Inovações tecnológicas e sociais no Nordeste: a busca por um futuro sustentável e inclusivo em um mundo assimétrico e desigual
“Com uma população resiliente e criativa, região pode liderar soluções adaptadas às suas realidades, como secas prolongadas, desigualdades e acesso limitado a serviços básicos.”
Thiago Modenesi/Vermelho
O Nordeste brasileiro, região marcada por pluralidade cultural, belezas naturais e desafios históricos, possui um potencial imenso para se transformar em um polo de inovação tecnológica e social, tendo dado passos importantes para isso em vários momentos do século XXI, em particular nos últimos anos, através de ações e políticas aplicadas pelo Governo Federal através da Finep e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI.
Com uma população resiliente e criativa, a região pode liderar soluções adaptadas às suas realidades, como secas prolongadas, desigualdades socioeconômicas e acesso limitado a serviços básicos. Estes caminhos são possíveis para alavancar o desenvolvimento sustentável se combinarmos tecnologia, inclusão e valorização da identidade local. Isso tudo não é novidade, já vem sendo feito, mas precisa de maior sistematização, planejamento e pujança para ter efeitos mais profundos e duradouros.
Mas não só, é preciso superar as assimetrias entre as regiões do Brasil, algo secular e histórico, que reforça as desigualdades, cabendo ao governo e ao Estado aplicar investimentos e políticas, de maneira que busque a equalização desta situação e a superação dessas desigualdades, algo ainda mais presente em momentos de sanha hegemonista aplicada pelos Estados Unidos sobre a égide de Donald Trump, que opera ações na quadra econômica e no comércio internacional que podem agravar ainda mais as assimetrias e afetar a soberania e desenvolvimento de países que vem em um movimento de ascensão na economia, educação, ciência e tecnologia e outras áreas, como Brasil, Colômbia, México e outros.
Os recentes investimentos anunciados para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação no nordeste do Brasil são uma importante iniciativa que, se planejada e aplicada pelas universidades, governos e demais agentes públicos e privados, será fundamental para dar a região maior pujança a curto e médio prazo, reforçando a inserção da mesma na economia local e nacional, além de contribuir para superar as desigualdades na região e melhorar o emprego, a qualidade de vida e as condições ambientais do Nordeste, estas que vem apresentando altas de temperatura e tempestades que refletem as mudanças climáticas em curso por todo o planeta.
O Nordeste já é líder nacional em energia eólica, com parques que respondem por 80% da capacidade instalada do país. Ampliar investimentos em energia solar — aproveitando mais de 3.000 horas de sol/ano — pode universalizar o acesso à eletricidade em áreas remotas e impulsionar microempresas.
Projetos como usinas solares comunitárias em assentamentos rurais ou sistemas de energia off-grid são viáveis, reduzindo dependência de termelétricas poluentes e apenas um dos vários exemplos do que pode e deve ser feito na região.
Outro dado importante é que apenas 65% dos domicílios nordestinos têm internet fixa (dados de 2022). É possível a busca de ações que se tornem soluções a médio prazo com redes comunitárias, feitas em parceria com empresas para expandir infraestrutura via satélite, algo já feito na região Norte e que pode ser adaptado e aplicado no Nordeste do Brasil.
A partir do reconhecimento e potencialização do potencial endógeno da região Nordeste, do uso das tecnologias adaptadas ao clima, somadas a iniciativas sociais que valorizem a população, é possível acelerar de maneira organizada a transformação da região em um modelo de desenvolvimento inclusivo.
[Ilustração: imagem gerada por IA]
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