"Mesmo do outro lado do mundo, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, do PC do B, não falta com o compromisso assumido com os leitores do Blog, toda quarta-feira. Ainda em Beijin e prestes a descolar-se até Xangai, acompanhando a missão empresarial organizada pela FECOMERCIO, ao mesmo tempo que vai cumprindo agenda própria da Prefeitura do Recife, Luciano Siqueira enviou o artigo semanal a seguir."(Jamildo Melo).
Rui Barbosa, o Brasil e a China
Em nossa estadia em Beijin, capital da República Popular da China, fomos recebidos por Wang Hua, chefe do Birô para a América Latina e Caribe do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista, que brindou nossa comitiva com uma conversa densa e esclarecedora.
O encontro seria em conjunto com o governador Eduardo Campos, mas nos atrasamos em pouco mais de uma hora em razão da lentidão do trânsito na região central da cidade, onde estamos hospedados, onde ocorreu um desvio do tráfego para dar lugar a uma cerimônia oficial. Eduardo foi recebido logo cedo e nossa comitiva logo em seguida.
Wang Hua já havia nos concedido audiência e nos oferecido um jantar em 2005, quando aqui estivemos pela primeira vez.
Ontem, discorrendo sobre as ótimas relações hoje existentes entre a China e o Brasil, o dirigente chinês acentuou a convergência entre as política externa dos dois países, fundadas no respeito mútuo à soberania e à integridade territorial, não-agressão e não-ingerência nos assuntos internos, coexistência pacífica e benéficos recíprocos. "A China e o Brasil são dois países muito importantes para o equilíbrio e a paz mundial", disse ele. Com uma particularidade no modo como ambos o países se comportam na condição de pólos aglutinadores de suas respectivas regiões - acrescentamos. Despem-se de qualquer laivo hegemonista, e por isso mesmo se credenciam a arregimentar vontades e interesses comuns junto aos seus vizinhos.
Em outras palavras, Brasil e China se opõem ao hegemonismo da superpotência norte-americana que impõe pela força das armas o desenho unipolar do mundo atual. Trabalham por uma nova configuração do concerto das nações, multipolar - sem hegemonismos. Tal como há exatos cem anos proponha Rui Barbosa na Conferência de Haia, conforme anota Severino Cabral, professor de Relações Internacionais na Universidade Cândido Mendes, em artigo intitulado "O Brasil e a China rumo a um novo milênio"( [*]).
Em Haia Rui defendeu o respeito à igualdade entre as nações soberanas - pelo que foi duramente criticado por representantes das grandes potências da época, notadamente franceses e ingleses.
Hoje o mundo redescobre a China, e também o Brasil. Ótima oportunidade para uma releitura atualizada das idéias de Rui em matéria de relações internacionais.
(*) Haroldo Lima, Duarte Pereira e Severino Cabral: China - 50 anos de República Popular. Editora Anita Garibaldi, São Paulo, 1999.
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