Futebol
teve mudanças positivas na última década
Tenho a impressão, porém, de que
jogadores do passado eram mais inventivos
Tostão, Folha de S. Paulo
Houve
muitas mudanças positivas, na última década, na maneira de jogar em todo o
mundo, como a pressão em todo o campo para recuperar a bola, a diminuição dos
espaços entre os setores, o aumento da intensidade do jogo, a troca de passes
para manter a posse de bola e tantos outros detalhes.
No
Brasil, essa transformação não é tão habitual. O Santos, no gol
contra o Flamengo, tocou a bola desde o goleiro até dentro da área adversária.
Os jogadores do Flamengo olhavam à distância, como nos anos 1960.
Na
média, houve também um crescimento técnico no repertório individual dos
atletas. Tenho a impressão, e posso estar enganado, de que no passado os
jogadores eram mais inventivos, fantasistas, surpreendentes e ousados, e de que
os do presente são mais técnicos, racionais e pragmáticos.
Uma
evolução individual é o aumento da frequência de jogadores que cruzam muito bem
a bola para a área, seja em movimento ou em bolas paradas, embora haja ainda um
grande número de atletas que jogam a bola na área para contar com a sorte. Os
cruzamentos de Scarpa, do Palmeiras, Arana, do Atlético, Reinaldo, do São Paulo, e outros são um tormento para os
goleiros e as defesas. As bolas saem rápidas e em curva, entre o defensor e o
goleiro.
Outra melhoria do futebol atual são os goleiros. Na Copa de
2014, Neuer, da Alemanha, deu uma aula de como sair rapidamente do gol para
fazer a cobertura dos zagueiros adiantados. Hoje, cada vez mais, há goleiros
que têm um bom passe, como Ederson, do Manchester City e da seleção brasileira, Ter Stegen, do Barcelona e da seleção alemã, e tantos
outros. O City já fez alguns gols após lançamentos de Ederson, por cima dos
zagueiros. No Brasil, Everson, do Atlético, e Weverton, do Palmeiras,
progrediram muito com os pés.
Os
meio-campistas, ainda pouco reconhecidos no Brasil, que atuam de uma
intermediária à outra, e muitos jogadores que atuam pelos lados são capazes de
atravessar o campo em uma jogada, desarmar, construir e atacar. No passado,
essa distância era dividida entre os laterais e os pontas e entre os volantes e
os meias ofensivos.
Vinicius
Junior, no Real Madrid, atua a cada dia melhor, pela esquerda, da defesa até o
ataque. No jogo da seleção contra o Chile, Tite foi muito criticado, sem razão,
porque teria escalado Vinicius apenas para marcar. Não foi isso o que ocorreu.
O Chile sufocou o Brasil e não permitiu os contra-ataques.
Além
de Vinicius Junior, com chances cada vez maiores de brilhar na seleção, o
Brasil, nos últimos jogos, ganhou mais dois jogadores importantes, o volante Fabinho,
do Liverpool, e o zagueiro Militão, do Real Madrid. Os dois são reservas à
altura dos excepcionais Casemiro e dos dois zagueiros, Thiago Silva e
Marquinhos.
Repito, falta ainda à seleção um craque meio-campista, ao
lado de Casemiro. Fred é bom, marca e passa bem, mas não faz nada mais que o
habitual. Estaria eu muito exigente? Quem viu de perto Didi, Gerson, Rivellino,
Falcão, Cerezo, Dirceu Lopes, Ademir da Guia e outros ficou bem-acostumado.
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Veja: Respostas a várias perguntas resumidas em 2 pontos https://bit.ly/3ppTPqL
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