27 junho 2007

Política externa hábil

Da Agência Brasil:
Mercosul não precisa se preocupar com parceria estratégica entre Brasil e Europa, diz Amorim
O chefe da diplomacia brasileira afirmou hoje (27) que a cúpula para lançar uma parceria estratégica entre Brasil e União Européia - dia 4 de julho, em Lisboa - pode ter reflexo na Cúpula do Mercosul, que será realizada amanhã e sexta-feira, em Assunção (Paraguai).

Em entrevista exclusiva à Agência Lusa, o chanceler Celso Amorim admitiu que a proposta da nova parceria UE-Brasil, que vai ser discutida em Lisboa, pode ter despertado, inicialmente, alguma preocupação nos outros países do bloco.

"Mas é uma preocupação que não resiste a menor análise, porque não se trata de um acordo [bilateral] de livre comércio. Não ouço nada de negativo. Até porque a parceria não é exclusiva, já que amanhã a União Européia pode resolver fazer uma parceria estratégica com qualquer outro país do Mercosul", disse o ministro.

Questionado sobre a ausência em Assunção do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que na semana passada disse não estar interessado no "velho Mercosul", Amorim respondeu: “O Mercosul tem apenas 16 anos, de modo que falar em velho Mercosul é supor um processo acelerado de envelhecimento que não corresponde à realidade".

O ministro brasileiro disse que há um "processo evolutivo do Mercosul", que tem incorporadas muitas coisas novas e tem hoje uma dimensão social, participação dos governos locais e da sociedade civil, preocupação com as cadeias produtivas e com o uso de moedas locais. Segundo ele, é preciso “querer ver" essas coisas.

Amorim considerou, no entanto, que a entrada da Venezuela no Mercosul "é algo muito positivo" e avaliou que o recente episódio que opôs o Senado brasileiro ao governo venezuelano não representará um problema para o ingresso do país no bloco sul-americano – a adesão da Venezuela ainda não foi aprovada pelos Congressos do Brasil e do Paraguai.

No final de maio, após o Senado do Brasil ter aprovado um requerimento solicitando ao governo venezuelano que a cadeia de televisão RCTV retomasse as transmissões, Chávez disse que o Congresso brasileiro é um "papagaio que repete o que diz Washington".

A RCTV, que tinha uma linha editorial de oposição ao governo Chávez e teria apoiado a frustrada tentativa de golpe de Estado em abril de 2002, não teve a concessão renovada e foi retirada do ar em 27 de maio último."No dia seguinte à manifestação do presidente Chávez, o governo brasileiro emitiu uma nota dizendo claramente o que pensa e defendendo a soberania do nosso Congresso, a sua dignidade e liberdade de expressão. Acho que isso foi o suficiente", declarou Amorim.

O ministro destacou ainda que na Cúpula de Assunção, os países do Mercosul voltarão a procurar soluções para superar as assimetrias dentro do bloco. "Temos que procurar compensações para as dificuldades das economias menores, como comprar mais desses países e dar condições para que os investimentos possam dirigir-se sobretudo ao Uruguai e Paraguai".

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