08 fevereiro 2017

Reforma previdenciária

Entre o crime e o medo do castigo
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Consta no noticiário que a tramitação da reforma da Previdência não será tão tranquila quanto o grupo palaciano espera.
Começa que o relatório final da Comissão Especial que trata do tema está previsto para abril, e não março, como anunciado antes.
A celeridade desejada por Temer, observa um aflito repórter de TV, prende-se à avaliação do mercado (sempre o mercado financeiro a ditar as regras e o ritmo!) de que o primeiro semestre é o prazo limite para a aprovação da reforma, pressuposto (sic) da retomada do crescimento econômico.
Porém no meio do caminho, ou das démarches entre o governo e sua base parlamentar, há outras pedras a considerar.
Ideologicamente, digamos assim, a larga base governista, que mescla neoliberais convictos com fisiológicos contumazes, estaria convencida da reforma, assim como também da reforma trabalhista e demais itens da agenda regressiva de Temer. Porém venderá caro o seu apoio ao governo, tanto em função de contrapartidas e prebendas a receber em troca, como pelo temor da reação popular.
Nada lhes garante que, ao final dos dois anos regressivos de conquistas e de direitos, não sobrevenha uma resposta dura nas urnas de 2018.
Essa hipótese é concreta e se alimenta das consequências para a vida das pessoas, ainda que as forças que em tese as representam – o contingente de esquerda e progressista hoje francamente minoritário na Câmara e no Senado – ainda não tenha se rearticulado o suficiente pós-derrota decorrente do golpe institucional.
Os governistas vivem uma espécie de dilema entre o crime e o medo do castigo.
Aí, quem sabe, possa se abrir uma brecha de “sensibilidade” de parte da base governista ao chamado clamor das ruas. A depender da combatividade e da largueza dos movimentos sociais que se batem contra a reforma previdenciária e os demais itens antipopulares da agenda.
Nas ruas e nas redes, como se diz, a resistência popular há que se fazer ampla e hábil, eximindo-se de posturas estreitas e sectárias, que em nada contribuem para a subtração de elementos das hostes “reformistas”.
Vejamos o desenrolar da cena. O tal limite determinado pelo mercado – o primeiro semestre – talvez venha a ser superado, assim como pelo menos atenuada, se não barrada plenamente, a virulência da reforma.

Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD

Nenhum comentário: