02 julho 2025

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Richard Avedon

Enio Lins opina

De fracasso em fracasso, a galinha verde fascista enche o papo
Enio Lins 

FLOPOU NOVAMENTE um ato bolsonarista. Desta vez a destra amargou a mais significativa redução de público em suas contumazes manifestações contra democracia. Cerca de 12 mil pessoas teriam se reunido nas imediações das colunas rubras do MASP para ouvir mugidos e tugidos como os do demoníaco Silas, e do réu Jair.

É UNANIME a constatação do encolhimento dos atos de rua, conforme retratado no Valor Econômico: “A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair [...] e aliados neste domingo (29), em São Paulo, na avenida Paulista, reuniu 12,4 mil pessoas no horário com maior movimento, às 15h40, segundo estudo feito pelo ‘Monitor do Debate Político’ do Cebrap e a ONG More in Common. O ato foi mais esvaziado do que os anteriores organizados pelos apoiadores do ex-presidente na capital paulista. Em 6 de abril, a manifestação com Bolsonaro na avenida Paulista reuniu 44,9 mil pessoas. Em fevereiro do ano passado, foram 185 mil apoiadores”. Mas isto não significa que o bolsonarismo esteja em óbito – pelo contrário. O bolsonarismo é um mal recidivo.

ANTES DE FESTEJAR a debacle dos ajuntamentos bolsonaristas, cabe às forças democráticas um olhar aos próprios umbigos e, com os pés no chão, recomeçar a caminhar, e cantar, com força, que flores não vencem o canhão, nem vicejam em clima de desmobilização. Ir às ruas é um exercício cidadão que não pode deixar de ser praticado por quem defenda a Democracia. O Estado Democrático de Direito no Brasil está sob ataque desde a derrubada de Dilma Rousseff, e o jogo golpista ganhou fôlego durante o quadriênio perdido (2018/2022), sob o mandato presidencial do falso messias, batendo na trave no dia 8 de janeiro de 2023. Com muita ou pouca adesão, as ruas não podem ser sequestradas pela extrema-direita.

MESMO ESVAZIADO, o ato público realizado pelo crime organizado bolsonarista encheu o ar de ameaças. Silas, o mala, vociferou insultos contra seu próprio grupo: “nós temos uma direita prostituta, vagabunda, que se vende”. Postagem na coluna Maquiavel (revista Veja) informou que “Malafaia disse não querer nomear quem seriam os integrantes dessa ‘direita prostituta’, mas afirmou que se trata de partidos que têm ministérios e cargos no governo Lula e que, ao mesmo tempo, brigam pelo espólio eleitoral de Bolsonaro na esteira da inelegibilidade do ex-presidente. Nos últimos meses, o movimento foi capitaneado, principalmente, por governadores de direita que almejam o Planalto em 2026”. Como se sabe, os partidos de direita aboletados no governo Lula são PP, União Brasil, Republicanos e PSD. Os governadores direitistas de olho nos votos do capitão de mil&iacu te;cias – um moribundo eleitoral querendo pular do caixão - são Tarcísio (São Paulo), Zema (Minas Gerais), Caiado (Goiás) e Rato Jr. (Paraná). Recado dado.

RÉU QUE SE ACORVADOU na audiência no STF, Jair zurrou grosso para seu gado. O capitão de milícias orientou sua manada para a cabala de votos do eleitorado vulnerável para candidaturas terrivelmente bolsonaristas em 2026, com o objetivo de arrebanhar metade mais uma das cadeiras da Câmara Federal e do Senado. De fato, ali ele não mentiu – esta é a tática do crime organizado para as próximas eleições: conquistar uma maioria sólida no Congresso para se apropriar das funções executivas (instrumentalizando o governo federal, independente de quem seja presidente da República) e solapar a Justiça brasileira, garantido impunidade total para as muitas quadrilhas vinculadas à familícia. É verdade esse “bilete”! Assim, repetindo uma velha pergunta às forças democráticas: já pensamos na guerra pelo Congresso em 2026? Ou vamos seguir com o monóculo apontado apenas para a presidência da República? Atenção: os vagabundos saíram na frente e estão mirando os três olhos no alvo certo – e é melhor fazermos algo além de rir dos comícios minguantes desses meliantes.

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Lula e a contraface da crise https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/minha-opiniao.html

Postei nas redes

Donald Trump não descarta expulsar Elon Musk dos EUA. Antes amigos inseparáveis, hoje gato e rato. Republiqueta de bananas? Não. Superpotência decadente. 

Leia: O crepúsculo de Bretton Woods https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/06/padrao-dolar-em-decadencia.html 

Minha opinião

A contraface da crise
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65 

O velho adágio "há males que vêm para o bem" cabe na atual crise entre o governo e o parlamento tendo como pivô a inconstitucional derrubada do decreto presidencial que aumenta o IOF pela Câmera e Senado 

O que permanecia sempre sob panos mornos agora vem à tona com clareza — condição prévia para que a maioria da população possa saber e compreender o que se passa. 

Falas do presidente Lula têm sido significativas nesse sentido, para além da repetitiva defesa dos programas sociais compensatórios, pondo o dedo na ferida: quem se coloca a favor ou contra o poderoso capital financeiro versus destinos da nação e necessidades fundamentais do povo. 

Ninguém pode contestar a necessidade de uma postura larga e flexível do poder executivo nas suas relações com o parlamento majoritariamente hostil. Faz parte da prática democrática e é absolutamente necessária numa correlação de forças adversa.

Nada impede, entretanto, que o presidente da República e seus ministros e as correntes políticas que integram o governo abordem os problemas com clareza e, estabelecidos conflitos fundamentais, deem nomes aos bois.

Sob cerco midiático e diante de parlamento hostil — ambos a serviço do rentismo e do grande agronegócio exportador — o confronto há de subir o tom quantas vezes seja necessário para delimitar os campos, esclarecer a essência da polêmica e mobilizar a maioria pelos seus próprios interesses.

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Taxar super-ricos faz PIB subir e emprego crescer https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/taxar-super-ricos-faz-bem.html 

Humor de resistência

 

Miguel Paiva



Taxar super-ricos faz bem

Taxar super-ricos faz PIB subir e emprego crescer, diz estudo da USP
Pesquisa com dados de 1947 a 2020 mostra que tornar a cobrança do IR mais justa estimula o consumo, acelera o PIB e gera mais vagas — sem aumentar a carga total de impostos
Barbara Luz/Vermelho 

Um estudo da USP mostrou que cobrar mais imposto de renda das pessoas mais ricas ajuda a economia brasileira a crescer e gera mais empregos. O levantamento analisou 13 reformas feitas no país entre 1947 e 2020 e concluiu que, quando o sistema se torna mais justo — com os ricos pagando proporcionalmente mais —, o Produto Interno Bruto (PIB) aumenta e mais pessoas conseguem trabalho.

Segundo a pesquisa do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made/USP), esse tipo de reforma faz o PIB crescer 2,2% no mesmo ano em que entra em vigor e 3,8% no ano seguinte. O número de pessoas empregadas também sobe: até 3,8% em três anos.

Por outro lado, reformas que beneficiam os mais ricos — como cortar impostos sobre investimentos financeiros — não ajudam nem o PIB nem o emprego.

Por que isso acontece?

A explicação dos pesquisadores é simples: quem tem menos dinheiro tende a gastar mais, enquanto os mais ricos poupam. Quando o governo cobra mais imposto dos ricos e alivia a carga dos mais pobres, acontece uma redistribuição da renda. Isso estimula o consumo das famílias, o que movimenta a economia e incentiva os empresários a investirem mais, gerando empregos.

Mesmo quando o governo não aumenta o total de impostos arrecadados — apenas redistribui a carga tributária —, o efeito é positivo. Ou seja: é possível deixar o sistema mais justo sem pesar no bolso da população como um todo e ainda fortalecer a economia. 



O que o governo quer mudar hoje

Desde o final de 2024, o governo Lula tenta aprovar uma nova reforma no Imposto de Renda. A proposta isenta quem ganha até R$ 5 mil por mês e cria uma alíquota mínima de 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais (o que representa apenas 0,13% dos contribuintes do país).

Hoje, muitas dessas pessoas de alta renda não pagam imposto sobre lucros e dividendos — rendimentos de empresas — o que faz com que grande parte de sua renda fique isenta. Um caso citado foi o de um contribuinte que declarou R$ 1,4 bilhão em 2019, mas só pagou imposto sobre R$ 100 milhões.

A proposta, embora tecnicamente sólida e baseada em evidências empíricas, enfrenta resistência no Congresso Nacional. Com relatoria do deputado Arthur Lira, o texto ainda não avançou por “falta de clima”, segundo o próprio parlamentar, em meio ao agravamento das tensões entre Executivo e Legislativo.

O que o estudo mostra na prática

O estudo da USP mostra que já houve leis no passado que tornaram o sistema mais progressivo, como uma de 1951 que aumentou a alíquota máxima do IRPF de 20% para 50%, e outra, em 1985, que isentava rendas abaixo de cinco salários mínimos. Também foram examinadas cinco medidas regressivas, como a redução de taxas sobre investimentos de longo prazo em 2004 — essas últimas sem impacto significativo sobre PIB ou emprego.

Segundo os autores, o impacto positivo das reformas progressivas pode persistir por até três anos, com ganhos consistentes na taxa de ocupação e na atividade econômica. A redistribuição de renda embutida nessas políticas melhora a eficiência econômica ao direcionar recursos para o consumo imediato, um motor fundamental para o crescimento sustentado.

A principal conclusão dos autores é clara: aumentar os impostos sobre quem ganha mais ajuda o Brasil a crescer, melhora a distribuição de renda e ainda pode reduzir a dívida pública — tudo isso sem prejudicar o conjunto da população.

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Lula e a contraface da crise https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/minha-opiniao.html 

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Lula tenta jogar os pobres contra o Congresso? Impossível. Os próprios deputados e senadores já fazem isso. 

Para além das faces visíveis https://bit.ly/3Ye45TD