Como se fossemos máquina
Luciano Siqueira
Leio o anúncio de um nootrópico destinado a evitar que cada um de nós experimente certo grau de dispersão durante as 24 horas do dia, em prejuízo de uma supostamente necessária concentração exclusiva no trabalho.
Como se fossemos máquina.
Todas as energias direcionadas para a produção!
A música, a poesia, o olhar pela janela na direção de uma flor, a atenção despertada pelo canto de um pássaro seriam fator de perturbação a evitar.
E assim se oferece a oportunidade de absoluta e intocável concentração a seres humanos desprovidos de qualquer desejo que não o de se matar no trabalho em troca de uma recompensa ilusória do ponto de vista monetário.
Tempo tenebroso este que vivemos na terceira década do século XXI!
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