07 março 2009

Na contramão da crise

Revista Brasileiros:
Sim, a crise existe e afeta vários setores da economia brasileira. No entanto, há outros com perspectivas muito boas para o País em 2009
. Apesar do pessimismo e da incerteza que tomam conta da economia mundial em tempos de crise, ao contrário do que muitos pensam, nem tudo é desespero no Brasil. Existem muitos setores que ignoram os prognósticos e, mesmo nesse período conturbado, continuam investindo e contratando no início de 2009. Marcelo Côrtes Néri, Ph.D. pela Princeton University, chefe do Centro de Políticas Sociais do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), afirma que realmente existem setores onde a crise é sentida de maneira mais amena no Brasil.
. Em seu estudo, "Crônica de uma Crise Anunciada - Choques Externos e a Nova Classe Média", Néri afirma que a crise não foi sentida pela classe C da mesma maneira que foi pelas classes A e B. Pelo contrário, o movimento de ascensão para a classe C ainda vem acontecendo, mesmo que de maneira mais tímida. De certa forma, o trabalhador brasileiro comum está mais protegido do que o trabalhador brasileiro dos setores mais modernos, como o mercado financeiro, epicentro da crise.
. Ainda segundo o estudo de Néri, em relação ao resto do mundo o Brasil se destaca, pois conseguiu manter uma taxa de crescimento constante, ou seja, não desacelerou como aconteceu com as grandes potências. "Hoje, o Brasil é o 8° no ranking em termos de taxa de crescimento esperado para 2009, não porque estamos crescendo mais, mas porque estamos conseguindo manter o nosso crescimento enquanto os outros não", completa o professor.
. Segundo o que foi divulgado nesse início de ano, o desempenho da bolsa brasileira foi o segundo melhor no período entre 30/12/2008 e 13/02/2009, ficando atrás somente da China. A variação da moeda nacional em relação ao dólar durante o mesmo período foi uma das menores do mundo. Segundo Néri, por ter uma economia relativamente fechada e regulada financeiramente, o Brasil consegue ficar mais protegido contra choques financeiros e choques externos de exportação.
. O setor varejista é um dos que não ouviu falar em crise. Segundo dados fornecidos pelo Wal-Mart, a multinacional promete investir ainda mais no Brasil em 2009. A expectativa é de que sejam inauguradas de 80 a 90 novas lojas no País e 10 mil novos empregos sejam gerados. A promessa é de que 2009 seja o ano com maior investimento da empresa desde que desembarcou no Brasil, em 1995, algo em torno de R$ 1,6 a 1,8 bilhão. "Aumentar a concentração de atuação no Brasil e outros países emergentes é uma boa alternativa para as multinacionais balancearem um pouco o impacto da crise", afirma Néri.

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