Troca de casais no triângulo desamoroso entre Trump, Putin e Zelensky
Enio Lins
NO PALCO DO WAR BUSINESS SHOW, (parafraseando o inimitável Stanislaw Ponte Preta) segue o samba do galego doidivanas, fundindo a cuca de quem imagina a política global como coisa simples, linear. Melhor escrevendo: Donald, em sua estridência apoplética, tem uma performance mais para heavy metal que batucada. Só para dar um exemplo dessa escalafobética atuação, chega a dar pena de quem, na direita extremada aqui e alhures, carregava no mesmo andor as estátuas santificadas de Trump e Zelensky, e dedicava as suas orações à unidade inquebrantável entre os Estados Unidos e a Ucrânia, ambos ídolos-irmãos na luta contra a Rússia do perverso Putin.
AÍ CHEGA O GALEGO DOIDIVANAS e pula nos braços de Putin, e detona Zelensky, chamando-o de ditador e outras verdades mais, embaralhando as ideias nas cucas simplistas e simplórias (e não apenas na extrema-direita). Através de sua própria rede antissocial, a Truta Social, Trump soltou os cachorros sobre o ucraniano, até então o queridinho da Casa Branca, postando: “Um ditador sem eleições, Zelensky é melhor agir rápido, ou não terá mais um país. Enquanto isso, estamos negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos admitem que somente Trump e sua administração podem fazer”. – Quac! Exclamaram os patos Donalds mundo afora, apalermados com o dito por seu ídolo. Mesmo com Trump se posicionando ao lado de Putin desde velhos carnavais, a imagem de Zelensky como “herói do mundo livre&rdquo ; foi repetida um bilhão de vezes como se verdade fosse, especialmente nos Estados Unidos.
FATO É QUE O AUTOCRATA UCRANIANO é mesmo mais autocrata que seu colega e rival Putin. E fato é que a Rússia tem mais razão que a Ucrânia no confronto em curso, e teria condições de já ter resolvido a parada na guerra. Mas Zelensky só cantou de galo até agora porque os Estados Unidos lhe deram poleiro, lhe encheram de mídia, armas e dinheiro. Fato também é que a indigência intelectual mundial (destra e canhota) considera que a Rússia ainda seria “um país de esquerda” e entra em convulsão ideológica quando um direitista extremado como Trump sapeca um beijão em Putin. Nesse embalo trumpista, um certo ex-capitão, mito da direita brasileira, ainda no posto de presidente da República, fez uma patética visita a Moscou, em 16 de fevereiro de 2022, sem nenhuma razão diplomática, apenas par a beijar as botas do cara do Kremlin e declarar sua solidariedade à Rússia às vésperas da invasão à Ucrânia. Se Jair nunca entendeu o que fez, Donald sabe o que faz e usa das contradições mundiais para ganhar mais poder e mais dinheiro.
FATO É QUE AS ILUSÕES IDEOLÓGICAS sobre o conflito Ucrânia x Rússia ocuparam as cabeças ocas de muita gente mundo afora, especialmente à direita, mas também alcançando segmentos da esquerda. Volodymyr Olexandrovytch Zelensky, ator e comediante, um arrivista político respaldado pelo neonazismo ucraniano (que sempre marchou pari passu com os nacionalistas radicais naquele país) foi ungido pela mídia dita “ocidental” como um cruzado em luta contra uma demoníaca Rússia ainda “comunista”. Deu certo no começo, mas foi ficando caro demais. Segundo um dos mais prestigiados jornais da Europa, o português Diário de Notícias, “Os Estados Unidos assistiram a Ucrânia com 2,8 mil milhões em ajuda humanitária e 33 mil milhões para apoiar o orçamento daquele país, seg undo uma análise do Council on Foreign Relations. Contas feitas, 106 mil milhões de dólares”. O problema contábil é que se avalia que estes bilhões não teriam tido retorno satisfatório para o caixa estadunidense, ao contrário dos 17, 9 bilhões de dólares destinados para Israel, apenas para o massacre dos palestinos em Gaza, desde outubro de 2023. Mas além dos negócios, existem outras razões para Trump abraçar Putin.
Eita, acabou o espaço nesta página. Voltaremos, nos próximos dias, ao tema para lembrar os outros laços entre Trump e Putin. Aguardem carta.
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