A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 dezembro 2012
Ano Novo
Drummond: “O último dia
do ano/não é o último dia do tempo./Outros dias virão/e novas coxas e ventres
te comunicarão o calor da vida.”
História: 31 de dezembro de 1978
Geisel, por Loredano
Fim do Ato Institucional nº 5, após 10 anos de arbítrio, dentro da
“distensão lenta, gradual e segura” do gen. Geisel. Extintas também as penas de
morte, prisão perpétua e banimento. (Vermelho www.vermelho.org.br).
30 dezembro 2012
Reinvenção
Bertold Brecht: “Tudo muda.
De novo começar/podes, com o último alento./O que acontece, porém, fica
acontecido: e/a água que pões no vinho, não podes mais/separar.”
Tempos sombrios
No Vermelho, por Eduardo
Bomfim:
Alternativa ao totalitarismo
Mesmo com a presença de um significativo campo distinto ao sistema estabelecido, especialmente a China e outros Países de projetos socialistas, além dos Países emergentes, os BRICS, novo polo global alternativo à hegemonia das nações capitalistas centrais, ainda é determinante a nova ordem mundial consolidada definitivamente em escala planetária no início dos anos noventa do século passado.
Uma dominação brutal, avassaladora, atingindo todos os continentes, destruindo sistematicamente conquistas arduamente alcançadas durante os últimos sessenta e sete anos desde o final da segunda guerra mundial, especialmente nos Países de capitalismo avançado em virtude das lutas dos trabalhadores e demais camadas assalariadas mas também como estratégia à crescente influência das ideias sociais provenientes do campo socialista que em seu apogeu contabilizava dois terços da humanidade.
Nessas circunstâncias havia uma intensa polarização ideológica, permanente luta política, consideráveis espaços para movimentos de longo curso, como dos não alinhados, lutas de libertação contra o neocolonialismo, por caminhos nacionais soberanos, independentes.
Nesse período foi intensa a vida intelectual em todos os aspectos, filosófico, artístico, científico, e havia no ar uma convicção no progresso como condição essencial ao futuro da humanidade.
Com a hegemonia da nova ordem mundial neoliberal, após o final da guerra fria que custou aos EUA parte fundamental da sua atual dívida pública interna, impôs-se a destruição do espírito libertário dessa época, em seu lugar emergiu um tipo de civilização baseada na deificação do mercado global, do indivíduo sob tutela, na liberdade sub judice direcionada ao consumo.
Alternativa ao totalitarismo
Após a debacle da União Soviética e do chamado
campo socialista europeu a humanidade viu surgir um outro tipo de civilização
que apesar de herdar elementos capitalistas fundamentais da etapa anterior
caracteriza-se por modificações substanciais nas relações econômicas,
geopolíticas, sociológicas e ideológicas.
Mesmo com a presença de um significativo campo distinto ao sistema estabelecido, especialmente a China e outros Países de projetos socialistas, além dos Países emergentes, os BRICS, novo polo global alternativo à hegemonia das nações capitalistas centrais, ainda é determinante a nova ordem mundial consolidada definitivamente em escala planetária no início dos anos noventa do século passado.
Uma dominação brutal, avassaladora, atingindo todos os continentes, destruindo sistematicamente conquistas arduamente alcançadas durante os últimos sessenta e sete anos desde o final da segunda guerra mundial, especialmente nos Países de capitalismo avançado em virtude das lutas dos trabalhadores e demais camadas assalariadas mas também como estratégia à crescente influência das ideias sociais provenientes do campo socialista que em seu apogeu contabilizava dois terços da humanidade.
Nessas circunstâncias havia uma intensa polarização ideológica, permanente luta política, consideráveis espaços para movimentos de longo curso, como dos não alinhados, lutas de libertação contra o neocolonialismo, por caminhos nacionais soberanos, independentes.
Nesse período foi intensa a vida intelectual em todos os aspectos, filosófico, artístico, científico, e havia no ar uma convicção no progresso como condição essencial ao futuro da humanidade.
Com a hegemonia da nova ordem mundial neoliberal, após o final da guerra fria que custou aos EUA parte fundamental da sua atual dívida pública interna, impôs-se a destruição do espírito libertário dessa época, em seu lugar emergiu um tipo de civilização baseada na deificação do mercado global, do indivíduo sob tutela, na liberdade sub judice direcionada ao consumo.
Essa ordem mundial totalitária que escraviza a força de trabalho
internacionalizada está conduzindo a humanidade a uma crise econômica,
multilateral, inigualável e que apesar de ainda dominante encontra-se exaurida
com claros sinais de contestação das nações, dos trabalhadores, em luta por uma
alternativa de civilização renovada, emancipadora, democrática.
Investe quem acredita
. Grandes empresas não dão murro em ponta de faca. Ora, se
as perspectivas da economia são tão negativas, como anunciam “analistas”
tucanóides, por que as montadoras de automóveis planejam investir a partir de 2013?
. Informa o jornal O Globo d hoje que esses investimentos serão da ordem de US$ 25 bilhões no até 2016, “de olho no ganho de renda dos brasileiros e na queda das taxas de juros.”
. Com isso, o setor vai ampliar sua capacidade de produção em 60%, para 5,3 milhões de carros por ano, levando o Brasil a se tornar o terceiro maior mercado de automóveis do mundo.
. Informa o jornal O Globo d hoje que esses investimentos serão da ordem de US$ 25 bilhões no até 2016, “de olho no ganho de renda dos brasileiros e na queda das taxas de juros.”
. Com isso, o setor vai ampliar sua capacidade de produção em 60%, para 5,3 milhões de carros por ano, levando o Brasil a se tornar o terceiro maior mercado de automóveis do mundo.
Mesmice
Entre óbvias e enfadonhas, “retrospectivas” do ano que finda
começam a ocupar as páginas dos jornais. TV e rádio, idem.
O poeta sabe
Bocage: “Amor ou desfalece, ou para, ou corre;/E, segundo as
diversas naturezas,/
Um porfia, este esquece, aquele morre.”
Um porfia, este esquece, aquele morre.”
Bom dia, Carlos Drummond de Andrade
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
28 dezembro 2012
Crônica do amanhecer em São José
O repouso do guerreiro
Luciano Siqueira
Há quantos anos, não sei bem, mas já há algum tempo com
certeza: estacionado, defronte uma residência à beira mar, sob coqueiros, o
velho barco definha. A madeira gasta abre imensas brechas na proa, o nome
sequer se pode ler, apagado pelo tempo. Mas ali permanece, como que exibindo a
glória conquistada em inúmeras incursões em alto mar, abrigo de destemidos
pescadores e de suas pelejas.
Desde então fico só no alumbramento, como diria o poeta Bandeira. Do mar, recolho o azul ou o verde que me emocionam e a linha do horizonte que me apazigua. Dos rios admiro a correnteza que conduz embarcações diversas e gente que passeia ou trabalha. A ambos, distante, cuidadosamente distante – apenas miro, sem me deixar envolver pela volúpia das águas.
Luciano Siqueira
Testemunha de dramas e conquistas, de súplicas e esperanças de
homens simples e rudes, sobreviventes de bons e maus tempos.
Sempre tive paixão por barcos. Desde criança, quando
imaginava fantásticas aventuras pelos oceanos. Adulto, fotógrafo amador – e
bote amadorismo nisso! -, incontáveis são as fotos de barcos que surpreendo em
nossas praias e rios e em terras estrangeiras. Barcos pequeninos, frágeis,
toscos; barcos imensos, modernos. Movidos a vela ou a motor. Ancorados ou em
movimento.
Meu fascínio por barcos é que nem o que sinto pelo mar e por
rios. Como uma paixão proibida, impregnada de amor, porém à distância. Um
querer reverencial. Atração apaixonada, mas comedida, isenta de aventuras e
riscos. Quase platônica.
Ainda militante clandestino, quase sou tragado pelas águas
azuis da costa alagoana, na Praia da Avenida. Afoito, fui mais longe do que
devia e, acometido de cãimbras, em águas profundas, precisei de muita tranquilidade
e autocontrole para não me deixar levar pela correnteza e nadar a salvo – ante
a angústia de Luci, que em terra firme percebia minha luta.
Pelas águas de um rio também quase sou devorado, novamente
nos tempos da clandestinidade. No sertão alagoano, ousei mergulhar no Rio
Ipanema de cima de uma ponte sem a consciência dos limites de bêbado. Havia
percorrido desde cedo quase toda a cidade, integrante de uma troça improvisada
no carnaval de 1974. Em cada casa, um copo de qualquer coisa: cerveja,
conhaque, vermute, cachaça, vinho... de tudo um pouco. Sob sol rigoroso. Daí o
salto arriscoso. Fui salvo por um dos foliões que me arrastou até às margens do
rio.
Desde então fico só no alumbramento, como diria o poeta Bandeira. Do mar, recolho o azul ou o verde que me emocionam e a linha do horizonte que me apazigua. Dos rios admiro a correnteza que conduz embarcações diversas e gente que passeia ou trabalha. A ambos, distante, cuidadosamente distante – apenas miro, sem me deixar envolver pela volúpia das águas.
Mares e rios são singrados por barcos. Pois aí está a razão
dessa minha outra afeição, além das águas volumosas.
Por isso meu respeito a esse velho barco pesqueiro aposentado,
que encontro todo fim de dezembro em São José da Coroa Grande. Um barco feliz –
observa Luci: porque repousa solenemente diante do mar que já não mais o acolhe
e desafia, mas o homenageia todas as manhãs.
25 dezembro 2012
Voz poética
Cecília
Meireles: “Porque há doçura e beleza/na amargura atravessada,/e eu quero a
memória acesa/depois da angústia apagada.”
Na praia
Apenas
5 dias de descanso até o réveillon. Pouco? Nem tanto. A família, o mar, a
música e os livros realimentarão a disposição de luta.
24 dezembro 2012
Feliz Natal, Vinícius de Moraes
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
23 dezembro 2012
Tragédia norte-americana
No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Dor indescritível
O assassinato de vinte crianças e seis adultos em uma escola primária dos
Estados Unidos, revela uma tendência patológica crescente na sociedade
norte-americana que se expressa na sequência de episódios idênticos ocorridos
nos últimos anos com um grande número de vítimas fatais.
Dor indescritível
Demonstra
igualmente os sinais mais que evidentes da exaustão, infelizmente não em
estágio final, de um tipo de civilização regressiva, militarizada, totalitária,
erigida pela nova ordem mundial da qual a nação americana, como o grande e
único império da era contemporânea, tem sido tutora e guardiã armada.
O capital financeiro global, o complexo industrial militar norte-americano, associados à megaestrutura midiática mundial de informação, propaganda, são os que determinam os desejos das pessoas, os sonhos de consumo, a cultura, a ideologia dominante na maior parte do planeta nos últimos anos.
Na mesma linha a indústria cinematográfica dos Estados Unidos deu a sua horrível parcela de contribuição para que se assentasse em escala planetária a visão alienante, distorcida, paranoica, bélica, desse mesmo tipo de civilização regressiva.
A violência na sociedade norte-americana tem as suas próprias especificidades mais profundas que o fenômeno da delinquência desenfreada. É produto da visão de que cada norte-americano é um guerreiro super-homem, invencível, armado até os dentes, confrontando a humanidade, associada a um puritanismo repressor.
Assim, ao que parece a realidade superou a ficção transformando Laranja Mecânica, livro de Anthony Burgess sobre a patologia da violência e maldade insanas adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, numa espécie de versão edulcorada dos fenômenos reais da sociedade americana.
Essa mesma grande mídia mundial hegemônica procura agora, diante da recorrência quase endêmica dos brutais assassinatos como os ocorridos na escola primária de uma pequena cidade dos EUA, produzir a sua opinião centrada na constatação de que existem nas mãos de civis 300 milhões de armas de fogo vendidas em milhares de lojas espalhadas no País.
Esse é um lado tenebroso do diagnóstico embora a verdade seja mais trágica, o povo norte-americano está pagando alto preço em sofrimento e dor indescritíveis pela cultura que lhes foi imposta para forjar o “destino manifesto” de indivíduos superiores imbatíveis, acima do bem e do mal, da sua própria vida e a do próximo.
O capital financeiro global, o complexo industrial militar norte-americano, associados à megaestrutura midiática mundial de informação, propaganda, são os que determinam os desejos das pessoas, os sonhos de consumo, a cultura, a ideologia dominante na maior parte do planeta nos últimos anos.
Na mesma linha a indústria cinematográfica dos Estados Unidos deu a sua horrível parcela de contribuição para que se assentasse em escala planetária a visão alienante, distorcida, paranoica, bélica, desse mesmo tipo de civilização regressiva.
A violência na sociedade norte-americana tem as suas próprias especificidades mais profundas que o fenômeno da delinquência desenfreada. É produto da visão de que cada norte-americano é um guerreiro super-homem, invencível, armado até os dentes, confrontando a humanidade, associada a um puritanismo repressor.
Assim, ao que parece a realidade superou a ficção transformando Laranja Mecânica, livro de Anthony Burgess sobre a patologia da violência e maldade insanas adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, numa espécie de versão edulcorada dos fenômenos reais da sociedade americana.
Essa mesma grande mídia mundial hegemônica procura agora, diante da recorrência quase endêmica dos brutais assassinatos como os ocorridos na escola primária de uma pequena cidade dos EUA, produzir a sua opinião centrada na constatação de que existem nas mãos de civis 300 milhões de armas de fogo vendidas em milhares de lojas espalhadas no País.
Esse é um lado tenebroso do diagnóstico embora a verdade seja mais trágica, o povo norte-americano está pagando alto preço em sofrimento e dor indescritíveis pela cultura que lhes foi imposta para forjar o “destino manifesto” de indivíduos superiores imbatíveis, acima do bem e do mal, da sua própria vida e a do próximo.
Bom dia, Bartyra Soares
Ilustração: Raul Córdula
Mutatis Mutandis
Se é preciso que em minhas águas
navegue o vento e em mim
o sol refaça caminhos
de impulsos e chamas verdes
não me furto ao compromisso que hoje
me impõe esta manhã.
Minhas águas de sal e segredo
ferem-se na aspereza dos corais
e por não ser lâmina e por não
ser espinho não tenho
como revidar. Deixo que minha dor
em mim desabe. Recolho meu grito
de incertezas e convicções.
ferem-se na aspereza dos corais
e por não ser lâmina e por não
ser espinho não tenho
como revidar. Deixo que minha dor
em mim desabe. Recolho meu grito
de incertezas e convicções.
da tarde no poente pousar
a sombra do seu cansaço
só então serei quem fui.
Assim sobre penhascos
e dunas não mais depositarei
lembranças e sargaços.
22 dezembro 2012
Economia e eficiência
Foto: Andrea Rego Barros
Diário de Pernambuco:Cortes vão gerar uma economia milionária
Geraldo Julio vai reduzir o quadro de cargos comissionados da Prefeitura do Recife em 23%
. O primeiro passo para o enxugamento dos quadros da Prefeitura do Recife foi dado. O prefeito eleito Geraldo Julio (PSB) enviou ontem à Câmara dos Vereadores um projeto que prevê a redução de secretarias e de cargos comissionados. Somente com este último item haverá uma economia anual de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Também foram encaminhadas aos vereadores outras duas propostas que pedem a criação da carreira de analista de gestão e de parcerias público-privada (PPP).
. Conforme prometeu na campanha, Geraldo Julio quer reduzir em 23% o número de comissionados. “Hoje a prefeitura tem 2.791 comissionados, e vamos diminuir para 2.159. Também reorganizamos as secretarias, criando as de Segurança Urbana, Mobilidade Urbana e Qualificação Profissional e fundindo outras pastas. Com isso, reduzimos de 24 para 22 o número de secretarias”, afirmou o socialista. Para se chegar neste formato, segundo ele, foi necessário analisar a estrutura da prefeitura e checar se havia condições de executar as ações do programa de governo. Ele se disse ainda satisfeito por ter terminado as discussões de estruturação administrativa antes da posse, quando normalmente é feito no primeiro ano de mandato.
. Apesar do corte nos cargos de confiança, o prefeito eleito pede autorização para a criação de 300 cargos permanentes de analista de gestão na prefeitura. Os servidores ficarão responsáveis pela gestão nas pastas onde houve deficiências de administração. A remuneração dos profissionais está estimada em R$ 2.800,00, com possibilidade de pagamento de gratificações (10% do piso). A seleção, com prazo máximo de realização de três anos, será feita através de concurso, mas até este processo, 195 funcionários serão contratados provisoriamente. De acordo com o coordenador da equipe de transição de Geraldo Julio, Antônio Alexandre, a nova função vai contribuir para a melhoria do serviço público. “A gestão pública não é questão de governo, mas de estado. O cargo tem que ser permanente porque senão voltamos à estaca zero quando um prefeito sai. Esse projeto não vai permitir a descontinuidade dos serviços públicos ou a queda da qualidade”, afirmou Antônio Alexandre, que será o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano no governo Geraldo.
. O outro projeto encaminhado aos vereadores se trata da criação de parcerias público-privada. Citando a obra da Arena Pernambuco e da Ponte do Paiva como exemplos definido por ele como bem-sucedido, Geraldo anunciou que as áreas que podem ser objeto de convênio com o setor privado são transporte público, urbanização de áreas e prédios públicos. (Rebeca Silva)
Ajuste na máquina administrativa
Folha de Pernambuco:
Economia de R$ 1 milhão na PCR
Geraldo Julio anuncia que cortará 630 cargos comissionados quando assumir
. Com o objetivo de otimizar as despesas e tornar a Prefeitura do Recife mais eficiente, a equipe do prefeito eleito Geraldo Julio (PSB) planeja uma série de medidas para cortar gastos e melhorar o funcionamento da máquina pública. A primeira medida foi o anúncio da extinção de 630 cargos comissionados que, de acordo com o socialista, representará uma economia anual de R$ 1 milhão na folha de pagamento. Segundo a PCR informou ao futuro gestor, atualmente são 2.791 comissionados ao custo de R$ 5 milhões. Geraldo ainda planeja para janeiro um estudo que identifique onde poderá determinar outros cortes, principalmente na manutenção da estrutura municipal, que vai desde a limpeza e uso de serviços até contratos e locação de serviços.
. “É o tipo de trabalho que já é feito na iniciativa privada e que vamos trazer para a gestão pública. Identificar gastos que podem ser racionados e cortar. Isso pode ser feito em contratos, limpeza, combustível, gerenciamento e uso de transporte, na locação de serviços”, explicou o futuro secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre. O próprio projeto da reforma administrativa, enviado à Câmara Municipal, passaria por esse processo. Com a criação de duas novas secretarias (Segurança e Controle e Mobilidade Urbana), a ideia é aproveitar a estrutura já existente da administração para não gerar custos.
. Outra medida adotada para profissionalizar a gestão é a criação de 300 cargos de analistas de gestão. A ocupação dos postos será feita por meio de concursos públicos, que devem ser realizado nos próximos três anos. Incialmente, Geraldo Julio pretende selecionar até 195 profissionais de forma temporária para ocupar as vagas e atender às necessidades do início da gestão. A seleção deverá ser feita de forma pública, da mesma forma da que foi promovida recentemente para a Secretaria de Planejamento e Gestão. O salário inicial será de R$ 2,8 mil, mas haverá gratificações de até 100%, baseadas no desempenho dos funcionários.
. Os analistas de gestão terão função gerencial dentro do governo socialista. Eles serão alocados nas diversas secretarias da administração dependendo da necessidade de cada pasta. Segundo Geraldo Julio, as medidas representam outro passo na promessa de um conceito de gestão com base na meritocracia. “É mais uma forma que encontramos para valorizar o servidor público com base na competência e no alcance de resultados”, destacou o futuro prefeito.
Economia de R$ 1 milhão na PCR
Geraldo Julio anuncia que cortará 630 cargos comissionados quando assumir
. Com o objetivo de otimizar as despesas e tornar a Prefeitura do Recife mais eficiente, a equipe do prefeito eleito Geraldo Julio (PSB) planeja uma série de medidas para cortar gastos e melhorar o funcionamento da máquina pública. A primeira medida foi o anúncio da extinção de 630 cargos comissionados que, de acordo com o socialista, representará uma economia anual de R$ 1 milhão na folha de pagamento. Segundo a PCR informou ao futuro gestor, atualmente são 2.791 comissionados ao custo de R$ 5 milhões. Geraldo ainda planeja para janeiro um estudo que identifique onde poderá determinar outros cortes, principalmente na manutenção da estrutura municipal, que vai desde a limpeza e uso de serviços até contratos e locação de serviços.
. “É o tipo de trabalho que já é feito na iniciativa privada e que vamos trazer para a gestão pública. Identificar gastos que podem ser racionados e cortar. Isso pode ser feito em contratos, limpeza, combustível, gerenciamento e uso de transporte, na locação de serviços”, explicou o futuro secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre. O próprio projeto da reforma administrativa, enviado à Câmara Municipal, passaria por esse processo. Com a criação de duas novas secretarias (Segurança e Controle e Mobilidade Urbana), a ideia é aproveitar a estrutura já existente da administração para não gerar custos.
. Outra medida adotada para profissionalizar a gestão é a criação de 300 cargos de analistas de gestão. A ocupação dos postos será feita por meio de concursos públicos, que devem ser realizado nos próximos três anos. Incialmente, Geraldo Julio pretende selecionar até 195 profissionais de forma temporária para ocupar as vagas e atender às necessidades do início da gestão. A seleção deverá ser feita de forma pública, da mesma forma da que foi promovida recentemente para a Secretaria de Planejamento e Gestão. O salário inicial será de R$ 2,8 mil, mas haverá gratificações de até 100%, baseadas no desempenho dos funcionários.
. Os analistas de gestão terão função gerencial dentro do governo socialista. Eles serão alocados nas diversas secretarias da administração dependendo da necessidade de cada pasta. Segundo Geraldo Julio, as medidas representam outro passo na promessa de um conceito de gestão com base na meritocracia. “É mais uma forma que encontramos para valorizar o servidor público com base na competência e no alcance de resultados”, destacou o futuro prefeito.
Batalha de envergadura
No Vermelho:
Renato Rabelo: “Enfrentar os ataques do conservadorismo”
A Comissão Política Nacional do PCdoB reuniu-se em São Paulo nesta segunda-feira (17) para analisar a situação atual e iniciar o debate em torno do projeto político eleitoral do Partido para 2014.
Renato Rabelo: “Enfrentar os ataques do conservadorismo”
A Comissão Política Nacional do PCdoB reuniu-se em São Paulo nesta segunda-feira (17) para analisar a situação atual e iniciar o debate em torno do projeto político eleitoral do Partido para 2014.
O
presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, ao fazer a abertura da
discussão, partiu das decisões tomadas na última reunião do Comitê Central de
24 de novembro. Citando o documento "Mobilizar a Nação pelo
Desenvolvimento e a Democracia", o líder comunista reafirmou que a direção
partidária adotou resoluções justas e consentâneas com a realidade brasileira.
Rabelo
afirmou que "não podemos subestimar o sistema de oposição institucional e
a mídia monopolizada brasileira que tramam para interromper o ciclo político
inaugurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003".
Com
este objetivo, na opinião do presidente do PCdoB, estas forças oposicionistas
tentam desacreditar a liderança de Lula, procuram reescrever a história recente
do país e empreendem um esforço para desqualificar as justas medidas tomadas
pela presidenta Dilma Rousseff no sentido de enfrentar no país os reflexos da
crise do capitalismo que varre o mundo desde 2008.
De
acordo com Renato Rabelo, as forças progressistas e democráticas estão diante
de duas tarefas: enfrentar os ataques do conservadorismo e deslindar um caminho
próprio do Brasil para enfrentar a crise.
Os
setores direitistas – que dão voz ao sistema rentista contrariado pelas
decisões recentes da política macroeconômica adotada pelo governo – querem
criminalizar o que chamam de "lulopetismo" para tentar se recuperar
das grandes derrotas eleitorais e políticas sofridas pelos partidos
oposicionistas (PSDB, DEM, PPS) nas eleições deste ano.
Desta maneira, prosseguiu Renato Rabelo, a oposição de direita faz movimentos táticos no sentido de desviar o centro de sua atuação para o campo jurídico-institucional, criminalizando a política, os partidos progressistas e as maiores lideranças atuais do Brasil – o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff. Rabelo lembrou que segundo as pesquisas mais recentes, divulgadas no último fim de semana, o apoio popular a estas lideranças não para de crescer.
Desta maneira, prosseguiu Renato Rabelo, a oposição de direita faz movimentos táticos no sentido de desviar o centro de sua atuação para o campo jurídico-institucional, criminalizando a política, os partidos progressistas e as maiores lideranças atuais do Brasil – o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff. Rabelo lembrou que segundo as pesquisas mais recentes, divulgadas no último fim de semana, o apoio popular a estas lideranças não para de crescer.
No afã
de judicializar o quadro político nacional, a oposição vislumbra um sistema em
que o Judiciário é o vértice da pirâmide e os outros dois poderes a ele devem
se submeter. Com a decisão desta segunda-feira do Supremo Tribunal Federal de
concluir a votação pela cassação dos mandatos de três parlamentares da Câmara
dos Deputados, esta disputa constitucional poderá se elevar a um novo e
perigoso patamar.
Vai se
criando, diz Renato, um ambiente de medo e instabilidade, num processo parecido
com o que se instalou no auge da Guerra Fria nos Estados Unidos com o
Macartismo.
A
vulgarização da delação premiada cria uma reação em cadeia, promovendo a
insegurança jurídica e a instabilidade institucional. Enquanto isso, no plano
econômico, Renato Rabelo constata que a construção de um novo modelo de
desenvolvimento está a exigir um novo pacto político. Com a queda sucessiva da
taxa de juros no Brasil, a adoção de uma política de câmbio administrado e de
desestímulo ao capital especulativo, as novas regras da poupança e os estímulos
à produção industrial e ao consumo, estão sendo criadas as bases para a mudança
da lógica da formação do lucro no país, afirma Rabelo. Todas estas e outras
medidas governamentais desencadearam forte reação do rentismo, capitaneadas
pelos editoriais dos jornalões da mídia conservadora e até da revista inglesa
The Economist, que pediu a cabeça do atual ministro da Fazenda Guido Mantega.
É por
isso tudo que a oposição concentra seus ataques em Lula, na presidenta Dilma e
luta para alterar a política macroeconômica do governo. Da parte das forças
progressistas, insistiu Renato, é preciso destravar a desconfiança que ainda se
encontra no setor empresarial. Com a política de redução do custo da energia
elétrica adotada por Dilma, foi possível uma aproximação da Fiesp, por exemplo,
com o governo. Os trabalhadores e suas centrais sindicais, por seu turno,
também deverão se mobilizar para apoiar estas medidas que favorecem a população
e a indústria, instou Renato.
Neste
quadro o PCdoB, segundo Renato Rabelo, tem uma responsabilidade histórica de
barrar o retrocesso e a investida reacionária que procura ganhar expressão. A
presidenta Dilma merece apoio na luta para que o Brasil atinja um novo patamar
de desenvolvimento nacional.
Cadê o fim do mundo?
Ciência Hoje Online:
E o mundo não se acabou!
Em sua última coluna do ano – e no fatídico 21 de dezembro –, o físico Adilson de Oliveira fala sobre importante acontecimento astronômico que marca de fato a data, sobre neutrinos – vilões do filme ‘2012’ –, buracos negros e preocupações reais.
. Há três anos, em novembro de 2009, escrevi uma coluna sobre as possibilidades do fim do mundo – ‘Quando será o fim do mundo?’. A motivação era o lançamento do filme 2012, que descreve o fim do mundo acarretado por fenômenos ocorridos no Sol. No enredo do filme, um aumento na produção de neutrinos elevou a temperatura do núcleo da Terra, provocando enormes terremotos, maremotos e movimento dos continentes, que, por sua vez, levaram à destruição de grandes cidades, inclusive o Rio de Janeiro – em uma cena forte, o Cristo Redentor é completamente destruído.
. Uma das grandes motivações do filme foi a descoberta de um calendário maia que indica o fim de um ciclo de 5.125 anos e a suposta possibilidade de o término desse ciclo estar associado a uma destruição catastrófica do nosso planeta, que iniciaria uma nova era. O dia exato do fim desse ciclo seria o dia 21 de dezembro de 2012 (a data exata em que esta coluna está sendo publicada!).
. Contudo, se você está lendo este texto, é porque o mundo de fato não acabou. O Sol continua brilhando da mesma maneira que os últimos bilhões de anos e deve continuar assim pelo menos pelos próximos 5 bilhões.
E o mundo não se acabou!
Em sua última coluna do ano – e no fatídico 21 de dezembro –, o físico Adilson de Oliveira fala sobre importante acontecimento astronômico que marca de fato a data, sobre neutrinos – vilões do filme ‘2012’ –, buracos negros e preocupações reais.
. Há três anos, em novembro de 2009, escrevi uma coluna sobre as possibilidades do fim do mundo – ‘Quando será o fim do mundo?’. A motivação era o lançamento do filme 2012, que descreve o fim do mundo acarretado por fenômenos ocorridos no Sol. No enredo do filme, um aumento na produção de neutrinos elevou a temperatura do núcleo da Terra, provocando enormes terremotos, maremotos e movimento dos continentes, que, por sua vez, levaram à destruição de grandes cidades, inclusive o Rio de Janeiro – em uma cena forte, o Cristo Redentor é completamente destruído.
. Uma das grandes motivações do filme foi a descoberta de um calendário maia que indica o fim de um ciclo de 5.125 anos e a suposta possibilidade de o término desse ciclo estar associado a uma destruição catastrófica do nosso planeta, que iniciaria uma nova era. O dia exato do fim desse ciclo seria o dia 21 de dezembro de 2012 (a data exata em que esta coluna está sendo publicada!).
. Contudo, se você está lendo este texto, é porque o mundo de fato não acabou. O Sol continua brilhando da mesma maneira que os últimos bilhões de anos e deve continuar assim pelo menos pelos próximos 5 bilhões.
. Leia a matéria na íntegra http://migre.me/cuQdY
21 dezembro 2012
Mudança
Nova missão, novo ambiente: quase no fim o desmonte do nosso
Escritório Político da Av. Agamenon Magalhães, rumo ao 7º. andar da Prefeitura
em janeiro.
Bom dia, Celso Mesquita
Ao comandante
Dentes quebrados
E sangue,
É a fé
Que mantém o fiel
Vivo
Entre os povos da terra:
Fiel a si
Como a água
É da sede
E o olhar
É do céu.
E a fé
Que faria de mimDentes quebrados
E sangue,
É a fé
Que mantém o fiel
Vivo
Entre os povos da terra:
Fiel a si
Como a água
É da sede
E o olhar
É do céu.
20 dezembro 2012
O poeta sabe
Carlos Drummond de Andrade: “Cardíaco e melancólico,/o amor
ronca na horta/entre pés de laranjeira/entre uvas meio verdes/e desejos já
maduros.”
Desafios irrecusáveis
Expectativas otimistas e
tempos de governo
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
Publicado no Blog de
Jamildo (Jornal do Commercio Online)
O Jornal do Commercio de hoje noticia que 64% dos recifenses
manifestam expectativa altamente positiva acerca da futura gestão de Geraldo
Julio, somando-se os itens excelente, boa e regular. Natural que assim seja,
tanto pela espetacular vitória alcançada pela Frente Popular no primeiro turno
do pleito, como pelas limitações alcançadas pela atual gestão.
Natural e bom. Todo governante deseja se cercar de boas
expectativas e da confiança da população. Ao mesmo tempo, cumpre agir com
diligência e esmero para corresponder a essas expectativas.
O prefeito Geraldo Julio vem trabalhando nessa direção,
desde a primeira semana subsequente não pleito. O trabalho até agora efetuado
na chamada transição tem sido muito produtivo. O secretariado, escolhido em
tempo político hábil, uma vez anunciado já principiou a trabalhar.
Entretanto, há no senso comum uma componente com a qual todo
novo gestor tem que lidar – e o caso do Recife, agora, não é diferente. O
imediatismo, tão acentuado quanto é o desconhecimento dos procedimentos
administrativos. Os tempos de governo em geral não percebidos pela população.
Primeiro, o tempo de implantação, que leva alguns meses. Não
basta escolher e nomear os integrantes dos escalões superiores, cumpre montar
equipes, formatar projetos, implantar o modelo de gestão. Uma primeira fase
que, a um só tempo, implica evitar solução de continuidade dos serviços
essenciais prestados à população e em tocar a travessia na alteração de
estruturas e alocação de recursos humanos.
Em seguida, quando o governo engrena, sofre inevitáveis influências
do pleito nacional, que neste caso se dará em 2014. Embora não esteja em jogo o
poder local, a campanha desafiará as gestões iniciadas em janeiro a darem
mostras de eficiência via apresentação de resultados concretos.
Só a partir do terceiro ano de governo é que a colheita mais
substancial é feita, resultados de dimensão superior podem ser cotejados.
É possível que uma gestão moderna, operante e ágil encurte
esses tempos. No Recife, tentaremos.
O diálogo esclarecedor junto aos cidadãos e cidadãs, no cotidiano
da gestão, será indispensável para aproximar expectativas e cobranças da
realidade concreta.
Semana passada, tomei três taxis. Em todos, invariavelmente,
antes dos seus condutores me reconhecerem, ao perguntar sobre como anda a praça
neste começo de fim de ano, todos responderam que a tendência é melhorar, porém
o lucro tem sido pequeno porque o trânsito na cidade está insuportável. Mas,
disseram “em janeiro as coisas mudam”, referindo-se ao início do nosso governo.
O jeito é dar duro para não decepcionar – nem os taxistas,
que imaginam que tudo possa acontecer quase que num passe de mágica, nem ao
conjunto da população que almeja uma cidade bem melhor.
Preconceitos ontem e hoje
Onça, câncer e comunismo
Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Luciano Siqueira
Onça e câncer: duas palavras que me metiam medo no iniciozinho da
infância. Minha mãe sempre se referia ao bicho (e seus assemelhados leão e
outros) incutindo receio: “é um perigo se uma onça se soltar no circo; leão,
pior ainda!”, comentava, como se uma ameaça descesse sobre a cabeça de
crianças, como seus filhos pequenos, fascinados pela magia circense.
Câncer, tal como tuberculose, ela pronunciava bem baixinho. Do mesmo
jeito que se referia ao morador de nossa rua, na Lagoa Seca, Natal, João
Batista Galvão, ex-ministro de Viação do breve governo revolucionário instalado
na cidade na insurreição de 1935: “ele é comunista”.
O temor aos bichos selvagens se devia à absoluta falta de com intimidade
com o mato, vivente urbana que era e de onde nunca saía.
Quanto ao comunismo, naqueles idos dos anos cinquenta, ainda se pregavam
cartazes com propaganda contra a URSS e uma suposta ameaça vermelha sobre o
Brasil. Lembro-me de um deles, que ostentava um feitor de chicote à mão,
observando trabalhadores rurais na colheita do trigo, e a frase terrível:
“Assim se trabalha na União Soviética”.
Pois bem. Dias atrás os jornais divulgaram que a onça preta Jabuticaba,
do Parque Dois Irmãos, faleceu em consequência de um câncer na cavidade oral.
Jabuticaba deixou órfãos dois filhotes com os quais vivia no setor dos felinos
do Zoológico do Recife.
A notícia dava detalhes. Jabuticaba se submetera a uma tomografia
computadorizada mediante cooperação com a Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE). Apesar do tratamento ministrado pelos veterinários, que lhe
dera uma aparência de boa saúde, a onça definhou até a morte porque não
conseguia mais se alimentar.
Confesso que por mais não me interessei. Bem que poderia ter perguntado
ao sobrinho Daniel, um dos veterinários do Parque, ou à diretora Silvana, minha
companheira de partido. Envolto em muitas tarefas, apenas guardei a notícia
como um liame com a tenra infância. Jamais imaginei, em minha tremenda
ignorância, que uma onça morresse de câncer! No fundo, lá nas profundezas do
inconsciente, talvez tenham pesado os velhos temores – do bicho selvagem e da
doença – incutidos pelos comentários apreensivos de D. Oneide, minha mãe.
Quanto ao comunismo, vejam vocês, marca a vida e a militância desse
filho de D. Oneide há mais de quarenta anos. Sem nenhum constrangimento, nem
necessidade de pronunciar a palavra em tom baixo e cerimonioso: hoje
praticamente não existe preconceito contra o Partido Comunista do Brasil e esse
amigo de vocês, de posições claras e filiação partidária marcante, encontra
guarida em todos os salões, para além das camadas populares e da
intelectualidade progressista - das instituições empresariais aos templos
religiosos, onde pode expor ideias sem causar estranheza. Evoluiu a sociedade
brasileira e a prática política dos comunistas, que aliam firmeza de convicções
revolucionárias com convivência democrática e mutuamente respeitosa com todas
as correntes políticas, credos e visões de mundo.
Que a onça preta Jabuticaba descanse em paz. E que o Brasil possa avançar
na direção das grandes transformações que o levarão a um novo patamar
civilizatório.
19 dezembro 2012
Para guardar do lado esquerdo do peito...
Um milhão de amigos e a trena
imaginária
Luciano Siqueira
Passadas décadas, a vida bem vivida me ensinou a usar uma trena imaginária que me permite, por precaução, medir o tamanho das amizades – para não ir tão longe com quem suscita dúvida ou para percorrer a estrada larga da cumplicidade com quem inspira confiança.
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da revista
Algomais
Se possível, um milhão de amigos. Amigos em diversas
gradações: aqueles e aquelas com quem a gente guarda empatia e convergência em
torno das coisas da vida, no trabalho, na vizinhança, no círculo familiar; e os
mais próximos, amigos-irmãos que se fazem nossos confidentes ao longo da vida.
Afeição, simpatia, identidade e ternura – sentimentos que se
aproximam da cumplicidade e dão a medida do tamanho da amizade que às vezes
ultrapassa os chamados laços de sangue. “Puxa, tantos anos sem nos vermos e
parece que conversamos ontem!”
“A amizade é um amor que nunca morre”, ensina o poeta
Quintana. Porém tal como uma grande relação de amor, amizades também perecem
sob a pressão da competição egoísta ou do ciúme mórbido. Esse amigo de vocês –
que cultiva amizades como quem lapida uma pedra preciosa – já provou o prazer
da conquista de inúmeros amigos e amigas e também experimentou o fel de
amizades desfeitas. Ou, melhor dizendo, de falsas amizades cultivadas.
A gente acredita na sinceridade da palavra, na autenticidade
do gesto; dialoga; troca experiências e ideias; soma esforços numa mesma
direção – e eis que o vírus da deslealdade corrói o que parecia saudável. Chega
o momento em que você repete Chico Buarque na bela canção: “Olhos nos olhos,/Quero ver o que você faz/Ao
sentir que sem você eu passo bem demais...”.
Passadas décadas, a vida bem vivida me ensinou a usar uma trena imaginária que me permite, por precaução, medir o tamanho das amizades – para não ir tão longe com quem suscita dúvida ou para percorrer a estrada larga da cumplicidade com quem inspira confiança.
A trena tem funcionado, com raros desvios. De muitos, aprendi
a esperar pouco e assim tem sido possível conviver harmonicamente. De uns
poucos, espero muito e tenho obtido mais ainda. Aqui e acolá alguém escapa ao
crivo da trena e me prega uma peça: envereda pela deslealdade e pela
maledicência com o mesmo ímpeto com que se esconde deixando o rabo visível. Resta
seguir em frente, deixando ao largo quem prefere outro caminho.
Mas a vida também tem ensinado a buscar pacientemente as
boas amizades, sem desistir diante do primeiro desencontro. Aprendendo com Cora
Coralina: “Se temos de esperar,/que seja para colher a semente boa/que lançamos
hoje no solo da vida./Se for para semear,/então que seja para produzir/milhões
de sorrisos,/de solidariedade e amizade.”
Luci guerreira
Subi ao palco para receber o diploma de vice-prefeito,
ontem, ao lado de Luci – militante exemplar, companheira de todas as horas.
17 dezembro 2012
PTB e PSB
Festas de confraternização do PTB e do PSB: reencontro com
muita gente que luta junto com a gente.
Gratidão
Muito grato aos 16 deputados que me apartearam com palavras
generosas em meu discurso de despedida, hoje à tarde, na Assembleia
Legislativa.
Despedida
Hoje, às 15h, ocuparei a tribuna da Assembleia Legislativa, no grande expediente, para me despedir do mandato de deputado estadual.
16 dezembro 2012
Bom dia, Chacal
Picasso
Primeiro quero falar de amor
meu amor se esparrama na grama
meu amor se esparrama na cama
meu amor se espreguiça
meu amor deita e rola no planeta
meu amor se esparrama na cama
meu amor se espreguiça
meu amor deita e rola no planeta
Mídia e realidade mundial
No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Objetos não identificados
Objetos não identificados
A nova ordem
mundial continua ditando em múltiplos aspectos a agenda a ser seguida pelas
nações e os povos sempre tendo como centro ideológico, midiático, a complexa,
poderosa rede de difusão, propaganda anglo-americana.
Uma das suas faces é a agenda social global que por denominação não reflete
projetos nacionais, conjunturais, programáticos partidários mas a sua própria
escala mundial determinada originariamente.
Não é de se estranhar assim, a relativização na interpretação dos fenômenos Históricos de abrangência global ou regional correspondente à permanente desconstrução ideológica dos acontecimentos econômicos, sociais e políticos.
Daí é que vem o alerta do falecido historiador Eric Hobsbawm para o qual as novas gerações que herdaram um mundo unipolar da nova ordem mundial estariam submetidas a uma espécie de presente contínuo em que o passado, mesmo o passado recente, não representa valor algum.
Assim é que se observa, através da chamada terceira revolução tecnológica na comunicação, uma gama de informações fragmentárias, desconexas, uma cultura de mosaico em que tudo é ao mesmo tempo significativo e nada é importante, segundos após aparecer num "site" da Internet ou nas redes sociais.
Igualando na mesma escala de grandeza a desestabilização de continentes pela subversão armada através da grande potência imperial, os pródigos litígios ambientais na Amazônia brasileira, a gravidez da princesa bretã, a difusão das imagens de uma onça adotando um gato órfão em um zoológico europeu ou o vídeo de um hipotético objeto voador não identificado, UFO, filmado nos gélidos Países nórdicos.
Mas como em política inexistem objetos voadores não identificados, o tsunami institucional que estamos assistindo diariamente através da grande mídia nacional hegemônica, por exemplo, pode ser traduzido como luta pelo poder, independente dos seus desdobramentos ou consequências.
O que estamos presenciando é algo maior que a ante sala de uma sucessão ordinária, estão em curso sinais inequívocos de uma séria crise política que avança a cada dia que passa, urdida com riqueza de detalhes como se fosse uma novela, capítulo a capítulo, cujo objetivo central é a vacância presidencial.
Não se tem claro qual a tática do governo mas ou ele reage, defende-se dos intensos ataques, dentro da legalidade constitucional, ou a médio prazo, corre grave risco de se espatifar.
Não é de se estranhar assim, a relativização na interpretação dos fenômenos Históricos de abrangência global ou regional correspondente à permanente desconstrução ideológica dos acontecimentos econômicos, sociais e políticos.
Daí é que vem o alerta do falecido historiador Eric Hobsbawm para o qual as novas gerações que herdaram um mundo unipolar da nova ordem mundial estariam submetidas a uma espécie de presente contínuo em que o passado, mesmo o passado recente, não representa valor algum.
Assim é que se observa, através da chamada terceira revolução tecnológica na comunicação, uma gama de informações fragmentárias, desconexas, uma cultura de mosaico em que tudo é ao mesmo tempo significativo e nada é importante, segundos após aparecer num "site" da Internet ou nas redes sociais.
Igualando na mesma escala de grandeza a desestabilização de continentes pela subversão armada através da grande potência imperial, os pródigos litígios ambientais na Amazônia brasileira, a gravidez da princesa bretã, a difusão das imagens de uma onça adotando um gato órfão em um zoológico europeu ou o vídeo de um hipotético objeto voador não identificado, UFO, filmado nos gélidos Países nórdicos.
Mas como em política inexistem objetos voadores não identificados, o tsunami institucional que estamos assistindo diariamente através da grande mídia nacional hegemônica, por exemplo, pode ser traduzido como luta pelo poder, independente dos seus desdobramentos ou consequências.
O que estamos presenciando é algo maior que a ante sala de uma sucessão ordinária, estão em curso sinais inequívocos de uma séria crise política que avança a cada dia que passa, urdida com riqueza de detalhes como se fosse uma novela, capítulo a capítulo, cujo objetivo central é a vacância presidencial.
Não se tem claro qual a tática do governo mas ou ele reage, defende-se dos intensos ataques, dentro da legalidade constitucional, ou a médio prazo, corre grave risco de se espatifar.
Aprendizado
José Paulo Paes: “Contigo adquiro a astúcia/de conter e de
conter-me./Teu estreito gargalo/é uma lição de angústia.”
O vovô dinossauro
Ciência Hoje Online:
Um dinossauro na gaveta
Nova análise de fósseis encontrados na Tanzânia e guardados há décadas indica que eles podem pertencer ao mais antigo dinossauro conhecido. O estudo, tema da coluna de Alexander Kellner deste mês, sugere que a evolução desses animais foi mais lenta do que se supunha.
. Imagine um passeio pelas coleções de um museu de história natural famoso que contenha milhares de fósseis. Em um daqueles armários que não é aberto há anos, você procura um conjunto de ossos que havia sido estudado em uma tese de doutorado inédita feita por um grande pesquisador, falecido há muitos anos.
. Então você abre a gaveta em que esses ossos estão guardados e os observa. Nota que estão bastante quebrados. De forma despretensiosa, pega o maior deles, retira um pouco da poeira e algo te chama a atenção. Um detalhe que havia passado desapercebido pelo falecido mestre. E aí o coração dispara: o que você está segurando pode ser parte dos restos do dinossauro mais antigo que se conhece!
. Mesmo romanceando um pouco o achado de Nyasasaurus parringtoni, foi algo assim que ocorreu com um grupo de jovens pesquisadores que estavam reestudando antigas coleções de ossos fossilizados. O material havia sido escavado de depósitos formados entre 240 milhões e 245 milhões de anos atrás na Tanzânia e ficou guardado durante cerca de 75 anos no Museu de História Natural de Londres (Inglaterra), um dos principais e mais tradicionais museus de história natural do mundo.
. Leia a matéria na íntegra http://migre.me/cp0Sp
Um dinossauro na gaveta
Nova análise de fósseis encontrados na Tanzânia e guardados há décadas indica que eles podem pertencer ao mais antigo dinossauro conhecido. O estudo, tema da coluna de Alexander Kellner deste mês, sugere que a evolução desses animais foi mais lenta do que se supunha.
. Imagine um passeio pelas coleções de um museu de história natural famoso que contenha milhares de fósseis. Em um daqueles armários que não é aberto há anos, você procura um conjunto de ossos que havia sido estudado em uma tese de doutorado inédita feita por um grande pesquisador, falecido há muitos anos.
. Então você abre a gaveta em que esses ossos estão guardados e os observa. Nota que estão bastante quebrados. De forma despretensiosa, pega o maior deles, retira um pouco da poeira e algo te chama a atenção. Um detalhe que havia passado desapercebido pelo falecido mestre. E aí o coração dispara: o que você está segurando pode ser parte dos restos do dinossauro mais antigo que se conhece!
. Mesmo romanceando um pouco o achado de Nyasasaurus parringtoni, foi algo assim que ocorreu com um grupo de jovens pesquisadores que estavam reestudando antigas coleções de ossos fossilizados. O material havia sido escavado de depósitos formados entre 240 milhões e 245 milhões de anos atrás na Tanzânia e ficou guardado durante cerca de 75 anos no Museu de História Natural de Londres (Inglaterra), um dos principais e mais tradicionais museus de história natural do mundo.
. Leia a matéria na íntegra http://migre.me/cp0Sp
13 dezembro 2012
Um traço de desumanidade
População idosa: conquista e desafio
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
Publicado no
Blog da Folha e no Blog Algomais
Muda o perfil etário da população brasileira. Com a
ampliação da expectativa de vida, que agora se estima em 74 anos de idade, o
percentual dos indivíduos considerados idosos cresce anualmente. Uma conquista
e, ao mesmo tempo, um desafio.
De fato, em apenas cinco décadas, a população
brasileira aumentou quase três vezes: passou de 70 milhões, em 1960, para 190,7
milhões, em 2010. E, permeando esse crescimento populacional, destaca-se a
população idosa. Em 1960, 3,3 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais e
correspondiam a 4,7% da população. Em 2000, 14,5 milhões, ou seja, 8,5% dos
brasileiros estavam nessa faixa etária. Na década seguinte, o salto foi maior
ainda: em 2010, 10,8% da população (20,5 milhões). Isto de acordo com os censos
demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1960,
de 2000 e de 2010.
Desafio para o sistema de saúde, que agora tem que
se desdobrar para dar conta da atenção específica à população idosa, que requer
uma gama de serviços e de atenção que implica em meios diagnósticos e modos de
tratamento, a prevenção de determinadas patologias e, sobretudo, a promoção de
uma vida digna. Ainda segundo o IBGE, 3 em cada 4 idosos têm alguma doença
crônica.
Doenças cardiovasculares, diabetes, enfisema
pulmonar ar e bronquite crônica, Mal de Alzheimer e outras formas de
senilidade, hipertensão arterial, osteartrose e catarata são males que mais
acometem o idoso.
O idoso sofre em nosso País. Dias atrás, a Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República revelou que as denúncias de
violação a direitos humanos dos idosos registradas pelo Disque 100 entre
janeiro e novembro deste ano aumentaram 199%, cotejadas com o mesmo período de
2011: há um ano, 7.160, este ano 21.404.
Assim mesmo, cabe anotar o subregistro nesses
casos, uma vez que o Disque 100 é algo recente. E sabe-se do receio de boa
parte das pessoas afetadas de efetivamente denunciaram maus tratos, em função
de possíveis represálias por parte dos denunciados. Tanto que, em geral, a
denúncia de agravos é feita por terceiros.
O Estatuto do Idoso, vigente desde setembro de
2003, ainda não é efetivamente levado em consideração nas relações sociais.
Demais, não existe ainda uma rede assistencial estabelecida para a atenção a
essa faixa da população.
Agrava esse cenário o fato de que sofrem não apenas
os idosos pobres e de famílias de baixa escolaridade. Sofrem idosos de todas as
camadas da sociedade, uma vez que os brasileiros ainda não aprenderam a conviver
e a respeitar os indivíduos que alcançam idade avançada. A solidão talvez seja
o mais grave dos acometimentos: o idoso sente-se só ambiente familiar, relegado
a um papel secundário.
Unidade e independência partidária
Programa de governo e partidos coligados
Luciano Siqueira
O Programa é o elemento de unidade – ou, pelo menos, deve ser. É o fator que se sobrepõe à falsa ideia de que todo governo se compõe mediante partilha de espaços de mando entre os partidos coligados. Que os partidos – assim como segmentos outros organizados da sociedade – devam se sentir partícipes da gestão é certo. Mas isto não quer dizer que os “representantes” dos partidos na equipe tenham que expressar propostas e linhas de ação do seu partido. Ao contrário, todos se comprometem com o Programa do governo que, por seu turno, incorpora as contribuições dos partidos que se ajuntaram para a disputa eleitoral e também de segmentos da sociedade envolvidos.
Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br e no Blog de Jamildo
(Jornal do Commercio Online)
Tempo de transição entre os governos municipais que acabam e os governos que se iniciarão em janeiro. Na mídia, muita especulação sobre nomes a serem escolhidos para o futuro secretariado e demais cargos de primeiro escalão. Além do interesse jornalístico óbvio, o desenho da equipe escolhida dará a fisionomia do futuro governo.
Tempo de transição entre os governos municipais que acabam e os governos que se iniciarão em janeiro. Na mídia, muita especulação sobre nomes a serem escolhidos para o futuro secretariado e demais cargos de primeiro escalão. Além do interesse jornalístico óbvio, o desenho da equipe escolhida dará a fisionomia do futuro governo.
Tudo bem, assim caminha a Humanidade desde priscas
eras... Mas há uma questão que permeia a montagem dos governos de feição
politicamente avançada, que nem sempre desperta a atenção devida: o conteúdo
das escolhas. Melhor dizendo: a relação entre o perfil da futura equipe e o
Programa que se pretende executar.
O Programa é o elemento de unidade – ou, pelo menos, deve ser. É o fator que se sobrepõe à falsa ideia de que todo governo se compõe mediante partilha de espaços de mando entre os partidos coligados. Que os partidos – assim como segmentos outros organizados da sociedade – devam se sentir partícipes da gestão é certo. Mas isto não quer dizer que os “representantes” dos partidos na equipe tenham que expressar propostas e linhas de ação do seu partido. Ao contrário, todos se comprometem com o Programa do governo que, por seu turno, incorpora as contribuições dos partidos que se ajuntaram para a disputa eleitoral e também de segmentos da sociedade envolvidos.
Essa referência é indispensável quando se olha a
natureza das escolhas feitas pelo prefeito eleito, no caso de governos bem
postos politicamente. Pesará o perfil do escolhido, suas supostas credenciais e
aptidões para cuidar de determinada área à luz do Programa. O partido a que
pertence certamente não renuncia ao seu Programa – que, diferentemente do
Programa de governo, vislumbra um projeto de País – mas há de orientar seus
quadros a guardar observância e fidelidade ao projeto de governo.
Assim, nem os partidos perdem a sua identidade e a
sua autonomia, nem os governos são contaminados pela disputa programática,
ideológica e partidária. Abrigam, sim, diferentes visões da sociedade e arte de
políticas públicas adotadas; comportam o conflito de ideias – mas sempre dentro
dos limites do governo e de sua base política assentada nos partidos coligados.
Isto posto, tudo o mais se torna secundário, ainda
que de certa relevância. Questões como predominância de “técnicos” e não de
“políticos” no secretariado, ou vice-versa, ficam a segundo plano e reduzidas à
sua real dimensão.
10 dezembro 2012
Caminho soberano
De que reclama o
Washington Post?
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha e no Jornal da Besta Fubana
Luciano Siqueira
Reportagem do
Washington Post, conservador jornalão norte-americano, mereceu menção na
imprensa nacional, semana passada, por conter uma crítica ao modo brasileiro de
enfrentar a crise global. Segundo os gringos, o Brasil estaria fechando o
mercado e se inspirando na China.
Bom ou ruim? Para
eles, os norte-americanos, ruim; para nós, os brasileiros, bom. Eles reclamam
do aumento de tarifas de importação de peças automotivas, medida considerada
protecionista. Segundo a reportagem, melhor seria se seguíssemos os (maus)
exemplos do México e da Colômbia, que adotaram a abertura desejada pelos EUA.
Cá em nosso país tropical estaria havendo excessivo dirigismo estatal (sic).
Alheio ao desconforto veiculado no Post, o governo brasileiro, pela voz
do ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia mais medidas destinadas a
estimular a produção e o consumo interno e as exportações. Não apenas a desoneração
da folha de pagamento da construção civil (recolhimento para a Previdência
Social de 2% sobre o faturamento, contra os 20% habituais), anunciada ontem; provavelmente
serão prorrogados o Reintegra e o Programa de Sustentação do Investimento
(PSI), previstos para se encerrarem no fim do ano.
As empresas de construção agora deverão recolher R$ 3
bilhões para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ao ano, ao invés dos
R$ 6 bilhões atuais.
O Reintegra possibilita que empresas exportadoras recebam
devolução automática de até 3% do valor da mercadoria referentes a tributos
federais cobrados ao longo da cadeia produtiva.
Através do PSI
(linha especial de crédito do BNDES), a compra de bens de capital (necessária
para a constante renovação da capacidade de produção) e investimentos em
pesquisa e inovação são estimuladas.
Mais: com a Medida Provisória específica, apesar das
resistências das empresas do setor, está garantida redução de 16,7% nas contas de energia para
unidades residenciais e empresas, a partir de fevereiro de 2013.
Moral da história: 1) não adianta, como antigamente,
sobretudo, na chamada “era FHC”, os barões de Wall Street ou o FMI gritarem de
lá na intenção de que o governo brasileiro obedeça cá: desde Lula o Brasil
preza sua soberania; 2) o Brasil, como a China e outros países emergentes,
destoam sim, dos EUA e da Europa, que adotam medidas austeras em favor do
sistema financeiro em detrimento da produção e do emprego, prolongando a crise
estrutural em que estão metidos, com gravíssimas repercussões sociais. Aqui se
faz o inverso, o Estado induz o crescimento e o consumo interno, empenha-se em
investimentos em infraestrutura e estimula a produção industrial. Não está
sendo fácil, mas é o caminho.
Bom papo
Em respeito à Lei Seca e sem querer sobrecarregar os
motoristas da equipe, renovo o prazer de andar de taxi e de conversar com taxistas.
09 dezembro 2012
Grande arquiteto, comunista íntegro
No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Niemeyer
Além dessa genialidade que deixou sua marca em Brasília, no Rio de Janeiro, em Pampulha, no Memorial da América Latina em São Paulo e tantos mais mundo afora, Niemeyer foi um comunista íntegro, firme nas suas convicções emancipadoras denunciando as injustiças no Brasil e as incoerências de uma civilização regressiva, totalitária, gerada pela nova ordem mundial.
Em 2003 tive o privilégio de conhecê-lo quando secretário de cultura do Estado de Alagoas na tentativa de convencê-lo a desenhar um memorial em homenagem à Graciliano Ramos e para minha surpresa ele não só concordou com a ideia como disse que o faria sem cobrar um tostão do governo alagoano. Infelizmente a ideia nunca foi posta em prática.
Mas a conversa com o arquiteto que imaginava levaria alguns minutos em virtude da sua agenda cheia estendeu-se para nossa alegria por quase três horas em seu escritório de amplas e sinuosas janelas com vista para a Avenida Atlântica, Copacabana, numa manhã carioca.
Quando cheguei ao escritório, acompanhado pelos irmãos Vitor e Vinícius Palmeira, Niemeyer dava uma espécie de palestra informal para um bando de jovens arquitetos alemães, depois soube que aquilo fazia parte de uma romaria internacional de estudantes, profissionais da Arquitetura ao escritório de Copacabana.
Ficamos ali esperando o fim da palestra intermediada por um tradutor quando Niemeyer denunciou como fascista o presidente Bush em meio a observações sobre linhas e traços para espanto e risos nervosos dos alemães.
Grande parte do tempo que passamos com Niemeyer o assunto girou sobre o que achávamos da política, da vida, sobre o partido etc. Sobre ele mesmo, coisa nenhuma, nada. Por fim tiramos umas fotografias com uma máquina que na rua percebemos quebrada, corremos ao escritório, explicamos o constrangimento e depois de uma gostosa gargalhada, com ótimo humor, ele posou para novas fotos, uma das quais, ampliada, guardo com emoção em casa pendurada na parede do meu gabinete, para sempre.
Niemeyer
A morte de Oscar Niemeyer na noite desta
quarta-feira de dezembro gerou imediatamente um dilúvio de notícias no País e
ganhou as páginas digitais dos principais órgãos de comunicação do planeta.
Pode-se dizer com absoluta tranquilidade e segurança que o Brasil ficou sem a
presença física de uma figura singular, um arquiteto de talento excepcional mas
em compensação a eternidade ganhou um gênio universal.
Além dessa genialidade que deixou sua marca em Brasília, no Rio de Janeiro, em Pampulha, no Memorial da América Latina em São Paulo e tantos mais mundo afora, Niemeyer foi um comunista íntegro, firme nas suas convicções emancipadoras denunciando as injustiças no Brasil e as incoerências de uma civilização regressiva, totalitária, gerada pela nova ordem mundial.
Em 2003 tive o privilégio de conhecê-lo quando secretário de cultura do Estado de Alagoas na tentativa de convencê-lo a desenhar um memorial em homenagem à Graciliano Ramos e para minha surpresa ele não só concordou com a ideia como disse que o faria sem cobrar um tostão do governo alagoano. Infelizmente a ideia nunca foi posta em prática.
Mas a conversa com o arquiteto que imaginava levaria alguns minutos em virtude da sua agenda cheia estendeu-se para nossa alegria por quase três horas em seu escritório de amplas e sinuosas janelas com vista para a Avenida Atlântica, Copacabana, numa manhã carioca.
Quando cheguei ao escritório, acompanhado pelos irmãos Vitor e Vinícius Palmeira, Niemeyer dava uma espécie de palestra informal para um bando de jovens arquitetos alemães, depois soube que aquilo fazia parte de uma romaria internacional de estudantes, profissionais da Arquitetura ao escritório de Copacabana.
Ficamos ali esperando o fim da palestra intermediada por um tradutor quando Niemeyer denunciou como fascista o presidente Bush em meio a observações sobre linhas e traços para espanto e risos nervosos dos alemães.
Grande parte do tempo que passamos com Niemeyer o assunto girou sobre o que achávamos da política, da vida, sobre o partido etc. Sobre ele mesmo, coisa nenhuma, nada. Por fim tiramos umas fotografias com uma máquina que na rua percebemos quebrada, corremos ao escritório, explicamos o constrangimento e depois de uma gostosa gargalhada, com ótimo humor, ele posou para novas fotos, uma das quais, ampliada, guardo com emoção em casa pendurada na parede do meu gabinete, para sempre.
08 dezembro 2012
Direção estadual reunida
Hoje e amanhã, reunião plenária do Comitê Estadual do PCdoB:
quadro político pós-eleições municipais; ajustes táticos e novas tarefas.
07 dezembro 2012
Na festa do PCdoB
. Um milhão de amig@s ontem na confraternização do PCdoB do Recife. Verdadeiro
porre de afeto.
. João Paulo, João da Costa e Geraldo Julio presentes: símbolos de um ciclo que continua e se renova e se reinventa.
. João Paulo, João da Costa e Geraldo Julio presentes: símbolos de um ciclo que continua e se renova e se reinventa.
05 dezembro 2012
Cecília sempre
Cecília
Meireles: “Basta-me um pequeno gesto,/feito de longe e de leve,/para que
venhas comigo/e eu para sempre te leve…”
Em duas trincheiras
. Enquanto lança acanhadamente Aécio Neves para presidente, o
PSDB estimula, com apoio da grande mídia, a divisão na coalizão que apoia
Dilma.
. Coisa de quem padece de discurso e rumo.
. Coisa de quem padece de discurso e rumo.
04 dezembro 2012
História: 4 de dezembro de 1677
A tropa de Fernão Carrilho ataca Palmares. Faz 56
prisioneiros, entre eles Ganga-Muíça, chefe militar de Palmares. Seu capitão
João Tapuia, um dos muitos indígenas do quilombo, morre em combate.
Ganga-Zumba, antecessor de Zumbi, consegue escapar (Vermelho www.vermelho.org.br).
Sábio Vinícius
Vinicius de Moraes: “Que não seja imortal, posto que é chama/Mas
que seja infinito enquanto dure.”
02 dezembro 2012
Náutico bem, Sport horrível
. Sport na segunda
divisão terá tempo para reavaliar tanto insucesso, apesar do alto investimento
financeiro.
. Náutico na série A e na Copa Sul-americana: com todos os méritos.
. Náutico na série A e na Copa Sul-americana: com todos os méritos.
Boa noite, Chico de Assis
Picasso
DissoluçãoNa noite do meu corpo
sem estrelas chego ao porto
das lembranças esquecidas.
O fim da jornada
é sempre o reinício
de novas rupturas.
Reconhecer/recomeçar
o inelutável ciclo
das opções mal feitas.
Recolho–me aos jazigos
perpétuos da memória
para delir solitário
em dor.
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