08 janeiro 2019

Quem diz e quem faz o quê?


Despreparo e estratégia de agressão marcam início do governo
Kennedy Alencar, Diário do Centro do Mundo

Despreparo administrativo e estratégia política agressiva são as palavras que definem o início do governo Jair Bolsonaro.
Na semana passada, ficou evidente a falta de estratégia clara a respeito da reforma da Previdência e a incapacidade do presidente da República de dar informações corretas sobre esse tema em particular e a economia em geral.
O despreparo, que já é grave, ganha a adição de uma estratégia agressiva que busca ver inimigos por todos os lados. Bolsonaro e seus filhos têm mirado no PT, Lula, “globalismo marxista”, seja lá o que isso signifique.
Paulo Guedes, ministro da Fazenda, voltou a bater duro, falando em caixa preta nos bancos públicos, em associações perversas entre burocratas e políticos.
Ora, é preciso apresentar provas de crimes cometidos nos bancos públicos. Apontar suspeitas sem provas é uma atitude leviana, sobretudo na boca de ministro. Também é necessário entender que a exportação de serviços é prática global correta da maioria dos governos.
O Brasil tem projeção geopolítica na África e na América Latina. É natural que o BNDES tenha financiado projetos de empresas brasileiras que conquistaram obras. Se houve casos de corrupção nos contratos, que sejam apurados e punidos.
É falta de compreensão da economia internacional atacar suposta rede de corrupção nos bancos públicos. O que Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda de Dilma, pensa realmente sobre esse discurso a respeito dos bancos públicos e do BNDES? Como esteve no governo, Levy pode ajudar Guedes a obter provas de suas acusações.
Normalmente, governos buscam evitar conflitos. A gestão Bolsonaro opta por acirrar confrontos. Essa estratégia pode até funcionar na campanha. Afinal, deu certo para ele.
Mas governar com a estratégia agressiva contra tudo e todos costuma dar errado e dificultar a entrega de resultados. Nos EUA, o presidente Donald Trump, por exemplo, começa a ver que esse método tem limite.
Foram incomuns o nível de bateção de cabeça, de anúncios equivocados e de choques internos na primeira semana do governo Bolsonaro. Isso não é da tradição nacional, mas sinal preocupante da falta de preparo para administrar um país tão complexo como o Brasil. E a agressão como método também não trará boas novas.
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