17 agosto 2007

DESTAQUE DESTA SEXTA-FEIRA

Caminhos da unidade

Costuma-se dizer que “a esquerda brasileira só se une na cadeia”. É um evidente exagero. Ao longo da história do Brasil, numerosos são os exemplos de união de forças defensoras de mudanças de sentido popular e progressista – por isso mesmo podemos considerá-las, segundo a divisão clássica, “de esquerda” – que alcançaram grandes resultados. Se formos rigorosos, desde a Insurreição Pernambucana (que juntou trabalhadores rurais, comerciantes, índios, donos e engenho endividados pela Coroa) às duas vitórias sucessivas de Lula à presidência da República.

Nem sem pré é possível juntar todas as forças colocadas à esquerda. Mas quando se une o que há de mais substancial e consistente, dá certo.

Mas é preciso muita sensibilidade para o caráter complexo e multifacético do movimento real e não perder a perspectiva. Caso agora do sindicalismo mais combativo. A Corrente Sindical Classista e expressivo número de sindicatos e federações de dentro ou de fora da CUT trabalham a criação de uma nova central sindical. Uma espécie de reconfiguração do movimento, que hoje já conta com cinco grandes centrais. Divisão e dispersão do movimento? Não. Apenas um caminho que os fundadores da nova central encontram para continuarem lutando pela unidade sindical em outro patamar, sem rupturas com a CUT mas estabelecendo novo padrão de relacionamento com a parte do movimento que permanece cutista.

A esquerda se une, sim, fora da cadeia. E a depender das circunstâncias, quando se quer efetivamente juntar forças, todos os caminhos dão na bodega.

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