Sem insumo, fornecedor está parando, diz Anfavea
Transcrevo do jornal O Estado de São
Paulo – sinal de fragilidade da indústria
automotiva instalada no país.
A Anfavea,
associação que reúne as montadoras instaladas no País, informou ontem que a
insuficiência de insumos, principalmente derivados de aço, vem provocando
pequenas interrupções de produção na cadeia de suprimentos. Ao apresentar os
números de outubro do setor, o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes,
disse que microparadas vêm acontecendo em fornecedores de peças, o que leva
montadoras a dar apoio logístico para contornar o problema.
A gente tem
observado microparadas no fornecedor ou no fornecedor do fornecedor, e as
montadoras estão tentando mitigar esse risco”, afirmou Moraes em entrevista
coletiva online. “Falta de insumo aqui e ali pode ter impacto na produção.
Estamos tentando monitorar isso.” Segundo ele, pneus também estão em falta. O
executivo informou ainda que as montadoras estão negociando preços do aço, na
tentativa de reduzir os reajustes anunciados pelas siderúrgicas, algo que, se
repassado aos preços, afetará os volumes do seto. A produção das montadoras
subiu 7,4% em outubro ante setembro, no maior volume em 12 meses. No mês
passado, 236,5 mil unidades – entre carros de passeio, utilitários leves,
caminhões e ônibus – saíram das linhas de montagem, de acordo com a Anfavea.
Na
comparação com outubro de 2019, contudo, a produção de veículos caiu 18%. De
janeiro a outubro, a produção de 1,57 milhão de veículos significou um recuo de
38,5% ante o mesmo período de 2019. Moraes observou que, para aliviar o
investimento em capital de giro, a indústria automotiva vem controlando a
produção e operando com estoques “justos”: “Não dá para produzir sem ter
certeza da demanda. A indústria está atendendo a demanda, mas sem exagerar na
produção para não ter dinheiro empatado em estoque.” Os estoques de veículos em
pátios de fábricas e concessionárias fecharam o mês passado com volume
suficiente a 18 dias de venda, abaixo dos 20 dias registrados em setembro.
Desagregando os números por segmento, foram fabricados 223,8 mil carros de
passeio e utilitários leves, como picapes e vans, uma alta de 7,2% frente a
setembro. Ante outubro de 2019, houve queda de 18,5% nas linhas de montagem de
carros. A produção de caminhões, de 10,9 mil unidades no mês passado, subiu
15,6% no comparativo com setembro, mas recuou 3,4% em relação ao mesmo mês do
ano passado. Completando a estatística divulgada pela Anfavea, a produção
ônibus, de 1,8 mil unidades em outubro, teve um recuo de 7,8% em relação ao
número de setembro. Na comparação com outubro de 2019, a produção de coletivos
caiu 31,8%.
Vendas. Com 215 mil unidades emplacadas, as
vendas de veículos novos no País tiveram em outubro o maior volume do ano, com
alta de 3,5% sobre setembro, até então o melhor mês de 2020. Na comparação com
o mesmo período de 2019, contudo, outubro mostrou redução de 15,1% das vendas,
na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Os dados
confirmam as informações divulgadas pela Fenabrave, entidade que representa as
revendas de automóveis, na quarta-feira, 4. No acumulado de janeiro a outubro,
a queda foi de 30,4%, com 1,59 milhão de veículos vendidos nos dez meses.
O presidente
da Anfavea disse que as montadoras estão acelerando a produção, inclusive
convocando jornadas aos sábados, mas reconheceu que falta veículo para atender
rapidamente os pedidos de frotistas como as locadoras, que apontam demora de
até 180 dias nas entregas de automóveis. “No primeiro semestre, tinha produto e
não tinha locadora comprando. Não dá para entregar 150 mil unidades de um mês
para outro”, comentou. “As locadoras serão atendidas, sim, mas não na
velocidade que elas gostariam.” Segundo o executivo, a abertura de novos turnos
de produção nas fábricas depende de maior clareza sobre a sustentabilidade da
recuperação. As montadoras exportaram 34,9 mil veículos no mês passado, 16,4% a
mais que no mesmo período de 2019. Em relação a setembro, as exportações de
veículos, que têm a Argentina como principal destino, avançaram 14,3%. De
janeiro a outubro, porém, as vendas para o exterior tiveram queda de 34,2% ante
o mesmo período de 2019.
Veja: Entre lacunas e preenchimentos faz-se a peleja cotidiana https://bit.ly/2TatLA8
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