Eleições municipais e hegemonia
As eleições são episódicas, a disputa pela hegemonia política - condição preliminar para interferir nos rumos do país – é permanente. Enquanto se pede o voto e se vota a cada dois anos, o conflito de idéias e o acúmulo ou a perda de forças acontece a toda hora, nas mais diferentes esferas da vida social.
O horizonte estratégico do PT, por exemplo, se exaure na conquista do governo da nação, que alcançou e mantém na condição de corrente hegemônica numa coligação política e social ampla. Hegemonia que só Deus sabe como tem exercido! Tanto pela pressão adversária, como pelas suas próprias contradições e dissensões internas.
De fato, com a vitória de Lula em 2002 e a reeleição em 2006, pela primeira vez forças de esquerda aliadas a correntes progressistas assumem o comando da nação. Os perdedores, entretanto, nunca deixaram de resistir e prosseguem a quebra de braço pela hegemonia na sociedade brasileira usando de todos os instrumentos possíveis.
Daí o peso específico das eleições municipais do ano que vem. O foco imediato está nas prefeituras e nas Câmaras de Vereadores, porém o olhar de todos se volta para 2010, quando estarão mais uma vez em jogo a presidência da República, a correlação de forças no Congresso Nacional e o poder em cada estado.
Todas as forças se preparam intensamente para a batalha. Cada uma a seu modo, conforme sua natureza político-ideológica e sua perspectiva estratégica.
A um partido como o PCdoB, que almeja transformações de maior envergadura, para além do êxito do governo Lula, preparar-se para o pleito é muito mais do que construir candidaturas para prefeito e chapas de vereadores. Ou, melhor dizendo, significa prepará-las lastreando-as em propostas avançadas e em consonância com a realidade concreta do país e de cada lugar.
Caso do Recife e cidades da Área Metropolitana. Há que considerar a variável geopolítica, ou seja, priorizar, além da capital e de cidades que os comunistas já governam (Olinda e Camaragibe; e Goiânia, muito próxima), cidades como Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, que protagonizam mudanças importantes na economia do estado – e onde devem se expandir o proletariado de ponta (metalúrgicos, químicos, petroleiros) e variados segmentos prestadores de serviços. Para que o acúmulo de forças que venha a ser obtido tenha base social e política consistente para a disputa pela hegemonia na sociedade pernambucana.
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