05 fevereiro 2017

O imperialismo e seus métodos

Rumos
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho

O cientista político Mangabeira Unger disse, criticamente, em entrevista à BBC de Londres que o Brasil é hoje o País no mundo mais parecido com os Estados Unidos. Talvez tenha razão.
Mas essa “semelhança” não vem de algum plebiscito ou consulta aos cidadãos e cidadãs nacionais.
Pode refletir em primeiro lugar a ação avassaladora do Mercado sobre o imaginário da sociedade, principalmente através da grande mídia hegemônica nativa, associada ao capital financeiro e papel carbono do discurso ideológico que os ventos trazem da grande potência do Norte.
Já não há mais os déspotas insanos na América Latina apoiados pelos EUA, que proliferaram durante décadas no século XX como o sanguinário ditador Maximiliano Hernandez Martínez de El Salvador que, segundo testemunho de Gabriel Garcia Márquez, possuía pendores teosóficos além do defeito mais notável de ser inteiramente louco. Certa vez resolveu combater uma epidemia de sarampo cobrindo as luzes dos postes com papel celofane.
Ou como o médico François Duvalier, tirano do Haiti que governou aquele País com mão de ferro e seus Tontons Macutes (bicho papão em português) terrível polícia secreta que assassinou 60 mil opositores nessa heroica ilha devastada pela exploração dos homens e a má sorte com a natureza.
Nas décadas de 60 e 70 os EUA incitaram intervenções na América Latina de consequências trágicas em nome do combate ao comunismo durante a Guerra Fria.
Hoje os Estados Unidos mudaram o foco central para a África e o Oriente Médio promovendo guerras fratricidas, acarretando milhões de refugiados rumo às praias europeias, e grupos terroristas que agem por lá.
No Brasil atual as imposições dos EUA e do Mercado financeiro são mais sutis e mais eficientes porque através da hegemonia da grande mídia propaga a ditadura do pensamento único do Mercado global.
Já se disse, o Brasil precisa definir o que quer ser, e para isso necessita de um projeto nacional que una as maiorias da sociedade, supere os surtos autoritários que vivemos, à mercê de ingerências nativas, externas, contra a democracia e os interesses do povo brasileiro.
Realidade que beira ao limite da irracionalidade, do caos profundo, e sem rumos. Só será superada com o concurso de lideranças que pensem mais no País do que em justificáveis projetos pessoais ou de grupos afins.

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