18 fevereiro 2025

Enio Lins opina

Lula em seu terceiro mandato: velhas crises, novas soluções?
Enio Lins  

“OS NÚMEROS DA ECONOMIA justificam que o governo tenha apenas 24% de ótimo/ bom e 41% de ruim/ péssimo? Nem o adversário mais fanático de Lula diria que sim no silêncio de sua consciência. Mas é o que se tem. E certamente há fatores que explicam essa avaliação: inflação de alimentos, a mentira sobre o PIX, um governo que se comunica mal, a virulência da extrema-direita nas redes... pensem aí” – assim Reinaldo Azevedo, o mais acurado cronista político da atualidade, cravou em sua coluna no UOL, sábado, 15 deste fevereiro do terceiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio.

“VAMOS VER COMO O GOVERNO vai se arrumar. Em 2005, na crise do mensalão, houve gente próxima a Lula que lhe recomendou que anunciasse que não seria candidato em 2006 para ao menos conseguir encerrar o mandato... Os tempos, por certo, são outros. Mas, é fato, às vezes os que se opõem ao governo exageram nas suas predições. Mas dias fáceis não virão. Com avaliação ruim, os ‘aliados’ costumam cobrar mais caro por seu apoio, e as lealdades se tornam mais rarefeitas”, segue Azevedo. No rumo certo.

COMPARAR É FUNDAMENTAL. Vamos conferir as taxas de inflação no começo do terceiro ano dos mandatos de Luiz Inácio e do inominável: “Inflação desacelera em janeiro e fica em 0,16%, menor taxa para o mês desde o início do Plano Real” – noticia o Estadão em 11/02/2025, sob Lula, e a revista Exame complementa (em 11/02/2025) “inflação acumulada de 12 meses cai para 4,56%”. É isso. E sob o ex-capitão, no mesmo período? “Em fevereiro, IPCA ficou em 0,86%, maior taxa para o mês desde 2016. Em 12 meses, taxa foi a 5,20%, a maior variação desde janeiro de 2017” – publicou o G1 em 11/03/2021. Ôxe, e não é a turma do inelegível que está em furor carnavalesco por conta dos resultados da economia brasileira no atual governo, que eles consideram um desastre?

QUAL O NÓ, DE VERDADE? A queda na avaliação presidencial (de quem quer que esteja no posto) interessa a muita gente, e não apenas a parlamentares viciados no fisiologismo, como se escreveria antanho, pois é tempo de serem monetizadas demandas das mais variadas. E a economia nacional só poderá dar resultados melhores com a combinação de vários fatores, dentre eles, as correções de rumos no Banco Central, mudanças impossíveis de serem realizadas rapidamente, mesmo depois da substituição do elemento nocivo lá instalado pelo desgoverno anterior. Mas, então, o que fazer para que o País não atole num lamaçal parecido como o período 2019-2022?

POLÍTICA É A SOLUÇÃO para problemas políticos. Desde sempre. A relação com o Congresso precisa de ajustes rápidos e criativos, sem ilusões. O problema é que ali a inflação é galopante, faça sol ou caia chuva na economia. A Comunicação, num atraso de quase três anos, começa a entrar nos trilhos, mas não é operação de baixo custo, e os problemas acumulados não serão resolvidos com bonés azulzinhos. Voltando ao comentário de Reinaldo Azevedo e sua pertinente lembrança dos acontecidos nos idos de 2005/2006, é hora de Lula fazer valer sua experiência, sabedoria e esperteza – até porque, como diria aquele outro barbudo tido como sapo por seus detratores, a história só se repete como farsa. E Karl disse mais: “Os homens fazem sua pró ;pria história; contudo não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sobre as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram”. Então, sem espontaneísmos, sem voluntarismos, Lula precisa, como líder calejado, cuidar para que seu governo, em histórica terceira edição, não escorregue nesse banheiro encharcado por essas novas velhas circunstâncias. Afinal, o filho de Dona Lindú foi eleito, pela terceira vez, para repetir o sucesso, real, dos tempos idos. E impedir o retorno dos farsantes.

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