31 julho 2023

No meu Twitter

Bom sinal a redução do desemprego para 8% no segundo trimestre (menor taxa para o período desde 2014). Mas ainda é o emprego sem carteira assinada que cresce. Há muito chão a percorrer.

Impossível explicar a vida num verso curto https://bit.ly/3Ye45TD

Palavra de poeta: Chico de Assis

O CIMENTO

Chico de Assis*
 
Construir pontes
é abrir passagem 
entre o momento 
e o tempo. 
 
Soerguer templos 
é deter no tempo
o momento.
 
No poema
seja ponte seja templo
importante é o cimento
humano da construção.


[Ilustração: Margit Anna]

*Advogado, poeta
Prazeres etílicos têm o seu glamour https://bit.ly/3ybhGPJ

Infância travada

Não pode passar como algo normal milhões de crianças se tornarem cativas de youtubers e perderem tempo precioso da sua sociabilidade diante da tela do computador ou do smartphone. Tornam-se solitárias e individualistas e atrasadas em seu desenvolvimento cognitivo.

Arte é vida: uma obra de Raul Córdula https://bit.ly/3VnqrBa

Arte é vida

 

Felice Casorati

Como se fosse necessário adoecer https://bit.ly/3NshpAC

SBPC

SBPC: a Ciência tem pressa na reconstrução

Três ministros comparecem ao principal encontro dos cientistas brasileiros – o primeiro após os anos de obscurantismo. Presidente da entidade comemora, mas quer ação concreta: é preciso definir sem demora uma estratégia para a CT&I
Guilherme Arruda/OutraSaúde


 

Entre 23 e 29 de julho, nos espaços da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) promoveu sua 75ª Reunião Anual – a primeira desde o fim do governo mais anti-ciência da história do país. 

Organizado com o mote “Ciência e democracia para um Brasil justo e desenvolvido”, o evento contou com a presença de três ministros do governo Lula. Ao prestigiarem o encontro, Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Camilo Santana (Educação) e Nísia Trindade (Saúde) marcam a tentativa da atual gestão de se aproximar da comunidade científica, que contrasta com o negacionismo e a truculência da anterior.

“A SBPC é apartidária, sempre dialoga com os governos, independentemente das posições, quando é para falar de política com P maiúsculo – ou seja, dos interesses da ciência, do Brasil e da democracia. Mas é verdade que o governo anterior foi muito negativo, especialmente nos ministérios da Saúde e Educação. Eles não fizeram nada a favor e fizeram várias coisas contra”, opinou o presidente da SBPC e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro em entrevista ao Outra Saúde.

Mas para além da comemoração do fim de quatro anos de destruição nacional, um sentimento até mais presente nas mesas dos foi o de urgência da ação em prol da retomada. Ela envolve não só a retomada das condições de se fazer ciência no Brasil, mas o trabalho para transformar a face do país com essa ferramenta.

mesa com a ministra da Saúde foi uma das que abordou em mais detalhes as propostas do governo para essa reconstrução. Com o título de “Ciência, saúde e democracia: um projeto para o Brasil”, a intervenção de Nísia Trindade abarcou temas como os impactos da pandemia, a reconstrução do papel da ciência e tecnologia no MS, o financiamento de pesquisas estratégicas para o SUS e o fortalecimento do complexo industrial da saúde. A ministra também propôs a criação de um memorial das vítimas da covid-19.

Em comentário sobre a participação de Nísia, Janine Ribeiro avaliou que a ministra “é uma pessoa que conhece muito bem as questões da saúde e associa as qualidades de pesquisadora às de gestora”. Ele relatou também que o diálogo da SBPC com o ministério tem sido bastante fluido. O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do ministério, Carlos Gadelha, é interlocutor de longa data da Sociedade, e está especialmente empenhado nesse movimento.

Um momento menos vistoso da reunião foi a conferência do ministro Camilo Santana, da Educação. Sua fala concentrou-se em uma exposição sobre o desmonte dos últimos anos, sem apresentar novidades relevantes,  As medidas apresentadas para a correção dos problemas foram de ordem genérica, pouco criativas, além de não abordarem uma das polêmicas mais acesas em seu campo: a revogação ou não da “reforma” do Ensino Médio.

Já o discurso da ministra Luciana Santos trouxe mais detalhes sobre a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, convocada pelo governo federal em decreto publicado no último dia 14. Das quatro edições anteriores do evento, três ocorreram nos governos de Lula – em 2004, 2006 e 2010 –, com as duas últimas sendo presididas pelo então ministro Sérgio Rezende. A ministra anunciou o retorno de Rezende à Conferência, na condição de secretário-geral de sua próxima edição.

A retomada da Conferência é considerada bem-vinda pela SBPC, mas Janine alerta que o governo não pode descansar nem por um segundo até lá. “A Conferência vai ocorrer quase na metade do mandato; o ministério não pode esperar por ela para definir suas políticas”, alertou o presidente da SBPC, que também apontou duas questões que não podem passar batido pelo encontro.

A primeira é a criação de uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. “A atual já venceu”, ele lembra, “e é preciso definir quais são os principais pontos em que o Brasil quer ter excelência e quais serão os atores desse processo”. O argumento da especialização já havia sido defendido por Janine e outros na mesa promovida pela Fiocruz no evento, “Ciência, tecnologia e inovação em em defesa da vida”.

Nela, o presidente da SBPC debateu com Helena Nader (Academia Brasileira de Ciências – ABC) e Pedro Wongtschowski (Mobilização Empresarial para a Inovação – MEI). Concluíram que o Complexo Industrial da Saúde é uma das iniciativas a partir das quais o país pode, com orientação e execução corretas, tornar-se uma liderança econômica e de inovação.

A segunda questão é a ordenação de um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), acrescentou Janine Ribeiro. Desde 2016, está prevista a edição de uma lei federal que disponha sobre suas normas, e quase nada andou nesse sentido. O filósofo considera que “a definição detalhada tem que ser feita ainda esse ano” para que seja debatida em detalhes até a Conferência do ano que vem.

A participação da ministra da Ciência e Tecnologia na Reunião Anual da SBPC também ficou marcada pelo anúncio do investimento de R$ 3,6 bilhões em recursos para o Pró-Infra, o Programa de Recuperação e Expansão da Infraestrutura de Pesquisa Científica e Tecnológica em Universidades e Instituições de Ciência e Tecnológica. 

Segundo Luciana Santos, os editais da Finep que distribuirão esses recursos oferecerão R$ 300 milhões para “a consolidação e expansão da infraestrutura de pesquisa nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste” e R$ 500 milhões para a construção de “infraestrutura focada em temas prioritários para o desenvolvimento nacional”, como “saúde, defesa, transição energética, transição ecológica e transformação digital“.

As medidas anunciadas por ela sugerem passos em direção a um objetivo – não necessariamente compartilhado por todo o governo – de dar ao momento de reconstrução nacional um sentido mais amplo e ousado. Não se trata apenas de retorno à normalidade democrática, mas de convite à soma de esforços por um Brasil socialmente justo, economicamente desenvolvido e cientificamente soberano.

Janine acredita que a SBPC pode e deve fazer parte desse movimento. “A SBPC tem 170 sociedades científicas afiliadas. Isso dá um poder de articulação muito grande. Queremos fazer a discussão política e de pesquisa científica, temos essa legitimidade e esse conhecimento para contribuir para essa discussão”, afirmou.

Traçando um balanço geral do evento, Janine Ribeiro acredita que “a reunião foi bem-sucedida”. Em sua visão, “o ambiente foi muito eufórico, muito alegre, tivemos três ministros aqui, inclusive os titulares das pastas com maior orçamento no governo brasileiro [Saúde e Educação], e 15 mil crianças e adolescentes passando pelo campus, para ver os estandes”.

Enquanto sociedade, “o Brasil está realmente apostando de novo na ciência”, concluiu.

Ministério da Ciência e Tecnologia reajusta em até 94% as bolsas do CNPq https://tinyurl.com/2kystr4t

Trambique explícito

Bolsonaro usou doações de pix para fazer investimentos em renda fixa

Doações a Bolsonaro se referem “provavelmente” à campanha para pagar multas recebidas durante seu mandato presidencial
André Cintra/Vermelho


 

O pretexto era levantar recursos para, supostamente, ajudar Jair Bolsonaro a financiar sua defesa frente aos processos judiciais de que era alvo. Mas o ex-presidente percebeu que a “vaquinha” poderia ajudá-lo a faturar milhões e investiu todo o valor – R$ 17 milhões doados via pix – em investimentos de renda fixa.

A denúncia foi feita pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e divulgada pelo jornal O Globo. Segundo o veículo, as doações a Bolsonaro se referem “provavelmente” à campanha para pagar multas recebidas durante seu mandato presidencial. Mas o destino do dinheiro está longe de ser para esses fins.

“O relatório mostra que o aporte milionário se deu em títulos de Certificado de Depósito Bancário (CDB) e RDB (Recibo de Depósito Bancário), duas das principais modalidades de investimentos de renda fixa. Em linhas gerais, a valorização, neste tipo de transação, ocorre atrelada à taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 13,75% ao ano”, diz O Globo.

Bolsonaro foi multado por não usar máscara de proteção em São Paulo durante as fases mais críticas da pandemia de Covid-19. Como o ex-presidente não pagou as multas, a Justiça pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), uma vez acionada, estipulou as multas.

O PCdoB na consolidação do desempate com a direita https://bit.ly/3pakprB


Pesquisa aeroespacial

MCTI e Finep destinam R$ 360 milhões para setor aeroespacial

Para ministra Luciana Santos, projetos levarão à conquista da autonomia tecnológica do Brasil em setores que atuam na ponta da pirâmide de agregação de valor e terão impacto para além da cadeia aeroespacial
Vermelho www.vermelho.org.br 


 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Finep anunciaram nesta sexta-feira (5), em São José dos Campos (SP), R$ 360 milhões para o desenvolvimento de projetos estruturantes da indústria aeronáutica e espacial do Brasil. Os recursos são de subvenção econômica à inovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e, portanto, não reembolsáveis. Um dos contratos, assinado com a Visiona Tecnologia Espacial S.A no valor de R$ 219 milhões, representa o maior valor em subvenção econômica concedido pela Finep em toda a sua história. O segundo maior, de R$ 120 milhões, foi firmado com a empresa Embraer.

Os contratos foram assinados pela ministra Luciana Santos durante evento em comemoração aos 30 anos da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB).

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“Os recursos que anunciamos são destinados ao desenvolvimento de projetos estruturantes e estratégicos, que levarão à conquista da autonomia tecnológica do Brasil em setores que atuam na ponta da pirâmide de agregação de valor”, disse a ministra.

Segundo ela, os projetos vão desenvolver tecnologias para aviação do futuro, que envolvem temas como eletrificação e automação, e um satélite óptico de alta definição, que poderá ser utilizado para monitoramento e vigilância de florestas, rios e mares, proteção de terras indígenas, defesa e segurança pública. “É assim, investindo em tecnologia e inovação e acreditando na indústria brasileira que encontraremos as soluções para os nossos problemas e ampliaremos a competitividade da nossa economia”, acrescentou a ministra.

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Ela explicou ainda que os investimentos na indústria aeroespacial têm repercussões para além do setor, como na educação e na formação de mão de obra especializada. “Ao criar demanda por profissionais especializados, os incentivos à indústria aeroespacial estimulam as universidades e centros de pesquisa a produzir conhecimento. Além disso, criam oportunidades para novas startups e empresas de tecnologia de pequeno e médio porte, gerando emprego de alta qualidade e reduzindo a fuga de cérebros”, ressaltou.

De acordo com o diretor de Inovação da Finep, Elias Ramos de Souza, o apoio a projetos estruturantes do setor aeroespacial brasileiro demonstra o compromisso da Finep com a reindustrialização do país, baseada em inovação. “Desta forma, é possível elevar a competitividade mundial da nossa indústria aeronáutica e garantir a soberania nacional em tecnologias espaciais estratégicas”, disse. (Com informações Ascom MCTI)

O mundo gira. Saiba mais  https://bit.ly/3Ye45TD

Menor dependência do dólar

Uso do yuan em transações aumentará presença da China no Brasil e reduzirá dependência do dólar

Diário do Povo online

 

O anúncio por parte do governo brasileiro de que permitirá a realização de transações internacionais em yuan, a moeda chinesa, deve aumentar a presença da China tanto no Brasil como na América do Sul e reduzir a importância do dólar na região, segundo explicaram economistas brasileiros à Xinhua.

Para a professora de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Cristina Pinto de Melo, "o yuan já vem ampliando bastante sua atuação, e acredito que o importante é ter uma demanda maior de yuans. Para isso, se necessita fortalecer o mercado de títulos em yuans, um mercado que tenha liquidez, no qual as pessoas possam fazer investimentos, aplicações e composição de reservas internacionais. Desta forma, se aumenta significativamente a posição do yuan no mercado mundial".

Segundo ela, "com a China aumentando bastante sua participação no mercado internacional e nos mercados locais, há um maior interesse na demanda por esta moeda para facilitar uma ferramenta de intercâmbio, porque isso barateia as trocas internacionais, mas é fundamental que esteja acertado no mercado de títulos, com bastante liquidez e fortalecido", destacou.

Para o professor de Economia, Administração e Contabilidade Paulo Roberto Feldmann, o uso do yuan no Brasil e países sul-americanos tem toda a lógica do mundo, visto que a China é há alguns anos o maior parceiro comercial da maioria dos países da região e prognosticou que o yuan pode se converter na principal moeda de intercâmbio na região.

"A China é o maior parceiro internacional do Brasil e de vários países da América do Sul há muitos anos. Isto significa que boa parte das transações de compra e venda poderiam ser feitas em yuans, ou melhor, já podem ser feitas, porque é uma moeda muito utilizada na América do Sul. Não vejo nenhum problema para que isso cresça mais e deverá crescer, porque o comércio entre a América do Sul e a China tende a crescer muito, assim como os investimentos chineses na América do Sul também têm crescido muito", ressaltou.

Segundo Feldmann, "a China é um dos maiores investidores no Brasil, as empresas chinesas têm investido muito no Brasil e isso significa mais yuans chegando ao país. Isso significa que quando houver muita moeda chinesa no Brasil e na América do Sul, é possível que se transforme na principal moeda de intercâmbio entre os países, é uma grande possibilidade", destacou.

O economista brasileiro ressaltou que "a visita do presidente Lula à China deixou claro que teremos uma aproximação entre Brasil e China no uso da moeda. Creio que agora foi criado um caminho para que isso aumente cada vez mais, não vejo obstáculos para que ocorra, o que se necessita é que a China negocie cada vez mais, compre cada vez mais produtos na América do Sul, venda também e, principalmente que invista nos países sul-americanos, de preferência, em infraestrutura", comentou.

Para o politólogo Paulo Niccoli Ramírez, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o uso do yuan por parte de países sul-americanos é toda uma ruptura da dependência que esses países tiveram historicamente com os Estados Unidos.

"É uma ruptura do que no Brasil e na América Latina chamamos de teoria da dependência. O Brasil sempre foi muito dependente dos países do norte, ou seja, das potências econômicas europeias e dos Estados Unidos, fazendo com que boa parte das relações econômicas e diplomáticas brasileiras levassem o Brasil a ser um mero dependente passivo das decisões das grandes potências. Desde que Lula assumiu a Presidência, há uma retomada de uma política, uma geopolítica que chamamos Sul-Sul, ou seja, tentar traçar novas relações diplomáticas e comerciais entre os países em desenvolvimento", comentou.

"Isto faz parte da diplomacia e das relações econômicas brasileiras, buscar alternativas que reduzam a dependência do Brasil em relação às grandes potências econômicas, sobretudo os Estados Unidos. Um dos princípios foi usar exatamente a moeda chinesa para traçar relações comerciais, primeiro diretamente entre Brasil e China. A Argentina fez a mesma coisa com a China, e a partir de agora também terá produtos exportados e importados relacionados com a moeda chinesa", comentou Ramírez.

Outro dos motivos da decisão é que "a balança comercial brasileira é favorável em relação aos Estados Unidos em US$ 40 bilhões, mas com a China, é de US$ 90 bilhões. O Brasil exporta muitos produtos do agronegócio e, em contrapartida, importa dos chineses produtos de base tecnológica. Isso fez com que a diplomacia brasileira entendesse que é possível romper com o padrão dólar e estabelecer a moeda chinesa como mecanismo de relações comerciais", concluiu.

O mundo cabe numa organização de base https://bit.ly/438Sl6A

China pesquisa rajadas rápidas de rádio

A observação multibanda do FAST revela mecanismos de erupções de rajadas rápidas de rádio

Leng Shumei/Global Times


O mais novo projeto de pesquisa conjunta executado por cientistas chineses e internacionais conduzidos por meio do telescópio de rádio esférico de abertura de 500 metros da China (FAST), também conhecido como "China Sky Eye", revela a possível existência de diferentes mecanismos físicos entre rajadas de rádio rápidas (FRBs). ) er upções e radiação de pulsar de rádio, o Global Times aprendeu com a Academia Chinesa de Ciências (CAS). 

FRBs são geralmente rajadas de rádio extremamente brilhantes de nível de milissegundos de outras galáxias no universo profundo. Radiotelescópios em todo o mundo descobriram centenas ou até milhares dessas explosões, com dezenas delas se repetindo. O FAST conduziu uma série de observações aprofundadas sobre FRBs, revelando algumas de suas características de energia e propriedades de polarização. No entanto, os mecanismos específicos e a origem dos FRBs ainda são uma das direções de pesquisa mais quentes no campo da astrofísica, de acordo com um comunicado do CAS enviado ao Global Times na segunda-feira.   

Com o apoio do projeto FAST de pesquisa de FRBs e prioridade de observação multibanda, cientistas do Observatório Astronômico Nacional Chinês, da Universidade de Pequim, da Universidade de Nevada e do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Universidade Normal de Pequim realizaram um estudo que enfocou na observação multibanda da fase de radia&cc edil;ão do pulsar de rádio do Hanoi Fast Radio Burst Magnetar SGRJ1935+2154. 

Ao comparar a radiação pulsar com sua fase de perfil de radiação de raios-X, a equipe descobriu que a distribuição de fase das erupções FRB é diferente da dos pulsares, com FRBs ocorrendo em uma fase mais aleatória. Este trabalho revela a possível existência de diferentes mecanismos físicos entre as erupções FRB e a radiação do pulsar de rádio, lê-se no comunicado. 

Os resultados foram publicados na revista científica internacional Science Advances no sábado. 

SGRJ1935+2154 é um magnetar localizado na Via Láctea. Ele experimentou uma explosão de magnetar em 28 de abril de 2020, e uma explosão de rádio muito brilhante deste magnetar foi capturada por radiotelescópios terrestres. A rajada de rádio deste magnetar atingiu o brilho de certas FRBs extragalácticas, tornando-se o primeiro fenômeno conhecido de FRB dentro da Via Láctea. Desde 2020, este magnetar experimentou esporadicamente várias rajadas de rádio mais brilhantes semelhantes a FRBs. Essas rajadas de rádio extremamente brilhantes dos magnetares fornecem informações importantes para o estudo dos mecanismos por trás dos FRBs, de acordo com o CAS.

Em outubro de 2020, a equipe principal prioritária do FAST conduziu um monitoramento de um mês do SGR J1935+2154 e detectou com sucesso a radiação de pulso único pulsar desta fonte. Embora seja cerca de 10 ordens de magnitude mais fraca do que os FRBs, a radiaç&ati lde;o da fase do pulsar do rádio dessa fonte exibe boa regularidade, com a região de geração do pulso respondendo por menos de 7% da fase rotacional total. Além disso, por meio de observações simultâneas de raios-X, a equipe descobriu que a radiação da fase do pulsar de rádio é oposta à fase de pico do perfil de raios-X. 

Isso é diferente da distribuição de fase de outras rajadas do tipo FRB, que tendem a ser distribuídas aleatoriamente. Esta descoberta sugere que o mecanismo de geração de rajadas rápidas de rádio é provavelmente diferente da radiaç&atil de;o pulsar. Eles podem ocorrer durante processos explosivos que podem romper a estrutura estável do campo magnético, aparecendo assim em várias fases rotacionais. Esta conclusão é de grande importância para entender e estabelecer o mecanismo por trás dos FRBs, e também pode explicar por que os FRBs repetidos raramente mostram uma periodicidade de spin significativa.

Como a enorme extração de água subterrânea está deslocando o eixo da Terra https://tinyurl.com/4ctvw5uv

Enio Lins opina

Um Brasil de população quilombola se apresenta

Enio Lins*

 

Ontem, notícia comum em boa parte da mídia dava conta do tamanho da “população quilombola” existente no Brasil, e que se reconhece como tal. Uma das reportagens mais interessantes sobre essa pauta está n’O Globo.

Reportagem que pode ser lida no site globo.com [https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/07/27/censo-do-ibge-a-cada-10-municipios-do-brasil-3-tem-moradores-quilombolas-veja-mapa-e-consulte-sua-cidade.ghtml] e que traz dados claros, e não tece juízo de valor.

Uma das questões mais importantes desta pesquisa, baseada nos dados do Censo 2022, realizado pelo IBGE, é exatamente esse gesto de autorreconhecimento como “quilombola” (individual e coletivamente).

Reconhecer-se como pessoa preta, negra, afrodescendente, é atitude de grande importância num país que sempre procurou esmagar a compreensão do racismo, forçando seu mascaramento em benefício de um inexistente “Brasil sem preconceito”.

Segundo os dados IBGE/2022, “mais de 30% das cidades do país têm moradores quilombolas”, o que conforma cerca de “1,7 mil cidades em todas as regiões, em quase todos os estados”. É a primeira vez que essa questão é colocada num censo.

Por esse estudo, existem 1,3 milhão de pessoas “que se identificam como quilombolas” o que “corresponde a 0,65% da população total” brasileira. E mais, 70% das comunidades que se identificam como quilombolas estão no Nordeste.

Menos nos estados de Roraima e Acre, todas as unidades da federação brasileira possuem populações que se veem como quilombolas, com destaque para Maranhão e Bahia, que concentram 50% do número dessas comunidades.

Esses núcleos não devem ser confundidos com os quilombos guerreiros existentes durante o período escravocrata e que foram focos de resistência e luta contra a escravidão, como no caso dos Palmares (+1580/1694) – o mais famoso e extenso de todos.

Os atuais quilombos, reconhecidos como tal na Constituição de 1988, formaram-se principalmente a partir da Lei Áurea (1888) quando, sem ter para onde ir e desassistidas, levas de pessoas ex-escravizadas buscavam sobreviver juntas.

Esse autorreconhecimento ganha, pela primeira vez, números. Trata-se de acontecimento muito importante. Ao invés de concluir, abre um novo momento de conhecimento étnico/social, de pesquisa, e de autoconhecimento do Brasil real.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

A desafiante agenda do governo Lula https://bit.ly/3ZNEz7p 

Humor de resistência: Miguel Paiva

 

Miguel Paiva

O lugar do PCdoB na frente ampla https://bit.ly/40vTfZh


Minha opinião

A mídia quer governar sem votos
Luciano Siqueira

 
É o que eu disse ontem em vídeo curto no Instagram https://bit.ly/3KnWz3M e no Facebook: a grande mídia monopolizada e a serviço do mercado financeiro realiza verdadeiro cerco ao governo Lula.
 
Tudo o que parecer contrário ao figurino neoliberal é alvo de crítica.
 
Basta ver o alarido criado em torno da escolha do economista, professor universitário e pesquisador Márcio Pochmann para a direção do IBGE https://tinyurl.com/5y3mskra .
 
São empresas midiáticas que cumprem múltiplos papéis — inclusive o que cabe aos partidos políticos.
 
Querem governar sem o voto, que não receberam para tanto.
 
Agora já anunciam uma futura nova reforma ministerial a acontecer, segundo proclamam, até a virada do ano!
 
Entretanto, o presidente Lula acumula experiência suficiente, maturidade e habilidade política para não se permitir esse cerco.
 
E, na medida em que as várias políticas públicas de sólida base social vão progredindo, cresce o apoio popular ao governo — a melhor vacina contra a pressão midiática neoliberal.
 
Sigamos na luta.

O significado da nota da Fitch Ratings sobre a economia brasileira https://tinyurl.com/224pe2ha

Gastos suspeitos

Os militares foram muito beneficiados por Bolsonaro, mas não sabia que tivessem chegado a ganhos de 3,2 milhões  num semestre como conseguiu o coronel Mauro Cid, segundo demonstração do relatório da Coaf.

Sylvio Belém

O significado da nota da Fitch Ratings sobre a economia brasileira https://tinyurl.com/224pe2ha

Arte é vida

 

Chris Cysneiros

Arte é vida: uma obra de Raul Córdula https://bit.ly/3VnqrBa

Inovação e pesquisa

Luciana Santos quer mais empresas na Lei do Bem

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação defende que mais empresas e o Brasil elevem a participação em inovação e pesquisa
Murilo da Silva/Vermelho


 

Ao que depender da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos (PCdoB), os incentivos para empresas em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) deverão ser ampliados.

“Somos o 11º país em número de publicações acadêmicas, a 12ª economia mundial, mas ocupamos a 54ª posição no índice global de inovação. É essa distorção que queremos corrigir”, disse Luciana no evento “Lei do Bem: oportunidades e desafios”, promovido pelo ministério na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), na segunda-feira (8).

Na ocasião foi lançado o formulário utilizado pelas empresas que se utilizam da Lei do Bem, principal instrumento de incentivo ao investimento privado em PD&I. 

Leia também: MCTI e Finep destinam R$ 360 milhões para setor aeroespacial

Segundo a ministra, a Lei do Bem, que foi implementada em 2005 e já destinou mais de R$ 170 bilhões para inovação nas empresas, deve ser ampliada pelo do Projeto de Lei (PL) 4944/2020, em tramitação no Congresso Nacional.

Luciana defende que o PL seja aprovado para que mais empresas possam usufruir dos incentivos como forma de ampliar a participação nacional em ciência e, consequentemente, inovação. Isto equalizaria a discrepância atual do posicionamento do país na economia e produção acadêmica em relação à inovação, medida em rankings internacionais.

 

A ampliação do número de participantes é um dos objetivos do ministério. Conforme explicou o coordenador-geral de Mecanismos de Apoio à Inovação do MCTI, José Afonso Cosme Junior, serão realizados encontros regionais e campanhas de divulgação para que mais empresas se tornem “inovadoras”. Estima-se que até 43 mil empresas possam ser atendidas.

Leia também: Ministra quer parceria com BNDES para ampliar controle de desastres naturais

Caso o PL 4944 seja aprovado esta missão será mais fácil, uma vez que, entre outros aspectos, a alteração na Lei do Bem permitirá que empresas em situação de prejuízo fiscal também tenham acesso aos incentivos, compensando os valores futuramente.

Lei do Bem

De acordo com o MCTI, a Lei do Bem está presente em todas as áreas da economia, sendo que os setores de software, mecânica e transporte, química/petroquímica e alimentos são os que possuem as maiores participações. Tem acesso aos incentivos em PD&I as empresas sob regime de tributação do Lucro Real que desde 2005, ano de criação da Lei, já tiveram R$ 170 bilhões em benefícios. Segundo a pasta, a cada R$ 1 de renúncia fiscal, R$ 4,6 são investidos em inovação pelas empresas.

O significado da nota da Fitch Ratings sobre a economia brasileira https://tinyurl.com/224pe2ha

Seleção brasileira feminina

Se melhorar um pouco, seleção terá chance de avançar e ser campeã

Não foi desta vez que Brasil conseguiu bater a França, mas time ainda pode ir longe na Copa do Mundo feminina
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Antes da partida contra a França, a treinadora Pia enfatizou nas entrevistas que a seleção brasileira feminina, que nunca tinha ganhado da França, estava pela primeira vez em condições de vencer, pelo equilíbrio técnico. Não foi desta vez. A França foi um pouco superior na vitória por 2 a 1. Apesar da derrota, tive a impressão de que, se melhorar um pouco, a seleção brasileira terá chance de avançar e ser campeã. Por que não?

Assim como acontece nas grandes partidas entre times masculinos, a pressão para recuperar a bola era intensa pelas duas equipes, um pouco mais pela França. No primeiro tempo, o Brasil ficou pouco com a bola. No segundo, diminuiu a marcação nos dois times e o jogo foi melhor, com mais chances de gol para as duas seleções.

O ideal no futebol masculino e feminino é unir a forte marcação para recuperar a bola em todo o campo com a troca de passes, a posse de bola, a inventividade e a fantasia das jogadoras e jogadores. O jogo fica mais bonito e eficiente.

A PASSAGEM DO TEMPO

Como diz uma das mais belas músicas do filme "Fados", dirigido por Carlos Saura, não é o tempo que passa, nós é que passamos.

Alguns veteranos que brilham no futebol brasileiro, como Renato Augusto, Fernandinho, Suárez, Filipe Luís, Marcelo e outros, ainda não terminaram suas passagens pelo futebol. Eles se destacam porque sempre foram excelentes, porque estão em boa forma física ou por causa do nível inferior das equipes brasileiras em relação aos melhores times do mundo. Deve ser por tudo isso.

Por outro lado, contratar jogadores veteranos caríssimos, bastante conhecidos no futebol mundial, como James Rodríguez pelo São Paulo, mesmo com uma idade menor (32), é um risco, ainda mais que há um bom tempo ele não se destaca em nenhuma equipe. Saber contratar bem é uma das principais qualidades de um clube.

Todos os veteranos citados que brilham no futebol brasileiro atuaram em Copas do Mundo, mas não foram campeões, o que não diminui em nada o brilho de suas carreiras. Por detalhes, instantes, o intervalo entre uma batida e outra do coração, mudam-se os resultados e as histórias de um campeonato e de nossas vidas.

Renato Augusto pegou pouco na bola na vitória do Corinthians sobre o São Paulo por 2 a 1 e fez dois belíssimos gols. Fora os três gols, o jogo foi fraco. O São Paulo dominou a partida, trocou muitos passes, mas não finalizou nem entrou na área. O Corinthians não trocou passes, não avançou, mas ganhou graças a dois lances isolados. Já Grêmio e Flamengo fizeram um jogaço. Filipe Luís mostrou mais uma vez técnica, lucidez e inteligência coletiva.

Se Fernandinho não tivesse participado de lances importantes dos jogos que eliminaram o Brasil nas Copas de 2014 e 2018, seria hoje muito mais celebrado do que é, ainda mais que foi destaque por longo tempo no Manchester City, um dos grandes do futebol mundial. Marcelo, no Fluminense, une a técnica e a fantasia que no Real Madrid encantaram o mundo por muito tempo.

Após a contratação de Suárez, o Grêmio melhorou bastante, embora ele tenha jogado mal contra o Flamengo. Suárez formou com Messi e Neymar no Barcelona um dos maiores trios de ataque do futebol mundial.

Qual é o segredo da longevidade desses talentos? Como dizia o mestre e jornalista Fernando Calazans, o segredo é que eles sabem jogar futebol.

"O custo de um pequeno gesto" - uma crônica sobre a indiferença https://tinyurl.com/27mvmzdw

30 julho 2023

Minha opinião/crônica

Uma bela águia à mesa
Luciano Siqueira

 
É um desses restaurantes de auto-serviço (opa! tenho que escrever self service) onde a comida é boa e variada e não é cara.
 
Mais: as mesas são dispostas de tal modo que é possível comer e observar os comensais. 
 
Esse hábito eu trago desde a adolescência: prestar atenção às pessoas em ambientes públicos imaginando-as bichos, aves em particular, ou personagens de uma peça ou de um filme.
 
Ate figuras complexas como Abelardo I e Abelardo II, de o Rei da Vela, de Oswald de Andrade, ja "vi" em longa espera no salão de embarque do Aeroporto de Congonhas. 
 
Também estive cara a cara com Capitu, personagem de Machado de Assis em "Dom Casmurro", por sinal lindíssima.
 
Agora, aqui no restaurante, ela — a jovem que observo a uma distância de quatro metros — lembra uma delicada águia. É o que me veio à mente apesar da minha ignorância sobre águias, pois nem sei se elas podem ser delicadas ou não.
 
Mas não são os traços fisionômicos afilados, digamos assim, que atraem a minha atenção. É a sua capacidade de expressar no rosto se não exatamente o que diz, a emoção que experimenta.
 
Pois entre uma garfada e outra, dirige-se à amiga com quem divide a mesa, não sei se contando uma história ou discorrendo sobre a personalidade de alguém naturalmente ausente.
 
Sim, ela parece falar de alguém "pelas costas", como se dizia no século XX.
 
E bom sujeito (o sujeita?) certamente não é, pois a jovem falante exibe expressões de indignação, ironia ou mesmo desprezo.
 
Ora os olhos parecem saltar do rosto, quando se esforça para enfatizar o que diz; ora comprime os lábios...
 
Agora a águia deu um intervalo e escuta as ponderações da amiga. Observo, enfim, que se trata mesmo de uma bela mulher, cujos traços fisionômicos se transformam ao calor da emoção.
 
Controlasse o que sente, bem que permaneceria bonita mesmo quando indignada.
 
Em entrevista, a atriz Fernanda Torres disse observar atentamente as pessoas nos vários ambientes que frequenta e se vale do que viu ou imaginou perceber para compor futuros personagens.
 
Não sou ator, mas confesso que aprendo muito ao observar atentamente as pessoas no meu entorno — mesmo quando desconhecidas e à distância.
 
Afinal, a luta politica a que me dedico há décadas é de gente que trata, tendo a felicidade coletiva como horizonte desejado.

Termino o almoço e saio do restaurante me sentindo devedor da bela águia capaz de traduzir a natureza humana em mutantes expressões faciais.

[Ilustração: Van Gogh]

"O custo de um pequeno gesto" - uma crônica sobre a indiferença https://tinyurl.com/27mvmzdw

Palavra de Alice

Alice, minha neta, 10 anos completados hoje, ao assistir Barbie:

— Teve uma hora que não foi feminista. 

— Por que? 

— Porque parecia que as mulheres eram melhores que os homens. Feminismo é igualdade.

A vida a cores e em branco e preto https://bit.ly/3Ye45TD

Leitura comentada: "100 anos da Revolução Russa"

  
Primeira edição do quadro "Leitura comentada", por Osvaldo Bertolino, na TV Grabois. Será sempre uma dica de leitura muito oportuna - para compreender a História e a luta atual.

Vozes diferenciadas no arco-íris do governo Lula https://bit.ly/3pDwWDO

29 julho 2023

Projeto estratégico

Notas sobre a ferrovia Transnordestina
Fernando Teixeira*/Diário de Pernambuco



É indiscutível a relevância do papel das ferrovias na história das nações. Que o digam a escala e a velocidade do progresso norte-americano no transcurso dos séculos XIX e XX, notadamente a partir de 1830, quando os EEUU adotaram o transporte ferroviário como peça-chave de seu crescimento socioeconômico.

Em terras brasileiras, a presença dos trilhos e das locomotivas também inicia-se no século XIX, com a instalação, em 1854, dos 14 Km da estrada de ferro Mauá (Porto de Mauá – Fragoso), no Rio de Janeiro, um acontecimento, à época, que traduzia o prenúncio de uma trajetória exitosa do setor ferroviário, mercê de esperados reflexos positivos sobre a vida nacional.

De 1854 a 1960, ainda que em marcha nem sempre pacífica, é verdade que o Brasil alcançou o respeitável patamar de reunir cerca de 38 mil Km de trilhos implantados. Infortunadamente, um período logo sucedido por agudo declínio, no arrasto quer da escassez de investimentos, quer da deficiente gestão das redes ferroviárias, quer da desmedida ênfase atribuída ao segmento rodoviário nos anos de 1960 em diante.

Nas últimas seis décadas, aliás, a atrofia sofrida pela estrutura ferroviária, vis-à-vis ao aumento quantitativo das rodovias, exterioriza não só o improducente antagonismo criado entre dois particulares sistemas, mas, no geral, o descompromisso com a racionalidade, com a busca do equilíbrio e da relação complementar e inteligente entre os modais de transporte conhecidos, fatores esses altamente necessários em um país de dimensões continentais e de geografia tão diversificada como é a do Brasil. E todos sabemos, o Nordeste foi atingido em cheio por esse infausto movimento de atrofia, marcado, sobretudo, pelo veloz sucateamento de suas estradas de ferro e respectivos maquinários.

São aspectos de um problema que nos dias atuais reclama soluções urgentes, tal qual como suscita a lide com o caso específico da Transnordestina, projeto em que se vê possibilidades concretas de integração territorial, de fomento de fluxos comerciais, de elevação da competitividade de bens e serviços; ou por outra, um empreendimento que, uma vez bem conduzido, se constituirá em fato portador de futuro para o Nordeste, moldado a corrigir, em matéria de infraestrutura de transporte, muitas das distorções nacionais herdadas pela região.

Não cabe, portanto, encarar a Ferrovia Transnordestina de outro ângulo senão na conta de autêntica política de desenvolvimento regional, desta forma a requerer atenção e tratamento diferenciados, a mais do empenho absoluto de todas as instituições envolvidas com o projeto. E foi essa inspiração, há de se supor, a causa primeira que influenciou decisivamente a formalização do contrato de concessão datado de dezembro de 1997, cujo escopo era, deflagrar ações de recuperação, operação e manutenção da antiga malha da Rede Ferroviária Federal do Nordeste S/A. A rigor, a partir da concessão, almejavam-se intervenções capitaneadas pela iniciativa privada, munidas da capacidade tanto de ampliar e fortalecer elos econômicos entre cidades-polo, capitais e portos dos estados nordestinos, quanto de consolidar a interligação dos mesmos com a Região Sudeste, atravessando Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, conectando-os, afinal, à Região Sul.

O espírito original do projeto continua aceso, a despeito das dificuldades havidas nos anos que se seguiram a 1997, a começar pelo abandono da antiga malha da Rede Ferroviária Federal do Nordeste – S/A. Entre demais percalços, incluem-se: a proposta da Transnordestina Logística S/A – TLSA, em 2013, visando ao seccionamento da rede estabelecida no contrato de concessão; em 2017, a recomendação do Tribunal de Contas da União – TCU em defesa do bloqueio da aplicação de recursos públicos no empreendimento; em 2019, por medida da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o pedido de caducidade do próprio contrato de concessão; recentemente, em dezembro de 2022, o controverso Primeiro aditivo firmado entre a ANTT e TLSA, restringindo as obras à malha Eliseu Martins (PI) – Salgueiro (PE) – Porto de Pecém (CE).

O aditivo pactuado em 2022 encerra uma escolha injustificável, porque sacrifica de modo cabal a ideia da integração entre estados nordestinos ao descartar o ramal Salgueiro – Porto de Suape, em Pernambuco. Registre-se, a propósito, que é precisamente este o ramal que detém melhores características no sentido de viabilizar a desejada conexão do Nordeste com os portos das regiões Sudeste e Sul, sobretudo em função das vantagens locacionais de Suape. Em resumo, ele serve aos dois grandes objetivos que sempre nortearam o projeto, isto é, a realização da coesão econômico – territorial interna e também a do intento da conexão regional com outras malhas e portos de influentes unidades federativas do país, como já ficou ventilado.

Se a hora é de afirmação da vontade política, fonte da determinação da sociedade de fazer da Transnordestina um investimento gerador de amplos e robustos aspectos socioeconômicos, outro rumo não existe a não ser o de retomar as bases e tratativas que desaguaram na concessão celebrada em 1997, reexaminando o processo, no seu todo ou em parte, se indispensável for. Nessa ordem de decisão, voltando as atenções para o Primeiro aditivo de dezembro de 2022, reintroduzir e priorizar o ramal Salgueiro – Suape no desenho da malha que, ao fim e ao cabo, poderá, inclusive, ser objeto de novo contrato de concessão ou autorização. Esse ramal, porquanto variável de peso em favor da redução do “Custo Nordeste”, é clausula incontornável para atender a outros tantos e elevados interesses do desenvolvimento regional.

No debate sobre a ferrovia que ora recomeça, que vença o bom senso; que prevaleça a solução ótima para o país e para o Nordeste. Nada mais, nada menos!


*Engenheiro, Presidente do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias de Pernambuco - FIEPE, Membro do Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria - CNI e Presidente Regional do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada e Infraestrutura - SINICON/PE.
O mundo gira. Saiba mais  https://bit.ly/3Ye45TD

No meu Twitter

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) flagrou movimentações financeiras "atípicas" e "incompatíveis com o patrimônio" nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro. Bronca pesada.

O caleidoscópico tempo presente https://bit.ly/3Ye45TD

Fotografia: cena urbana

 

Alain Laboile

De volta à Idade Média https://bit.ly/3bAk6iT


Mídia sem escrúpulos

A volta do jornalismo de esgoto e a guerra dos índices
Eles não temem a manipulação da estatísticas: temem o que as estatísticas podem mostrar.
Luis Nassif/Jornal GGN

 

Foi uma reestreia em grande nível da pior fase do jornalismo brasileiro: o jornalismo de esgoto, através do qual a mídia difundia as acusações mais inverossímeis visando estimular o estouro da boiada, o gado que atuava de maneira irracional nas grandes ondas de linchamento.

Lembrou as acusações de Cuba enviando dólares ao PT através de garrafas de rum, as FARCs invadindo o Brasil, a ABIN espionando o Supremo, Ministros recebendo propinas nas garagens do Palácio, e factóides em geral.
 

Criaram um crime impossível e atribuíram a um “inimigo”, usando o recurso do “SE”, que suporta tudo. “Se minha avó fosse roda, eu seria bicicleta”, por exemplo.

O crime impossível: a manipulação dos dados do IBGE.

Como explicou Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e intelectualmente muito mais honesto que Edmar Bacha, outro ex-presidente, é impossível qualquer manipulação de dados no IBGE, devido à estrutura profissional dos funcionários do órgão.

A última manipulação ocorreu no período Delfim Netto, na primeira metade dos anos 70 – com plena aprovação do sistema Globo, que comanda o atual linchamento. Como reação, surgiram inúmeros outros índices, o do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas), o da FGV (Fundação Getúlio Vargas), da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da Universidade de São Paulo. Além deles, todas as grandes instituições financeiras montaram seus próprios levantamentos de preços.

Depois de criar o crime impossível, criaram o suspeito do “SE”: se o futuro presidente do IBGE, Márcio Pochmann, manipular as estatísticas, ocorrerá o mesmo que ocorreu com o IBGE argentino. E “se” Pochmann não manipular as estatísticas? Aí perde-se o gancho.

O que poderia ser uma crítica técnica ao pensamento de Pochmann, tornou-se um caso de linchamento público desmoralizante para o jornalismo da Globo. Após a primeira suspeita lançada, seguiu-se um festival de ataques de jornalistas analfabetos econômicos, zurrando como sábios contra os estudos de Pochmann, sem a menor noção sobre o papel do IBGE ou sobre temas tratados por Pochmann e sobre a própria biografia de Pochmann, “acusando-o” de ter posições ideológicas. E Roberto Campos Neto? Esse tem posição técnica.

Cronista esportivo, coube a Milly Lacombe, da UOL, enxergar o rei nú: em um país em que a economia é dominada pela ideologia do mercado, as acusações a todos que não concordam com isso é serem “ideológicos”.

Em suma, um movimento que em nada ficou devendo aos movimentos do gado bolsonarista, as mesmas suposições sem base factual, o mesmo terraplanismo, a mesma intenção de fazer o gado pensar com o fígado.

Depois de um dia de ataques bárbaros, capitaneados por Miriam Leitão, restou uma única crítica válida: o anúncio do Secretário de Comunicação Paulo Pimenta, antecipando-se à Ministra do Planejamento Simone Tebet, uma grosseria, sem dúvida. E a soberba lição de civilidade de Tebet, quando cercada pelo gado setorista e indagada sobre o que achava das acusações sobre o crime impossível de Pochmann:

  • Já fui julgada muitas vezes na minha vida e não vou julgar ninguém sem conhecer os fatos.

A briga dos índices

Por trás dessa baixaria completa, está o receio da grande guerra pelos índices.

O ponto central da ideologia mercadista é vender o peixe de que todas as medidas beneficiando o mercado são “técnicas”, e não políticas.

A consolidação dessa ideologia se deu através do monopólio dos indicadores e pela exclusão de qualquer análise sistêmica sobre medidas econômicas.

Vende-se a ideia de que gastos públicos aumentam a inflação prejudicando os mais pobres. E se começarem a ser desenvolvidos trabalhos mostrando os efeitos das taxas de juros sobre o emprego e sobre a situação dos mais pobres?

Em pleno período de ataques aos aumentos do salário mínimo, o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) divulgou um estudo, com base no IBGE, mostrando que em mais de 50% das famílias, com um aposentado ou pensionista, eles eram o arrimo econômico. Ou seja, o aumento do salário mínimo beneficiou a saúde, pelo fato de ajudar a alimentar a família; a educação, permitindo às crianças entrar mais tarde no mercado de trabalho; a segurança, tornando as crianças menos suscetíveis às investidas do crime organizado.

E se o IBGE utilizasse seus levantamentos para analisar, por exemplo, as externalidades positivas dos investimentos públicos ou dos gastos sociais? Por exemplo: o dinheiro gasto em uma estrada reduziu em xis porcento as perdas com transporte e com carga, permitindo um ganho adicional de ypisilone para a economia brasileira.

Ou a visão sistêmica sobre os financiamentos do BNDES?  Hoje em dia, o mercado meramente compara os custos de financiamento do BNDES com a taxa Selic – e diz que a diferença é déficit público. E se forem incluídos nas contas as empresas criadas, os fornecedores, os empregos e o pagamento de impostos desse novo universo produtivo? Aí se poderia saber que, além de gerar empregos e investimentos produtivos, os financiamentos do BNDES ajudam na arrecadação fiscal. E seriam desmascaradas as análises rasas que sustentam muitos dos estereótipos econômicos que alimentam a mídia.

Em suma, há uma grande batalha ideológica em torno dos índices. O medo desse pessoal não é com a manipulação de índices, mas como a elaboração de novos índices, bem embasados academicamente, podendo comprometer a sua própria manipulação de conceitos. Eles não temem a manipulação da estatísticas: temem o que as estatísticas podem mostrar.

O significado da nota da Fitch Ratings sobre a economia brasileira https://tinyurl.com/224pe2ha