Da Agência Brasil:
BNDES vai receber denúncias sobre expulsão de índios e quilombolas por clientes do banco
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai analisar denúncias de movimentos sociais de que empreendimentos financiados pelo banco estariam associados à expulsão de comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas, de suas terras. O compromisso foi feito hoje (8) pelo presidente do banco, Luciano Coutinho, em encontro com os movimentos sociais integrantes da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.
Coutinho afirmou aos ativistas que tem orientação do próprio presidente da República para que o BNDES não “compactue” com projetos que tenham irregularidades como trabalho escravo ou infantil, ou mesmo que não sigam critérios ambientais, em setores como o etanol, papel e celulose e siderurgia.
Questionado sobre projetos na área de papel e celulose acusados pelos movimentos de desrespeitar essas normas, como os da empresa Aracruz Celulose, no norte do Espírito Santo, Coutinho respondeu: “Estamos abertos a entender e não apoiar esses projetos que vieram do passado e que precisam de um novo paradigma de crescimento”.
Ele afirmou ainda que “conscientemente” o banco não apoiará jamais algum projeto que transgrida normas socioambientais ou explore trabalho infantil ou escravo. “É o diálogo com vocês que pode nos criar canais de comunicação para que a gente possa chegar perto, entender e prevenir ou não financiar atividades que estejam transgredindo”, disse ele aos ativistas.
O presidente do BNDES disse que o banco quer incentivar uma remodelagem do setor de papel e celulose no Brasil, para que as empresas estejam mais atentas aos critérios socioambientais. Ele revelou que já está conversando com os empresários e que eles têm sido receptivos em relação à possibilidade de adotar modelos que não se baseiam mais em grandes propriedades e monocultura de eucalipto.
Nessa nova forma da atividade, segundo Coutinho, haveria a associação da produção agroflorestal com pequenas propriedades da agricultura familiar, que manteriam também outras culturas de subsistência, de forma mais sustentável, em termos ambientais e sociais.
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