelego desde a década de 90. Nagib Neto – Jornalista.
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