30 novembro 2020

Vozes das urnas

Lições da eleição

Portal Vermelho


As vitórias da esquerda e centro-esquerda neste segundo turno em Fortaleza, Belém, Recife, Aracaju, além do vibrante e excelente desempenho na cidade de São Paulo e em Porto Alegre, sinalizam o início de uma revitalização da esquerda depois de duas duras derrotas, em 20016 nas eleições municipais e em 2018 nas eleições presidenciais.

Já a extrema-direita é a grande derrotada, graças à política de alianças amplas que, neste segundo turno, se firmaram. A direita e a centro-direita alargaram os resultados positivos e se apresentam como o campo político vitorioso dessas eleições. Sublinhe-se que parte razoável dessa direita se opõe ou tem contradições com o presidente Jair Bolsonaro.

A queda da avalição de Bolsonaro na maioria das capitais e em outras grandes cidades levou notórias candidaturas bolsonaristas a tentarem mitigar ou esconder o vínculo com o presidente da República. Não se trata, portanto, de que ele tenha optado por se abster neste segundo do turno. A verdade é outra.

Ele foi evitado, refugado pela maioria de seus candidatos. A derrota do bolsonarismo é talvez o fato mais relevante dessas eleições. E esse grande feito é uma vitória da política de frente ampla. Sem ela, para citar apena dois exemplos, Edmilson Rodrigues, do PSOL, dificilmente teria sido eleito em Belém; do mesmo modo Sarto, do PDT, em Fortaleza.

As eleições municipais marcam também que a esquerda começa a se refazer dos graves revezes de 2016 e 2020. As candidaturas de Guilherme Boulos em São Paulo e de Manuela d’Àvila em Porto Alegre obtiverem excelentes resultados eleitorais, embora não tenham sido eleitos.

Manuela e Boulos empolgaram grandes parcelas do povo destas duas capitais, além de ganhar a atenção e o apoio do eleitorado progressista do país. Essas duas lideranças, ao lado de Flávio Dino, representam a renovação que se opera na esquerda brasileira.

Fragmentada, na maioria das cidades, no primeiro turno, a esquerda conseguiu se convergir em várias disputas importantes na fase derradeira da disputa. Desse fato se espera que se tenha aberto caminhos para uma necessária convergência da esquerda que não se vê desde a derrota de 2018.

É necessário ressaltar, todavia, que a extrema-direita, embora tenha sido derrotada eleitoralmente, segue com o poder de aglutinação do governo federal e o bolsonarismo segue ativo e mobilizado.

Desse modo, o campo democrático, patriótico e popular, da qual faz parte a esquerda, deve tirar lições desse pleito, nos resultados positivos, mesmo que parciais mas preciosos.

Como disse a presidenta do PCdoB Luciana Santos, em mensagem pelas redes sociais: “Vamos tratar de construir pontes, viabilizar a frente ampla necessária para virarmos a página do projeto bolsonarista de ódio, intolerância, desrespeito à vida e à soberania do país, de ataques aos direitos” e, acrescenta, de negação da ciência e ataque à cultura.

O eleitorado das cidades lançaram as sementes, criaram bases, para que o Brasil venha a se livrar do pesadelo que é Jair Bolsonaro.

Veja: Partidos políticos são necessários https://bit.ly/38YmQTT

Palavra de poeta

Veredas

Chico de Assis



Vomito palavras
pelos arredores fúnebres
da minha vida.
E nos canteiros por onde
as fui plantando
nasceram cactos
que semelham à morte.

O retrovisor da História
nos aponta pontos
que apagam nas ciladas
da noite
e acendem nas caladas
da manhã.

São vagalumes que iluminam
a senda dos proscritos
e enchem de confiança
a generosa trilha
– filha da esperança.

Não sei por quanto
tempo a percorremos.
Nem sei por onde fomos
ou aonde ainda vamos.

Só sei que ao devastar
essa trilha
(que a lugar nenhum nos levou)
nela deixamos os rastros
do que de maior fizemos
e do melhor que somos.

[Ilustração: Flávio de Carvalho]

Veja uma dica de leitura: Raimundo Carrero https://bit.ly/3pCHkXY

Palavra de Luciana

Luciana Santos: Cidades rejeitaram o bolsonarismo

“Caminho que precisamos construir é o da unidade e da amplitude”, afirma presidenta do PCdoB

André Cintra, Portal Vermelho

 

Na primeira eleição municipal após a chegada de Jair Bolsonaro e da extrema-direita ao poder, o recado das urnas foi claro: o presidente – que já havia sofrido uma derrota vexatória no primeiro turno, em 15 de novembro – sai igualmente derrotado neste domingo (29), com os resultados do segundo turno. “As cidades rejeitaram o bolsonarismo e deram o recado: o Brasil é maior que Bolsonaro”, afirmou a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, em suas redes sociais.

Para a dirigente, a esquerda teve mais êxitos, em 2020, onde buscou a construção de uma frente ampla. “O resultado das eleições mostrou que o caminho que precisamos construir é o da unidade e da amplitude. Também provou que devemos, sim, esperançar.”

Luciana destacou as ótimas votações de Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre (RS), e de Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo. “Foi o pleito que projetou grandes lideranças da esquerda. Manuela e Boulos saem gigantes dessa disputa”, afirmou a líder comunista.

Entre as candidaturas vitoriosas da esquerda no segundo turno, Luciana exaltou as de Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém (PA), e de João Campos, no Recife (PE). Segundo ela, “temos muito a comemorar” com esses triunfos, em especial na capital pernambucana – “vitória da nossa Frente Popular. Seguiremos juntos construindo cidades mais humanas, democráticas e justas”.

A presidenta do PCdoB avalia que a eleição 2020 abre frentes para as próximas batalhas políticas e eleitorais no País. “E vamos tratar de construir pontes, viabilizar a frente ampla necessária para virarmos a página do projeto bolsonarista do ódio, da intolerância, do desrespeito à vida e à soberania, de ataque aos direitos, que combate a ciência e a cultura. Vamos resgatar o Brasil”, concluiu Luciana.

Veja: Partidos políticos são necessários https://bit.ly/38YmQTT

Manu altiva

Manuela: A esperança nos inspira a seguir trabalhando por Porto Alegre. Ela agradeceu às lideranças políticas, militantes, apoiadores e a todos e todas que apoiaram e votaram em sua candidatura, bem como desejou boa sorte ao futuro prefeito. Leia mais https://bit.ly/3mqqlGv

Mais sobre "o livro do ano"

 
Jabuti destaca obras sobre racismo e ainda consagra os versos da poeta Cida Pedrosa

'Solo para Vialejo' é o livro do ano; Djamila Ribeiro e Itamar Vieira Junior estão entre os principais vencedores

Walter Porto, Folha de S. Paulo

 

Na sua 62ª edição, o prêmio Jabuti seguiu sua tendência recente de destacar obras publicadas por casas independentes. O livro do ano foi "Solo para Vialejo", da pernambucana Cida Pedrosa, publicado pela Cepe Editora, também de Pernambuco.

No ano passado, o escolhido foi o ensaio "Uma História da Desigualdade", da editora especializada Hucitec, e dois anos atrás o também poeta Mailson Furtado Viana chamou atenção ao ser premiado por um livro publicado de forma autônoma.

“Este é um livro da volta, uma migração ao contrário, do mar para o sertão”, disse a autora em seu agradecimento. “Eu conto onde encontro minha ancestralidade, minha avó índia, meu pai, descendente de portugueses. As palavras e os sons da minha memória não cabiam mais na cabeça e tinham que se espraiar na forma de um livro.”

Não é a única vitória da autora este mês, aliás. Pedrosa foi eleita vereadora do Recife no último dia 15, pelo PC do B, partido para o qual ela diz que vai ceder parte do prêmio de R$ 100 mil. Ela foi titular da secretarias da Mulher e do Meio Ambiente na capital pernambucana.

romance "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior, confirmou o favoritismo em sua categoria, batendo concorrentes fortes como Chico Buarque, Paulo Scott, Maria Valéria Rezende e Adriana Lisboa.

O livro, publicado pela Todavia, narra o crescimento de duas irmãs em uma fazenda no interior do Brasil, numa trama que se desenvolve para refletir sobre a ancestralidade negra e a resistência dos povos quilombolas.

debate sobre racismo deu o tom de várias das escolhas da edição deste ano. Djamila Ribeiro, colunista deste jornal, teve seu "Pequeno Manual Antirracista" premiado como melhor livro de ciências humanas, vencendo concorrentes fortes como Ailton Krenak, Lilia Schwarcz e Heloisa Starling.

Além disso, saíram com prêmios o primeiro volume do projeto "Escravidão", do jornalista Laurentino Gomes, na categoria de biografia, documentário e reportagem, e o juvenil "Palmares de Zumbi", de Leonardo Chalub.

Entre os livros infantis, o escolhido foi "Da Minha Janela", de Otávio Júnior, contado do ponto de vista do morador de uma favela do Rio de Janeiro. A Festa Literária das Periferias (Flup) foi premiada na categoria fomento à leitura.

A veterana Nélida Piñon ganhou entre as crônicas com "Uma Furtiva Lágrima", livro que publicou ano passado pela Record logo antes de voltar aos romances com "Um Dia Chegarei a Sagres". O romance anterior da ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, "Vozes do Deserto", ganhou o Jabuti de Livro do Ano há 16 anos.

Carla Bessa foi a contista laureada desta edição por "Urubus", que saiu pela editora Confraria do Vento. Na nova categoria de romance de entretenimento, inaugurada este ano, o escolhido foi Raphael Montes, pelo thriller "Uma Mulher no Escuro".

A homenageada da edição foi a poeta mineira Adélia Prado. A autora fez uma rara aparição por vídeo, defendendo o poder da literatura de "fraternizar as pessoas". "Que toda aquela letra que possa produzir beleza possa continuar levando para as pessoas aquilo que há de mais importante, o sentimento, aquilo que nos torna humanos". A poesia, disse ela, "é o rastro divino na brutalidade das coisas".

Apresentado pela jornalista Maju Coutinho, o prêmio começou com manifestações em defesa das livrarias, fortemente afetadas pela crise do coronavírus —divulgando projetos como o Retomada, que direcionou R$ 10 mil a mais de 50 estabelecimentos— e contra a taxação de livros proposta na reforma tributária do governo Jair Bolsonaro.

"O livro não deve ser qualificado e muito menos taxado como um produto para a elite", afirmou Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, trazendo dados que apontavam o interesse das classes sociais mais baixas em consumir obras literárias.

Ao final da cerimônia, Tavares agradeceu ao editor Pedro Almeida, que renunciou à curadoria do Jabuti no começo do ano após se envolver em polêmica. Uma carta com mais de 5.000 assinaturas pediu sua saída do cargo após o editor fazer uma publicação, nas suas redes sociais, que minimizava as mortes pelo coronavírus.

Ruy Castro e Reinaldo José Lopes, ambos colunistas deste jornal, estavam entre os finalistas da premiação, respectivamente, nas categorias de biografias e de ciências.

Veja: A literatura é uma agulha na estupidez https://bit.ly/3nvQiVq

29 novembro 2020

Futebol: o nó da tática

A prancheta é o superego dos atletas

Sistema tático serve só de referência para controlar ambições individuais

Tostão, Folha de S. Paulo

 

Milton Leite, baita narrador e jornalista esportivo, com quem trabalhei na ESPN Brasil, disse com razão no Redação SporTV que, atualmente, não se pode analisar futebol como antes da epidemia, não somente pela ausência de público, mas também por inúmeros outros detalhes, físicos, técnicos e psicológicos.

Discordo que o Fortaleza e o Flamengo, ambos dirigidos por Rogério Ceni, utilizem a mesma tática do Flamengo de Jorge Jesus. Antes, o Flamengo, quando perdia a bola, corria para frente e pressionava, para recuperá-la perto do outro gol. Agora, o time, muitas vezes, corre para trás, para fechar os espaços, com dois volantes e um meia de cada lado.

A principal razão da fragilidade da defesa do Flamengo é o fato de o time recuperar pouco a bola no campo adversário. Com isso, a outra equipe troca passes e usa muito os lançamentos nas costas dos defensores.

Diferentemente do Flamengo com Torrent, que jogava com dois pontas abertos e um centroavante, a equipe, com Rogério Ceni, como fazia com Jorge Jesus, possui uma dupla de atacantes, Gabigol e Bruno Henrique.

Embora o gol contra o Racing tenha saído de uma belíssima jogada individual de Bruno Henrique, pela esquerda, ele e Gabigol atuam melhor mais perto do gol, entrando em diagonal da meia para o centro.

O Fortaleza, dirigido por Rogério Ceni, tinha dois meias abertos, mas que avançavam, encostados à lateral. O Flamengo, com Arrascaeta de um lado e Everton Ribeiro de outro, tem dois meias construtores, armadores, que se movimentam por todo o campo.

Todos os sistemas táticos são bons e ruins. Vai depender da execução, da qualidade dos jogadores e da eficiência das jogadas imprevisíveis. Quando a bola rola, é importante que, a cada instante, alguns jogadores ocupem posições diferentes e exerçam mais de uma função. Alguns analistas acadêmicos acham que, durante o jogo, até a bola passada para trás é planejada.

O sistema tático serve apenas de referência para controlar, reprimir, as demasiadas ambições individuais. A prancheta é o superego dos atletas.

POSIÇÃO

Se Renato Gaúcho escalar Jean Pyerre como meia ofensivo, como muitas vezes faz, o jogador será muito melhor que os outros. Se Renato o escalar como volante, como também às vezes faz, ele também será muito melhor que os outros. Melhor ainda se Renato o escalar nas duas posições ao mesmo tempo. Ele será melhor que todos.

Se eu fosse Tite, já o convocaria e o experimentaria no time titular, no lugar do volante Douglas Luiz ou do meia Coutinho. Ele é melhor que os dois e, ao mesmo tempo, pode fazer as duas funções. Se não der certo, tudo bem. Jean Pyerre tem grandes chances de se tornar o jogador que eu tanto sonho, um craque no meio-campo.

ILEGALMENTE BEM ANULADO

O São Paulo fez um gol contra o Ceará em nítido impedimento, marcado imediatamente pelo auxiliar. O árbitro ignorou o bandeirinha, deu o gol, e o jogo recomeçou. O VAR acordou, pressionou o árbitro, que voltou atrás, o que não poderia ter feito, porque a partida já havia sido reiniciada. Foi um gol ilegalmente bem anulado.

O São Paulo queria anular o jogo, mas, por causa de muitas críticas, desistiu. Houve muitas discussões, entre analistas e juristas, se o jogo deveria ou não ser anulado. É a eterna dualidade humana, dividida entre a regra e a ética. Lembrei-me de Kafunga, ex-jogador e comentarista dos anos 1960, que dizia que, no futebol e no Brasil, o errado é que está certo.

Veja uma dica de leitura: Raimundo Carrero https://bit.ly/3pCHkXY

Força das alianças


A eleição de João Campos prefeito do Recife, em disputa renhida no segundo turno, traduz a força das alianças políticas amplas e diversificadas em torno de um projeto comum para a cidade. Uma lição a ser levada em conta. 

Uma crônica de domingo

Quem é quem diante do espelho

Luciano Siqueira

 

Espelho em elevador dá nisso: a exposição da vaidade humana, pois é muito comum aquele olhar, de soslaio ou desinibido, para conferir a própria imagem.

Outro dia no prédio onde funciona o meu escritório político testemunhei a crise de identidade, ou de autoimagem, de uma jovem adolescente que foi do térreo ao décimo segundo andar mirando a si mesma, ajeitando com leves toques o penteado, ora acolhendo os cabelos revoltos com as duas mãos em concha, ora os assanhando novamente com as pontas dos dedos. Observada por mim e mais uns três colegas de viagem, não estava nem aí. Quem quer cultivar a própria beleza não pode se importar com o que pensam os que lhe flagram em plena labuta.

No caso, uma bela jovem – morena, estatura mediana, olhos negros, cabelosencrespados e soltos à altura dos ombros, corpo bem distribuído. Uns dezessete anos. Insatisfeita, entretanto. Pois após mexer e remexer a cabeleira, meteu uma fita larga sobre as madeixas mais salientes e, num movimento brusco, prendeu tudo num feixe só, fez um leve muxoxo e ganhou o corredor a passos tímidos.

Essa coisa de autoimagem não é simples. Implica ciência e arte. Cada um que encontre os atributos nos quais se apoiará ao longo da vida para se aceitar a si mesmo, sejam quais forem suas referências culturais. Com a autoridade de haver conquistado o segundo lugar num improvisado concurso de feiura feito por companheiras do movimento estudantil, em 1968, no pátio da antiga Faculdade de Filosofia de Pernambuco, tenho cá minhas dicas.

Vejamos. Suponhamos que o leitor ou leitora não se considere favorecido pela natureza, não se enquadre nos padrões de beleza consagrados pelo vulgo. Melhor é não mexer muito na própria carcaça, adotando cabeleira exótica, tatuagens chamativas ou adereços extravagantes. Faça isso não. Como autoimagem não é coisa meramente individual, depende de como você imagina que as pessoas lhe olham – apreciando ou rejeitando -, nesse caso opte por alternativa mais sensata. Que tal compensar a feiura com uma boa dose de afeto, atenção e despojada solidariedade? Se puder somar alguma competência no que faz, melhor ainda.

Vá em frente que por aí pode se dar bem. Nas relações amorosas, por exemplo. Vez por outra revistas de amenidades publicam pesquisas dando conta de que tanto mulheres como homens buscam num possível parceiro antes de tudo sensibilidade, cumplicidade, compreensão; em seguida prestam atenção às características físicas. Eis porque belas mulheres se apaixonam por homens feios e homens tidos como modelos gregos escolhem mulheres feias.

Daí chegamos à boa e sensata conclusão de que o peso do espelho é muito relativo na aferição de nossa autoimagem. Afinal, convenhamos, o que há de mais essencial entre os animais racionais nem sempre está à vista - brota da alma.

Feios e feias de minha terra, sejamos autoconfiantes e felizes!

Veja uma dica de leitura: Marcelo Mário de Melo https://bit.ly/3f5b8ro

Até onde?

A impunidade do governo está assegurada, protegida pelo esquecimento fácil

Escândalo sobre testes entulhados não durou, e retorno das contaminações deve-se, em parte, à falta de informação

Janio de Freitas, Folha de S. Paulo


Vida curta, umas 72 horas, a do escândalo de testes da pandemia entulhados em Guarulhos. O retorno das contaminações em massa deve-se, em parte, à baixíssima aplicação pública de testes. À falta de explicação, Bolsonaro recorreu à condição de farsante profissional e mentiu que “todo o material foi enviado aos estados e municípios”. Mas não faltaram crimes contra a saúde pública e de administração perdulária.

Sete milhões de testes PCR seguiam para o fim da validade em janeiro, sem se saber o número dos já perdidos, enquanto o Conselho Nacional de Secretários de Saúde repetia, em ocasiões sucessivas, o alerta ao Ministério da Saúde para a falta de kits do PCR, o mais eficiente, em vários estados. Os comunicados do CNSS derrubam outra mentira, esta do ministério, segundo a qual a distribuição dos kits dependia da requisição para estados e municípios.

A realização dos testes em massa, para identificação dos que contaminam sem se saberem doentes, é tida pelos cientistas como meio determinante para a contenção do número de vítimas e do descontrole de focos. Impedimentos anormais a esse procedimento têm autores que devem ser identificados em inquéritos e submetidos a processo.

Jogaram com vidas e mortes de pais, mães, filhos, com o futuro de famílias em número de precisão impossível, mas pressentido pelo senso comum.

Aqui, a impunidade está assegurada. E protegida pelo esquecimento fácil e rápido. Não à toa, o general-ministro Eduardo Pazuello diz que, se sair do Ministério da Saúde, estará feliz.

ós também.

É a mesma certeza de impunidade que permite aos Bolsonaro, mais do que desconsiderar os interesses do país, agir contra eles. O ataque do deputado Eduardo Bolsonaro e do Itamaraty à China é um caso típico. Por trás desse e de outros ataques recentes, está o negócio imenso que é a adoção do novo e fantástico sistema de comunicação, chamado 5G.

Os Bolsonaro agem em favor do sistema americano, atrasado na tecnologia e no tempo em comparação com o chinês.

O interesse real do Brasil só pode ser o de possuir o melhor sistema, sendo essa inovação tecnológica vista como capaz de mudar a hierarquia atual dos países, a depender do sistema em uso e da capacidade de explorar seus recursos.

Escolhê-lo com segurança exige estudos rigorosos e uma concorrência perfeita na soberania brasileira, na seriedade e na transparência. Bolsonaro, porém, já avisou: “Quem vai escolher sou eu. Sem palpite aí”. Afinal de contas, ou a iniciá-las, esse negócio não é uma usual rachadinha, é um rachadão.

derrota de Trump lançou reflexos sombrios no assunto. A menos que haja como apressar alguma providência jurídica que amarre ou, no mínimo, encaminhe a decisão para o sistema americano, cria-se um problema para os propósitos de Bolsonaro. Fazer negócio com os Estados Unidos de Biden não será o mesmo que concretizá-lo com o país de Trump. Daí ser fácil deduzir que Eduardo Bolsonaro não fez aos chineses um ataque extemporâneo, que lhe deu na telha quebrada. Ao acusar a China de fazer do seu sistema um dispositivo de espionagem, precipitou sobre o 5G chinês um conceito corrosivo. E aproximou a escolha.

Manobra essa que agride o interesse do Brasil em preservar relações estáveis com a China, maior parceiro comercial e destino de um terço das exportações brasileiras, com tendência a aumento.

Para retaliar aos ataques constantes, à China bastaria cortar uma parte, uns 10% ou 15%, das importações. Criaria terremotos econômicos por aqui. E os produtores americanos estariam prontos, como estão ansiosos, para aumentar seu fornecimento dos mesmos produtos à China.

Eduardo Bolsonaro deveria ser submetido, no mínimo, a afastamento da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e a processo disciplinar. Fica impune.

Como os que, no atual governo, agem contra os interesses do Brasil e as necessidades dos brasileiros.

Pense em qualquer dos autores e envolvidos nas monstruosidades do governo Bolsonaro, incluídas as do próprio, e tente encontrar, entre eles, um que tenha sofrido as consequências devidas.

É o governo das impunidades.

Veja: Partidos políticos são necessários https://bit.ly/38YmQTT

Para quem gosta de cinema

Esses 26 filmes são verdadeiros tesouros escondidos na Netflix ("Schindler" é um deles)

CAMILA JUNQUEIRA, vix.com

Recebi do amigo Roberto Trevas e compartilho aqui – com quem gosta de cinema.

A Netflix possui vários títulos atuais que bombam rapidamente entre os assinantes, mas guarda também algumas pérolas da história do cinema. São filmes vencedores do Oscar, aclamados pela crítica e com roteiros incríveis, que podem não chamar muito a atenção à primeira vista - mas que você não pode deixar de conferir.

"A Lista de Schindler" - A história real do empresário alemão Oskar Schindler (Liam Neeson) que, ao compreender a tortura nazista nos campos de prisioneiros, salvou a vida de 1.200 judeus criando um esquema para empregá-los em sua fábrica. O drama magistral de Steven Spielberg ganhou quatro Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.

Em 1972, o cinema se transformou completamente com a estreia de "O Poderoso Chefão", o primeiro filme que faria parte de uma das trilogias mais comentadas da história. Dirigido por Francis Ford Coppola e inspirado no romance homônimo de Mario Puzo, o longa conta a história da família Corleone, envolvida com a máfia.

"O Poderoso Chefão" - O primeiro filme conta o desenrolar das aventuras da família Corleone, quando o patriarca Don Vito Corleone sofre um atentado por não aceitar se unir a um traficante da região. Recuperando-se, Don Corleone passa o bastão para o filho, Sony, que assume os negócios da família.

"Perfume de Mulher" - Al Pacino, em um de seus melhores papeis, interpreta um veterano de guerra cego que fica sob os cuidados de um estudante universitário que quer ganhar um dinheiro extra no feriado. O drama fez muita gente sair chorando do cinema em 1992. O que nem todo mundo sabe é que o longa-metragem é, na verdade, uma refilmagem de mesmo nome produzida na Itália em 1974.

"Ghost - Do Outro Lado da Vida" - Em 1990, o mundo se apaixonou pela história de amor de Sam (Patrick Swayze) e Molly (Demi Moore). O jovem banqueiro morreu em assalto e seu espírito continua na Terra, onde tem a missão de proteger a amada de criminosos. Na companhia da médium Oda Mae (Whoopi Goldberg), ele parte em uma jornada emocionante.

"O Profissional" - Responsável por tornar Natalie Portman conhecida, "O Profissional" conta a história de Léon (Jean Reno) e Mathilda (Natalie Portman). Assassinado profissional, ele recruta a criança para viver e trabalhar com ele depois que a família dela foi assassinada.

Uma amizade estranha surge entre os dois, que viram parceiros. Lançado em 1994, o filme já se tornou um clássico do cinema alternativo, sem falar que o visual de Natalie virou sensação na época e até hoje é lembrado, tanto que a personagem Tóquio, da série "La Casa de Papel", adotou o mesmo corte de cabelo inspirada na personagem de Portman.

"Lendas da Paixão" - Um dos filmes mais famosos de Brad Pitt, "Lendas da Paixão" conta história da famíliade William Ludlow, que vive num rancho com seus três filhos e sofre com a perda de um dos herdeiros durante a Primeira Guerra Mundial. Os outros dois, Tristan e Alfred, voltam para casa sãos e salvos, mas acabam se apaixonando pela mesma mulher.

Como se já não fosse problema suficiente os dois irmãos se apaixonarem pela mesma mulher, Susannah (Julia Ormond) ainda era a ex-noiva do irmão que perderam na guerra. Lançada em 1995, a história é um romance de tirar o fôlego e se tornou um dos clássicos do gênero.

"A Época da Inocência" - Filme de Martin Scorcese, "A Época da Inocência" traz Daniel Day Lewis e Michelle Pfeiffer como Newland Archer e a condessa Ellen Olenska, um casal proibido da sociedade nova-iorquina de 1870. Casado com uma jovem inocente e bela, Archer se encanta pela condessa, uma mulher independente que carrega um passado escandaloso para a época.

"O Show de Truman" - Partindo de um bizarro reality show no qual Truman, vivido por Jim Carrey, tem sua vida televisionada para o mundo inteiro 24 horas por dia, o filme aborda comicamente diversas questões sobre a vida. Por isso, às vezes, nem parece que estamos assistindo a um drama.

O protagonista não tem ideia de que, desde que nasceu, é a estrela do programa de TV. Tudo em sua vida sempre foi manipulado pela direção do show e a comédia nos faz pensar até que ponto temos total liberdade em nossas vidas.

"Pulp Fiction" - O elenco histórico (Samuel L. Jackson, John Travolta, Bruce Willis e Uma Thurman) abrilhantou um dos roteiros mais sangrentos e marcantes de Tarantino, que transformou a indústria do cinema das últimas décadas. A trama acompanha a história de assassinos e psicopatas em uma história insana, violenta e recheada de diálogos impactantes.

"A Hora Mais Escura" - O aclamado filme dirigido por Kathryn Bigelow conta com Jessica Chastain liderando uma equipe que busca encontrar o esconderijo de Osama Bin Laden. Durante as gravações, as cenas de tortura foram reajustadas na edição final, pois poderia trazer dubiedade ou uma controvérsia ofensiva ao público.

"A Teoria de Tudo" - Lançado em 2014, o filme que deu o Oscar de melhor ator a Eddie Redmayne conta a história do brilhante astrofísico Stephen Hawking, desde os seus primeiros dias na faculdade onde iniciou sua trajetória de sucesso.

"A Teoria de Tudo" também foca na relação de Hawking com Jane (Felicity Jones), sua parceira tanto na faculdade como na vida. Foi ela quem esteve ao lado dele assim que ele descobriu ter uma doença motora degenerativa.

"À Espera de um Milagre" - Lançado em 1999, "À Espera de um Milagre" foi um dos filmes que mais emocionou o público ao contar a história de John Coffey (Michael Clarke Duncan) e Paul Edgecomb (Tom Hanks), um preso condenado à morte e um carcereiro, respectivamente, que desenvolvem uma amizade.

"Invencível" - Inspirado na vida real de Louis Zamperini, o filme narra a trajetória de sobrevivência do ex-atleta olímpico, interpretado por Jack O'Connell, que é recrutado para ser piloto na Segunda Guerra Mundial. Ao sofrer um acidente e ficar 47 dias em alto mar, é capturado pelos japoneses, inimigos dos Estados Unidos no conflito. Dirigido por Angelina Jolie, "Invencível" teve grande aceitação entre o público e a crítica.

"Forrest Gump" - Baseado no romance homônimo de 1986, escrito por Winston Groom, “Forrest Gump: O Contador de Histórias” conta a história de vida de Forrest Gump, desde a infância até a velhice. Ele é um homem simples do Alabama que viaja ao redor do mundo, encontra figuras históricas, influencia a cultura popular e é testemunha de alguns dos eventos históricos mais notórios da segunda metade do século XX.

"O Regresso" - Depois de inúmeras indicações ao Oscar, Leonardo DiCaprio finalmente conquistou a sua estatueta de Melhor Ator por sua interpretação em "O Regresso". O galã passou por uma grande transformação física - o que a Academia adora - e viveu intensamente a jornada de Hugh Glass.

O caçador foi atacado por um urso e abandonado pelo parceiro ferido num lugar remoto. Contrariando as expectativas, ele sobreviveu ao ataque e uniu forças para se vingar do rival.

"Roma" - Um dos filmes mais premiados da Netflix, "Roma" acompanha a jornada de Cleo (Yalitza Aparicio), que trabalha para uma família de classe média mexicana nos anos 70. Delicado e dirigido pelo premiado Alfonso Cuarón, o longa delicado e sensível venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

"História de um Casamento" - Escrito e dirigido por Noah Baumbach, "História de um Casamento" acompanha a jornada de separação de Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver) da maneira mais real possível.

Ao longo do filme, os dois revisitam memórias-chave do relacionamento e tentam aceitar que ele acabou, ao mesmo tempo em que entram em uma disputa pela guarda do filho. "História de um Casamento" rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern, que interpreta a advogada de Nicole.

"Prenda-me Se For Capaz" - Baseado em fatos reais, Leonardo DiCaprio vive um ex-fraudador norte americano muito conhecido, que forjava identidades e fingia ser piloto de avião, advogado, médico.

O filme conta a história deste jovem problemático que não sabia o rumo da sua vida depois que seus pais se divorciam e, com medo, fugiu e começou a enganar todo mundo.

"12 Anos de Escravidão" - Em 1841, Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um escravo liberto que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado.

Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.

"Moonlight: Sob a Luz do Luar" - Vencedor do Oscar de Melhor Filme, "Moonlight: Sob a Luz do Luar" acompanha a vida de Black desde a infância, lutando para fugir do mundo da criminalidade de Miami ao mesmo tempo em que empreende uma jornada de autoconhecimento.

Dirigido por Barry Jenkins, o filme abalou o mundo do cinema com a maneira como a história foi contada, garantindo, além do prêmio de Melhor Filme do Oscar 2017, as estatuetas de Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali e de Melhor Roteiro Adaptado.

"Quem Quer Ser um Milionário" - Responsável por apresentar Dev Patel e Freida Pinto a Hollywood, o filme conta a história de Jamal, um jovem indiano de 18 anos que sofreu na infância, lidando com a miséria e a violência. Ele ganha a oportunidade de participar do programa de TV "Quem Quer Ser um Milionário" e sai vencedor, mas acaba sendo vítima da polícia, que desconfia da honestidade dele.

"Clube dos Cinco" - Um dos clássicos dos anos 80, "Clube dos Cinco" é mais um dos filmes do diretor John Hughes, responsável pelas melhores comédias românticas da época. A história mostra um dia na vida de cinco adolescentes que, por terem se comportado mal na escola, ficam detidos um sábado inteiro e têm que redigir um longo texto com mais de mil palavras sobre o que eles pensam sobre si mesmos. Apesar de muito diferentes, eles acabam se conhecendo melhor e dividindo seus dramas pessoais.

"Curtindo a Vida Adoidado" - Mais um clássico de John Hughes, "Curtindo a Vida Adoidado" conta a história de Ferris Bueller (Matthew Broderick) que, no último ano do colégio, sente a necessidade incontrolável de matar aula e planeja um grande programa na cidade com sua namorada (Mia Sara), seu melhor amigo (Alan Ruck) e uma Ferrari.

Só que para poder realizar seu desejo, ele precisa escapar do diretor do colégio (Jeffrey Jones) e de sua irmã (Jennifer Grey).

"A Origem" - Por onde começar a explicar "A Origem"? Mais de dez anos depois do lançamento, o filme ainda é alvo de dúvidas dos fãs de cinema, que não entenderam muito bem o final.

Dom Cobb (DiCaprio) é um ladrão muito habilidoso que consegue roubar segredos do inconsciente enquanto as pessoas estão dormindo. Impedido de voltar para sua família, ele recebe a missão de plantar uma ideia específica na mente de um herdeiro milionário e fará de tudo para sair bem dessa.

"Psicose" - Dirigido por Alfred Hitchcock e estrelado por Anthony Perkins, "Psicose" é a melhor referência quando se fala em filme de suspense. O enredo gira em torno da secretária Marion Crane (Leigh) que, após dar um desfalque em seu empregador, vai parar num decadente motel, dirigido por um perturbado rapaz, Norman Bates (Perkins).

Considerado um dos melhores filmes de Hitchcock, é elogiado como uma obra de arte cinematográfica por críticos internacionais de cinema e classificado entre os melhores filmes de todos os tempos.

"Gravidade" - Dirigido por Alfonso Cuarón, "Gravidade" acompanha a jornada dos astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock) e Matt Kowalsky (George Clooney) para sobreviver no espaço depois de um acidente.

Os dois ficam completamente à deriva no espaço, sem contato com a base na Terra ou com qualquer esperança de sair dessa com vida. Os efeitos especiais de "Gravidade" impressionaram o mundo e já entrou para o rol de clássicos das telonas.

Veja uma dica de leitura: Raimundo Carrero https://bit.ly/3pCHkXY