O Instituto Lula publicou, neste domingo (31), uma extensa
nota para trazer à tona os fatos e desmontar a farsa criada sobre o apartamento
no Guarujá, litoral de São Paulo, que tenta associar o ex-presidente Luiz
Inácio lula da Silva às investigações sobre a Bancoop no Ministério Público. O
completo dossiê mostra que a família do ex-presidente optou por não comprar o
imóvel, tendo pedido resgate da cota que pertencia à sua esposa, Marisa
Letícia. Intitulado "Os
documentos do Guarujá: desmontando a farsa", o texto afirma que
adversários políticos e parte da imprensa tentam "criar um escândalo a
partir de invencionices". Entre os papéis divulgados, estão contratos com
a Bancoop, declarações de Imposto de Renda e de bens ao Tribunal Superior
Eleitoral e contratos que comprovam a desistência em continuar com o imóvel.Leia
aqui http://migre.me/sR0TQ
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 janeiro 2016
29 janeiro 2016
Comitê de crise
Nota/chuva
Diante das fortes chuvas que atingiram a cidade nas últimas horas, a Prefeitura do Recife informa que montou um escritório de gerenciamento de crise que está sendo coordenado diretamente pelo prefeito Geraldo Julio. Neste momento, cerca de 450 servidores da Defesa Civil, Emlurb, Guarda Municipal, além de agentes e orientadores da CTTU, em parceria com profissionais do Governo do Estado e Celpe, estão nas ruas com o objetivo de minimizar os transtornos.As equipes da Defesa Civil estão em estado de alerta e, em caso de necessidade, a população pode entrar em contato através do 0800 081 3400. A ligação é gratuita e funciona 24 horas.
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Manipulação midiática
O mundo irreal criado pelas manchetes
Luís Nassif, no Jornal GGN
Há duas tendências se firmando na economia.
A primeira, a constatação do refluxo das tentativas de impeachment.
O grande trunfo de Dilma Rousseff é uma oposição extraordinariamente
medíocre, que se move disputando espaço nas manchetes da mídia.
***
De repente, há espaço para a radicalização, e lá se vão os Fernando
Henrique Cardoso, Aécio Neves, José Serra, Carlos Sampaio, Mendonça Filho com a
disposição dos jovens carbonários, disputando quem range mais os dentes. Aí
Marina Silva percebe que o contraponto é acenar com o bom senso. E acena.
De repente, o impeachment reflui. Toca então esse brilho fugaz de nome
Carlos Sampaio a entrar com o pedido de extinção do PT. Só isso! E FHC é ouvido
para contrapor que a vitória deve ser nas urnas, não no tapetão. E a multidão
de áulicos olha reverencialmente para esse conselheiro Acácio dos tempos
modernos.
Aí Marina se dá conta de que poucos continuam falando do impeachment.
Então o contraponto para ganhar manchetes é radicalizar novamente. E tome
Marina, Cristóvão, Marta.
***
É inacreditável como o mundo politico e jornalístico despregou-se
totalmente do mundo real. Parecem vaqueiros bêbados e armados em saloons do Velho
Oeste, atirando em qualquer sombra que passe pela porta. É tão grande o vácuo
de ideias, que a institucionalidade se rege, agora, pelas manchetes de jornais.
E as alianças se consolidam pelo recurso à lisonja.
É o caso do prêmio de O Globo para as pessoas que fazem a diferença...
para as Organizações Globo. A contemplada foi a futura presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia, cuja obra de maior repercussão em 2015
foi uma frase tão grandiloquente quanto inútil: “O crime não vencerá a Justiça”,
no voto que confirmou a decisão de Teori Zavaski, de manter presos o senador
Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves. Quando Teori concedeu o habeas
corpus a Esteves, significa então que o crime venceu?
***
Esse jogo demagógico, a busca do aplauso fácil, da consagração em torno
de frases fáceis, tornou-se uma constante que não perdoa sequer Ministros do
Supremo. E o oportunismo dos jornais, de abrir espaço para qualquer asneira,
praticamente matou os filtros que poderiam permitir um mínimo de racionalidade
nas discussões políticas e econômicas.
O que tem de procuradores, delegados, dizendo o que os jornais querem,
para fazer jus a uma manchete ou a uma premiação futura, e posar para a foto
com os prêmios, que colocarão em suas salas de visitas, tornou a discussão
institucional brasileira um pregão de feira livre, com donas de casa
alvoroçadas disputando a xepa.
***
Do seu lado, a presidente só se pronuncia quando julga que alguma
crítica ou decisão atinge sua augusta autoridade pessoal. Não se vê como poder
institucional, como responsável pela condução do país.
País de provincianos, sem um mínimo de noção de bem público. Quando se
compara com a qualidade dos homens públicos dos anos 50, dá um desânimo enorme.
***
A segunda tendência se firmando é que há espaço para que o governo Dilma
apresente uma proposta minimamente viável de condução do país.
Nas próximas semanas se saberá se esse vácuo aberto pela oposição será
preenchido com um mínimo de protagonismo do governo
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Bancos seguem no paraíso
. Mesmo com a crise, o Brasil continua sendo um paraíso para o setor
financeiro. Segundo dados do Banco Mundial, o spread médio dos bancos
brasileiros, que indica os ganhos das instituições financeiras com juros, é o
terceiro maior do mundo, atrás apenas de Madagascar e Malavi, países do
continente africano.
. Os dados, referentes a 2014, mostram ainda que o spread no Brasil está
à frente de diversos outros países menos desenvolvidos (e com maiores riscos de
crédito), como Serra Leoa e Congo, que possuem uma Renda Nacional Bruta (GNI,
do inglês Gross National Income) per capita de US$ 700 e US$ 380,
respectivamente, duas das menores do mundo. O GNI per capita brasileiro é de
US$ 11,3 mil.
. No ano passado, com a queda da atividade econômica pressionando as
empresas, e os avanços da inflação e do desemprego sufocando a renda dos consumidores,
os bancos do País passaram a estimar aumentos nos calotes e a elevar as taxas,
para cobrir as potenciais perdas nos financiamentos.
. Sem que os juros que os bancos pagam para pegar dinheiro emprestado do
mercado (taxa de captação) subissem no mesmo ritmo, os spreads ficaram ainda
maiores - o indicador é resultado da diferença da taxa de captação e os juros
cobrados pelos bancos nos empréstimos (taxa de aplicação).
. De acordo com o Banco Central (BC), enquanto a taxa média de captação
das instituições brasileiras subiu 3 pontos percentuais em 12 meses até
novembro, para 14,8%, a taxa de aplicação cresceu 10 pontos percentuais, para
48,1%. Leia mais no portal da CTB http://migre.me/sMFuA
Retrocesso na Argentina
A estratégia de Macri e a prisão de Milagro Sala
Pedro de Oliveira, no portal Vermelho
Não é por acaso nem por
acidente processual que a dirigente política Milagro Sala -- líder do movimento
argentino Tupac Amaru e deputada do Parlasul -- foi presa na província de Jujuy
no interior da Argentina.
O juiz responsável direto pela detenção a mando do
governador da provincia, disse que ainda terá alguns dias para se pronunciar
sobre o pedido da defesa de Milagro para que libertem a líder dos
cooperativados e dos trabalhadores daquela região,que estão acampados já há
praticamente um mês na principal praça da cidade.
Esta semana uma delegação de solidariedade a
Milagro esteve em Jujuy para entregar às autoridades locais uma carta dirigida
ao governador de Jujuy, Gerardo Morales, para expressar a condenação do que
consideram uma “violação clara dos direitos humanos na Argentina”. A carta vai
assinada por eurodeputados da Espanha, Reino Unido, Eslovênia, Suécia,
Alemanha, Bélgica, do bloco da Esquerda Unida Europeia composta de deputados da
Finlândia, Chipre, Grécia, Reino Unido, Irlanda, Portugal, de deputados do
bloco Socialista e Democrático, de Portugal e Reino Unido, entre outros.
Desde o início da semana passada grandes
manifestações foram realizadas na Praça de Maio, em Buenos Aires, e em várias
outras cidades importantes do país, com a participação ativa de vários
movimentos sociais, de partidos políticos argentinos e do movimento das Mães da
Praça de Maio contra a prisão de Milagro Sala e contra as demissões de
funcionários públicos e de trabalhadores em geral -- que se contam em dezenas
de milhares -- fruto da política implantada a partir da posse do novo
presidente Mauricio Macri.
A prisão se revelou claramente política e mostra o
nível da ofensiva que o governo neoliberal que assumiu a Casa Rosada em 10 de
dezembro do ano passado está determinado a desencadear. O alvo são as
organizações e movimentos sociais que se estruturaram principalmente a partir
da crise política de 2001. Estes movimentos sociais, alguns ligados a partidos
políticos, outros aliados a grandes sindicatos e outros ainda independentes de
qualquer instituição foram engrossados por grande número de desempregados que
de um dia para o outro perderam suas possibilidades de participar do mercado de
trabalho. Os jornalistas e os grandes meios de comunicação argentinos passaram
a denominar estes movimentos como dos “piqueteiros”.
O Kirchnerismo com seu discurso nacional e popular
foi abarcando estes movimentos alguns deles encabeçados por antigos militantes
de esquerda da luta contra a ditadura militar argentina. É assim que a política
atual colocada em prática por Macri e seus ministros foi a de assumir a tarefa
de desbaratar toda esta organização social de massa, enraizada nos setores
populares e nos movimentos dos excluídos.
Outro alvo permanente é a famosa Ley de Medios
aprovada durante os governos anteriores de Néstor e Cristina Kirchner,
expressão da luta pela democratização dos meios de comunicação no país, e que
agora sofre intervenção direta do governo em seus órgãos máximos de decisão
como a AFSCA, a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audio-visual, que
teve seu presidente Martín Sabatella afastado sumariamente do cargo, enquanto
vários jornalistas progressistas têm sido igualmente demitidos de vários órgãos
de imprensa.
Na esfera jurídica e política a ofensiva
antidemocrática macrista instituiu por decreto presidencial a declaração de
Emergência Nacional de Segurança – provocando imediata reação de setores
democráticos e progressistas e a organização do que se chama Acordo sobre a
Segurança Democrática e um grupo de Convergência da sociedade civil argentina
que alerta o povo para os perigos desse decreto. O governo Macri tenta criar a
ideia de que o narcotráfico é a base do delito generalizado e da violência que
vive o país – mas que na prática o decreto dá mais poderes para as Forças
Armadas e para as forças de Segurança para o combate ao crime. Vários juristas
renomados e o próprio Adolfo Péres Esquivel, prêmio Nobel, se declararam contra
o sentido e a prática decorrente deste decreto que tem validade de um ano e
envolve manobras conjuntas do Exército e das forças de segurança do país.
No plano das relações internacionais o novo governo
está em pleno giro de prioridades, atacando diariamente o governo venezuelano,
articulando com Israel apoio logístico na área de segurança e utilizando a
morte de um agente de inteligência para tentar criminalizar personalidades do
governo anterior de Cristina Kirchner. Foi sintomático o périplo de Macri junto
aos grandes nomes das finanças internacionais em Davos e seu encontro com o
Primeiro Ministro de Israel. Logo em seguida negou-se a comparecer ao encontro
de cúpula da CELAC utilizando-se de uma desculpa esfarrapada, que se realizou
em Quito, no Equador.
Ou seja,como o Congresso argentino está em recesso,
Macri governa por decreto e tenta aplicar em todos os setores sua política
reacionária e neoliberal de desconstrução de tudo o que foi realizado no ultimo
ciclo político avançado dos governos anteriores especialmente no que se refere
ao plano social e econômico. Milagro Sala sofre na carne esta ofensiva mas
conta com amplo apoio nos setores mais organizados e avançados da sociedade
argentina e com a solidariedade ativa de organizações e personalidades
políticas do mundo inteiro. Com a experiência e capacidade de organização dos
movimentos sociais argentinos o povo do país irmão saberá dar respostas aos
intentos retrógrados de Macri e Cia.
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Diálogo
Na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social (CDES), o Conselhão, em 2016, a presidenta Dilma Rousseff reuniu
representantes de trabalhadores, empresários, movimentos sociais, governo e
lideranças expressivas de diversos setores, para colher sugestões sobre os
“Caminhos para o desenvolvimento brasileiro". Leia aqui http://migre.me/sPDEa
28 janeiro 2016
Pressão
Há notável oportunismo na pressão pela
"independência" do Banco Central, que se manifesta na agenda
oferecida pelos altos representantes das instituições financeiras. Lei aqui
artigo de Paulo Kliass http://migre.me/sPDLM
PCdoB com fisionomia própria
Abordagem programática das eleições municipais
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho
Quase não há partidos "programáticos" no Brasil. O PCdoB é umas das raras exceções - e, nesse sentido, a mais expressiva.
Quase todas das mais de trinta legendas credenciadas junto à Justiça Eleitoral registraram programas apenas para cumprimento da legislação. Não como documento de referência a uma prática política coerente e unitária.
Este é um dos fatores de pulverização e da feição caleidoscópica de siglas nas coalizões constituídas para a peleja eleitoral.
Na aparência, sem sentido lógico. Mas o tem, e é possível identificá-lo cotejando interesses de classe, explícitos ou implícitos, que a força hegemônica em cada coalizão representa.
Aos comunistas se apresenta sempre e invariavelmente o desafio de, sob a inspiração do seu Programa Socialista, se posicionar corretamente em cada município.
O Programa é um guia para a ação, observado seu denso e sábio conteúdo. Uma peça política e teórica que, nas condições da luta de classes no mundo e no Brasil dos nossos dias, firma o rumo socialista mediante o acúmulo de forças através do enfrentamento dos problemas e desafios imediatos, à luz da luta por reformas estruturais que, uma vez alcançadas (via combates de grande envergadura), propiciarão notável elevação do padrão de vida material e espiritual do povo e consequente avanço da sua consciência política.
Do que deve resultar uma correlação de forças compatível com o vislumbre do salto civilizatório de caráter socialista.
O Programa se reflete no conteúdo essencial da orientação tática.
Assim, nas circunstâncias atuais, numa conjuntura em múltiplos aspectos adversa, cabe concertar amplas alianças, encabeçadas pelo PCdoB, onde for possível, ou por outra corrente do campo progressista. Sem estreiteza nem sectarismo, em atenção ao nível real da luta em cada lugar.
O auto isolamento, a título de "resguardar princípios", nada tem a ver com a linha programática e tática dos comunistas.
Em toda coalizão de que o PCdoB faça parte, sua contribuição particular haverá de ser perceptível na construção da plataforma dos candidatos a prefeito - "programa de governo" concebido de acordo com o nível de compreensão das forças coligadas -, comprometido com o progresso do município em favor da maioria da população.
Não se trata, pois, em meio à dinâmica peculiar das alianças para o pleito municipal, de perder de vista a perspectiva estratégica consignada no Programa Socialista, mas sim de encontrar o caminho possível para acumular forças, em âmbito local, no sentido de fortalecê-la.
Quase não há partidos "programáticos" no Brasil. O PCdoB é umas das raras exceções - e, nesse sentido, a mais expressiva.
Quase todas das mais de trinta legendas credenciadas junto à Justiça Eleitoral registraram programas apenas para cumprimento da legislação. Não como documento de referência a uma prática política coerente e unitária.
Este é um dos fatores de pulverização e da feição caleidoscópica de siglas nas coalizões constituídas para a peleja eleitoral.
Na aparência, sem sentido lógico. Mas o tem, e é possível identificá-lo cotejando interesses de classe, explícitos ou implícitos, que a força hegemônica em cada coalizão representa.
Aos comunistas se apresenta sempre e invariavelmente o desafio de, sob a inspiração do seu Programa Socialista, se posicionar corretamente em cada município.
O Programa é um guia para a ação, observado seu denso e sábio conteúdo. Uma peça política e teórica que, nas condições da luta de classes no mundo e no Brasil dos nossos dias, firma o rumo socialista mediante o acúmulo de forças através do enfrentamento dos problemas e desafios imediatos, à luz da luta por reformas estruturais que, uma vez alcançadas (via combates de grande envergadura), propiciarão notável elevação do padrão de vida material e espiritual do povo e consequente avanço da sua consciência política.
Do que deve resultar uma correlação de forças compatível com o vislumbre do salto civilizatório de caráter socialista.
O Programa se reflete no conteúdo essencial da orientação tática.
Assim, nas circunstâncias atuais, numa conjuntura em múltiplos aspectos adversa, cabe concertar amplas alianças, encabeçadas pelo PCdoB, onde for possível, ou por outra corrente do campo progressista. Sem estreiteza nem sectarismo, em atenção ao nível real da luta em cada lugar.
O auto isolamento, a título de "resguardar princípios", nada tem a ver com a linha programática e tática dos comunistas.
Em toda coalizão de que o PCdoB faça parte, sua contribuição particular haverá de ser perceptível na construção da plataforma dos candidatos a prefeito - "programa de governo" concebido de acordo com o nível de compreensão das forças coligadas -, comprometido com o progresso do município em favor da maioria da população.
Não se trata, pois, em meio à dinâmica peculiar das alianças para o pleito municipal, de perder de vista a perspectiva estratégica consignada no Programa Socialista, mas sim de encontrar o caminho possível para acumular forças, em âmbito local, no sentido de fortalecê-la.
Cinema em alta
Cinema nacional teve maior taxa de crescimento dos
últimos 5 anos, de acordo com o Informe Anual divulgado nesta
segunda-feira (25) pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Foram registrados
no ano passado 172,9 milhões de espectadores nas salas de cinema do país – um
aumento de 11,1% em relação a 2014. Leia mais http://migre.me/sP14a
27 janeiro 2016
Forma e conteúdo
Nuances da arte e da política
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Quando preso político, em Itamaracá, em
meados dos anos 70, eu arriscava o diálogo constante com companheiros poetas e
contistas a partir da leitura dos seus originais. E se seguiam intermináveis
diálogos sobre conteúdo e forma e possíveis abordagens de um mesmo tema – embora
estivesse, como ainda estou, despido de qualquer conhecimento da teoria
literária.
Nossos companheiros autores se
alimentavam – diziam – dos comentários de alguém que lhes transmitia uma
percepção meramente intuitiva, despida de filigranas próprias dos críticos
profissionais.
Os anos passaram e continuo leitor,
ouvinte e observador posto na condição de cidadão comum, cultivando um prazer
quase simplista, em matéria de arte.
Vejo um filme, por exemplo, atento ao
enquadramento da cena, a uso da luz e coisas assim. Movido pelo meus próprios
critérios – ou, melhor dizendo, pela minha simples e talvez rasteira percepção.
Imaginem nesses tempos em que a
telemática chegou às artes, incorporando formas e técnicas nunca dantes experimentadas!
Como a nanoarte, que manipula
elementos em escala atômica, explorando ondas provocadas pelo som da voz,
espécie de coreografia molecular.
Ou a bioarte e a arte transgênica, que
propõem experiências incríveis, como modificar geneticamente um coelho para
que, dependendo do nível de exposição à luz, torne-se fluorescente.
E a arte da política? Essa, ao
contrário, exige muito mais do que a intuição. Sempre e em qualquer
circunstância, exige uma boa formação cultural e teórica, além da intuição e da
sensibilidade que se adquire com a vivência.
Com o anotei de outra feita, aqui a
coreografia é a das vaidades; e mais do que das vaidades, dos interesses de
classe, velados ou explícitos.
Nada ocorre por mero acaso. A política
é a face institucional da vida como ela é – e a vida, numa sociedade como a
brasileira, é movida pelos conflitos de classes, por mais camuflados que estes
se apresentem.
Por isso, é preciso ir além das
aparências; perscrutar as verdadeiras intenções de cada um dos atores e grupos
envolvidos numa batalha política – como o pleito de outubro vindouro.
Serão eleições municipais, fenômeno
político essencialmente local, mas com irrecusável repercussão sobre as
eleições gerais de 2018. Resultados de agora pesarão na correlação de forças
futura.
Daí a necessidade de se distinguir o
joio e o trigo, tendo como crivo propostas programáticas para a cidade.
Em tempo de desgaste – muito além do
merecido, diga-se – dos políticos e dos partidos, impõe-se a qualificação do
debate de ideias, a partir mesmo das tratativas das alianças, que tomarão corpo
logo após o carnaval.
Tomara. Para a melhoria do processo democrático
no País.
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Lucros & desemprego
Aferindo lucros astronômicos, os
bancos fecharam quase 10 mil postos de trabalho (9.886) em 2015, segundo
pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT) em parceria com o Dieese. O total é quase duas vezes maior do que
o ano anterior (5.004). Leia aqui http://migre.me/sOpK4
Perdas sociais
Desemprego no mundo e no Brasil
Por NIVALDO
SANTANA*, no Blog do Renato
A OIT –
Organização Internacional do Trabalho – divulgou recentemente um relatório
sobre as perspectivas do desemprego global para os anos de 2016 e 2017. Esse
relatório parte da premissa de que o mercado de trabalho mundial apresenta dois
graves e persistentes problemas: altas taxas de desemprego e vulnerabilidade
crônica do emprego, ou trabalho precário, em bom português.
A OIT é uma
agência das Nações Unidas tripartite, com representação dos governos,
empresários e trabalhadores. Sua missão é “promover oportunidades para que
homens e mulheres possam ter acesso a emprego decente e produtivo, em condições
de liberdade, equidade, segurança e dignidade”.
Essa missão
está distante de ser realizada. O relatório em tela, disponível no portal da
OIT, prevê que em 2016 a quantidade de desempregados no mundo alcançará a soma
de 199,4 milhões. Desse total, 30 milhões de novos desempregados aconteceram
por conta da grande crise capitalista iniciada em 2007/2008.
Além dessa
massa de desempregados, o relatório aponta que 1,5 bilhão de pessoas no mundo
têm emprego vulnerável, com baixa produtividade, baixa remuneração e falta de
proteção social. Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, o desemprego atinge
tanto os países desenvolvidos quanto os chamados emergentes.
Nesse contexto
de dificuldades mundiais, o Brasil, que em 2014 apresentou o menor índice de
desemprego da história, também passa a enfrentar retração no seu mercado de
trabalho. A entrevista do ministro do Trabalho e Emprego, Miguel Rossetto, ao
apresentar os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED), reconhece esse fato.
O CAGED de
2015 registra que o Brasil, depois de anos de crescimento do emprego, perdeu
1.542.371 vagas no mercado formal de trabalho. Os setores mais atingidos foram
a indústria e a construção civil. O ministro destaca que, apesar desse número
negativo de desempregados, o estoque de emprego formal é de 39,6 milhões, o
terceiro melhor da série histórica.
Esses números
indicam que, ao contrário do que prega a oposição conservadora neoliberal, o
que o Brasil precisa, de fato, é de estabilidade institucional e papel
protagonista do Estado para criar as condições de retomada do crescimento
econômico. Para tanto, cobra-se uma política macroeconômica que favoreça o
aumento dos investimentos públicos e privados e abra novas perspectivas de
emprego e salário para os trabalhadores brasileiros.
* Nivaldo Santana é Secretário
Sindical Nacional do PCdoB
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
26 janeiro 2016
Panorama sombrio
O tamanho da crise
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Não se trata de combater a visão
parcial e distorcida da crise brasileira, que a exime de qualquer relação com a
crise global – como costumam fazer, com propósito político explícito,
oposicionistas e seus arautos na mídia hegemônica.
Também não é o caso de minimizar
as contradições, ineficiências e equívocos próprios, historicamente considerados
e postos à tona na crise atual.
Cabe,
sim, chamar atenção para o agravamento da crise social global e suas
implicações.
Às
vésperas do Fórum Mundial, reunido em Davos, na Suíça, a ONG inglesa Oxfam
informou, com base em estudos recentes, que há cinco anos a riqueza acumulada
por 388 multimilionários era equiparada com a quantidade de capital que a
metade mais pobre da população mundial possuía.
Hoje,
essa relação despencou para 62 pessoas – uma fenomenal concentração de riqueza!
(Com
um detalhe: dois brasileiros integram esse grupo e, ao que se sabe, acumularam
suas fortunas especulando no mercado financeiro).
É
gente que se beneficia da finacneirização da economia capitalista em toda
linha, fenômeno que se acentua nas últimas décadas – e que produz as chamadas
bolhas financeiras, alimentadas pelo capital fictício de que falava Karl Marx.
Não
é diretamente a exploração do trabalho humano a principal fonte dessas fortunas
acumuladas.
Uma
contradição intrínseca ao sistema, que em perspectiva gera objetivamente a sua falência.
É
certo que o capitalismo tem em suas crises cíclicas uma característica própria,
uma espécie de perverso mecanismo de realimentação.
Mas
igualmente certo que, nas últimas cinco décadas, essas crises têm encurtado o
espaço de tempo entre uma e outra.
Com
um agravante: a crise atual – estrutural, sistêmica e sem sinais de superação
|á vista -, deflagrada em 2008, tem dimensão muito maior e mais grave do que a
de 1929, até então considerada a segunda maior crise do sistema capitalista.
Outro
aspecto desse cenário sombrio é a previsão de que, na esteira do incremento de
novas tecnologias ao sistema produtivo – a chamada quarta revolução industrial, movida pela inteligência artificial,
robótica, impressão 3D, nanotecnologia e outras inovações – serão liquidados
cerca de cinco milhões de empregos nos próximos cinco anos.
Isto acontecerá, sobretudo, nas
economias mais desenvolvidas e nos países emergentes, incluindo o Brasil.
Pode um sistema que despreza o
trabalho humano e, guiado cegamente pela ânsia do lucro financeiro infinito,
sobreviver infinitamente?
A resposta é não. Daí serem
fundadas as previsões de que nas próximas décadas um novo surto de
transformações sociais se instalará no mundo.
Leia
mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD Cautela
Toda informação acerca da
epidemia do vírus Zeca é válida. Quanto mais informada estiver a população,
mais condições existirão para o combate ao mosquito transmissor. Mas noticiário
alarmista - alardeando a possibilidade da muriçoca também agir como transmissor,
ainda sob estudos ore,iminentes - é bola fora: gera pavor, na contramão da
saudável mobilização das pessoas.
25 janeiro 2016
Barra pesada
. Anotei do Valor Econômico: “A
quarta revolução industrial, que reúne inteligência artificial, robótica,
impressão 3D, nanotecnologia e outras tecnologias, deverá provocar perda líquida
de cinco milhões de empregos nos próximos cinco anos. Tal perda ocorrerá em 15
grandes economias, incluindo o Brasil, avalia o Fórum Econômico Mundial, em Davos,
nos Alpes suíços.”
. Capitalismo em
contradição com as necessidades humanas fundamentais.Do contra
Comentaristas da Globo News torcem
o nariz para a intenção do Ministério da Saúde de distribuir gratuitamente
repelentes para cerca de 400 mil gestantes inscritas no Programa Bolsa Família.
Opinião insensível e elitista.
Carnaval de Pernambuco
A alegria guerreira
Luciano Siqueira
Foto: Diego Nigro (PCR)
Fábrica de sonhos,
festa demoníaca, desperdício de energias e dinheiro, expressão do modo de viver
de nossa gente ou alegria guerreira. Depende do olhar de quem o vive, presencia
ou analisa.
Talvez chamar o
carnaval de fábrica de sonhos seja impróprio: os sonhos o precedem, durante a
festa apenas se exteriorizam, extravasam de múltiplas formas.
Invenção do demônio é
uma pecha que lhe atribuem olhos puritanos e repressivos desde que surgiu,
dizem, nas sacristias católicas da Idade Média – como forma de desfazer-se da
carne e enaltecer o espírito.
Desperdício para os
que não enxergam as muitas nuances de toda uma cadeia produtiva que envolve
investimentos, lucros e oportunidades de trabalho. Somas fabulosas – do
merchandaise à geração de empregos temporários, diretos e indiretos.
Manifestação
do modo de sonhar, sofrer, lutar, sentir e amar de nossa gente, sim – tudo
traduzido na forma de uma alegria guerreira, na expressão cunhada pela
pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Rita de Cássia Barbosa de Araújo, autora do belíssimo
artigo “Carnaval do Recife: a alegria guerreira” (revista Estudos Avançados –
USP, abril de 1997).
É que no final do século XIX e início do século XX, só às elites era
permitido participar da festa desfilando alegorias e clubes de máscaras,
restando ao povo apenas ver e aplaudir. Daí o surgimento de agremiações
populares destinadas a lutar pelo direito de brincar, abrindo alas e
suplantando a norma iníqua e a repressão policial. Vassourinhas, Pás Douradas,
Lavadeiras, Lenhadores e tantos outros surgiram inspirados na luta por direitos
corporativos e pela liberdade de participar dos folguedos.
Deu no que temos hoje – no Recife, em Olinda e em muitas partes do
território pernambucano o folião cai no frevo ou se deixa envolver pelo batuque
mágico do maracatu, livre e espontaneamente, nas praças e nas ruas. Do jeito
que lhe vier à telha, sem regras nem amarras.
Um carnaval democrático isento de proibições e restrições econômicas.
Jamais pensar na compra de abadás nem em alguns privilegiados protegidos por
cordões de isolamento no Galo da Madrugada, no Recife, ou em Pitombeiras e
Elefante nas ladeiras de Olinda. Vale a liberdade conquistada há pouco mais de
um século com muito sangue, suor e cachaça.
Leia mais
sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
O real tamanho do buraco
Mídia, economistas e alienação sobre a crise do capitalismo
Oito anos após o seu início, a crise global continua sem solução,
aproxima-se de sua quarta onda de manifestação, mas o tema nem sequer é
considerado pelas instituições multilaterais do planeta.
Por Marcio Pochmann*, no
portal Vermelho
Segue
impressionante o grau de subordinação ideológica dos analistas e comentaristas
econômicos e da mídia em geral na produção e difusão de análises acerca do
curso atual da mais grave crise do capitalismo desde a década de 1930. Oito
anos após o seu início, a crise de dimensão global continua sem solução,
aproximando-se para a sua quarta onda de manifestação e sem que o tema nem
sequer seja considerado nas previsões das mais importantes instituições
multilaterais do planeta.
Aliás,
cegueira situacional – como a recentemente demonstrada pelo FMI – se mostra
imutável no tempo presente. Não foram capazes de prever a crise de global em
2008, muito menos as suas ondas subsequentes de manifestações. Agora, um
relatório daquela instituição sobre o panorama mundial para os anos de 2016 e
2017 atribui a culpa pela péssima situação econômica mundial ao Brasil e à
China, principalmente.
O grau
de alienação não tem limite. Não se pode esquecer que a primeira onda da crise
global se deu entre os anos de 2008 e 2009, tendo por origem a insolvência dos
contratos habitacionais (subprime) dos Estados Unidos. Até hoje não houve
correção significativas dos erros resultantes das políticas neoliberais de
desregulamentação adotadas naquele país e que foram ocasionadoras da própria
crise.
Abordagem
nesse sentido pode ser vista, por exemplo, tanto no livro de M. Lewis (The Big
Short, de 2010) como no filme de 2015 dirigido por A. McKay, A Grande Aposta
(ou A Queda de Wall Street, em Portugal).
Apesar
da gravidade dos fatos, praticamente nada de relevante mudou nas regras
especulativas do capitalismo, assim como as denominadas agências de risco
seguem vendendo avaliações de acordo com o perfil do comprador e, portanto,
distante da realidade (seria o Brasil um péssimo comprador das chamadas
avaliação de riscos por parte destas agências?).
Apesar
de mais de oito milhões de trabalhadores estadunidenses terem sido
desempregados, da queda significativa na renda salarial, do aumento da pobreza
e da desigualdade e da quebra em série de empresas e bancos desde 2008, Wall
Street continua a ser referenciada e dominante, inclusive na lógica partidária
estadunidense. Depois a mídia submissa estranha quando o senador Bernie
Sanders, o candidato socialista e opositor de Hillary Clinton no Partido
Democrata, avança com discursos críticos a Wall Street.
Para
além dos EUA, lembremos que a segunda onda de manifestações da crise global
transcorreu nos anos de 2011 e 2012, na Europa, frente à exposição das finanças
públicas degeneradas por ajudas aos setores privados combalidos, após estes
últimos entesourarem recursos públicos recebidos, sem reaplicá-los na produção.
Por
fim, a terceira onda, que envolve os Brics e vem desde 2015. Justamente eles,
que adotaram políticas anticíclicas na expectativa de que a crise capitalista
fosse de curta duração, conforme verificado na Rússia, China e Brasil.
No
Brasil, a sequência da política econômica de apoio com recursos públicos
"de pai para filho" não se mostrou suficiente para reanimar o
paciente do setor privado, motivando-o ao investimento produtivo. Pelo
contrário, a injeção de mais de 100 bilhões anuais de recursos públicos no
setor privado alimentou mais a especulação nos mercados financeiros e à
dependência à importação.
A
partir da decisão do banco central dos Estados Unidos, de recentemente retomar
a trajetória de elevação da taxa de juros, caminha-se para uma quarta onda de
manifestação da crise de dimensão global. O acelerador dessa crise permanece
sendo a enorme e crescente assimetria entre o ritmo dos ganhos do setor
financeiro, sem contrapartida na economia real.
Os
ativos financeiros não se constituem enquanto riqueza propriamente dita, sendo
muito mais um acesso à riqueza real. Esta discrepância se mantém dialeticamente
sob a grave ameaça de continuidade da própria trajetória do capitalismo neste
início do século 21.
* Professor do Instituto de Economia e pesquisador
do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade
Estadual de Campinas.
Fonte: Rede Brasil Atual
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Preciosa gramática
Quando se fala na necessidade da gramática, o que se tem em
mente é uma coisa só: propiciar o fim dos erros, de escrita ou de fala. Mas uma
gramática é mais do que isso. É bem mais do que isso, na verdade, mas
acrescente-se pelo menos outra coisa que ela é, e que faz parte da tradição
escolar: a gramática é uma teoria da língua, uma teoria de sua estrutura. É por
isso que trata dos fonemas, das sílabas, dos acentos, dos afixos, das classes
de palavras, da sintaxe etc. Leia mais na Ciência
Hoje http://migre.me/sMEDT
São Paulo, 462 anos
Cristina Sidoti
A capital precisa de memória
Aldo Rebelo, no Blog do Renato
São Paulo
chega aos 462 anos neste 25 de janeiro como metrópole moderna, com Ilhas de
excelência cercadas de um mar de problemas e desigualdade. A cidade tem
negligenciado a identidade de sua formação social, repleta de personalidades,
ciclos e episódios que moldaram o Brasil, vítima de uma deformidade histórica
que segrega no passado os fundamentos do presente e as bases forjadoras do
futura.
À exceção da
rebelião de 1932, celebrada todos os anos, embora sem atingir o climax do
civismo paulistano, eventos ultrarrelevantes da cronologia municipal não têm
merecido festas ou tributos regulares, inseridos no calendário histórico.
A cidade não
celebra o apóstolo Pauto como o Rio de Janeiro festeja São Sebastião. Não
comemora o Grito do Ipiranga a 7 de setembro da forma efusiva como Salvador
enaltece o 2 de julho que assinala a adesão da Bahia à Independência. Não
exalta a proclamação da República acelerada pelos barões do café que promoveram
a Convenção de Itu e fundaram o Partido Republicano Paulista para acabar com o
Império decadente.
Falta até mesmo
uma grande festa religiosa, como Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Belém,
para homenagear o padroeiro, até porque a população não sabe qual é, se São
Pauto ou Nossa Senhora da Penha.
Tanto quanto
negligenciada, a história de São Pauto tem sido alvejada por revisões
politicamente corretas que ressalvam o trabalho dos Jesuítas (que com uma
escola fundaram a cidade sob o signo da cultura), escarnecem os bandeirantes
(demarcadores e conquistadores do Brasil profundo), ignoram as campanhas
decisivas pela Independência, Abolição e República, esquecem a formação da
classe operaria e das lutas sociais no início do século XX e já não fazem Jus à
revolução estética da Semana de Arte Moderna de 1922.
Há muito o que
celebrar nesses 462 anos da trajetória de uma cidade construída pela força do
povo, mas a memória dos feitos históricos deve ser revitalizada.
Aldo Rebelo é
jornalista, ministro da Defesa e membro do Comitê Central do PCdoB.Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Distorção explícita
Ainda as palavras
Por
Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo
Entre uma e outra estocada na defesa de Marcelo Odebrecht, o porta-voz
da Lava Jato deu uma explicação que desexplicou muito bem a cirurgia feita em
um trecho de depoimento, do já célebre Paulo Roberto Costa, referente àquele
empresário preso há seis meses.
A frase em questão é esta: "(...) nem põe o nome dele aí porque com
ele não, ele não participava disso". E a frase na transcrição do
depoimento pela Lava Jato: "(...) a despeito de não ter tratado
diretamente o pagamento de vantagens indevidas com Marcelo Odebrecht", e
segue.
O
procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, em considerações colhidas por
Graciliano Rocha e Mario Cesar Carvalho para a Folha, diz que a
transcrição do depoimento foi "fidedigna", porque sua função é
"resumir" o principal do que foi dito. É aí mesmo que aparece o
problema do desaparecimento: onde está o resumo da frase que isenta o acusado
pela Lava Jato? Dela não há sequer vestígio. O que aparece é outra frase. E a
original nem ao menos era longa, já nascera resumidamente pronta.A Justiça e seus holofotes
. Além das
sessões do Supremo, as do Superior Tribunal de Justiça, dos Conselhos de
Justiça e do Ministério Público, entre outros órgãos, estão disponíveis ao vivo
na internet. Longe da cúpula, a tendência é que tribunais de Justiça regionais
e estaduais sigam esse movimento, assim como as procuradorias do Ministério
Público.
. O episódio do julgamento das
contas do governo Dilma mimetiza um movimento de legitimação via mídia que há
muito o Sistema de Justiça vem trilhando. Esse é um ponto central para
pensarmos como estruturas do Estado que não passam pelo crivo das eleições
começam a entrar em outro tipo de disputa, relacionada à construção de uma
imagem pública. Na era midiática, o antigo jogo de bastidor que percorria
silenciosos caminhos institucionais agora ocorre em uma arena pública. Eis a
velha máxima: tão importante quanto ser é parecer ser.
. Leia na íntegra o
artigo de Grazielle
Albuquerque no Le Mon de Diplomatique http://migre.me/sMFV7
No topo
O Brasil mantém a incômoda posição de ser campeão mundial em
juros reais. Descontada a inflação, os juros rendem, no Brasil,
inacreditáveis 6,78% ao ano, acompanhado de longe pela Rússia (onde os juros
reais são de 2,78%) e pela China (com taxa real de 2,61%). Leia mais http://twixar.me/8nY
Conselho
Desde
as primeiras horas de hoje, comentaristas da mídia hegemônica bombardeiam a
rearticulação, pela presidenta Dilma, do Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social. Antes, criticavam o esvaziamento do Conselho, agora afirmam que sua
retomada não passa de engodo (sic). É
a direita em uníssono no combate sem tréguas ao governo.
Imprensa marrom
A obsessão de Veja
Brasil 247 - Para o advogado Pedro Maciel, "estamos
diante de um caso de obsessão dos editores e diretores da Veja em relação a
Lula", depois de a revista ter publicado esta semana, mais uma vez, um
"'fato consumado' cujo desenvolvimento e procedimento encontram-se ainda
em curso, tratando-se de 'fato não-consumado', portanto"; ele critica
ainda o papel de um procurador, como Cássio Conserino, como "simples
fornecedor de conteúdo a veículos de comunicação"; "A revista Veja,
que vem cometendo crimes contra a honra, crimes eleitorais e desinformando
semanalmente, revela sua obsessão em relação a Lula e sua família, verdadeira
patologia de seus diretores e editores. A quem recorrer? Ao Ministério Público
ou a um psicanalista?", questiona; leia a íntegra de seu artigo:
Mais
uma capa da Veja apresenta como "fato consumado" fatos cujo
desenvolvimento e procedimento encontram-se ainda em curso, tratando-se de
"fato não-consumado", portanto.
A tal
denúncia do promotor Cássio Conserino, informada por Veja como fato consumado,
não aconteceu, não foi consumada, segundo o próprio promotor.
Penso
que estamos diante de um caso de obsessão dos editores e diretores da Veja em
relação a Lula. O substantivo feminino obsessão tem alguns significados que
podem explicar muito bem a linha editorial da revista Veja: "1. apego
exagerado a um sentimento ou a uma ideia desarrazoada; 2. motivação
irresistível para realizar um ato irracional; 3. Compulsão pelo poder e 4.
Neurose Obsessivo-compulsiva.".
Não
vou debater aqui se Lula é ou não dono do apartamento, pois sei que ele não é
proprietário do imóvel, possui sim cotas de uma cooperativa habitacional
chamada Bancoop. O contrato de Lula com a cooperativa foi quitado em 2010, e
refere-se a um apartamento, que tinha como previsão de entrega 2007; a entrega
atrasou e em razão do atraso, os cooperados decidiram em assembléia transferir
a conclusão do empreendimento à OAS. A obra foi entregue pela construtora em
2013. Cabe agora ao cooperado Lula optar por pedir ressarcimento do valor pago
ou comprar um apartamento no empreendimento com seu crédito.
Onde
está a ilegalidade, caríssimo Cássio Conserino?
Cabe
aqui um recorte. Não há surpresa alguma no tratamento que o Ministério Público
paulista dá a Lula e ao PT, afinal por aqui não há nenhum desembargador nomeado
em vaga do "Quinto Constitucional" (oriundo da Advocacia ou o
Ministério Público) que não tenha sido nomeado por governador do PSDB.
E
mais, por aqui o Ministério Público, mesmo sem ter nenhum voto, participa do
Executivo. Essa participação permanente do MP paulista no Executivo pode
significar ou uma integração não desejável ou uma submissão do MP ao Executivo.
Por exemplo, o Secretário de Segurança Pública do Estado é Alexandre de Moraes,
Promotor de Justiça, seu antecessor, Fernando Grella Vieira, é também membro
destacado do Ministério público do Estado e a presença de membros no MP no
governo tucano não é novidade, pois como secretários de segurança podemos
lembrar ainda os promotores Marco Vinicio Petreluzzi e Saulo de Castro Abreu
Filho.
O Ministério
Público e a figura do Promotor Público devem representar a comunidade, pois são
função de Estado, deve sempre ter em vista o interesse coletivo, por isso creio
que há, em tese, um conflito de interesses insuperável para situações como
essa, pois a proximidade de membros importante do Ministério Público e de
partido político infringe a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público em seu
artigo 44, pois os aproxima de militantes partidários.
O
alinhamento do MP paulista com o PSDB é inegável, tanto que o tal promotor
teria procurado a revista Veja para anunciar publicamente que já teria
"indícios suficientes para denunciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pelo crime de lavagem de dinheiro em investigação sobre um apartamento
triplex que tinha sido reservado pela construtora OAS para a família do
ex-presidente". Será esse o papel de um promotor público?
Bem, o
promotor é responsável pela defesa da ordem jurídica, do Regime Democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis, não deve reduzir seu papel
a simples fornecedor de conteúdo a veículos de comunicação, não é seu papel
"procurar a imprensa". Por isso, se o promotor procurou mesmo a
revista para fazer essa "denúncia", cometeu, em tese, uma infração
funcional além de constranger o MP-SP e a própria sociedade.
Ademais,
a revista Veja, que vem cometendo crimes contra a honra, crimes eleitorais e
desinformando semanalmente, revela sua obsessão em relação a Lula e sua
família, verdadeira patologia de seus diretores e editores. A quem recorrer? Ao
Ministério Público ou a um psicanalista?
Consumo em tempo de crise
. A crise atual não é maior de todas
as crises que o Brasil já atravessou, mas faz grandes estragos. Informa a
Agência Brasil: Pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto Data Popular
mostra que nove entre dez brasileiros diminuíram o consumo no ano passado,
devido à crise econômica. As entrevistas foram feitas entre os dias 4 e 12 de
janeiro com 3,5 mil consumidores maiores de 16 anos em 153 municípios de todos
os estados.
. Segundo os dados, dos 99% dos consultados que acreditam que o país está em crise, 81% têm certeza de que vivenciam um período de recessão. Para 55%, esta é a pior crise que já enfrentaram. Leia mais http://twixar.me/BnY
. Segundo os dados, dos 99% dos consultados que acreditam que o país está em crise, 81% têm certeza de que vivenciam um período de recessão. Para 55%, esta é a pior crise que já enfrentaram. Leia mais http://twixar.me/BnY
Faixa azul
. A
partir de hoje, entra em funcionamento a quinta Faixa Azul da cidade, na
Avenida Conselheiro Aguiar, que se tornou possível com a abertura da pista
leste da Via Mangue, no sentido Boa Viagem/Centro.
. No
total, 39 linhas de ônibus, que transportam cerca de 145 mil passageiros por
dia, serão beneficiadas. Tem início no cruzamento com a Rua Barão de Souza Leão
e se estende até a Avenida Antônio de Goes, na altura do túnel Josué de Castro
(túnel do Pina), somando mais 5,8 quilômetros de prioridade para o transporte
público na cidade.
. A
exemplo das outras faixas azuis implantadas na Avenida Mascarenhas de Moraes,
Avenida Engenheiro Domingos Ferreira e nas ruas Cosme Viana e Real da Torre, a
faixa da Avenida Conselheiro Aguiar irá funcionar de segunda a sexta-feira, das
6h às 22h.
.
Juntas, elas irão beneficiar cerca de 500 mil usuários do transporte público
diariamente.
. Já
são 29,1 quilômetros de faixas exclusivas implantadas, com 50,3 quilômetros de
corredor exclusivo para ônibus, beneficiando, diariamente, mais de 500 mil
usuários de transporte público, que passaram a ter o tempo de viagem reduzido
significativamente, como ocorre no percurso realizado na Faixa Azul da Avenida
Herculano Bandeira/Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, onde a velocidade
média dos coletivos aumentou 118%, passando de 11.5 km/h para 24.1 km/h. (Fonte: Site da PCR)
24 janeiro 2016
Humor e drama
A poesia particular de Ettore Scola
O diretor italiano viu a condição humana com humor
e drama
Carta Capital
Os seus eram filmes
poéticos a interpretar um tempo e um lugar. Suas obras reflexivas, nas quais a
imagem e a palavra se complementavam em ritmo natural, tiveram início quando,
formado em Direito, passou a criar situações humorísticas para o periódico Marc’Aurelio,
conforme descreveu no seu último filme, Que Estranho Chamar-se
Federico (2013).
Morto em Roma aos 84 anos,
dia 19, após uma parada cardíaca, Ettore Scola dizia
que ser cineasta era um
dos ofícios mais tediosos a ter experimentado em vida.
Ele achava o jornalismo muito mais
divertido. E adentrara na direção sem ânimo especial, por indicação do ator Vittorio Gassman, que em 1964,
diante do produtor Mario Cecchi Gori, apontou-o como o tipo ideal para conduzir
Fala-se de Mulheres.
Entre tantos outros filmes de sua
carreira como roteirista, Scola havia escrito aquele com a indicação precisa
dos personagens no espaço. Eis por que, para Gassman, não seria difícil ao
amigo que passasse à direção recusada por Dino Risi. Scola não compartilhava o
temor dos outros diretores diante da decisão de onde colocar a câmera. Escrevia
com ela.
Assim, o sucesso se fez desde seu
primeiro trabalho, embora ele tenha considerado Dramma della gelosia
(1970), em torno do triângulo amoroso formado por Marcello Mastroianni, Monica
Vitti e Giancarlo Giannini, seu verdadeiro início como cineasta. Desde então
parecia não haver experimentado outro ofício em vida.
Seu olhar poético era quase um
estranhamento dentro da implacável e revolucionária commedia all’italiana.Para
romper o tédio, Scola se lançava às experimentações.
A bela câmera que se vê na abertura de
Um Dia Especial (1977) hesita entre a direita e a esquerda pelo pátio,
até chegar ao apartamento em que mora a dona de casa interpretada por Sofia
Loren.
Vítima do fascismo familiar, ela se vê
atraída à culta sensibilidade do vizinho interpretado por Mastroianni, um homossexual.
Não apenas as duas interpretações são esplendorosas.
Scola parecia saber de
tudo ou mais, ao encarar a briga amorosa do garçom de Gassman com o cozinheiro
Ugo Tognazzi no episódio Hostaria!, em Os Novos Monstros (1977).
As duplas encenavam igualmente o drama, e em Concorrência Desleal (2001)
dois rivais do comércio enfrentavam a injusta presença do antissemitismo.
O diretor escarnecia da
falta de escrúpulos do italiano médio interpretado por Alberto Sordi em La Più
Bella Serata Della Mia Vita (1972). Colocava brutalidade e humor na miséria
vestida por Nino Manfredi em Feios, Sujos e Malvados (1976).
Em Nós Que nos Amávamos
Tanto (1974), três amigos que haviam provado de maneiras diferentes, pela
vida, seus ideais revolucionários, reencontravam-se na maturidade. A condição
humana submetida à prova histórica, como ele a viu em O Baile, A Família
ou O Terraço, era o material enriquecido de sua poética.
*Publicado originalmente na edição 885 de CartaCapital, com o título
"Uma poesia particular"
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23 janeiro 2016
Outubro vem aí...
Aproveito a brecha na agenda para atualizar a minha
correspondência por e-mail, WathSapp e facebook. Predominam perguntas sobre as
composições políticas para o pleito de outubro no Recife: o PCdoB na Frente
Popular, possível conflito com o aliado nacional PT, a confirmação de nossa
chapa própria de vereadores, a chapa majoritária... Natural que assim seja. Afinal,
o carnaval está próximo e, como se costuma dizer, o ano começa na quarta-feira
de cinzas. Em seguida, as eleições estarão na centralidade das atenções de
todas as forças políticas – inclusive para as que governam a cidade.
A voz instigante do poeta
Água fogo pedra
Marcelo Mário de Melo
Água molha.
fogo queima
pedra apruma.
fogo queima
pedra apruma.
Água amolda
fogo funde
pedra esteia.
fogo funde
pedra esteia.
Água arrasta
fogo engole
pedra fere.
fogo engole
pedra fere.
Água encanta.
fogo incita.
pedra rola.
fogo incita.
pedra rola.
Água limpa.
pedra escreve.
fogo imprime.
pedra escreve.
fogo imprime.
Águas
fogos
minhas pedras:
que querem vocês de mim?
fogos
minhas pedras:
que querem vocês de mim?
Leia mais sobre poesia e temas da atualidade:
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Golpismo explícito
As espúrias relações entre na mídia e o Judiciário
No Brasil a 'lógica da notícia' substituiu a 'lógica do direito: nós já
sabemos todos os vereditos antes mesmo dos julgamentos.
Por Tatiana
Carlotti, na Carta Maior
Com auditório lotado, o Centro
de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu na noite desta
quinta-feira (21.01) um debate entre o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o jurista
Pedro Estevam Serrano e o jornalista Paulo Moreira Leite. Na pauta: “a mídia e
a judicialização da política”, com ênfase na politização e desmandos do
Judiciário brasileiro e na ditadura da opinião pública, perpetrada pelo Partido
da Imprensa Golpista (PIG) neste país.
Abrindo as discussões, Pedro
Estevam Serrano explicou a corrupção sistêmica que existe hoje no país entre
dois subsistemas sociais: o da comunicação, que define o que é notícia e o que
não é; e o da Justiça, que determina o legal e o ilegal. Segundo o jurista, o
problema é quando a “lógica própria do direito” é substituída pela “lógica da notícia”.
“Nesses casos, a gente já sabe o resultado [do julgamento] antes dele ocorrer”.
Serrano sustenta que “a
sociedade não é democrática quando isso ocorre”. “Processos judiciais que
recebem atenção da mídia são exercidos de forma corrompida”. A defesa nesses
casos não passa de “mera maquiagem”, “uma coisa é o que está no processo, outra
é o que a mídia cria”, afirmou. O problema se agrava, apontou, quando a
“corrupção sistêmica” passa a ser usada de forma refletida e racional. “Neste
caso, a disfuncionalidade acaba servido para que o Judiciário, ao invés de
agente de direito se torne um agente de exceção”.
Fraude é a nova forma de
autoritarismo - Ao avaliar que as formas autoritárias não deixaram de
existir na sociedade brasileira, ele apontou que agora elas precisam satisfazer
as formas democráticas: “a conduta ilícita hoje é realizada com aparência de
licitude. A fraude é a nova forma de autoritarismo, expressando medidas
próprias de um estado de ditadura no interior da democracia”.
Para tal, um dos mecanismos é a
eleição de um “inimigo” coletivo, que sob a alcunha de “terrorista” ou outro
termo, passa a ser desprovido de sua condição humana, perdendo a “proteção
jurídica e política que qualquer ser humano precisa”. Serrano citou como
exemplo, a campanha midiática contra os réus do julgamento da AP 470, o chamado
Mensalão. Ele também alertou o uso desse procedimento na Operação Lava Jato.
Chamando a atenção para “o
processo de exceção na América Latina” que se dá em um contexto de
fortalecimento da corrupção sistêmica entre mídia e jurisdição, ele ponderou
que embora esse processo seja mais ameno no Brasil, do que foi em Honduras e no
Paraguai, ocasionando na destituição de presidentes democraticamente eleitos,
existe “uma potencialidade disso se tornar cada vez mais grave [aqui no Brasil]
e se transformar num caso sistêmico”.
Serrano defendeu, ainda, a
necessidade de um controle social sobre a magistratura e, principalmente, sobre
a Polícia Federal. “A violência é institucionalizada. É preciso submeter a
Polícia Federal ao controle da sociedade civil”. Ele também denunciou a
promiscuidade no meio da jurisdição”, citando o caso dos vazamentos de
informações pela polícia. “Se a informação é do interesse de todos, ela deve
ser divulgada de forma oficial, por meio de assessoria de imprensa e para todos
os órgãos de comunicação. Um agente policial, pessoa física, não pode ser a
fonte da imprensa”.
Sob a premissa de que a
“Jurisprudência não é uma ciência, como falam os positivistas, mas um campo de
luta, onde há disputa de poder”, Serrano comentou a necessidade de valorização
e fortalecimento dos juristas progressistas no país. “Não há uma faculdade de
direito relevante neste país que não tenha quadros importantes no plano
progressista. Nós não somos ouvidos”.
Desmandos da Lava-Jato - Em
seguida, o jornalista Paulo Moreira Leite mencionou a tentativa de golpe que a
direita vem promovendo no país. “A minha geração viveu a vitória da recuperação
da democracia que culminou na Constituição. Não foi total, muita coisa ficou
para ser regulamentada, mas nós não tínhamos a noção da importância dela na
época. Nossos adversários querem se livrar da Constituição de todas as
maneiras”.
Moreira Leite citou, como
exemplo, as aspas de um livro, de um juiz brasileiro que, mencionando os
direitos e garantias individuais, afirma que o indivíduo deve estar livre de
coerção física e psicológica. “Esse juiz se chama Sérgio Moro. Ele sabe o que
está acontecendo quando prende uma pessoa”, denunciou o jornalista, relatando a
situação dos réus da Operação Lava Jato, “presos antes de serem julgados” e sob
“coerção psicológica”. “As pessoas estão presas injustamente, não tiveram como
se defender. ”
Paulo Moreira aproveitou para
responder a todos os que apoiam a Operação Lava Jato, argumentando que “pelo
menos pegaram os empreiteiros”, ou que não se trata de uma operação seletiva:
“ou assumimos que o direto vale para todos, ou não vai dar certo. Pegaram [os
empreiteiros] porque existe uma questão política. A justiça brasileira vem
sendo um instrumento de restauração conservadora”.
Sobre a representação do PSDB
para colocar o PT na ilegalidade, Moreira Leite foi categórico: “é o que
fizeram com o Partido Comunista antes, utilizando-se de um pretexto no
estatuto. A democracia está ameaçada nesse processo. Isso está acontecendo”.
Segundo o jornalista os ataques da direita só poderão ser enfrentados se formos
capazes de debater o valor da democracia e de questionar a absoluta falta de
elementos concretos para o pedido do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Destacando o absurdo da tese das
pedaladas fiscais, que motivaram o pedido do impeachment, ele destacou “vale
tudo” e que “há pessoas dispostas a fazer esse tipo de serviço. É preciso ter
estômago para fazer isso. Quem faz sabe que está fraudando, sabe que é mentira.
E eles vão fazer”. Moreira Leite também comentou a necessidade de uma mudança
na política econômica do governo, avaliando positivamente a decisão do Copom de
não aumentar a taxa de juros Selic.
E passou o recado: “A capacidade
de sacrifício [do povo] é grande, mas sem resposta acontece o que sempre
acontece: as pessoas desanimam. O que está vindo [exigirá das pessoas] ter de
sair de casa muitas vezes”.
Lava Jato está a serviço de
um projeto político partidário - Concluindo os trabalhos, o deputado Wadih
Damous (PT-RJ) falou sobre a espetacularização da Justiça, destacando que a
Constituição brasileira é uma das mais avançadas no mundo, “mas na ´vida real´
é que são elas”. Ele lembrou que a Carta Magna de 1988 deu condições ao
Ministério Público Federal ser hoje o mais poderoso e arbitrário do mundo.
Em sua visão, o aspecto mais
preocupante é a excessiva politização da Justiça brasileira: “e no mau sentido,
a Justiça fazendo política. O que o juiz Sérgio Moro faz é política. Ele é um
agente político e eu ousaria dizer partidário. A Lava Jato, com sua
seletividade, está a serviço de um projeto político partidário”. Segundo
Damous, todas as vezes que o Judiciário se curva para dar satisfação à opinião
pública, ele atua autoritariamente porque “sai da dimensão da ordem que arbitra
para ser um protagonista da política, fazendo coro com a chamada opinião
pública”.
Lembrando que a opinião pública
vem sendo a expressão do fascismo no país, Damous salientou que “o desprezo por
direitos e garantias fundamentais gera uma preocupação, uma perplexidade e uma
ameaça à democracia”. E questionou: “é aceitável que órgãos de imprensa façam
campanhas por condenações judiciais, tomando partido e divulgando a sua versão
da acusação, enquanto à defesa resta apenas a nota de rodapé?”
Citando uma charge de O Globo,
publicada nesta quinta-feira (21.01), que transmite a ideia de que os advogados
são piores do que os bandidos, Damous destacou que isso não é “mera piada de
mau gosto”, mas reflexo de um discurso que mostra a “espúria ligação entre
grandes setores da imprensa com setores do poder Judiciário brasileiro”. Em sua
visão, Sérgio Moro é produto disso. “Ele fala o que o senso comum quer ouvir”,
lamentou.
O deputado foi taxativo: “Essa
história de prisão preventiva como regra para obter delação premiada é uma
forma análoga à tortura, porque é coação”. Segundo Damous, as condenações vão
acontecer, “isso já estava anunciado”. Ele também passou o recado: “Nós não
podemos ter medo e, mais do que nunca, devemos defender a democracia e a
Constituição que custou um preço caro para várias gerações de brasileiros”.
Por fim, questionado pela
plateia sobre o absurdo pedido de extinção do PT pelo deputado Carlos Sampaio,
vice-presidente jurídico do PSDB, Damous garantiu: “eu vou cuidar disso”.
No final do debate, houve o
lançamento dos livros “A Outra História da Lava Jato, de Paulo Moreira Leite; e
“A Justiça na Sociedade do Espetáculo”, de Pedro Serrano.
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
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