Nossos ídolos vistos de perto
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
Quem não idealiza a figura das
pessoas que admira e tem o desejo de conhecer pessoalmente?
Na dura militância clandestina, desde que ingressei no PCdoB, no início dos anos 70 — partido hoje quase centenário, de larga tradição de luta e combatentes lendários —, alimentava enorme vontade de conhecer nosso principal dirigente, João Amazonas.
Sequer conseguia mentalizar como seria a sua fisionomia então, dele conhecera apenas fotos antigas.
Foi quando o jornal Movimento publicou entrevista feita em Paris, ilustrada com a foto do velho dirigente, sorriso simpático, cabelos alongados e escorridos, totalmente brancos.
A foto me impressionou como se o estivesse vendo de perto, levando-me a supor tratar-se de um homem de porte mediano, fisicamente muito forte, postura imponente.
Até que numa reunião no Centro de Cultura Operária, em São Paulo, após a Anistia, finalmente o contato "ao vivo e a cores" se deu.
Na reunião, a que compareci com Alanir Cardoso, estavam José Duarte, Dynéas Aguiar (também velhos dirigentes), João Amazonas e Renato Rabelo (dirigente da nova geração). O tempo presente se confundia com a História!
Dentre os mais antigos, antes, me impressionara Diógenes Arruda, que retornou ao Brasil antes de Amazonas, e esteve no Recife por uns quinze dias, e eu o acompanhei em várias conversas e pequenas reuniões. Exuberante, comunicativo, bigode denso, costeletas espessas, pródigo em falar sobre todos os assuntos, sobretudo sobre a História do Brasil e a trajetória do PCdoB.
A surpresa foi Amazonas: pequenino, de aparência fisicamente frágil, tímido e de uma simplicidade comovente. Ouvia atentamente, falava baixo, pausado, como se quisesse a um só tempo convencer e cativar o interlocutor. Porém um gigante na condução clarividente e firme do nosso Partido, parecendo-me assim bem "maior" do que eu imaginara.
Essa discrepância entre o imaginado e o real ocorre cotidianamente, às vezes de modo até divertido, entre nós outros simples mortais.
Na minha última campanha de deputado estadual, vitoriosa, mais de uma centena de militantes e ativistas concentrados numa das esquinas do Alto José Bonifácio, zona norte do Recife, aguardando o início de uma caminhada pelas ruas do bairro. Uma jovem se aproxima e pergunta:
— Quem é o deputado?
— É aquele ali.
— Virgem Maria, é muito mais feio do que parece no panfleto!
— Pois essa é a esposa dele, falou alguém próximo.
— Perdão, dona, não é bem isso que eu queria dizer...
— Tem problema não, ele sabe disso.
Pelo menos fica a certeza de que "tamanho não é documento" — feiura também não. Vale o que cada um pensa e faz.
Na dura militância clandestina, desde que ingressei no PCdoB, no início dos anos 70 — partido hoje quase centenário, de larga tradição de luta e combatentes lendários —, alimentava enorme vontade de conhecer nosso principal dirigente, João Amazonas.
Sequer conseguia mentalizar como seria a sua fisionomia então, dele conhecera apenas fotos antigas.
Foi quando o jornal Movimento publicou entrevista feita em Paris, ilustrada com a foto do velho dirigente, sorriso simpático, cabelos alongados e escorridos, totalmente brancos.
A foto me impressionou como se o estivesse vendo de perto, levando-me a supor tratar-se de um homem de porte mediano, fisicamente muito forte, postura imponente.
Até que numa reunião no Centro de Cultura Operária, em São Paulo, após a Anistia, finalmente o contato "ao vivo e a cores" se deu.
Na reunião, a que compareci com Alanir Cardoso, estavam José Duarte, Dynéas Aguiar (também velhos dirigentes), João Amazonas e Renato Rabelo (dirigente da nova geração). O tempo presente se confundia com a História!
Dentre os mais antigos, antes, me impressionara Diógenes Arruda, que retornou ao Brasil antes de Amazonas, e esteve no Recife por uns quinze dias, e eu o acompanhei em várias conversas e pequenas reuniões. Exuberante, comunicativo, bigode denso, costeletas espessas, pródigo em falar sobre todos os assuntos, sobretudo sobre a História do Brasil e a trajetória do PCdoB.
A surpresa foi Amazonas: pequenino, de aparência fisicamente frágil, tímido e de uma simplicidade comovente. Ouvia atentamente, falava baixo, pausado, como se quisesse a um só tempo convencer e cativar o interlocutor. Porém um gigante na condução clarividente e firme do nosso Partido, parecendo-me assim bem "maior" do que eu imaginara.
Essa discrepância entre o imaginado e o real ocorre cotidianamente, às vezes de modo até divertido, entre nós outros simples mortais.
Na minha última campanha de deputado estadual, vitoriosa, mais de uma centena de militantes e ativistas concentrados numa das esquinas do Alto José Bonifácio, zona norte do Recife, aguardando o início de uma caminhada pelas ruas do bairro. Uma jovem se aproxima e pergunta:
— Quem é o deputado?
— É aquele ali.
— Virgem Maria, é muito mais feio do que parece no panfleto!
— Pois essa é a esposa dele, falou alguém próximo.
— Perdão, dona, não é bem isso que eu queria dizer...
— Tem problema não, ele sabe disso.
Pelo menos fica a certeza de que "tamanho não é documento" — feiura também não. Vale o que cada um pensa e faz.
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