No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Se não me falha a memória, é do inesquecível e corajoso jornalista, apelidado como Barão de Itararé, a frase: “há algo no ar além dos aviões de carreira”. Cunhada durante um dos períodos autoritários da nossa História republicana.
Uma expressão que nos dias atuais fica meio sem nexo porque atualmente as aeronaves ficam mais no solo do que nos céus do Brasil e motivo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Até o presente momento não há uma conclusão se tamanha confusão é de responsabilidade dos instrumentos do controle aéreo defasados, do excesso de aviões cruzando o país em todas as direções, ou um movimento grevista dos controladores visando melhores salários. Ou os três fatores conjugados.
O que sabemos de concreto é que periodicamente os aeroportos do país transformam-se em um caos total, levando passageiros a uma histeria coletiva, os funcionários das empresas em terra, acuados, agredidos física e verbalmente. A referida CPI ainda não conseguiu chegar a uma conclusão, pelo menos razoável.
E para agravar a situação, a investigação de relevante gravidade foi ultrapassada, em termos de cobertura da grande mídia nacional, por outras de intensidade e escala de um terremoto institucional.
A polícia federal vem atuando em tantos casos de variadas origens que é impossível alguém negar a sua eficiência na defesa do patrimônio nacional dilapidado por tantos governos em largo tempo. Jamais em outra gestão de governo, ninguém pode afirmar que ela tenha sido tão operosa, rápida e eficaz, após o período democrático, instaurado em 1985.
Porém, o que eu gostaria de abordar não é bem o aspecto policial, as ações da citada instituição federal. Todos nós sabemos que apesar da confusão aérea, as operações policiais irreparáveis, a política não parou, continua em permanente ação. A luta em torno do poder é bruta e acontece também nos subterrâneos da vida nacional.
Personalidades destacadas foram atingidas. Uma pela chamada via democrática como o deputado Aldo Rebelo, outra antes de conseguir o objetivo proposto, como o ministro Nelson Jobim. Surge agora o episódio envolvendo a vida privada do presidente do Senado Renan Calheiros, passando ao âmbito de uma suposta acusação de sonegação de rendimentos. Apesar de situações distintas, não me sai da cabeça a frase do Barão de Itararé, com os aparelhos no solo ou não: “há algo no ar além dos aviões de carreira”. É apenas uma intuição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário