27 junho 2007

Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)


De pesquisas, humores e ação

Para o leigo, nada fácil compreender certas expressões tão ao gosto de certos analistas econômicos, tais como "o mercado está de mau humor" e quejandos. Tudo muito abstrato. "Quem" é esse tal mercado cujo humor, oscilante e imprevisível afeta a economia e, por conseguinte, a vida do cidadão comum?, há de perguntar o amigo ali da esquina.

O fato é que o estado de espírito do mercado existe e tem influência, sim, sobre o evolver da economia. Pode fazer a bolsa de valores cair ou ascender bruscamente. Resulta de um conjunto de variáveis que convergem para a atitude dos mpreendedores - especuladores ou não.

Vejam o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É quase unânime a percepção de que, não obstante entraves e percalços que ainda enfrenta, já é em sim um fator de aquecimento das atividades econômicas porque gera um ambiente de novas expectativas, ao colocar o propósito do desenvolvimento no foco das ações do governo, em substituição à prioridade dada à política de metas inflacionárias, superávit primário elevado e juros altos.

O anúncio de grandes empreendimentos, como os que se localizarão no complexo portuário de Suape - para citar um exemplo caseiro -, provoca alento entre empresários do chamado setor produtivo e trabalhadores ávidos de ocuparem novos postos de trabalho.

E tem as pesquisas. Estas servem, a um só tempo, para aferir tendências e para estimular os tais humores, seja o pessimismo, seja o otimismo.

Ontem saiu uma pesquisa CNT-Sensus que atesta justamente o otimismo atual dos brasileiros em relação ao desempenho da economia (veja o quadro que ilustra este artigo).

Nada menos que 47,5% dos entrevistados consideram que a política econômica do governo "tem sido conduzida de forma adequada". Em agosto de 2006, postos diante desta indagação, apenas 36% consideravam correta a forma de condução de política econômica.

Já a parcela dos entrevistados que discordam da condução da política econômica caiu de 46,3% em agosto passado para 40,6% em junho de 2007, enquanto a fração dos não sabem ou não responderam também se reduziu de 17,8% para 12%.

Otimismo gera otimismo, numa espécie de reação em cadeia. Desde que as expectativas criadas sejam contempladas com ações concretas. E este é um dos desafios do governo Lula: dar ritmo e consistência à implementação dos investimentos previstos. Se assim ocorrer, ainda mais com o vento da economia mundial soprando a favor, teremos pela frente um bom período de bom humor e de crescimento real.

É acompanhar para ver.

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