31 maio 2020

O que muda a partir dessa segunda-feira

ISOLAMENTO SOCIAL NO RECIFE E CIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA

O governador do Estado de Pernambuco, Paulo Câmara, assinou decreto, neste domingo (31/5), sistematizando as regras de enfrentamento ao coronavírus após o fim do período da quarentena Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata. 

A partir desta segunda-feira (1º/6), em todo o território pernambucano, permanece obrigatório o uso de máscaras para quem precisa sair de casa, continua vedado o acesso a praia, calçadões e parques e o funcionamento de shoppings, lojas e prestadores de serviço que não se enquadrem como atividades essenciais. 

As aulas presenciais continuam suspensas até 30 de junho. 

Permanecem proibidos eventos de qualquer natureza com público e assim como a concentração de mais de dez pessoas no mesmo ambiente. 

O decreto estabelece que a retomada do funcionamento das atividades econômicas suspensas durante o enfrentamento à pandemia será realizada de forma setorial e gradual, considerando-se os riscos à saúde e a relevância socioeconômica de cada atividade, conforme Plano de Convivência com a Covid-19, aprovado pelo Governo do Estado, e que será apresentado nesta segunda-feira (1º/6).

O Decreto nº 49.055, de 31 de maio de 2020, consolida as determinações contidas em decretos anteriores e revoga parte deles, além de trazer a lista atualizada das atividades consideradas essenciais. 

Podem continuar a funcionar supermercados (inclusive os localizados em shoppings, desde que com acesso independente), padarias, farmácias, bancos (inclusive as agências da Caixa Econômica Federal localizadas em shoppings para atendimento exclusivo de beneficiários do auxílio emergencial) e lotéricas. 

Shoppings continuam com lojas fechadas, exceto para entregas em domicílio. Permanece suspenso o atendimento ao público em restaurantes, lanchonetes, bares e similares, sendo permitido apenas o funcionamento para entrega em domicílio e como pontos de coleta. 

A regra exclui os restaurantes para caminhoneiros, desde que não haja aglomeração.

Também permanece suspenso o funcionamento dos estabelecimentos de salão de beleza, barbearia, cabeleireiros e similares, academias de ginástica, clubes sociais, cinemas, teatros e a realização de jogos e partidas de futebol.

O decreto também determina que pessoas que tenham ou tiverem contato com pessoas diagnosticadas com Covid-19 devem cumprir quarentena domiciliar de 14 dias, independentemente de aparecimento de sintomas, mantendo a rotina de trabalho remoto, sempre que possível.

Uma crônica de Cícero Belmar


As tais fotografias
Cícero Belmar*

Um amigo recebeu e me repassou, pelo WhatsApp, fotos da Terra feitas a partir de uma estação espacial em órbita ao redor do planeta. É uma sequência com muita qualidade técnica e uma resolução perfeita. Um conjunto de imagens, pelo menos para mim, inédito. Também há um vídeo curtinho gravado pelo astronauta: vemos parte do globo, um globo azulado, as nuvens em movimento, e o silêncio cósmico.
Não se vê o astronauta, mas por uns segundos, aparece a mão dele (com luvas espaciais) encaixando um certo equipamento no outro, utilizando um mosquetão, desses que são usados por escaladores. (Deve estar fazendo um experimento a bordo ou coletando dados, isso não fica claro). Afivela uma peça, libera uma mangueira branca sanfonada e posiciona ainda mais aquilo que parece ser a câmera. Nesse movimento você se dá conta que o vídeo é real e não filme de Hollywood.
As imagens, raridade. O primeiro espanto é ver a Terra pela perspectiva de um ponto que está acima dela, sem ser computação gráfica. Pela abertura da cápsula onde o astronauta está alojado, surge o globo “lá embaixo”. Vê-se que a estação espacial tem uma parafernália de radares, painéis solares, microfones, braços telescópicos. A sequência de fotos, que segue após o vídeo, vem da observação daquele astronauta.
É uma coisa idiota constatar o lógico: para aquele lado onde bate a luz do sol, atribuímos um nome. E outro para a sombra que se apresenta, no lado seguinte do globo. A esse movimento tão óbvio, que alterna a luz e a escuridão misteriosa da vida, é o que chamamos de tempo. A subjetividade absoluta do tempo.
Se é algo emocionante ver essas imagens do nosso Planeta em “tempos” normais, muito mais comoventes elas se tornam nessa época de pandemia (ainda eu as imagens não sejam de um passado próximo). Diante daquele gigante forte e coeso que boia, no universo, descobrimos fatalmente que não é o mundo quem adoece. Nossa humanidade, sim. (Bossais, não estamos prontos sequer para enfrentar doenças).
Estamos sendo monitorados, mas é uma contradição, pois do alto não se sabe o que se passa cá embaixo. Só se vê extensões de terra afastadas por oceanos de cor esmeralda. Definitivamente, o Planeta não precisa de nós para ser bonito. Seres humanos, somos tão pequenos que nem mesmo as potentes câmeras podem nos captar. (Permita-se a este exercício de imaginação: faça de conta que você está ao redor de um buraco, observando, da beira, o que há na profundidade dele. É impossível ver o que as formigas fazem lá embaixo).
Uma das fotos é punk. Capta uma região da Terra no exato momento de uma queimada. Alguém se sentiu no direito de ferir aquela beleza. A maldade de nossos corações é pior do que a pandemia que desconhece fronteiras e nos prende em quarentena. (Por que somos tão fúteis?).

*Cícero Belmar  é escritor e jornalista. Autor de contos, romances, biografias, peças de teatro e livros para crianças e jovens. Membro da Academia Pernambucana de Letras. 

Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Impasses e alternativas


O Brasil enfrentará o efeito Coringa

Cada dia a mais de Bolsonaro  significará maior acúmulo de frustrações, maior agravamento das duas crises, a de saúde e a econômica, e maior dificuldades em vencê-las.
Luis Nassif, Jornal GGN

O filme “Coringa” foi premonitório. Relata uma situação de extrema tensão que explode com um episódio específico, um grupo de yuppies de mercado que, em um vagão de metrô, humilha uma pessoa fantasiada de palhaço. Há uma reação, e a vítima mata os agressores. A partir daí, há uma pandemia de violência explodindo por toda a cidade e a vestimenta de palhaço torna-se o símbolo da reação.
O que ocorre hoje, nos Estados Unidos, é semelhante, uma reação espontânea provocada pela morte de George Floyd, cidadão negro detido pela polícia e morto, depois de 9 minutos de asfixia a que foi submetido por um policial.
O episódio deflagrou um festival de protestos por várias cidades, com a explosão da panela de pressão acumulada pelo racismo arraigado da sociedade americana, acentuado pela ascensão do supremacismo branco representado por Donald Trump. Em cima disso, a revolta contra o fracasso da luta contra o Covid-19, a explosão do desemprego, a incidência da doença, manifestando-se mais acentuadamente nas regiões pobres e junto às populações negras. E, no comando do país, uma luta intestina entre partidos políticos.
No Brasil, as mortes de negros por policiais tornaram-se banalizadas pela repetição. Mas a tensão social está cada vez maior, uma panela de pressão de alto teor. Não haverá como não emular a violência difusa americana.
Há a explosão do desemprego, o desmonte das redes de sociais, a quebra de pequenas e microempresas, a doença grassando nas periferias das grandes cidades. E, na Presidência, um desatinado provocando em doses iguais revolta e adesão de seguidores fanatizados.
Nos próximos meses, haverá agravamento de todos esses problemas, o de saúde, o econômico, o aumento do desalento.
A expectativa de fim da pandemia evaporou-se. A pressão sobre governadores e presidentes está provocando uma flexibilização imprudente do isolamento, que agravará o problema no momento seguinte. Daqui a pouco tempo haverá um recuo, acentuando mais frustração popular.
O governo acabou, falhou em todas as frentes, na econômica, na política, na social. Há um grupo político envolvido em crimes explícitos, de alimentação da violência virtual à suspeita de crimes de morte.
A cassação de Bolsonaro ocorrerá mais cedo ou mais tarde, tal a disfuncionalidade do governo e o acúmulo de indícios de práticas criminosas. Cada dia a mais de Bolsonaro  significará maior acúmulo de frustrações, maior agravamento das duas crises, a de saúde e a econômica, e maior dificuldades em vencê-las.
É um caldo de violência que abre inúmeras possibilidades. Um governo que rompa com o dogmatismo de Paulo Guedes, com um plano bem articulado de emissão de moeda e gastos públicos, conseguirá resultados rápidos na economia. E, com isso, ganhará um trunfo político inigualável. Há um cadinho de cultura para a exploração da violência.
Nos anos 30 houve duas maneiras de enfrentamento da crise: Roosevelt com o New Deal, Hitler com o plano econômico articulado por seu Ministro da Economia. Na base, cidadãos desesperados, prontos a aderir ao primeiro salvador e a enfrentar qualquer fantasma, com as armas que lhes sejam indicadas, ou a solidariedade ou a violência mais selvagem.
Haverá uma reação à queda inevitável de Bolsonaro. Hoje em dia, Bolsonaro é a referência maior das guerras virtuais, entre os contra e os a favor.
Expelido do poder, haverá dois movimentos inevitáveis. O primeiro, dos fanáticos, não se afastando a possibilidade de atos violentos, praticados por milicianos e associações de tiros. O segundo a violência difusa, à medida em que os Bolsonaro saiam do centro das atenções.
Há uma saída amadurecendo para a crise atual: a cassação rápida da chapa de Bolsonaro-Mourão pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nesse caso, o governo será assumido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em um mandato tampão. Em todo esse prendo, Maia ganhou uma dimensão política insuspeita, ornando-se o centro de gravidade dos acordos políticos e da racionalidade.
Sendo mandato tampão, terá toda a boa vontade dos diversos setores políticos, como teve Itamar Fraco, depois do terremoto do impeachment de Collor. Hoje em dia, há um Coringa no meio do caminho. E o país confrontado com seu maior desafio.
Saiba Mais https://bit.ly/3c6HtLo  

Ainda a Copa de 2014


Assistirei ao 7 a 1 para tentar entender um pouco melhor o resultado

SporTV reprisa neste domingo goleada da Alemanha sobre o Brasil na Copa-2014

Tostão, Folha de S. Paulo


Domingo de tragédias. Além do constante aumento do número de infectados e de mortos e dos graves problemas políticos e econômicos que vive o país, poderemos ver, mais uma vez, o 7 a 1, pelo SporTV (às 18h). Vou tentar entender um pouco melhor o resultado, embora muitas coisas na vida não tenham explicação, acontecem.

O 7 a 1, em 2014, começou com a bela vitória do Brasil sobre a Espanha, por 3 a 0, na final da Copa das Confederações, no ano anterior. Apesar de ter sido a única ótima partida coletiva do time brasileiro, criou-se a ilusão de que a equipe era um timaço e que, em casa, com todo o público cantando o Hino Nacional, seria quase impossível não ser campeão do mundo. Aconteceu o contrário. A responsabilidade foi um fator negativo.
Felipão, na Copa do Mundo, cometeu o erro, frequente entre treinadores e profissionais de todas as áreas, de achar que o que deu certo um dia deve ser repetido, mesmo se as condições forem outras. Até profissionais muito bem preparados tendem a tomar decisões baseadas mais em suas experiências pessoais do que em evoluções científicas. É uma mistura de superstição e onipotência.
Alguns jogadores que foram titulares na Copa das Confederações e que tiveram quedas importantes no ano seguinte continuaram na equipe, como Paulinho e Fred. Bernard foi escalado no 7 a 1, no lugar de Neymar, contundido, no Mineirão, porque tinha entrado bem no segundo tempo da partida contra o Uruguai, também em Belo Horizonte, pela Copa das Confederações, quando foi aplaudido pela torcida do Atlético, seu clube anterior. Felipão, iludido, achou que tudo se repetiria.

O planejamento de Felipão, contra a Alemanha, foi o mesmo da vitória contra a Espanha. O time pressionaria desde o início e incendiaria a torcida. Escalou quatro atacantes: Hulk e Bernard, pelos lados, e Oscar, pelo meio, perto de Fred. Todos bons, mas nenhum excepcional, para o nível da seleção brasileira. O volante Luiz Gustavo foi colocado à frente dos zagueiros, por causa do avanço dos laterais. Ficou apenas Fernandinho no meio-campo. Um enorme vazio.

A estratégia foi a de sempre, a mesma de quase todos os times brasileiros, que jogam assim há décadas, até hoje, de bolas longas, de chutões, de zagueiros encostados à grande área, de enormes espaços entre os setores, de predomínio de lances e de estocadas individuais e isoladas e de pouquíssima troca de passes. O atual Flamengo escancarou esse atraso.

A Alemanha fez o contrário. Tinha três jogadores no meio-campo, excelentes, Kroos, Schweinsteiger e Khedira, que não erravam passes e tinham o controle do jogo e da bola, além dos dois meias pelos lados, que voltavam até o meio-campo. Eram cinco contra um. O time alemão, compacto, defendia e atacava em bloco.

Felipão colocou a culpa no apagão. No dia seguinte, o supervisor Parreira leu uma carta carinhosa e solidária de uma torcedora, Dona Lúcia.

Faltam ao jornalismo esportivo brasileiro três investigações aprofundadas. A primeira, sobre os detalhes de uma reunião que teria ocorrido, em Brasília, entre o ditador Médici e os diretores da CBD, que culminou com a dispensa de João Saldanha do comando da seleção brasileira, antes da Copa de 1970. O segundo mistério, se Ronaldinho, na Copa de 1998, teve uma convulsão ou um problema psicológico (piti ou piripaque). A terceira, se a carta e Dona Lúcia realmente existiram ou se foram uma invenção de Parreira. 


 Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

*Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Dúvidas em tempo de pandemia


Louca, a Ciência. Cega, a Fé
Alberto Salazar*

Em tempos de pandemia, lembrei-me de Teodorico Raposo, personagem eciano no livro A Relíquia, quando revela que “houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra com o pé forte, ou palidamente elevando os olhos aos céus - cria, através da universal ilusão, ciências e religião”. Heroísmo descarado que não tem faltado às autoridades, aos especialistas, leigos, não leigos, e toda sorte de “opineiros” de plantão.
Nunca a ciência foi tão aventada e avocada como tem sido por todo tipo de pessoas e entidades. São leigos, não leigos, administradores públicos, autoridades, sindicatos, conselhos, organizações não governamentais, órgãos públicos, governos e até organizações mundiais. Ciências posta à massa através de decretos, portarias, opiniões, lives, e difundidos pelas rádios, jornais, televisões, Facebook, WhatsApp, Instagram...
Os leigos, talvez os mais perdoáveis, pois como as crianças, que pouco conhecem, externam o que sentem. Os não leigos, esses se tornaram verdadeiros advogados, evocando certezas inabaláveis, baseadas em dados mais empíricos do que científicos. Já os administradores públicos, esses que deveriam, dado às equipes que possuem, tomarem decisões acertadas, mas, o que observamos é um verdadeiro bate-cabeça e uma série de medidas ilógicas, irracionais e sem propósito. O exemplo do fechamento de praias e parques, rodízio de veículos, sobrecarregando o transporte público, e só agora se aventa (ainda bem) o escalonamento de início e fim de setores das atividades econômicas. Uso de máscara obrigatório nas ruas e transportes públicos, ao tempo que proíbe atividades econômicas quando o óbvio mostra que o distanciamento entre pessoas é bem maior em qualquer ambiente de trabalho do que qualquer transporte público. Há cidades a quase três meses de quarentena, sem ter tido um único caso. É lógico que os aglomerados urbanos, regiões metropolitanas, cidades, distritos, terão curvas e picos distintos. A análise de comportamento das curvas e picos de outros países, comparativamente localidade a localidade (RM, cidades, vilas, distritos) deveria ter balizado o nosso planejamento, mas ainda está em tempo. Vamos nos acertar pela experiência dos outros. Faltou e falta coordenação central para os entes federados, como faltou também Estados para com seus municípios.
O achatamento da curva de contaminação seria para que as autoridades, federais, estaduais e municipais, pudessem se planejar para o atendimento aos contaminados, quando é sabido que vários municípios não adotaram ou não tiveram condições de adotar qualquer medida para o combate ao covid-19.
E assim são posicionamentos de sindicatos, conselhos, ONGs, órgãos públicos que ao sabor de interesses que aos olhos das pessoas não encontram razão.
E por fim a tão temida, a toda poderosa OMS, outra a bater cabeça e a provocar abalroadas mundo afora. Ao fim de tudo e após a vacina, saberemos se a OMS veio mais atrapalhar do que ajudar.
Dito o acima, lembre-me de outro português, o Pessoa, no poema Natal: “Cega, a Ciência a inútil gleba lavra. Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.”

Parodiando, direi: Louca, a Ciência vive o sonho do seu culto. Ainda que Cega, a Fé a útil (não inútil) gleba lavra.  

Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

* Alberto Salazar é Engenheiro civil, membro do IAHGP

Francisco Espinhara, poeta



Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Frente ampla


Manifesto pela democracia e pela vida reúne esquerda, centro e direita

Apoiadores são personalidades da ciência, da política e das artes e defendem frente ampla de esquerda, centro e direita. Governador do Maranhão, Flávio Dino, e Manuela D’Ávila, lideranças do PCdoB, estão entre signatários.
Portal Vermelho www.vermelho.org.br


Um manifesto divulgado na sexta-feira (29) em defesa da vida, da liberdade e da democracia contava com 6 mil assinaturas de personalidades da ciência, da política e das artes até 12h30 deste sábado (30), algumas horas após ser lançado. 
Os apoiadores pertencem a toda a gama do espectro político e pedem o engajamento de lideranças partidárias e autoridades em defesa da população face à crise sanitária, política e econômica. O movimento defende uma frente ampla, a exemplo da formada quando do movimento Diretas Já.
“Somos a maioria de brasileiras e brasileiros que apoia a independência dos poderes da República e clamamos que lideranças partidárias, prefeitos, governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação”, afirma o manifesto, assinado por nomes como Eliane Brum (jornalista); Marcos Palmeira (ator); Paulo Betti (ator);Manuela D’Ávila (jornalista e liderança do PCdoB); o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O documento propõe que se deixe as diferenças políticas e projetos individuais de lado, lembrando que os que se colocam contra Jair Bolsonaro e seu projeto autoritário representam mais de um terço da população.
“Formamos uma frente ampla e diversa, suprapartidária, que valoriza a política”, afirma o manifesto, que pede “esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”.
Os signatários pontuam que têm “ideias e opiniões diferentes” mas “comungam dos mesmos princípios éticos e democráticos”. Se propõem, ainda, a “combater o ódio e a apatia” com “afeto, informação, união e esperança”.
Confira a íntegra do manifesto e registre a assinatura em apoio ao movimento. Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Trama autoritária


Obsessão armamentista de Bolsonaro é necessária para conflagração contra perda do poder

Contra a insegurança que nos subjuga, falta um grande exemplo de dignidade

Janio de Freitas, Folha de S. Paulo

Não vai acabar bem, não há como —começo, forçado pelas circunstâncias, com esta frase jornalisticamente velha, que ainda antes da posse de Bolsonaro gravei para o importante site de Bob Fernandes e aqui pôde ser encontrada nos primórdios do atual governo. Não era previsão, era só uma obviedade de que muitos olhares preferiram desviar, por diferentes motivos, desde temores talvez inconscientes à ganância já rica.
Situações com muitos componentes da tensão levam à imprevisibilidade intransponível, ou quase, sobre seu desfecho. Consegue-se formular umas poucas hipóteses, mas as variações imprevistas são sempre mais numerosas. É diante de hipóteses inumeráveis que estamos.
Bolsonaro, seu filho Eduardo e outros desatinados fizeram, contra o Supremo Tribunal Federal, novas ameaças golpistas. Os generais Hamilton Mourão, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto puseram nos seus currículos sucessivas negações de risco de golpe. Declarações de Augusto Heleno, porém, estão com sua autoridade moral cassada pelo próprio, que tanto ameaça com "consequências imprevisíveis" como diz que risco de golpe é só invenção da imprensa.
Apesar de que mentir em depoimento processual seja falta grave e punível, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto foram inverdadeiros nos depoimentos sobre a reunião vergonhosa, pretendendo proteger Bolsonaro. Condutas são mais eloquentes do que palavras.
As de Bolsonaro, mesmo quando restritas a uma gravata com figurinhas de fuzis —como o fotógrafo Joédson Alves, da EFE, percebeu e O Globo publicou—, bastam para sabermos o que e quanto nos ameaça. O seu berro de "acabou!", referindo-se à liberdade do Supremo para decidir contra o bolsonarismo, não foi reação momentânea e isolada.
Seu empenho em desmoralizar o tribunal revela-se como um plano de ação na escalada desde a campanha eleitoral. Com o "cabo e um soldado" suficientes para fechar o tribunal, por exemplo, ou com os prometidos dez integrantes a mais, como desqualificação dos 11 atuais. O que há hoje é uma investida mais coerente com ameaça. Por força do momento.
Esse avanço está em relação direta com outra escalada, a das armas para a população, também iniciada na campanha. Vai agora ao paroxismo como sua companheira, e pelos mesmos motivos.
Bolsonaro tem ciência e domínio, tanto quanto seus filhos maiores, dos comprometimentos que os põem sob riscos judiciais extremos. Sabem desses riscos desde as investigações da estrutura negocista de Sérgio Cabral e do assassinato de Marielle Franco. Este, para agravar os riscos, com implicação de milícias.
As relações e práticas que sujeitam Flávio Bolsonaro a inquéritos criminais foram herdadas de seu pai, eleito para a Câmara Federal quando o filho ocupava seu lugar na Assembleia Legislativa fluminense. Não seria correto, portanto, que o interesse das investigações terminasse em Flávio.
O estado de exasperação constatável em Bolsonaro corresponde à sua situação crítica. Agir, em tal caso, é a sua urgência. Desmoralizar o Supremo, com o decorrente enfraquecimento do Judiciário; dominar o Ministério Público, valendo-se das ambições do procurador-geral da República; submeter a Polícia Federal para conduzi-la, comprar apoiadores parlamentares com cargos públicos e benesses, são providências que marcham, aceleradas, para a primeira frente de combate defensivo de Bolsonaro. A frente desarmada.
A outra é a única explicação possível para a obsessão armamentista, há pouco agraciada com duas medidas tratadas sem a atenção merecida: uma, a liberação da compra de munições; em seguida, o fim da já duvidosa fiscalização, pelo Exército, da posse de armas militares. Essas medidas, como as liberações anteriores e as esperadas para breve, são partes do necessário para uma conflagração contra a perda do Poder. A defesa final.
Ainda não se sabe a favor de quem o tempo corre. Mas não há dúvida de que, contra a insegurança opressiva que nos subjuga, está faltando um grande exemplo de dignidade.  - Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Arte é vida

Gilvan Samico

O dedo dos banqueiros


A divisão que Bolsonaro gosta
Isaac Cassimiro*

O Brasil caminha a cada dia para o fundo do poço. Já estamos há cerca de 70 dias em isolamento social sem nenhuma medida por parte do governo federal para ajudar o povo e o país.  Temos hoje cerca de 400 mil pessoas contaminadas e 28 mil mortos em decorrência do vírus Covid-19 e da inoperância do presidente. Estamos com uma media de mil mortos por dia e o Brasil se tornou o epicentro do coronavirus no mundo com previsão de mais de 125 mil mortos. Enquanto isso o presidente realiza reunião para cobrar dos ministros que protejam seus filhos e amigos dos crimes que cometeram ou passeando de Jet-ski.
Com o surgimento das corrupções e crimes que ele e seus filhos fizeram e fazem, ele começa a perder o apoio popular que tem, e passa cada vez mais, a usar da arrogância e do autoritarismo para esconder e desviar a atenção do povo dos seus crimes. E por que ele não caiu se cerca de 50% da população que o avaliam como um presidente ruim ou péssimo?
Basicamente porque não se tem unidade do que fazer neste momento. A esquerda está em uma briga para saber quem vai liderar o bloco pelo impedimento do presidente e a direita está com medo que se houver o impedimento, a esquerda seja a grande beneficiada. A divisão é tudo que o Bolsonaro quer, pois enquanto ficarem brigando para saber quem vai sair na foto da solicitação do pedido de impedimento, ele ganha tempo para articular o travamento do pedido colocando o centrão no governo e preparando o alto golpe. A unidade não se dá pelo fato dos partidos de oposição estar disputando algo que não sabem se terão, as eleições municipais. Bolsonaro não é “besta” e sabe que se tiver a eleição pode correr o risco de perder o apoio que ainda tem, e está tramando para não correr esse risco através do alto golpe.
Há outro fator a ser avaliado, quem esta financiando o Bolsonaro? Pela postura e comportamento, os bancos são os principais financiadores desse desgoverno. Esse financiamento tem um custo que é o retorno que os mesmos terão através das privatizações, retiradas de direitos dos trabalhadores e garantia dos altos rendimentos através dos juros da dívida pública, estão garantidos no orçamento desse ano 1,5 trilhões para pagamentos de juros.
Essa estratégia dos bancos tem um risco, os EUA já determinaram o bloqueio de vôos com origem no Brasil e caminhamos para uma queda de nossas exportações através de um bloqueio sanitário, quem vai querer comprar produtos contaminados com o Covid-19? O PIB caiu 1,7% no primeiro trimestre, com previsão de queda de 10% no segundo, 4,9 milhões de pessoas perderam o emprego, não há financiamento para micro e pequenas empresas, o que vai levar a uma onda de falência e desemprego em massa.
Na historia da humanidade grandes mudanças só foram possíveis com a união de várias forças políticas e sociais. Foi assim na luta pela independência do Brasil, na luta contra a escravidão e na luta contra o nazismo. Será assim agora! Para isso, é necessário que se deixe de lado os interesses pessoais ou de grupos e se passe a construir uma ampla frente de salvação nacional e em defesa da democracia, através da participação de todos os setores que queiram construir um país soberano, democrático e desenvolvido.    
*Isaac Cassemiro é economista e pós-graduado em Gestão em Desenvolvimento Local

[Ilustração: Ad Reinhardt]

Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Exemplar defesa da vida


A disfunção do embate eleitoral no enfrentamento ao Coronavírus
Carlos Eduardo Muniz Pacheco*

No enfrentamento à Covid-19 é dever de todos enaltecer os que estão diretamente no combate. A Prefeitura do Recife tem agido diuturnamente em defesa da coletividade, desde 28 de janeiro, com a instalação do Comitê Municipal de Resposta Rápida ao Coronavírus e o Plano Municipal de Contingência, antes mesmo da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia. Em todas as suas ações, a PCR tem adotado no processo decisório as orientações da OMS e autoridades sanitárias, desencadeando protocolos e fluxo de atendimento, capacitando profissionais em diversas áreas para o enfrentamento, além de promover interlocuções junto ao Judiciário, órgãos de Controle e Ministério Público, pois a luta é de todos!
Algumas ações da PCR permitiram facilitar a vida do cidadão na pandemia como a aplicação de renovações automáticas de documentos; prorrogação de prazo para pagamento do ISS de diversos setores e possibilidade de cadastro de fornecedores por meio digital. A Prefeitura também modernizou a utilização de plataformas e programas já existentes para doações como o Quero Impactar (abatimento de 6% do IR) e voluntariado Transforma Recife, para doação de cestas básicas. Também, em prazo recorde, a Prefeitura implementou novas plataformas como: Atende em Casa (para atendimento e orientações médicas); Movimenta Recife (com exercícios em casa); e acompanhamento do Índice de Isolamento para incrementar estratégias para o isolamento social. Já de olho no pós-pandemia, está trabalhando na criação de banco de dados junto ao Porto Digital para a retomada das atividades econômicas da capital.
O trabalho não para por aí: todos os dias é promovida a desinfecção de 650 locais de grande fluxo de pessoas e há distribuição de milhares de cestas básicas para famílias vulneráveis e quentinhas nos restaurantes populares. Não se pode esquecer também dos milhares de estudantes a quem a Prefeitura passou a fornecer cestas de alimentos, kits de higiene e material pedagógico. Para honrar o compromisso dos profissionais de saúde no combate ao coronavírus, a Prefeitura também determinou a criação de pensão integral para servidores que falecerem no combate à Covid-19.
Mesmo com todas as dificuldades de se trazer equipamentos e materiais médicos do exterior, o Recife implantou 7 hospitais de campanha com mais de 1000 novos leitos e contratou mais de 3500 profissionais de saúde. Para se conseguir aliar todas essas ações ao equilíbrio das finanças do município, a gestão promoveu cortes de despesas e revisões de contratos. A cada dia, mais pessoas estão se recuperando, incluindo muitos dos pacientes que foram internados em UTI. Nossa cidade tem hoje as melhores taxas de leitos de UTI e de respiradores, entre 15 regiões metropolitanas, segundo o IBGE.
É de evidenciar o esforço para aquisição de todos os bens e serviços com celeridade e legalidade, seguindo as normas que orientam as contratações do atual momento, como expressa a Lei Federal nº 13.979/2020. Todas as despesas e compras podem ser acompanhadas pelo Portal da Transparência, canal específico que presta contas de todas as despesas efetuadas para o enfrentamento da Covid-19 (http://transparencia.recife.pe.gov.br/).
A vida é feita de gestos e ações e a Prefeitura, junto com o recifense, tem agido. Vamos juntar forças, o embate eleitoral, neste momento não acrescenta nada, o inimigo é de todos, indistintamente, atinge a humanidade, independentemente de cor, classe, crença e idade. Havendo a união pela saúde, pela existência a vitória será de todos.
*Carlos Eduardo Muniz Pacheco é administrador e advogado
[Ilustração: Luis Paulo Baravelli]

Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF

Gol contra

Militares de diversas patentes ocupam 2.900 cargos no governo Bolsonaro. Imagem deprimente do presidente pode respingar nas Forças Armadas — um dado negativo na crise institucional do País.

Retrato realista

‘Imagem de Bolsonaro derrete no exterior, e mundo teme Brasil. Grandes jornais internacionais publicam editoriais alarmados com condução da crise pelo governo’, diz a Folha. [O mundo o identifica como mensageiro do caos e da morte].

30 maio 2020

Humor de resistência

Charge de Gilmar

Miséria

Banco Mundial estima que 60 milhões de pessoas passarão a viver sob condições abaixo da linha de pobreza em consequência da pandemia.

Passando a limpo

ENCERRANDO O ASSUNTO RESPIRADORES
Assessoria de Comunicação da Prefeitura do Recife

1 - A compra foi cancelada e o único pagamento feito foi devolvido pela empresa à Prefeitura. Não há, portanto, prejuízo de um real que seja.

2 - O preço do respirador era o mais barato do Brasil, R$21,5 mil. No país existem compras acima de R$200mil.

3 - O respirador foi atestado pela Santa Casa de São Paulo como adequado para os pacientes da COVID, com teste em animal. Anexo provas de que os respiradores desenvolvido pela USP e outro feito por ITAIPU também foram testados em animais.

4 - A Prefeitura verificou os parâmetros mínimos adequados realizando testes em pulmões artificias e equipamentos apropriados.

5 - Medicamentos, vacinas, cirurgias e equipamentos médicos hospitalares são testados em ratos, macacos, cavalos, porcos e outros animais antes de testes humanos. As vacinas que estão sendo desenvolvidas para o coronavírus estão sendo testadas em animais.

6 - A Prefeitura aguardava a comprovação da homologação da Anvisa pela empresa. Nunca se cogitou utilizar os respiradores sem isso.

7 - A Justiça Federal já comprovou que não ocorreu prejuízo para a Prefeitura. 

PROCESSO No: 0809337-32.2020.4.05.8300 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

“A tal pedido não se atribui melhor sorte, pois também fulminado por não ter se consumado o contrato para aquisição dos respiradores. Explique-se: não tendo as empresas recebido nenhum valor dos cofres públicos, o pedido para decretar a indisponibilidade de seus bens na dimensão requerida pelo MPF, em caráter cautelar, sem nenhum embasamento fático e concreto de ser a atuação das Pessoas Jurídicas criminosa, passa a ter uma feição revanchista e política incompatível com a finalidade da ação civil pública definida no início dos fundamentos desta decisão e, nesta oportunidade de desfecho, rememora-se: a ação civil pública é instrumento processual adequado para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
• Veja https://bit.ly/3c6HtLo

Convergência

Reunião plenamente exitosa — pelo balanço positivo de nossa luta contra a pandemia e pela solida unidade na equipe de governo.

Liberdade às avessas

A maior ‘Fake News’
Tahuan Fernandes*

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta,
não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
Cecília Meireles


Todo o mundo está acompanhando com doses cavalares de espanto o que acontece no Brasil de maio de 2020. Os brasileiros, a maioria de dentro de suas casas, assistem o anúncio de milhares de vítimas da pandemia da Covid19, enquanto o governo finge que ela não existe. Uma espantosa reunião ministerial recentemente revelada demonstra o nível de confusão a que estamos submetidos: ameaças ao STF, politização da PF, cobranças constrangedoras de defesa do governo, mentiras ditas sem nenhum embasamento, subestimação da ciência...
Neste cenário, já surgiram diversos argumentos surreais que mantém Bolsonaro com seus 30% de aprovação. Estes são, ainda que débeis, capazes de mantê-lo no poder, com capacidade de dar chilique em rede nacional com status de presidente. Mas um deles, uma grande mentira, é o maior de todos, ao ver deste modesto escritor.
Me espanta vivenciar, neste século, ainda o argumento de ameaça de algo ruim para justificar medidas autoritárias. Mas é justamente o que está em curso no Brasil...
Trata-se da fala preocupante de Bolsonaro na reunião citada: “... os caras querem é a nossa hemorroida, é a nossa liberdade” e completa com o seguinte raciocínio “Como é fácil impor uma ditadura no Brasil. ”;“(...) Por isso eu quero que o povo se arme, é a garantia que não vai ter uma ditadura. ” A inquietante sensação de golpe afligiu todos os olhares atentos nesse momento. Afinal, é uma clara demonstração política de incentivo à violência popular por parte do chefe de Estado. Mas, para além disso, destaca um pensamento principal que poucos se atentam.
É claro que Bolsonaro não se refere a liberdade de ninguém, a não ser de sua família, amigos e apoiadores. Mas muita gente desavisada se deixa levar pelo raciocínio “simples”, de que obviamente se houvesse uma arma na sua mão, ninguém poderia pará-lo, e nem acontecer alguma injustiça contra si ou contra sua família. Raciocínio individual, versus um problema coletivo, erro natural sobre a percepção das coisas.
Afinal de contas, os armados pela instauração de uma normatização do armamento amplo e irrestrito no Brasil seria um recorte exato da população: os mais ricos e parte da classe média.Ricos de maneira legal e ilegal, de empresários a milicianos. Além disso, estudos norte-americanos afirmam que “o roubo a residências tende a aumentar em bairros com predomínio de armas nas casas” (Cook e Ludwig, 2002.), sugerindo o que muita gente especula, que as armas atraem assaltantes e podem aumentar a insegurança individual.
A verdade é que nenhuma arma se mostrou tão forte no mundo inteiro, na geração de grandes nações independentes e evoluídas, quanto a educação. A universalização do pensamento, da crítica e da capacitação das pessoas, não só melhora a igualdade material e social, como em todos os estudos pelo mundo, reduziu a violência. Um levantamento feito pelo Ipea em 2014 apon­ta que há uma ten­dên­cia de que, pa­ra ca­da 1% a mais de jo­vens nas es­co­las, há uma di­mi­nu­i­ção de 2% na ta­xa mu­ni­ci­pal de as­sas­si­na­tos.
A marca, nos países asiáticos e europeus que investiram fortemente em educação, é a redução histórica na violência e na desigualdade. E esse é o verdadeiro significado de liberdade: ter numa nação um povo capaz de criticar, se organizar e produzir uma economia avançada. Liberdade de comprar armas significa apenas o livre comércio para o enriquecimento de alguns empresários, e mais violência para muitos. Já a liberdade da consciência, oferece muito mais que uma “prevenção” de uma ditadura explícita, mas principalmente a possibilidade de um mundo novo, sem as opressões que vivemos implicitamente, acumuladas por séculos de desigualdade.
Em contrapartida ao que seria necessário para a liberdade de nosso povo, o ministro da educação abre mão de sua institucionalidade e se demonstra apenas um militante bolsonarista. Um ministro que, ao invés de falar em reunião com os outros ministros sobre as dificuldades de ensino no Brasil devido à pandemia, ameaça ministros do STF. Não existe, portanto, iniciativa para colocar a educação do país em outro patamar do presente. O projeto “Future-se”, enviado para o congresso nacional em plena pandemia, é apenas uma pauta bomba que tenta passar despercebida, e sugere a flexibilização do status público das universidades. Um completo desrespeito ao debate contraditório, que é uma premissa para a liberdade.
Bolsonaro fala em verdade, mas escancaradamente divulga a mentira – propaga Fake News. É preciso também escancarar o desrespeito a esta palavra tão bonita: “Liberdade”. Um país livre com Bolsonaro é a maior Fake News de todas.

*Tahuan Fernandes é estudante de Engenharia Biomédica na UFPE, já foi presidente da UEP-União dos Estudantes de Pernambuco e diretor da UNE-União Nacional dos Estudantes. Conselheiro da Juventude no Recife, além de pai de Helenira.

[Ilustração: Pieter Cornelis Mondiaan]

Fique sabendo https://bit.ly/3c6HtLo  Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF