31 dezembro 2022

Minha opinião

Planos a longo prazo, sim

Luciano Siqueira


Em 2008, eu figurava como pré-candidato a prefeito do Recife e fui recebido em sua residência pelo ex-prefeito Pelópidas Silveira, líder que marcou a história política de Pernambuco.

Conversamos uma tarde inteira sobre problemas estruturais da cidade e alternativas para resolvê-los. Como sempre, alimentados por um bom whisky.

Quando nos despedíamos, já na boquinha da noite, à porta do seu apartamento, ele sorridente e descontraído apoiou a mão no meu ombro e disse que tinha um pedido: "Só não me inclua em projetos de longo prazo, pois minha idade já não permite isso".

Pois hoje, nesse 31 de dezembro de 2022, cá estamos em família, na Ilha de Itamaracá, preparando-nos para o réveillon.

Várias gerações reunidas. E, naturalmente, referências a planos imediatos e futuros.

Então me dei conta de que, em tese, quem agora já não pode ser incluído em projetos de longo prazo sou eu e os da mesma faixa etária que aqui estão.

"É a vida", como diz minha neta Alice, de 9 anos.

O que me salva, por assim dizer, a mim e a meus companheiros e companheiras de partido, é que nós militantes do PCdoB estamos e estaremos sempre incluídos como participes ativos de planos de curto, médio e longo prazo consignados em nosso Programa.

A proposta programática do PCdoB aponta o caminho para o objetivo estratégico — o socialismo — e o modo de acumularmos forças para a consecução desse objetivo em meio às lutas imediatas.

Ou seja, temos a consciência e a convicção de que o que fazemos hoje é parte indissociável da construção do amanhã, que Diógenes Arruda dizia ser a “festa de pão e rosas” do povo brasileiro.

Objetivamente, quem já ultrapassa sete décadas de vida e mais de 50 anos de militância, já não pode ter segurança se este é o último réveillon da vida ou se ainda haverá oportunidade de viver outros.

Vale dizer, nada sabemos se de lutas futuras seremos participes ou não, mas renovamos, em meio ao mar de afeto e de alegria da passagem de ano, nosso compromisso militante.

E se o amigo Pelópidas ainda estivesse entre nós, bem que valeria compartilharmos a convicção de que planoS de longo prazo são nossos também, deles somos participes no tempo presente.

O múltiplo tempo presente https://bit.ly/3Ye45TD

Humor de resistência: Aroeira

 

Aroeira

O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD


Yane Marques

Lula pediu à ministra Ana Moser mais crianças, jovens e adultos fazendo esportes. De imediato, me lembrei da medalhista olímpica e secretária executiva da área na Prefeitura do Recife, Yane Marques, que luta pela expansão das atividades esportivas a todo o território da cidade.

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Em escala global

Informação muito relevante, embora careça de análise das causas fundamentais do problema.

100 milhões de deslocados, “um recorde que nunca deveria ter sido alcançado”
Iêmen, Síria, Mianmar, Etiópia e Ucrânia foram algumas das crises humanitárias que contribuíram para o aumento no número de pessoas que deixaram suas casas em 2022.
ONU News

 

Em 2022, 100 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas. A ONU continuou a ajudar os necessitados de várias maneiras e a pressionar por maneiras mais legais e seguras para as pessoas migrarem. 

O número inclui aqueles que fogem de conflitos, violência, violações de direitos humanos e perseguição e foi anunciado pela Agência de Refugiados da ONU, Acnur, em maio.  

Fugindo da violência  

O chefe da agência, Filippo Grandi, disse que esse era “um recorde que nunca deveria ter sido alcançado”. 

Em 2021, eram cerca de 90 milhões. Surtos de violência ou conflitos prolongados, foram os principais fatores de migração em muitas partes do mundo, incluindo Ucrânia, Etiópia, Burkina Faso, Síria e Mianmar. 

Milhares de migrantes desesperados viam a Europa como um destino preferencial, colocando suas vidas nas mãos de traficantes de seres humanos e partindo em jornadas perigosas pelo Mediterrâneo. Muitas vezes, essas viagens terminavam em tragédia. 

Piora das condições dos migrantes no Iêmen 

Já se passaram mais de sete anos desde o início do prolongado conflito no Iêmen, entre uma coalizão pró-governo liderada pela Arábia Saudita e os rebeldes Houthi, juntamente com seus aliados. A disputa causou uma catástrofe humanitária e forçou mais de 4,3 milhões de pessoas a deixar suas casas. 

Em maio, a Organização Internacional para Migrações, OIM, e a ala de Ajuda Humanitária da União Europeia, anunciaram que estavam intensificando os esforços para atender às necessidades de mais de 325 mil deslocados pelo conflito, incluindo migrantes e as comunidades que os acolhem. 

A chefe da missão da OIM no país, Christa Rottensteiner, alerta que a situação também está piorando para os migrantes no Iêmen, especialmente as mulheres, que vivem em condições terríveis no país, com pouco controle sobre suas vidas. 

Apesar da terrível situação, o Iêmen continua sendo um ponto de destino e trânsito para os migrantes que saem dos países do Chifre da África.  Os viajantes enfrentam jornadas perigosas, muitos vão para o norte, a caminho de países do Golfo em busca de trabalho. 

Muitas vezes, eles são forçados a cruzar as linhas de frente locais, correndo o risco de sofrer graves violações dos direitos humanos, como detenção, condições desumanas, exploração e transferências forçadas. 

Pouca perspectiva de retorno seguro à Síria 

Na Síria, a guerra vem destruindo vidas há 11 anos: quase cinco milhões de crianças nascidas na Síria nunca conheceram a paz. 

Mais de 80 mil sírios chamam o enorme acampamento Zaatari, na Jordânia, de lar: muitos deles podem ter que permanecer fora de seu país num futuro próximo. 

Em julho, o representante do Acnur em Amã, disse que as perspectivas de retorno por enquanto não parecem promissoras. Para Dominik Bartsch, não há um ambiente propício a retornos.  

No geral, a Jordânia abriga cerca de 675 mil refugiados registrados da Síria, e a maioria deles vive em suas cidades e aldeias entre as comunidades locais. Apenas 17% vivem nos dois principais campos de refugiados, Za'atari e Azraq. 

Rohingya continuam fugindo de Mianmar 

Há mais de cinco anos, centenas de milhares de rohingya fugiram de suas casas em Mianmar, após uma campanha militar de perseguição. Quase um milhão vive no campo de Cox's Bazar, do outro lado da fronteira, no vizinho Bangladesh. 

Em março, a ONU lançou seu mais recente plano de resposta, pedindo mais de US$ 881 milhões para os refugiados e comunidades vizinhas, que também dependem muito de ajuda. 

Este ano, os rohingya continuaram a deixar Mianmar, muitos tentando cruzar o mar de Andaman, uma das travessias marítimas mais mortais do mundo. 

Quando mais de dez migrantes, incluindo crianças, morreram no mar na costa de Mianmar em maio, Indrika Ratwatte, diretora da agência de refugiados da ONU para a Ásia e o Pacífico, disse que a tragédia demonstrava o sentimento de desespero dos rohingyas ainda no país. 

Refugiados ucranianos 

Dez meses depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, que começou em 24 de fevereiro e parece provável que continue até 2023, mais de 7,8 milhões de refugiados ucranianos foram registrados em toda a Europa. 

Logo após o início do conflito, as agências da ONU se mobilizaram para fornecer apoio. O Acnur coordenou a resposta aos refugiados junto com outras agências e parceiros da ONU, em apoio às autoridades nacionais. 

Na vizinha Polônia, por exemplo, a equipe apoiou as autoridades no registro de refugiados e no fornecimento de acomodação e assistência. 

Filippo Grandi elogiou os países europeus por sua disposição de receber ucranianos, a maioria dos quais buscou abrigo em países vizinhos, mas expressou sua tristeza pelo país e seus cidadãos. 

Destruição 

Ele disse que “famílias foram desmembradas sem sentido”. E que, “tragicamente, a menos que a guerra seja interrompida”, o mesmo acontecerá com muitos mais. 

Em março, Grandi falou sobre a discriminação, racismo e violência que membros de comunidades minoritárias enfrentaram. 

Falando no Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, o chefe do Acnur disse que a agência deu testemunho “da terrível realidade, que algumas pessoas negras e pardas que fogem da Ucrânia, e outras guerras e conflitos ao redor do mundo, de não receberam o mesmo tratamento que os refugiados ucranianos”. 

As preocupações de Grandi foram repetidas, em julho, por González Morales, relator especial da ONU sobre os direitos humanos dos migrantes. Ele alegou que havia um padrão duplo na forma como os refugiados são tratados na Polônia e na Bielorrússia, especialmente quando se trata de pessoas de ascendência africana e outras minorias raciais e étnicas. 

Situação desesperadora nos campos etíopes 

Na Etiópia, milhões permanecem deslocados devido ao conflito armado na região de Tigray, que começou em 3 de novembro de 2020 entre forças nacionais etíopes, tropas da Eritreia, forças de Amhara e outras milícias de um lado e forças leais à frente de libertação do povo de Tigray no outro. 

No final deste ano, uma frágil trégua negociada internacionalmente parecia estar valendo com o retorno da ajuda às regiões do norte inacessíveis por meses, junto com muitos voltando para casa para reconstruir suas vidas destruídas. 

Em janeiro, a agência de refugiados da ONU emitiu um alerta severo de que, devido à deterioração das condições, os refugiados na região estavam lutando para conseguir comida, remédios e água potável suficientes e corriam o risco de morrer, a menos que a situação melhorasse. 

O porta-voz do Acnur, Boris Cheshirkov, disse que a situação desesperadora nesses campos é um exemplo claro do impacto da falta de acesso e suprimentos que afeta milhões de deslocados e outros civis em toda a região. 

Os refugiados também se viram sob ataque direto: em fevereiro, por exemplo, milhares de eritreus foram forçados a fugir de um acampamento na região de Afar, depois que homens armados invadiram, roubaram pertences e mataram moradores. 

Em agosto, as agências da ONU lançaram um apelo urgente por financiamento para ajudar mais de 750 mil pessoas que buscam refúgio na Etiópia. O Programa Mundial de Alimentos alertou que, a menos que recebesse o financiamento, muitos refugiados não teriam nada para comer. 

Milhares morrem tentando chegar à Europa de barco 

O número de pessoas que morreram ou desapareceram tentando chegar à Europa de barco dobrou entre 2022 e 2021, para mais de 3 mil. Esta estatística sombria foi divulgada pelo Acnur em abril. 

A porta-voz do Acnur, Shabia Mantoo, disse a jornalistas em uma coletiva de imprensa em Genebra que “a maioria das travessias marítimas ocorreu em barcos infláveis lotados, impróprios para navegar, muitos dos quais viraram ou esvaziaram, levando à perda de vidas”. 

Isso não impediu que muitos se arriscassem consideravelmente ao tentar uma travessia marítima. Em apenas uma tentativa, em março, pelo menos 70 migrantes foram mortos ou ficaram desaparecidos na costa da Líbia, ponto de partida para muitas travessias. 

Em agosto, quando um barco afundou na ilha grega de Karpathos, houve dezenas de mortes relatadas e, em setembro, mais de 70 corpos foram recuperados após um naufrágio na costa da Síria. 

Esperança de um futuro melhor? 

Em meio à tragédia e às dificuldades enfrentadas por tantos, houve pelo menos um raio de luz, noticiado em dezembro. 

O Acnur declarou que os governos de todo o mundo prometeram cerca de US$ 1,13 bilhão, uma quantia recorde, para fornecer uma tábua de salvação para as pessoas deslocadas pela guerra, violência e violações dos direitos humanos. 

Grandi disse que “como resultado do conflito, da emergência climática e de outras crises, as pessoas deslocadas em todo o mundo enfrentam necessidades sem precedentes”. E que “felizmente, os generosos doadores do Acnur continuam a apoiá-los durante esses dias difíceis, criando esperança para um futuro melhor.” 

O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD

Cem anos da formação da União Soviética. Sob a influência da União Soviética, ocorreu a descolonização do mundo e foram vitoriosas diversas revoluções. Leia aqui https://bit.ly/3CdQDWq

Moto contínuo

Claro como a luz do dia que a composição do ministério não encerra os esforços de Lula na construção de base de apoio parlamentar. Essa será sempre uma tarefa constante.

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Palavra de poeta: Adalberto Monteiro

BOAS FESTAS

Adalberto Monteiro
 
Ano Novo, quanto o povo trabalhou
prá que nascesses assim,
uma manhã azul e um sol vermelho
de linda aurora.
 
Ano Novo, mas o operário
que fabricou o trator, que arou
a terra em que foste cultivado;
o lavrador que te protegeu das ervas daninhas
e das pragas
e todo o povo que por ti luta e lutava,
não têm direito ao tecido azul de tua manhã,
nem ao calor de teu rubro sol.
 
Ano Novo, mas por que mesmo assim,
a alegria nos invade a face
diante dos teus primeiros raios?
Porque nos uniremos e lutaremos mais e mais
à conquista de um mundo novo
onde todos tenham direito
aos pães quentes de tua aurora!
 
[Ilustração: Vincent Van Gogh]
 
*Poeta, jornalista, dirigente nacional do PCdoB
A realidade é furta-cor https://bit.ly/3Ye45TD

Vista grossa

Empresário preso por planejar explosão no aeroporto de Brasília diz urdido o atentado junto com acampados no QG do Exército. E a inteligência militar não detectou nada?

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Água é vida

Técnica nuclear revela quantidade de água que você deve beber diariamente
Especialista da Agência Internacional de Energia Atômica explica que, embora seja divulgado que dois litros são necessários, diversos fatores podem definir o quanto de água que cada um precisa; estudo foi publicado na revista Science.
ONU News

 

Para alcançar boa saúde, mais energia, pele saudável e perder peso é recomendado beber muita água. Muitas dessas recomendações são baseadas em estudos epidemiológicos, experimentos ou questionários.

A quantidade de água, que se deve ingerir, varia de acordo com cada pesquisa. Mas um novo estudo que utiliza técnica nuclear esclarece qual a quantidade de água que realmente precisa ser consumida por dia.

Quantidade de água que o corpo utiliza

O trabalho foi desenvolvido por uma equipe internacional de pesquisadores e publicado na revista Science. Eles analisaram a rotatividade de água, que significa a quantidade utilizada pelo corpo a cada dia. Embora estejam ligados, essa rotatividade não é igual às necessidades de água do corpo, porque também absorvemos água do ar através de nossa pele e dos alimentos que ingerimos.

Usando o banco de dados de Água Duplamente Marcada da Aiea, os pesquisadores examinaram dados sobre o conteúdo de água corporal e a renovação metabólica de 5.604 homens e mulheres, com idades entre oito dias e 96 anos, de 23 países em desenvolvimento e países desenvolvidos.

Os dados foram usados para desenvolver uma equação geral para prever o volume de água que pode ser usado e assim antecipar os efeitos de futuras mudanças no clima e na demografia populacional, por exemplo, e ajudar os países a antecipar suas futuras necessidades de água.

Diferença entre países

A especialista em nutrição da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, explica que não é tão simples dizer que todas as pessoas devem beber dois litros de água por dia. Para Alexia Alford, que também é coautora do artigo, há muitos fatores envolvidos, e essa recomendação, especialmente em países onde a produção de água potável é cara, não se justifica por requisitos de saúde.

O estudo descobriu que as diretrizes e recomendações anteriores podem ser muito altas para a maioria das pessoas na maioria das situações e um valor diário realista pode ser tão baixo quanto 1.5 litros para homens jovens e 1.3 litros para mulheres jovens, e varia de acordo com muitos fatores.

Novas equações

Outra descoberta foi a existência de muitos indicadores associados à rotatividade de água que vão além da idade, tamanho e composição corporal. O estado atlético, nível de atividade física, fatores socioeconômicos e ambientais também influenciam.

Alexia Alford afirma que “uma política única para ingestão de água não é apoiada por esses dados”. Ela ressalta que a estimativa da rotatividade de água usando essas novas equações pode não apenas ajudar a projetar estratégias para beber quantidades adequadas de água, mas também “projetar necessidades futuras de água, algo crucial com o aumento da população e as mudanças climáticas”.

O banco de dados contém dados de mais de 8,3 mil pessoas, é gratuito e acessível a pesquisadores com questões de pesquisa claras e definidas, aprovadas pelo grupo gestor da base de dados.

Embora a maioria dos dados venha de estudos realizados em países ocidentais, a Aiea está procurando expandir ainda mais o conjunto de dados e este ano iniciou um projeto de pesquisa coordenado para adicionar dados da Ásia, África e América Latina.

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30 dezembro 2022

E agora?

Analistas de comunicação digital estão de olho nas redes da chamada "realidade paralela" bolsonarista após a posse de Lula. Negarão o fato consumado? Dirão que Bolsonaro estará em missão oficial nos EUA?

Verso e reverso do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD

Enio Lins opina

O bolsonazismo não acabará em 1º de janeiro

Enio Lins, www.eniolins.com.br

 

Nas suas derradeiras 24 horas, o desgoverno bozonazi não pode ser considerado, nem tão-cedo, como uma múmia de museu. O bolsonarismo é um vírus resiliente por corresponder ao que de pior existe na humanidade, tem ressonância no âmago de milhões de pessoas, independentemente do que o famigerado mito diga, ou faça. O bolsonarismo é o penico da alma, está sempre cheio de dejetos, e a coprofilia é fenômeno real.

É erro de avaliação
 julgar o bolsonarismo em crise porque o mito está em crise e se esvai em lágrimas há 60 dias. O bolsonarismo não está depressivo nem verte uma lágrima sentida, e sim se dedica há sessenta dias a fazer o mal, a prejudicar o próximo, a melar a imagem do país. O bolsonarismo trabalha pela subversão, espalha a indisciplina nos meios militares, afronta a hierarquia, tenta destruir o Estado de Direito Democrático.

Corrente de posicionamento 
de extrema-direita, o bolsonarismo se apoia mais no crime organizado que em quaisquer teorias. Nem o finado Olavo de Carvalho, pseudointelectual, doutor da ignorância e das frases-feitas, jogou papel realmente importante no pensar do rebanho do Jair, nem no raciocínio do próprio mito ou dos mitos-juniores. Pensar não é a praia deles. Teorias existem por lá, sim, mas são supérfluas, vale mesmo a garantia de privilégios, grana no bolso e impunidade.

Esses valores do bolsonarismo 
seguem firmes, unindo numa corrente de ação muita gente espalhada por todos os cantos do País. Essa teia do mal não vai se desfazer com a posse de Lula e Alckmin no primeiro dia de 2023. O espectro do crime organizado, o terror e a covardia bolsonarista seguem à espreita, prontos para um bote. Nunca imaginem que a guerra contra o golpismo e o autoritarismo acabou. Não confundam a faixa verde-amarela cingida por Luiz Inácio Lula da Silva como o resultado de um campeonato ganho e findo. A luta continua e, talvez, num patamar mais perigoso ainda.

Um dos pilares do bolsonarismo
, o principal deles, é a impunidade. Ser impune é coluna de sustentação do rebanho do Jair, montada em paralelo com o pilar da covardia. A pilastra da impunidade precisa ser a primeira a ser quebrada, e imediatamente, pois quanto mais tempo se mantenha em pé, mais males o bolsonazismo causará ao País. A punibilidade precisa abrir as asas sobre as mentes pensantes e mãos executantes dos crimes urdidos por, e em prol de, Jair B.

Verso e reverso do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD

Virando a página

Parece-me claro que sem deixar de revelar as mazelas do finado governo Bolsonaro, temos que virar a página e afirmarmos sobretudo ideias e ações do novo governo Lula. O uso do espelho retrovisor é secundário.

O mosaico da vida que segue https://bit.ly/3Ye45TD

Pelé genial

Antes de a bola chegar, pelo olhar, Pelé já me dizia o que pretendia fazer
Ele me passava a impressão que o gênio e o ser humano eram um só
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Quando quero me sentir orgulhoso e importante, falo que joguei com Pelé. A primeira vez que o vi em campo, pelo Santos, foi no estádio Independência, em Belo Horizonte, antes da Copa de 1958. Ele devia ter 17 anos, e eu, dez. Fiquei encantado com suas tabelas com Coutinho.

Em 1966, na Copa do Mundo da Inglaterra, eu fui o reserva dele. No dia da apresentação, em Lambari, no sul de Minas, o encontrei pela primeira vez fora dos gramados. Ele me recebeu com alegria e com um largo sorriso. O Cruzeiro fez um jogo-treino contra a Seleção, em Caxambu, e eu atuei pela Seleção, no lugar de Pelé, que não entrou na partida. Depois do jogo, meu pai, que estava presente, me pediu para conhecer o Rei. Pelé conversou e brincou com ele. Meu pai, emocionado, chorou, como um súdito apaixonado pela realeza.

Pelé estava sempre alegre, sorridente. Atendia a todos com gentileza. Na época, não havia a distância que há hoje entre os grandes craques, a imprensa e o público. Pelé me passava a impressão que o gênio e o ser humano eram um só. Não parecia ter o conflito frequente que há nas celebridades, entre o ser humano e a personagem, o criador e a criatura.

Pelé foi o melhor de todos os tempos porque tinha, no mais alto nível, todas as qualidades de um supercraque. Depois, como analista, procurei em minhas lembranças alguma deficiência de Pelé e não encontrei. O que mais eu estranhava é que Pelé tinha uma condição física magistral, uma velocidade e uma impulsão maior que todos os outros, mesmo sendo um menino pobre, que nunca frequentou uma boa academia, que nunca teve acesso à moderna tecnologia nutricional e que treinou pouquíssimo, porque, desde muito jovem, jogava pelo Santos três vezes por semana, pelo Brasil e pelo mundo.

Emocionalmente, Pelé era também muito forte, consciente de que era superior a todos e que dependia do conjunto para brilhar. Quando o jogo estava difícil e ele era muito bem marcado, ficava inquieto, possesso. Às vezes, ia jogar de centroavante, entre os zagueiros. Pedia a bola e, com velocidade e força física, tirava os zagueiros da jogada para finalizar e fazer o gol.

Antes da Copa de 1970, falava-se muito que ele estava decadente, mais lento e e que não tinha a mesma regularidade de antes. Pelé se preparou muito para o Mundial, para encerrar a carreira como o maior de todos os tempos.

Logo que comecei a jogar ao lado dele, percebi que, antes de a bola chegar, ele ficava agitado e me olhava com os olhos salientes, como se dissesse o que pretendia. Eu tentava acompanhá-lo, pelos movimentos do corpo. É a comunicação analógica. Se eu tivesse jogado no Santos ou ele no Cruzeiro, faríamos uma dupla muito melhor. Além disso, na época, a Seleção atuava muito menos que hoje.

É impressionante como Pelé, mesmo tendo encerrado a carreira há 50 anos, manteve o prestígio mundial de um Rei. Continuou a ser uma estrela, um garoto-propaganda, uma celebridade em todo o mundo. Depois que morrerem todas as pessoas que viram Pelé jogar ao vivo, no gramado e pela televisão, como Pelé será visto pelas novas e futuras gerações?

Os reis também morrem. É a finitude da vida, a única certeza absoluta. Já estou com saudade de Pelé, de vê-lo nos gramados, na concentração, com seu jeito alegre e simples de ser Rei. Parafraseando João Guimarães Rosa, Pelé não morreu, ficou encantado.

O mosaico da vida que segue https://bit.ly/3Ye45TD

29 dezembro 2022

Pelé, presente!

Minha singela homenagem a esse que foi um atleta completo. Inigualável.

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Ícone do futebol

Brasil se despede de Pelé

Tricampeão mundial de futebol estava internado para tratamento de câncer no cólon e faleceu nesta quinta, aos 82 anos
Cezar Xavier, Vermelho www.vermelho.org.br

 

Nesta quinta-feira, morreu Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, o maior jogador de futebol da história, aos 82 anos. Consagrado como Rei do Futebol e Atleta do Século, era a personalidade brasileira mais conhecida e reverenciada do mundo, recebido em vários países com honras de chefe de estado. Era a própria representação icônica do futebol no mundo todo. O sepultamento ocorrerá em Santos (SP), onde destacou-se no time da Vila Belmiro. 

Estava internado desde 29 de novembro no hospital Albert Einstein, em São Paulo, em virtude de uma infecção respiratória após ele contrair covid-19 e para a reavaliação do tratamento de um câncer no cólon. Na tarde desta quinta, o hospital anunciou seu falecimento.

Em virtude da idade avançada e do tratamento de quimioterapia, as aparições públicas se tornaram cada vez menos frequentes nos últimos anos. Em redes sociais, ele manifestava otimismo com a recuperação e seus familiares publicaram relatos emocionados neste mês de dezembro sobre sua recuperação. Pelé teve sete filhos e estava casado desde 2016 com Márcia Aoki.

Pelé recebeu diversas homenagens durante a Copa do Mundo de 2022, já internado durante os jogos. Neymar, Richarlison e Mbappé desejaram o restabelecimento do gênio que os inspirou. Torcedores também exibiram faixas nos estádios.

Pelé estreou na Seleção em 1957, numa partida da Copa Roca contra a Argentina, quando também fez seu primeiro gol representando o Brasil. É o único jogador a vencer três Copas: com apenas 17 anos, venceu a Copa do Mundo na Suécia, em 1958; no Chile, em 1962; e no México em 1970. Mas seus números no futebol são todos superlativos em termos de campeonatos e gols, e dificilmente serão superados.

Dico, como era chamado na casa dos Arantes do Nascimento, em Bauru, cumpriu todas as promessas feitas ao seu pai, apaixonado por futebol. O pai nem imaginou que o filho estaria sendo reverenciado no mundo todo pelo ícone e pela genialidade que representou no esporte.

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Pontos nos is

PEC DA "GASTANÇA"

Sylvio Belém
 
Já que a extrema direita e os bolsonaristas insistem em chamar de PEC da gastança vou concordar. Ela tem por fim gastar recursos públicos em favor dos mais pobres, vítimas do desgoverno Bolsonaro, que levou o Brasil de volta ao mapa da fome.  Está muito certo o presidente Lula em não se preocupar com esse tal de mercado financeiro, que nunca pensou na melhoria de vida do povo e sim em aumentar seus ganhos já bastante elevados. [Ilustração: Jota Camelo]
 
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Minha opinião

Cartomantes do mercado

Luciano Siqueira

 

Neste século 21 da inteligência artificial e avanços tecnológicos em todas as direções, nem sei se ainda existem as populares cartomantes.

Na minha infância ouvia falar delas como videntes competentes a que alguns recorriam porque desejavam antecipar o futuro sobre o qual combinavam curiosidade e angústia; outros delas mantinham distância porque preferiam alimentar expectativas e esperanças sem nenhum indicativo prévio do quinhão de felicidade a alcançar.

Pois bem. A poucos dias do terceiro governo Lula, grandes veículos midiáticos exibem análises pretensiosas sobre o futuro imediato do país.

Arriscam previsões praticamente em todas as áreas — da economia e das finanças ao meio ambiente e até mesmo ao imaginado padrão de relacionamento entre ministros desta ou daquela corrente política com o presidente, o Congresso e seus colegas de Esplanada.

Como se costuma dizer, papel aceita tudo... e as plataformas digitais também.

Tirante palpites meio que diversionistas, predomina mesmo a defesa dos interesses do todo poderoso mercado — o capital financeiro que tem as rédeas do sistema capitalista que quase todo o mundo.

Lula tem diante de si uma imensa carteira de problemas sociais a enfrentar? Sim, ninguém discorda. 

É preciso recuperar a educação pública esfaqueada por Bolsonaro e seus desastrados ministros, ressuscitar o SUS e retomar investimentos em ciência, tecnologia e inovação? Ninguém tem coragem de negar.

Até mesmo a questão crucial de promover a recuperação das atividades econômicas tendo como fio condutor a indústria, via pesados investimentos públicos em infraestrutura, parece recolher de tais jornalistas um sim unânime.

Porém tudo isso há que se resolver dentro dos limites de um inviável teto de gastos, para que a remuneração do capital rentista se mantenha firme e forte em favor dos que ganham com taxas de juros elevadas e fazem a festa com a usura em todas as suas dimensões!

Então, a pressão midiática tenta conduzir antecipadamente o governo em nome do rentismo. Mas no meio do caminho tem uma pedra — o próprio presidente da República a ser empossado no dia primeiro de janeiro à testa de um governo de frente ampla e de compromissos sociais básicos, que já aprendeu a honrar com considerável grau de eficiência.

Nada será fácil, tudo implica pressões e contrapressões. Daí a necessidade de contrapor às poderosas cartomantes no mercado a legítima mobilização popular que sindicatos, entidades e instituições da sociedade civil têm o dever de realizar.

A cada passo haverá disputas cujos desenlace é impossível prever.

Vamos à luta!

Leia também: Não pode haver no Brasil um teto fiscal que leve à fome https://bit.ly/3UtVnOS

Palavra de poeta: Manoel de Barros

Retrato do artista quando coisa
Manoel de Barros
 
A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.


[Ilustração: imagem captada no instagram @woedbwtr]

A realidade é furta-cor https://bit.ly/3Ye45TD

Lula: time completo

Lula conclui indicações para Ministérios. Simone Tebet no Planejamento e Marina Silva no Meio Ambiente são os destaques que encerram indicações, com emoção da indicação de Sônia Guajajara ao Ministério dos Povos Indígenas. Veja aqui https://bit.ly/3Go3szQ