LEUSEMYA
Myriam Fraga
Aos poucos, devagar,
Como sombras na tarde,
Um arrepio breve, um espasmo.
Sutil e lânguido sob a pele
Escorre em minhas veias
Onde os dentes do tempo desenharam
A rota das ausências e os perigos da noite
E onde chorando, cumpro a solidão
Dos condenados, inexplorado território
Do prazer que não se esgota
Nem mesmo quando a morte, esta canalha,
Vai apagando o sol desse segredo
E lentamente escreve com sua marca
O que vivido ainda não foi e se repete,
Sofreguidão da carne que no tempo,
Entre artérias e músculos e segredos,
Tenta escrever em vão novos roteiros
Neste corpo febril que aos poucos se destroça
Explodindo em violetas sob a pele.
Será a vida apenas este ardor implacável,
Esta salsugem escorrendo das artérias?
Aquele que no escuro se avizinha
Envolto em sombras, o maldito, amor bandido,
Com seus dedos de pianista
Acendendo no teclado a sinfonia do desejo?
Escuros anjos do espaço, sujos anjos do insondável,
Estendam sobre mim as suas negras asas
Para que se faça a luz no oscilante coração
Antes que apague, antes mesmo que apague...
Leia um poema de Mario
Benedetti https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/palavra-de-poeta-mario-benedetti.html
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