A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 janeiro 2007
A posse de Djalma Paes
No Boletim Diário da PCR: O prefeito do Recife em exercício, Luciano Siqueira, empossou, na tarde desta quarta-feira (31), no edifício-sede da Prefeitura, o novo secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife, Djalma Paes (PSB). Florival Carvalho, que ocupou a pasta por 25 meses, prestigiou a solenidade de posse de seu sucessor.
Luciano Siqueira destacou o êxito alcançado pela secretaria quando Florival estava à frente da pasta e falou sobre a nova fase que está começando. “Com mais essa nomeação, completamos o conjunto de alterações na equipe do governo municipal, mudanças estas feitas no intuito de dar uma feição mais plural à gestão, agregando mais conhecimento e empenho para darmos seqüência a essa gestão tão bem avaliada pela população”, afirmou o prefeito em exercício.
Djalma Paes comentou sobre sua alegria e responsabilidade em receber a confiança do prefeito João Paulo para assumir o cargo. “Tenho muita clareza do momento que estamos vivenciando e dos grandes desafios que temos pela frente. E é um desafio suceder Florival, que deu dinamismo extraordinário à Secretaria. Vamos trabalhar em parceria e consonância com os governos Estadual e Federal, dando continuidade aos projetos” adiantou o novo secretário.
Em sua fala, Florival Carvalho procurou fazer um balanço de sua atuação frente à Secretaria. “Buscamos trabalhar com foco em três campos: divulgação e popularização da ciência e tecnologia; setor formal da economia, com ênfase na tecnologia de ponta, procurando atrair empresas para a cidade; e na economia popular e solidária, com destaque para o Banco do Povo”, enfatizou.
Nosso artigo no Blog do JC: "O PAC no centro do debate"
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está perfeito? Claro que não. A perfeição jamais foi uma construção humana, muito menos num programa governamental. Mas que sinaliza uma baita inversão na lógica da economia do país, isso ninguém pode negar. Nem mesmo os que, por dever do ofício oposicionista, devem criticá-lo.
As mais de cinqüenta páginas do programa contêm objetivos, metas, fontes de recursos e detalhamento das ações. Não é coisa vaga, nem peça publicitária. Por isso mesmo ele se presta não apenas a um incremento imediato, naquilo que não depende de novos dispositivos legais, como os planos de investimentos da Petrobrás e da Eletrobrás, por exemplo; mas a um salutar debate no que tem de discutível e merecedor de reparos.
Então, o PAC se converte no destaque da ordem do dia. Ainda não é o principal assunto em pauta porque perde por ligeira diferença para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados, que acontecerá a 1 de fevereiro. Dia 2 em diante, podem anotar aí: muito se debaterá, críticas e propostas virão à tona e parte considerável da sociedade vai se voltar para o desafio do crescimento econômico com distribuição de renda, para além da estabilidade monetária e financeira.
Ganharão todos: governistas e oposicionistas, que terão a oportunidade de expor seus pontos de vista sobre questões cruciais vinculadas ao assunto; ganhará a nação, que poderá enxergar luz no fim do túnel do emperramento da economia.
O deputado maranhense Flávio Dino (PCdoB), ex-procurador federal, em entrevista ao jornal O Globo, antecipa questões sobre as quais está se debruçando. Para ele, é indispensável que a regra que limita o aumento dos gastos com o funcionalismo público seja igual à do salário mínimo. Opina que o limite da expansão da folha de pagamentos dos servidores é muito baixo para um período muito longo de 16 anos. Defende uma definição precisa das competências da União, dos estados e municípios, no que se refere ao licenciamento ambiental. E, fazendo coro com os governadores, sugere que em favor da recuperação da capacidade de investimentos dos estados e municípios se rediscuta o imbróglio das dívidas para com o governo federal.
Estes, os governadores, pelo menos doze deles representando os vinte e sete, reunidos segunda-feira última, condicionaram o apoio ao PAC à anuência do governo em lhes ceder R$ 9,75 bilhões da receita da CPMF, R$ 1,3 bilhão da Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis destinada a obras em estradas) e R$ 2 bilhões com o resgate de garantias dadas pelos Estados à União.
É apenas uma amostra do que vem por aí.
Oxalá se possa compatibilizar a ação diligente do governo no sentido de realizar o que já pode ser realizado, a operosidade do Congresso Nacional em fazer tramitar em tempo hábil as matérias pertinentes e o bom e esclarecedor debate no âmbito da sociedade.
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História: 31 de janeiro de 1962
Boa tarde, Cecília Meireles
Plantaremos estes arbustos
Plantaremos estes arbustos
que darão flor apenas
daqui a três anos.
Plantaremos estas árvores
que darão fruto um dia,
mas só depois de dez anos.
Não plantaremos jardins de amor,
porque imediatamente
abrem tristeza e saudade.
Não plantaremos lembranças
porque estão desde já e para sempre
carregadas de lágrimas.
Recepção ao presidente Lula nos Guararapes
Para Luciano Siqueira, a vinda do presidente Lula à Pernambuco é a confirmação de que os compromissos assumidos em 2006, serão cumpridos. “Não eram apenas promessas de campanha, eram decisões de Governo”, afirmou o prefeito em exercício. Luciano Siqueira acompanha o presidente Lula no evento desta quarta.
Suape - A primeira fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro prevê a construção de 26 petroleiros. Em Pernambuco, a construção pelo Consórcio Atlântico Sul de dez navios do tipo Suezmax trará um impacto importante para a economia do estado. Serão gerados 11 mil novos empregos, além de fortalecer o Porto de Suape como um novo pólo de desenvolvimento industrial, atraindo novos investimentos para o estado, aquecendo o mercado de negócios e de trabalho.
Lula animado
Uma conversa amena, descontraída.
O presidente se mostrou muito animado com a reunião ocorrida em Brasília, ontem à tarde, com dirigentes dos onze partidos que formam a coalizão que apóia o seu segundo governo, que debateu o Programa.
Os 10 anos do CECI
No Boletim Dário da PCR: O prefeito do Recife em exercício, Luciano Siqueira, participou, nesta terça-feira (30), do lançamento da publicação Textos para discussão, realizada pelo Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (Ceci), em comemoração aos dez anos da instituição. A ONG tem atividades voltadas à promoção do ensino, pesquisa, treinamento, consultoria técnico-científica, a produção de serviços e produtos, como também a execução de ações que contribuam para a conservação do patrimônio histórico, cultural e artístico da humanidade, dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável.
O prefeito homenageou o trabalho do Ceci e declarou seu reconhecimento aos diretores de toda a equipe técnica. “As contribuições geradas pela instituição são inestimáveis. São pessoas que se dedicam a pensar nos problemas da cidade, por isso desejo que se consolide cada vez mais e continue prestando esse serviço à sociedade”.
A publicação Textos para Discussão são trabalhos desenvolvidos na ONG que vão estar disponíveis no site do centro. O presidente do conselho de administração, Silvio Mendes Zancheti, disse que os artigos são produções intelectuais que não estavam disponíveis ao público. “Queremos fazer uma contribuição para os interessados em refletir sobre as temáticas abordadas pelo centro e os estudiosos. Através desse canal, vamos sistematizar esse acesso”, afirmou.
Já estão no ar dez textos e a previsão é que, até o fim do ano, sejam publicados cem artigos dentro das temáticas do Ceci: Conservação Urbana, Restauro e Identificação do Patrimônio Cultural.
30 janeiro 2007
PDT decide integrar bloco com PCdoB e PSB e apoiar Aldo Rebelo
O elogio de Aldo ao PT e a homenagem do PT ao PSB e ao PCdoB
Avaliação crítica
Em reunião anterior, o Programa foi apenas apresentado aos dirigentes das onze legendas partidárias que têm acento no Conselho.
Agora será submetido ao crivo da avaliação crítica.
Bom dia, Murilo Mendes
Homenagem a Oswaldo Goeldi
Oswaldo gravas: A ti mesmo fiel, ao teu ofício,
Gravas a pobreza, o vento, a dissonância,
A rude comunhão dos homens no trabalho.
Gravas o abandonado, o triste, o único,
O peixe que te mira quase humano
— É hora de morrer —
No preto e branco, no vermelho e verde.
Qualquer traço perdido,
A casa que espia pelo olho-de-boi
Testemunha de drama anônimo.
Gravas a nuvem, o balaio,
O geleiro e seus estilhaços.
O choque em diagonal de guarda-chuvas,
Tudo o que é rejeitado, elementos marginais,
A metade dum astro que se despe
Amado só do penúltimo vadio.
Oswaldo gravas,
Gravas qualquer solidão.
Os peixeiros que partilham peixe e onda,
Pássaros de solidões de água e mato,
O sinaleiro do temporal próximo,
A barca puxada pela sirga,
O bêbedo e seu solilóquio,
A chuva e seus túneis,
O mergulho em tesoura da gaivota.
És do sol posto, da esquina,
Do Leblon e do uivo da noite.
Não sujeitas o desenho à gravação:
Liberaste as duas forças.
Atingindo agora a unidade,
Pela natureza visionária
E pelo severo ofício
A tortura dominando,
Silêncio e solidão
Oswaldo gravas.
(Enviado pela amiga Selênia).
Equilíbrio de forças
Novo desenho
Cinema: Os esquecidos da cidade
Novo filme pernambucano, o curta “O Caso da Menina”, é uma adaptação de um conto de Marcelino Freire
No momento em que se lê esta matéria, um novo filme pernambucano está em gestação. Mais precisamente, o que acontece no escritório da produtora Pixel, no bairro dos Aflitos, é a edição do curta-metragem “O Caso da Menina”, de Tuca Siqueira, cujas gravações aconteceram durante a última sexta-feira e domingo.
Inspirada num conto pertencente ao livro “Angu de Sangue”, de Marcelino Freire, Tuca vai retratar o encontro de Conceição, uma menina de rua, de 15 anos (interpretado por Jaqueline Santos, de 21 anos) com o servidor público Samuel (Jones Melo). Desse encontro, à noite, numa parada de ônibus da avenida Guararapes, surge o leitmotiv dramático da história, quando a menina oferece seu bebê, recém-nascido, para Samuel criar.
No intervalo das primeiras tomadas, feitas no Arquivo Público da rua do Imperador Pedro II, local onde Samuel trabalha, Tuca explicou o porquê de escolher “O Caso da Menina” para compor como sua primeira ficção no cinema. “O conflito urbano me interessa muito e, quando li a história, vi uma possibilidade visual muito rica. O conto consiste essencialmente de diálogos, então, foi preciso um trabalho extra para fazer a adaptação”.
Na adaptação, ela conta que precisou criar um novo final. “Tive total liberdade e o melhor foi receber não só a aprovação, mas o entusiasmo de Marcelino [Freire]”, recorda. “Espero captar luz, movimento e vida para o filme. Se ele tivesse cheiro, costumo dizer que seria de azedo”, revela Tuca, que também convidou Isaar (ex-Comadre Fulorzinha) para compor a trilha sonora. As filmagens, originalmente, estavam marcadas para acontecer em dezembro, mas o compromisso de Jones Melo com a microssérie “Quadrante”, dirigida por Luiz Fernando Carvalho para a TV Globo, fez adiar as gravações do curta-metragem.
Caracterizado como o burocrata Samuel, por trás de um mesa abarrotada com pilhas de papel e carimbos, Jones Melo elogia a sensibilidade de Tuca. “Havíamos trabalhado juntos no projeto Aprendiz em Cena, na peça ‘Corpo Corpóreo’, sobre a qual ela criava e projetava videografias”. A respeito de seu personagem, o ator diz que já vinha conversando há um ano com a diretora.A inspiração para a composição veio da obra de Kafka e de “Diário de Um Louco”, do russo Gógol. “Samuel é um sujeito limitado, neurótico. Ele conversa com os objetos e com a própria escrita, e tem a mania de colar recados para ele mesmo na parede”. Essa mania, a propósito, é do próprio Melo, descoberta por Tuca quando o visitou em sua casa. A diretora não só agregou esta peculiaridade a Samuel como também definiu que a residência do ator, atualmente em reforma, também serviria de cenário como a residência do personagem. Em seu vigésimo filme, Melo se diz feliz com a experiência de conhecer os tantos estilos diversos de direção.
No outro extremo da sala do Arquivo Público, a estreante Jaqueline Santos observava tudo quieta e muito atenta. Escolhida entre 45 meninas, a moradora da comunidade Ilha de Santa Terezinha, no bairro de Santo Amaro, foi selecionada depois de uma bateria de testes com vídeo e entrevistas através de um concurso na ONG “Adolescer”.
A respeito de Conceição, Jaqueline diz que “seu humor varia bastante e me inspirei nas meninas precoces da minha comunidade”. Revela, ainda, que no início das filmagens ficava nervosa. “Mas Jones me ajuda muito e agora estou mais tranqüila, sem me preocupar tanto com o texto”. Sobre a experiência de atuar, o mais agradável, diz, “é estar cercada de gente que me dá tanta atenção”.
“O Caso da Menina”, com produção da Plano 9 e D7 Filmes, além da Pixel, teve recursos levantados por intermédio do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), aprovado pela Prefeitura do Recife, em 2005. O aporte levantado foi de apenas R$ 15 mil, o que faz do curta mais um trabalho entre amigos - que inclui Altair Paixão na fotografia, pilotando a câmera digital Panasonic DVX-100 (24p), e Osman Assis captando o som.
“Quero já em fevereiro correr atrás de recursos que possibilitem fazer o transfer da versão digital para película”, anuncia a diretora. E a julgar pelo seu trabalho audiovisual mais conhecido, “Homine: Costurando Identidade Urbanas” (2003), que é um preciso e delicado olhar feminino lançado no comportamento masculino dentro do universo urbano, há de se esperar de “O Caso da Menina” uma obra especial na atual filmografia pernambucana.
(Por Luiz Joaquim).
Versos que afagam
Lições da vida política (15)
Os bancos e o microcrédito
Da criação do microcrédito a dezembro de 2006, as instituições financeiras recusaram-se a emprestar 45% de tudo aquilo que estavam obrigadas. Em cifras, negaram R$ 782 milhões em crédito aos pobres, com quem poderiam ter lucrado cobrando juro de 27% a 60% ao ano. Em vez disso, acharam melhor mandar a bolada ao Banco Central (BC), onde o dinheiro descansa sem ganho para as instituições.
Veja a matéria completa clicando aqui http://cartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13406
29 janeiro 2007
Presidência da Câmara: debate tenso na TV
No Vermelho: O segundo debate entre os candidatos à presidência da Câmara, transmitido ao vivo para o público nesta segunda-feira (29), refletiu maior nervosismo, numa disputa sem resultado certo, a três dias da eleição. E trouxe indícios de aproximação entre Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) em um provável segundo turno com Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Veja reportagem clicando aqui: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=12743
Boa tarde, Mário Benedetti
Por que cantamos
Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel
você perguntará por que cantamos
se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
você perguntará por que cantamos
se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
você perguntará por que cantamos
cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino
cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos
cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.
Bienal da UNE: cultura afro-brasileira em debate
Na Carta Maior: Desde sábado (27), a cidade do Rio de Janeiro tornou-se o palco da 5ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Este festival estudantil – o maior da América Latina – reúne mais de 10 mil jovens para refletir sobre a influência africana na formação cultural brasileira, com o tema “Brasil-África: um Rio chamado Atlântico”. A Bienal durará uma semana, com encerramento previsto para 02 de fevereiro.
Sobre o tema, o coordenador-geral da Bienal, Tiago Alves, avalia que as raízes africanas talvez sejam as mais fortes na formação de nosso povo. “A influência entre os países é recíproca, então é preciso refletir sobre como o Brasil afetou e afeta a vida dos povos africanos e afrodescendentes”, diz. Ele se mostra preocupado em olhar para o presente no que diz respeito ao movimento negro, e não apenas para o passado. Por isso sugere alternativas para a interação cultural entre o Brasil e a África. “Por que não criar um espaço de circulação cultural entre os países do terceiro mundo, que não tenha interferência européia?”, questiona.
Para Alves, existe uma visão preconceituosa sobre a África, que prevalece nos meios intelectuais, inclusive na universidade. “Há uma visão folclórica do continente africano, como um lugar exótico. Poucos questionam quais os problemas dos jovens de lá, se eles são os mesmos problemas dos brasileiros. Por que não pensar em soluções compartilhadas?”.As Bienais têm papel relevante na retomada das atividades artístico-culturais da UNE, que durante o regime militar foram sufocadas. “O Centro Popular de Cultura (CPC), por exemplo, foi uma referência na vida artística estudantil durante os anos 60”, afirma o presidente da UNE, Gustavo Petta. Ele explica que, em 1999, o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) organizou a primeira Bienal da UNE, em Salvador. A partir da terceira, realizada em Olinda, o tema da cultura popular ganhou relevância. “Na quarta Bienal, em São Paulo, exploramos a identificação com a América Latina”, lembra Petta.
História: 30 de janeiro de 1629
O português Antônio Raposo Tavares, o mais feroz cabeça de entrada (bandeirante) da colônia, destrói as missões Guarani de Guairá (hoje Guaíra, PR) e escraviza 4 mil indígenas. Entre 1618-1641, esses ataques destroem 32 missões e escravizam 300 mil Guarani. (Vermelho www.vermelho.org.br).
Um estudo interessante: Reeleição inibe corrupção?
A partir de auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) em pequenos municípios, eles descobriram que o número de irregularidades nas cidades com prefeitos-candidatos é 50% abaixo da média das cidades nas quais os gestores fecharam o segundo mandato sem perspectivas eleitorais.
O dado é uma estimativa, já que os pesquisadores estão justamente trabalhando nesse tema para reapresentar o trabalho num seminário, mas confirma os resultados da primeira fase do estudo. Analisando os relatórios das auditorias sobre a aplicação de recursos federais pelos prefeitos, a partir de um sorteio entre os municípios, eles já tinham chegado a uma conclusão que contraria o senso comum em que se baseiam as críticas à reeleição. Para eles, a reeleição ou o desafio de uma nova eleição inibem a corrupção .
O universo da pesquisa são 367 municípios auditados entre 2003 e 2004. Na época, 66% tinham governantes em primeiro mandato. A CGU encontrou menos irregularidades nessas cidades do que naquelas onde os prefeitos estavam em segundo mandato.
Em números absolutos, o número médio de irregularidades neste último grupo é de 1,93 por município. Entre as cidades com prefeitos que tinham direito à reeleição, essa média cai para 1,57.
Os economistas criaram, então, um modelo para isolar variáveis - como tipos de violações, características do município e até a idade, grau de instrução, experiência e sexo dos prefeitos - e chegaram a até 30% mais fraudes entre os prefeitos que já haviam sido reeleitos. Para Cláudio Ferraz, o resultado mostra que os governantes são mais cuidadosos com a corrupção quando têm pela frente o desafio de outra eleição.
“A possibilidade de reeleição influencia muito e, com certeza, inibe a corrupção. Se o político tem como objetivo se reeleger, pode ter o incentivo de desviar para um caixa 2, por exemplo. Por outro lado, ele sabe que, se for pego, ele não vai conseguir se reeleger”, diz Ferraz.
“Há esses dois incentivos. O nosso trabalho está mostrando que o cuidado com a corrupção é mais forte. Mesmo sendo um prefeito corrupto, pode ser ótimo roubar menos no primeiro mandato e garantir a reeleição para fazer isso no segundo.”
CarreiraOs resultados podem sugerir que a recondução apenas adia para o segundo mandato a corrupção. Por isso os pesquisadores se dedicam agora à análise da gestão dos 25 prefeitos da amostra que já haviam sido reeleitos e tentaram alçar vôos mais altos em 2006, a maioria candidatando-se a uma cadeira de deputado estadual. Na comparação com os governantes reeleitos que deixaram as prefeituras sem outras ambições, eles foram mais austeros.
“Estamos falando de reeleição como opção de carreira futura. Interpretamos que o prefeito que já sabia que se candidataria no futuro a outro cargo foi mais cuidadoso em relação à corrupção nos dois mandatos”, diz Ferraz. “É mais uma evidência de que incentivos à carreira futura, de alguma forma,estão fazendo com que políticos sejam menos corruptos.”
Informação - O risco de não se eleger ao qual o economista se refere é confirmado pelos resultados eleitorais de 2004, mas está mais associado à informação. Nos municípios em que as auditorias foram conhecidas pela população antes da eleição, a probabilidade de reeleição dos governantes foi alterada significativamente. Entre os prefeitos de cidades onde não foram encontradas irregularidades e o resultado foi divulgado, a taxa de reeleição passou de 50%.
O estudo também comprovou que as reações às auditorias foram mais fortes nas cidades com rádio local, onde a informação chega mais facilmente aos eleitores. A taxa de reeleição nesses municípios chega a zero nos casos com três irregularidades.
As cidades com prefeitos em primeiro mandato em que a auditoria não foi divulgada antes do pleito reelegeram cerca de 40% dos governantes, independentemente do grau de corrupção encontrado mais tarde.
Ferraz lembra que os municípios envolvidos no estudo têm, em média, 25 mil habitantes. A disseminação das informações no nível local é diferente. Por isso ele diz que é difícil fazer comparações desse efeito com a reeleição na Presidência da República, por exemplo.
Os economistas pesquisaram nos relatórios da CGU durante dois anos. Eles contaram irregularidades relacionadas à corrupção, constatações de superfaturamento, pagamento por obras inacabadas, fraudes em licitação e desvio de verbas que constam nas auditorias.
Polêmica: Delfim Netto tropeça no marxismo
Em artigos publicados na Folha de S.Paulo ("Somos todos marxistas", em 17/01) e no jornal Valor Econômico ("Sejamos lógicos", em 23/01), o ex-superministro da Fazenda durante o regime militar, deputado federal Antônio Delfim Netto, procurou desenvolver uma pensata sobre o que julga ser o marxismo.
Tudo leva a crer que o deputado federal não-reeleito para a próxima legislatura tenha sido levado a abordar o assunto em função da retomada pública do debate sobre o socialismo no século 21, a partir das medidas econômicas anunciadas por Hugo Chávez como presidente reeleito da Venezuela e de outras decisões, no mesmo sentido, do governo boliviano sob o comando do presidente Evo Morales.
Deve estar presente também, nas preocupações do autor, o pavor de uma retomada ideológica na América Latina dos projetos socialistas. Como legítimo representante do pensamento liberal, Delfim se esforça por divulgar a ilusão de que o marxismo pode ser incorporado "ao pensamento universal", que é como todos os principais pensadores liberais se referem ao pensamento liberal hegemônico, retirando do marxismo o que ele tem de mais importante - o socialismo científico.
Veja o texto completo clicando aqui: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=12707
28 janeiro 2007
Bom dia, Paul Éluard
Coragem
Paris tem frio Paris tem fome
Paris já não come castanhas na rua
Paris anda vestido de velha
Paris dorme de pé sem ar no metropolitano
Ainda mais sofrimento é imposto aos pobres
E a sabedoria e a loucura
De Paris infeliz
É o ar puro é o fogo
É a beleza é a bondade
Dos seus trabalhadores famintos
Não peças socorro Paris
Estás vivo com uma vida sem igual
E por detrás da nudez
Da tua palidez da tua magreza
Tudo o que é humano se revela nos teus olhos
Paris minha bela cidade
Fina como uma agulha forte como uma espada
Ingênua e sábia
Tu não suportas a injustiça
Para ti só existe a desordem
Vais liberta-te Paris
Paris bruxuleante como uma estrela
Nossa esperança sobrevivente
Vais liberta-te da fadiga e da lama
Irmãos tenhamos coragem
Nós que não usamos capacetes
Nem botas nem luvas nem somos bem educados
Um raio se acende em nossas veias
Os melhores de nós morreram por nós
E eis que o sangue dos que morreram nos volta ao coração
E de novo é a manhã uma manhã de Paris
O extremo da libertação
O espaço da Primavera que nasce
A força idiota está na mó de baixo
Estes escravos nossos inimigos
Se compreenderem
Se forem capazes de compreender
Erguer-se-ão.
História: 28 de janeiro de 1943
Manifestação da UNE, no Rio, pelo ingresso do Brasil na 2ª Guerra. Graças à pressão popular, o Brasil será o único país latino-americano presente no campo de batalha para vencer o nazismo. (Vermelho www.vermelho.org.br).
27 janeiro 2007
Cinema: O caso da menina agarra pulsão da realidade urbana
Primeiro curta de ficção de Tuca Siqueira é baseado em obra de Marcelino Freire
Jones Melo está sentado numa mesa repleta de utensílios que devem povoar o cotidiano de um escriturário: calhamaços, tesoura, pastas, lápis, carimbo. Na tarde de ontem, ele recortava pequenos pedaços de papel, observado pela lente de uma ágil câmera 24p, aquela que captura a imagem em digital com a mesma velocidade de uma máquina que filma em película. Jones, ou Samuel no set armado no Arquivo Público Estadual, no bairro de Santo Antônio, ouvia com atenção as instruções da diretora Tuca Siqueira, que neste fim de semana roda, ao lado de uma equipe de 25 pessoas, O caso da menina, sua primeira ficção.
Inspirado no conto pinçado de Angu de sangue, livro de contos do pernambucano Marcelino Freire, O caso da menina narra o encontro de um funcionário público, Samuel, e de uma menina de rua, Conceição, com um recém-nascido a tiracolo e uma proposta singular. Tuca conta que a obra de Freire, por ser ligada a conflitos urbanos, é algo que lhe é caro. "Para mim, qualquer conto dele pode ser transformado em filme. Nesse, eu percebi que havia uma liberdade muito grande dentro da escrita. O conto se resume a um diálogo, então havia espaço para eu transformar os personagens, para criar seus perfis. Não é uma adaptação do conto, é baseado nele", explica a jovem realizadora, que despontou no cenário audiovisual pernambucano com Homine (2003), documentário em que traçava um painel da identidade masculina urbana por meio de quatro personagens.Ontem, embora se tratasse de sua incursão de estréia no universo ficcional, Tuca parecia segura no set. Ora trocava idéias com o fotógrafo Altair Paixão, ora pedia uma alteração na luz ao veterano João Sagatio, responsável pelo maquinário de luz (e uma das figuras mais emblemáticas da produção local). No segundo andar do edifício da rua do Imperador, Jaqueline Carvalho, 21, moradora de Santo Amaro, assistia a tudo com atenção - até porque horas mais tarde ela encararia a câmera de vera pela primeira vez. Escolhida por Tuca depois de testes de leitura e de vídeo, e a partir de um contato prévio com quatro ONGs que trabalhassem com adolescentes de comunidades carentes, ela foi preparada pelo diretor Marcondes Lima (que, por coincidência, é responsável pela encenação de Angu de sangue).
"Tô aqui prestando atenção porque à noite vou gravar pela primeira vez. A gente ensaiou muito, mas dá um pouco de nervosismo, né?", comentava Jaqueline. Conceição, ela diz, situa-se no limite entre o desejo de entregar a criança e a vontade de permanecer com ela. O que acontecerá, ela sabe, mas não vai entregar. O caso da menina ganhou o incentivo municipal do SIC em 2005, no valor de R$ 32 mil, mas Tuca revela que eles só conseguiram aprovar R$ 19 mil e, de fato, só captaram R$ 15 mil. "Vamos montar em fevereiro e depois batalhar para fazer o transfer", aponta. Detalhes que adicionarão e muito ao curta, uma produção conjunta da Pixel com a D7: Oscar Malta (Seu Juca, Quando a maré encher) fará a edição e a trilha sonora está a cargo de Isaar. (Luciana Veras)
A velocidade da lesma
Na CartaCapital desta semana: O segundo mandato de Lula começa com o anúncio de plano de crescimento. Como, se o Copom não solta o freio?
Para parte do setor produtivo brasileiro, dos principais atores das finanças, analistas dados a futurologia, governo e políticos, o anúncio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), feito pelo presidente Lula na segunda-feira 22, seria o alento necessário para que a economia brasileira saísse dos baixíssimos níveis de crescimento para números um pouco mais promissores e compatíveis com o que ocorre no mundo, em especial com os países emergentes.
O programa prevê para o período entre 2007 e 2010 um total de 503 bilhões de reais em investimentos (do setor público e do privado).
Mas na noite da quarta-feira 24 veio a pancada. O Comitê de Política Monetária, o Copom, não quis trocar o conservadorismo pela aposta em planos mais audaciosos. Em total descompasso com o Ministério da Fazenda, que coordenou a confecção do PAC, e o discurso de Lula, que nos últimos meses prometeu tornar o crescimento uma prioridade, o comitê anunciou que a taxa Selic (taxa de referência do mercado, ela baliza todas as outras taxas de juro da economia) cairia de 13,25% para 13%.
Lei a reportagem clicando aqui http://www.cartacapital.com.br/edicoes/2007/01/429/a-velocidade-da-lesma
Por que o planeta está esquentando
Os fatores são muitos, mas os gases-estufa são o principal.
Dez entre dez cientistas que estudam o clima não têm dúvidas: a Terra está cada vez mais quente desde a Revolução Industrial. Nos últimos setenta anos, o consumo crescente de energia proveniente de combustíveis fósseis, o desmatamento e o acúmulo de resíduos orgânicos e químicos fizeram disparar a emissão de alguns gases: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros menos conhecidos, todos chamados de gases do tipo estufa por reter a radiação térmica e assim impedir que o calor da Terra atravesse a atmosfera e se disperse no espaço. Nesses setenta anos, a temperatura do planeta subiu em média 0,7 grau, como resultado da interferência das atividades humanas na troca energética entre a Terra e o Sol. Para entender o que está acontecendo e o que pode acontecer se o acordo mundial para baixar as emissões de gases do tipo estufa – o Protocolo de Quioto, ratificado em fevereiro passado – não conseguir mudar o rumo dessa história, entrevistamos Carlos Nobre, engenheiro, doutor em meteorologia e pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e coordenador internacional do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), financiado pela NASA.
Leia a matéria completa clicando aqui http://carosamigos.terra.com.br/
História: 27 de janeiro de 1881
Os jangadeiros do Ceará, liderados por Francisco Nascimento, o Dragão do Mar, se recusam a embarcar escravos para o Sul. Ganha força a ala popular-radical da Campanha Abolicionista. (Vermelho www.vermelho.org.br).
Bom dia, Vinícius de Moraes
Los Angeles
Boa noite, Pablo Neruda. Neste instante
Ouvi cantar o primeiro pássaro da primavera
E pensei em ti. O primeiro pássaro da primavera
Cantou, parece incrível. Mas ainda existem pássaros
Que cantam em noites de primavera.
Estou sozinho e tudo é silêncio. Meus filhos
Foram dormir. Minha revolta, provisoriamente
Também foi dormir. A verdade, poeta
É que te tenho presente, a cerveja está bem gelada
E o pior ainda está por vir.
Hoje pensei em Lorca. Vi-o nitidamente
Caminhando entre soldados. Seus olhos
Me olhavam entre dois canos de fuzis, desfigurados.
Hoje soube que teve medo, teve medo de morrer
Teve medo, mas não dizia.
Eu também tenho medo, meu irmão. Quem, em verdade
Com tanto amor à vida não tem medo? Lorca
Amava a vida, era um pássaro. Lembro o dia
Em que atirei num passarinho, eu era menino. Vi-o
Por entre a mira da espingarda, depois tombou ensangüentado.
Debrucei-me sobre ele, agonizava, tinha medo
Mas também não se queixava.
É estranho, poeta, é tudo imensamente estranho
Esta noite, esta presença tua e esta certeza
De que a morte ronda. Gabriela, tua velha mestra
Partiu, foi para o México. Quando a deixei no avião
Olhou-me com ternura e muita paz
Depois beijou-me o rosto e disse:
- No sé si nos veremos más.
Agora, no entanto, a noite, amigo
Se estende sobre nós, plantada de lírios
Faiscantes. Lorca morreu. Outros morrerão
Talvez tu, talvez eu. O inimigo
Possui fuzis, o que não impede a primavera
De ser saudada pelos pássaros.
A ti te atacaram pelas costas
Os vendilhões de tua pátria em forma de faca
Tua pátria em forma de faca, que um dia
Há de se erguer ensangüentada
Do sangue da covardia e da maldade.
Uma crítica equilibrada
Desenvolvimento "light"?
Nas minhas insônias, que não são poucas, ando relendo os pré-socráticos. Sempre me interessei por eles, particularmente por Heráclito. E é com Heráclito que começo hoje: "Não devemos julgar apressadamente as grandes coisas".
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é abrangente, complexo e composto de medidas muito variadas. As reações iniciais também foram variadas e freqüentemente negativas, talvez com razão. Muitos consideraram o PAC insuficiente, estatizante ou ineficaz.
Tenham ou não razão esses críticos, um ponto precisa ser reconhecido: o PAC traduz uma mudança na orientação da política econômica.
No primeiro mandato de Lula, prevaleceu a concepção liberal-conservadora de um Estado basicamente passivo, cuja função seria ajustar as contas públicas, combater a inflação e realizar reformas microeconômicas. O crescimento sustentado da economia viria como subproduto quase automático da confiança despertada pelas políticas "responsáveis" e "market-friendly".
Como se sabe, o crescimento não aconteceu. O PAC reflete uma nova concepção em que o Estado volta a ter um papel mais ativo na promoção do desenvolvimento, como investidor em áreas estratégicas e indutor de investimentos privados.
A mudança em curso pode ser excessivamente cautelosa ou lenta, mas ela é significativa. O governo Lula está migrando aos poucos para o desenvolvimentismo, talvez um desenvolvimentismo "light".
A apresentação do PAC deixou a desejar, o que contribui para dificultar a sua avaliação. Muitas das medidas ficaram no ar. As estatísticas e as projeções apresentadas não foram bem esclarecidas. Em todo caso, parece claro que o foco do programa está no aumento dos investimentos em infra-estrutura econômica e social (energia, transporte, saneamento, habitação), com forte participação e liderança do governo federal e de empresas estatais. Há consenso de que as deficiências acumuladas nessas áreas, ao longo de diversos governos, constituem um dos principais obstáculos à retomada do desenvolvimento.
Se o PAC não foi mais ambicioso, isso se deve essencialmente a dois motivos interligados. Primeiro: os gastos correntes não-financeiros, que vêm crescendo rapidamente desde o governo Fernando Henrique Cardoso, receberam impulso adicional por medidas tomadas em 2006 e neste início de ano. Segundo: o governo não quer (ou não pode) reduzir muito a meta para o superávit primário, que se destina a cobrir pelo menos parte dos juros da dívida pública; com o PAC, essa meta passa de 4,25% para 3,75% do PIB.
O investimento privado é o principal componente do investimento agregado. Pode-se prever que ele responderá positivamente ao PAC?
Em princípio, sim. O governo demonstra disposição de atuar sistematicamente para remover gargalos atuais e potenciais de infra-estrutura, o que atenua custos e incertezas das empresas privadas. As medidas de desoneração tributária devem redundar em alguma ampliação do investimento nos setores beneficiados. No mercado financeiro, o PAC também não deve despertar temores de inconsistência fiscal e deterioração das contas governamentais.
Mas há diversos problemas a serem superados para que ocorra a desejada recuperação do investimento agregado e a aceleração do ritmo de crescimento do PIB. Ainda subsistem dois redutos fundamentais da linha FMI-Malan-Palocci: o Banco Central e a Receita Federal. Apesar das desonerações do PAC, a carga tributária brasileira continuará alta demais, afetando negativamente o investimento privado e o crescimento econômico. A combinação juros-câmbio continua bastante hostil à aceleração do crescimento.
O PAC não toca nessas questões monetárias nem nos altíssimos "spreads" bancários. Em todo caso, vamos aguardar. O que foi lançado nesta segunda-feira é a primeira etapa de um plano que terá desdobramentos. Pode-se avançar mais na diminuição da carga tributária e das taxas de juro cobradas pelos bancos. O governo e o Banco Central têm meios, a começar pela redução mais rápida dos juros básicos, de assegurar uma taxa de câmbio mais competitiva. A queda mais rápida dos juros alargaria a margem de manobra do PAC, abrindo espaço adicional para cortar impostos e ampliar o investimento público.
Podemos ter esperanças? Creio que sim. Volto a Heráclito: "Se não tiveres esperança, não encontrarás o inesperado".
Paulo Nogueira Batista Jr. é economista e professor da FGV-EAESP
PCdoB: disputa na Câmara abre nova fase da aliança governamental
Na resolução da direção do PCdoB está implícita uma análise da conjuntura política defendida pelo presidente do Partido, Renato Rabelo, na abertura da reunião. Existem fatores novos no atual curso político, especialmente a partir do lançamento unilateral e sem consulta aos partidos da coalizão governista da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), argumentou na reunião o presidente do PCdoB.
A eleição para a presidência da Câmara resume o quadro político com rara fidelidade, disse Renato, inaugurando uma nova fase nas relações entre os principais membros da coalizão governamental. “O PT colocou no centro de suas preocupações políticas a conquista da presidência da Câmara dos Deputados, como uma forma de consolidar sua hegemonia já fortemente presente no Executivo, tentando com isso mostrar sua própria imprescindibilidade diante do presidente da República e da sociedade como um todo”, afirmou Renato. Segundo a visão de vários deputados petistas, a vitória de Arlindo poderia redimir o PT de todos os problemas gerados pelas denúncias apresentadas durante os últimos meses contra dirigentes nacionais desse Partido.
A reunião dos comunistas chegou a constatar inclusive que o PT ficou à vontade para utilizar os mesmos métodos “éticos” tão criticados pelos petistas, no passado recente, de cooptação de lideranças partidárias durante o período da atual campanha para a presidência da Câmara.
“A coalizão pode tomar caminho diferente da trajetória até agora seguida após a decisão do PT. O núcleo formado pelo PT, com setores do PMDB, do PR e do PTB chegou ao ponto de propor a renúncia de Aldo Rebelo como candidato à reeleição, provocando abalo nas relações com o PT por parte de partidos importantes da coalizão como o PCdoB, o PSB, e demais setores partidários. Trata-se, portanto, de uma nova fase na aliança governamental”, concluiu Renato Rabelo.
A defesa da candidatura de Aldo Rebelo - No documento aprovado na reunião que formalizou o apoio do PCdoB à candidatura de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara ficou registrado que “no final do ano passado, o presidente Lula, líder da aliança vitoriosa, apoiou e incentivou a reeleição do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo. Ele conquistou largo apoio ao seu nome. Todavia, o PT de forma unilateral insurgiu-se contra esse movimento pela reeleição de Aldo Rebelo, levando à divisão a base de apoio ao Governo ao lançar outro nome, a candidatura de Arlindo Chinaglia”.
“Mesmo assim”, afirma o documento, “a candidatura de Aldo Rebelo adquiriu amplo apoio na base parlamentar do Governo e, também, na oposição, o que lhe dá legitimidade para representar a instituição como um todo”. O texto conclui afirmando que “no que se refere aos interesses políticos da ampla aliança partidária que reelegeu Lula presidente, a reeleição de Aldo Rebelo terá o efeito de proporcionar o necessário equilíbrio de forças no âmbito da coalizão e do próprio parlamento”.
Veja a nota da direção nacional do PCdoB
Pelo fato de o Poder Legislativo ser uma das principais instituições da democracia e pela a relevância do cargo em disputa, o terceiro da hierarquia da República, a eleição à presidência da Câmara dos Deputados assumiu prioridade na agenda política desses dois primeiros meses do ano. O pleito é o principal tema do parlamento, movimenta o governo, a sociedade o acompanha com vivo interesse.
Depois de um curso instável, a disputa chega à reta final com três candidatos: dois dos partidos que apóiam o governo, os deputados Aldo Rebelo, do PCdoB e Arlindo Chinaglia, do PT, e um da oposição, deputado Gustavo Fruet, do PSDB. Esta singularidade de a base aliada concorrer com dois nomes tem um histórico determinado. No final, do ano passado, o presidente Lula, líder da aliança vitoriosa, apoiou e incentivou a reeleição do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo. Ele conquistou largo apoio ao seu nome. Todavia, o PT de forma unilateral insurgiu-se contra esse movimento pela reeleição de Aldo Rebelo, levando à divisão a base de apoio ao governo ao lançar outro nome, a candidatura de Arlindo Chinaglia.
Mesmo assim, a candidatura de Aldo Rebelo adquiriu amplo apoio na base parlamentar do governo e, também, na oposição, o que lhe dá legitimidade para representar a instituição como um todo. Com essa abrangência é a melhor alternativa para presidir, fortalecer e representar a Câmara dos Deputados.
No que se refere aos interesses políticos da ampla aliança partidária que reelegeu Lula presidente, a reeleição de Aldo Rebelo terá o efeito de proporcionar o necessário equilíbrio de forças no âmbito da coalizão e do próprio parlamento.Assumir maiores responsabilidades não pode ser privilégio de um único partido. A busca de distribuição equilibrada de papéis entre as legendas que integram a aliança assegura-lhe maior coesão, quesito indispensável para a governabilidade e o êxito do governo.
Com base nessas convicções, o Partido Comunista do Brasil-PCdoB reitera seu apoio decidido à candidatura de Aldo Rebelo à presidência da Câmara dos Deputados e convoca sua bancada de parlamentares federais a reforçar ainda mais o empenho pela vitória. Ao mesmo tempo, o Partido dirige-se às forças progressistas, democráticas e interessadas na valorização do parlamento conclamando-as a se unirem em torno da candidatura de Aldo Rebelo com a certeza de que Câmara sob sua presidência dará novos passos para melhor desempenhar sua missão de defender os direitos do povo e os interesses do país.
São Paulo, 26 de janeiro de 2007
Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil-PCdoB
26 janeiro 2007
A posse dos novos secretários
Em seu discurso, o secretário José Humberto Moura Cavalcanti Filho ressaltou as ações desenvolvidas pela prefeitura na área de habitação. “Quero saudar o companheiro Carlos Padilha pelo excelente trabalho na construção de moradias no Recife. Agora, vamos dar continuidade aos projetos da gestão do prefeito João Paulo para melhorar a vida dos mais humildes”, afirmou.
O novo secretário de Administração falou da emoção de assumir a secretaria e agradeceu a ajuda do ex-secretário Rômulo Menezes. “Estou muito contente por poder contribuir com a equipe da prefeitura. Quero agradecer a ajuda do ex-secretário e da equipe, por me atualizarem sobre os assuntos da pasta. A minha missão será a de gerir pessoas, para que sejam mais felizes, e prover outras secretarias do que seja necessário”, explicou Fernando Nunes.
A cerimônia foi encerrada com discurso do prefeito em exercício, Luciano Siqueira, e ato de assinatura do livro de posse. “Estou muito contente com este evento, pois, a partir de hoje, teremos um governo ainda mais plural, inaugurando em Pernambuco um novo ciclo político. Os novos membros da equipe terão um grande desafio pela frente. Vão intermediar conflitos e contribuir para que a cidade funcione da melhor maneira possível. Para isso, terão que dialogar com diferentes setores, convivendo e aprendendo com as diferenças”, declarou.
Bom dia, Alberto Cunha Melo
Relógio de ponto
Tudo que levamos a sério
torna-se amargo. Assim os jogos,
a poesia, todos os pássaros,
mais do que tudo: todo o amor.
De quando em quando faltaremos
a algum compromisso na Terra,
e atravessaremos os córregos
cheios de areia, após as chuvas.
Se alguma súbita alegria
retardar o nosso regresso,
um inesperado companheiro
marcará o nosso cartão.
Tudo que levamos a sério
torna-se amargo. Assim as faixas
da vitória, a própria vitória,
mais do que tudo: o próprio Céu.
De quando em quando faltaremos
a algum compromisso na Terra,
e lavaremos as pupilas
cegas com o verniz das estrelas.
Encontro com o embaixador da França
No Boletim Diário da PCR: Nesta quinta-feira (25), o prefeito do Recife em exercício, Luciano Siqueira, foi recebido pelo embaixador da França, Antoinne Pouillieut, em almoço oferecido pelo consulado francês, no restaurante do Hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem (zona Sul do Recife). Participaram do encontro o primeiro secretário da Embaixada da França, Eric Amblard, o cônsul da França, Jean Claude Lenoir, além do reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Amaro Lins, e o presidente da Aliança Francesa, Armando Vasconcelos. Acompanharam o prefeito em exercício, o coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura do Recife, Roberto Trevas, o presidente da Fundação de Cultura do Recife, Fernando Duarte, e chefe de gabinete do vice-prefeito, Tadeu Lyra.
“Este almoço foi um encontro de cortesia promovido pelo embaixador francês, que está há dois meses no Brasil, fazendo questão de se encontrar com os representantes das cidades que visita”, afirmou Luciano Siqueira. Ainda segundo ele, a conversa girou em torno do projeto de cooperação existente entre as cidades Recife e Nantes (França), além da intenção de se intensificar as relações de intercâmbio entre cidades francesas e o Recife. Após o almoço, Luciano Siqueira presenteou os representantes franceses com kits turísticos da capital pernambucana.
Belluzzo: BC decidiu vetar o PAC
Em entrevista a Paulo Henrique Amorim (clique aqui para ouvir), Belluzzo disse que, diante da ofensiva do Governo com o PAC, o Banco Central decidiu restabelecer a sua hegemonia. E vetou o PAC.
O comunicado do Banco Central, logo depois da reunião, veio em linguagem “sibilina”, disse Belluzzo, como aquela que discutia o sexo dos anjos, na Idade Média.
O Banco Central tem uma ideologia – anti-Governo e pró-banqueiros, diz Belluzzo.
Clique aqui para ler a entrevista http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/411501-412000/411974/411974_1.html
Para descontrair: Aldo e Manuela
No G1: Com cabelos mais curtos e novo penteado, a deputada eleita Manuela D'Avila (PC do B-RS) visitou o Congresso nesta quinta (25). Foi recepcionada pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo, do mesmo partido e candidato à reeleição.
Antes mesmo de tomar posse no próximo dia 1º, ao lado dos outros 512 deputados eleitos, Manuela já é considerada a "musa do Congresso". "Não sei de onde saiu isso. Sou tão na minha", afirmou a deputada eleita na semana passada ao G1.
Na quarta-feira, Manuela "ganhou" a eleição simulada para presidente da Câmara realizada entre os funcionários da casa que testaram as urnas eletrônicas a serem usadas na votação.
Lula queria queda maior dos juros, diz Mantega
"Claro que o presidente (do Banco Central, Henrique Meirelles) sabe que eu, e mesmo o presidente Lula, gostaríamos que caísse um pouco mais. Só que ele tem que cumprir a meta (de inflação)", declarou Mantega ao chegar a Davos (Suíça) para o Fórum Econômico Mundial.
A respeito da divisão do Comitê Política Monetária (Copom) - que aprovou a decisão por cinco votos a três -, o ministro disse que haver opiniões divergentes é normal. "Certamente fizeram uma discussão profunda. Quem propôs 0,25% teve argumentos sólidos. Imagino que é uma estratégia para prolongar a redução das taxas ao longo do tempo. Mas é apenas uma dedução."
Questionado se não discutiu o assunto com o Banco Central, para estar deduzindo a explicação e não saber concretamente o motivo, ele respondeu que sim - mas frisou que "a decisão não é do ministro da Fazenda". Segundo Mantega, "o Copom tem autonomia e assim é melhor, mas nós discutimos cenários".
Na reunião anterior, em novembro, o Copom havia decidido reduzir a Selic em meio ponto percentual (13,75% para 13,25%), por cinco votos a três. Dessa vez, o placar foi inverso. Veja ao lado a explicação do BC e as repercussões. A próxima reunião está marcada para os dias 6 e 7 de março.
25 janeiro 2007
Bom dia, Carlos Pena Filho
Soneto à fotografia
Libertar-se ligeiro da moldura
é o desejo da face, onde, o desgosto
emigrado do poço de água impura,
vai se aninhar na hora do sol posto.
Do lugar da prisão vem a tortura,
pois vê, do seu retângulo, teu rosto
e acorrentado na parede escura,
não pode engravidar-te para agosto.
Guarda ainda no olhar instante e viagem:
o instante em que foi presa pela imagem
e o roteiro que fez em mundo alheio.
E eterna inveja do seu sósia ausente
que, embora prisioneiro da corrente,
habita num subúrbio do teu seio.
Decisão do BC choca-se com clima de crescimento acelerado
A cautela já está sendo interpretada por trabalhadores e empresários como sinal negativo para o futuro do PAC e para as possibilidades de o país de fato acelerar o crescimento. A opinião foi manifestada pela Força Sindical e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que em notas oficiais criticaram o BC.
Leia a matéria completa clicando aqui: http://cartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13383
Doação Cidadã já retirou das ruas 214 pessoas
Os dados foram divulgados, nesta quarta-feira (24), pela Gerente de Convívio Social de Média Complexidade do IASC -Instituto de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura do Recife, Indira Caldas, referentes ao trabalho de abordagem realizado de 15 a 31 de dezembro, nos dois locais. Segundo Indira, no Canal de Setúbal 183 pedintes foram abordados, sendo que 179 aceitaram deixar as ruas e participar dos programas de inclusão social oferecidos pelo município.
Das 78 abordagens feitas no Cais de Santa Rita, 35 pessoas aceitaram deixar a rua e se inscrever nos cursos profissionalizantes e nos programas sociais. Mesmo longe das ruas, a população que vivia da mendicância continua recebendo atendimento do município, por meio das diversas secretarias. “Emissão de documentos, realização de exames de saúde são alguns dos serviços disponíveis”, explicou Indira.
A Campanha Doação Cidadã foi lançada no dia 4 de dezembro de 2006 com o objetivo de conscientizar a população a evitar dar esmolas nas ruas, nos sinais de trânsito, mas encaminhar as doações as instituições que atuam na área da assistência social. O trabalho de abordagem e de distribuição de material educativo é realizado por 40 voluntários da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã e 20 educadores sociais do IASC.
Com as férias e a proximidade do carnaval, a campanha foi intensificada e direcionada aos locais de grande concentração de visitantes, a exemplo do Aeroporto dos Guararapes Recife-Gilberto Freyre, Terminal Integrado de Passageiros(TIP) e Praça do Marco Zero. A ação é integrada, contando com vários órgãos municipais, e respalda pelo Ministério Público, Conselhos Tutelares e GPCA – Gerência de Proteção da Criança e do Adolescente. A campanha Doação Cidadã será intensificada, nesta quinta-feira (25), das 15h às 17h, no Terminal Integrado de Passageiros, onde haverá distribuição de material educativo e abordagem; na sexta-feira ocorrerá na Praça do Marco Zero, das 9h às 11h, e no sábado será das 9h às 11h, no TIP.
História: 25 de janeiro de 1984
24 janeiro 2007
Blog do JC: Prefeito Luciano Siqueira defende o PAC de Lula: "É tudo de bom"
Generoso, encontrou um jeito de não interromper sua constribuição semanal, pelo que somos gratos.
No caso, a defesa da iniciativa governamental ocorre um dia após o ex-ministro Gustavo Krause, nosso outro ilustre colunista, esbordoar o programa de Lula.
Blog plural é isso. Abre espaço para todas as correntes.
Aguardem novidades ainda esta semana.
Boa leitura.
(Jamildo Melo).
O gesto inaugural do governo Lula
Quase às vésperas da segunda posse do presidente Lula, escrevemos em nossa coluna semanal no portal Vermelho (www.vermelho.org.br) que o gesto inaugural do segundo governo Lula seria a composição do novo ministério. Não foi.
O presidente preferiu aguardar as eleições para as mesas do Senado e da Câmara, que acontecerão a 1º de fevereiro.
O gesto inaugural ocorreu anteontem, com a apresentação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um conjunto de medidas destinadas a alavancar a economia a taxas de 4,5% em 2007 e 5% a partir do ano que vem.
Não é uma empreitada simples. Basta ver o roteiro traçado, cuja ênfase está na audaciosa ampliação de investimentos em energia elétrica, gás, petróleo, transportes (rodovias, hidrovias, ferrovias, portos, aeroportos), habitação e saneamento – num total de R$ 503 bilhões.
Ao mesmo tempo, o governo espera reduzir impostos em torno de R$ 18 bilhões e ofertar crédito como estímulo ao empresariado.
Natural que o pacote de medidas sofra reparos críticos. Tem mesmo limitações, sobretudo porque não foge às determinações da política macroeconômica vigente, conservadora.
Não altera, por exemplo, a abordagem da dívida pública, hoje um dos principais empecilhos aos investimentos públicos diretos – visível no próprio PAC.
Porém tem grandes méritos. O maior deles é recuperar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento, colocando agora o crescimento e a expansão do emprego como vetor da gestão econômico-financeira do país, sem abandonar, entretanto, o controle inflacionário e o equilíbrio monetário e fiscal. Outro é contemplar as desigualdades regionais, dando atenção especial ao Norte e ao Nordeste. E mais: considera a melhoria das condições de vida da população através de investimentos em saneamento e habitação, além de manter as previsões orçamentárias para a educação, a saúde e demais políticas sociais básicas.
Além disso, no aspecto estritamente político, a despeito de conflitos que se darão no Congresso em torno, por exemplo, de alterações na legislação ambiental e o tamanho da desoneração da produção, o PAC tem o dom de unir em torno de propostas consistentes amplos setores sociais e políticos, na linha do governo de coalizão.
Dois fatores – a unidade da base partidária e parlamentar e a eficiência de gestão, que desta vez se espera venha a acontecer – poderão fazer o PAC efetivamente exitoso. Para o bem da nação.
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Bom dia, Adalberto Monteiro
A força da cor
A vida não é palavra,Van Gogh provou.
A vida é cor, a vida é cor.
A cor diz:
se há prazer ou dor,
se há trevas ou se há luz,
pobre dos escritores
que só têm o alfabeto ao seu dispor...
PSB com Aldo e PSDB com Fruet
A decisão era previsível, pois várias lideranças socialistas já haviam declarado voto em Aldo. Mas, com os candidatos correndo atrás de fatos positivos – ou tentando criá-los – para explorar na eleição, o gesto não só ajudou Aldo, como colaborou para prejudicar o concorrente do PT, Arlindo Chinalgia (SP).
Isso porque o posicionamento do PSB ocorreu no mesmo dia em que o PSDB recuou da intenção de votar em Chinaglia, para apoiar um postulante do partido, Gustavo Fruet (PR). Fruet entrou na disputa lançado por um grupo de parlamentares autodenominado “terceira via” e “independente”, embora seja controlado por tucanos.
História: 24 de janeiro de 1835
Grande insurreição dos escravos malês une haussás, jejes e tapas em Salvador, BA. Conexão, frustrada, com os cativos dos engenhos. Combate em Água de Meninos: 100 mortos, 281 presos. (Vermelho www.vermelho.org.br).
Jacaré com porco-espinho
Nada profundo. Meramente factual. Mas vale a pena ler.
E tem uma afirmação curiosa. O senador diz que “puxará o PSDB nacional mais para a esquerda”. Neoliberalismo de esquerda? Seria o mesmo que acasalar jacaré com porco-espinho.
23 janeiro 2007
Luís Nassif: PAC - o detalhe que revela
Interessa saber seu significado político. Na prática, marca o final de um período que começou na gestão Marcílio Marques Moreira, tornou-se agudo nas gestões Pedro Malan e Antonio Palocci, caracterizado pelo acompanhamento exclusivo do superávit primário (sem computar juros e serviço da dívida), prioridade absoluta para o pagamento da dívida, e total sacrifício do gasto público em geral. O Estado abria mão de qualquer veleidade de fazer política econômica autônoma.
O primeiro sinal da nova ordem é que o PAC entroniza o PPI (Projeto Piloto de Investimento) no orçamento. Enquadram-se nessa rubrica projetos considerados prioritários, que tenham as chamadas externalidades positivas – isto é, que ajudam a melhorar o ambiente econômico ou social.
Ao longo de 2005 e 2006 montou-se uma carteira de projetos que entrou no PAC. A novidade – que provavelmente passou despercebida dos analistas durante o dia — que o governo mantém a meta de superávit primário de 4,25%. Mas, se a meta se frustrar, haverá redução do superávit primário, não do PPI.
Um segundo ponto importante foi o mapeamento dos projetos seguindo uma lógica de integração de territórios. No seu discurso, embora a Ministra Dilma Rousseff tenha denominado de “viés regional” do PAC, é mais que isso. Tenta-se definir um planejamento estratégico contemplando a criação de zonas econômicas, integrando desde norte e nordeste do Brasil até a América do Sul.
O terceiro ponto é a criação de um grupo de acompanhamento dos projetos destinados a garantir sua pronta execução. De certo modo é o que se tentou fazer no Avança Brasil, que morreu por excesso de ambição (tentou englobar todo o orçamento e não havia recursos para investimento público) e falta de vontade política.
Mas a mudança de inflexão do governo Lula começou a ocorrer no segundo turno das eleições, quando o tema do desenvolvimento tornou-se a bandeira principal. Desde então, Lula passou a cobrar medidas audaciosas de seus ministros. Em determinado momento, a Fazenda apresentou alguns obstáculos de ordem orçamentária. Lula reagiu. ''Até parece que vocês estudaram tudo na mesma escola'', repreendeu o ministro Guido Mantega. O ministro insistiu na importância de manter o superávit de 4,25%. A resposta de Lula foi definitiva: “Quem decidiu pelo superávit de 4,25% fui eu. Logo eu posso reduzir o superávit”. Queria dizer, com isso, que não havia dogma técnico justificando o superávit.
Mesmo assim, a ordem para a equipe foi a de não assustar o mercado, passando a falsa impressão de que haveria farra fiscal. Justamente por isso, recorreu-se a essa sutileza de apresentar o PPI de 0,5% e, bem rapidamente, a explicação de que, em caso de frustração de receita, a parte afetada seria a meta de 4,25% de superávit primário.
Repito, estou analisando as intenções. Falta mergulhar na análise da consistência do PAC e, depois, no acompanhamento da execução.
O PAC criticado em editoriais de jornais de circulação nacional
O que pensam os jornais sobre o PAC
Do Jornal do Brasil, hoje: Embora ainda insuficientes para cumprir o que de mais importante o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu antes, durante e depois da reeleição - a promoção do desenvolvimento em ritmo mais acelerado do que o conseguido até agora - as medidas do chamado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deixam, no fim das contas, um balanço positivo para o país. Se reconhecidos os limites para que mais tarde venham reformas institucionais no Congresso, tudo bem. Caso contrário, más notícias chegarão em breve. Leia mais
De O Estado de S.Paulo, hoje: Discurso e foguetório não faltaram na apresentação, ontem, do pacote econômico prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como 1º ato do novo “espetáculo do crescimento”. Aberto o embrulho, no entanto, confirmou-se a previsão de um conteúdo medíocre, mal disfarçado pela mistura de investimentos do governo, de estatais e do setor privado - alguns prometidos, outros programados e alguns não mais que desejados. A decisão de inflar o pacote, para torná-lo mais vistoso e mais volumoso - papel aceita tudo -, já bastaria para deixar desconfiados até os otimistas. Mas o conjunto é ainda mais preocupante, porque traz marcas de velhas experiências custosas e malsucedidas. Leia mais
Da Folha de S.Paulo, hoje:
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu uma ilusão nos meses de modorra que decorreram de sua eleição ao anúncio ontem do chamado Programa de Aceleração do Crescimento. Tudo se passava como se o governo federal elaborasse um conjunto de medidas com a capacidade intrínseca de catapultar o crescimento do PIB para a casa dos 5% ao ano.
A fantasia foi desfeita ontem. Nas próprias palavras de Lula e na exposição genérica dos projetos do plano ficou patente a limitação do poder público para, de modo responsável, contribuir diretamente para o crescimento vigoroso da produção.
É do investimento privado, afinal, que dependerá a aceleração do crescimento econômico. Todos os pressupostos otimistas do PAC, do desafogo das contas públicas ao próprio crescimento do PIB, estão associados a esse aumento de dispêndio no setor privado, que o governo não controla, mas busca estimular." Assinante da Folha leia mais
Bom dia, Márcia Maia
Troca-troca na Câmara dos Deputados
Não se conhecem razões programáticas para a migração. Donde se deduz que o que assim se comportam apenas usaram a legenda pelas quais se elegeram em outubro passado.
Na reforma política que venha acontecer – quem sabe? – na atual legislatura, mudança e partido deveria significar perda automática do mandato.
Vox Populi
Lições da vida política (14)
História: 23 de janeiro de 1637
O conde Maurício de Nassau chega a PE. Administrador avançado para a época, leva ao auge (até 1644) a ocupação holandesa no Nordeste. (Vermelho www.vermelho.org.br).
22 janeiro 2007
Lula inicia o segundo governo
Com o anúncio, hoje pela manhã, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Lula inicia, de fato, o seu segundo governo.
Falta reformular o ministério, que acontecerá após a eleição das mesas do Senado e da Câmara, a partir de 1 de fevereiro.
O portal Vermelho fez uma boa síntese do PAC. Veja abaixo.
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Os investimentos são a base do programa de aceleração. Trata-se de um conjunto de projetos de infra-estrutura pública – que, espera-se, irão atrair investimentos privados. A expectativa é que a soma dos investimentos públicos diretos (R$ 63,3 bilhões em quatro anos), investimentos das estatais, financiamentos dos bancos oficiais e investimentos privados chegue a R$ 502,3 bilhões no período do programa, entre 2007 e 2010.
Prioridades é a infra-estrutura pública
O governo selecionou mais de cem projetos de investimento prioritários em rodovias, hidrovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento, recursos hídricos (estes com recursos da administração direta, saindo do orçamento da União, via ministérios setoriais e autarquias), além de energia elétrica (via Eletrobrás), gás e petróleo (Petrobras).
Meta é crescer 5% ao ano
O objetivo é contornar os gargalos ao desenvolvimento e obter um crescimento econômico de 4,5% em 2007 e 5% ao ano entre 2008 e 2010. Nas duas últimas décadas, a média de crescimento ficou entre 2% a 2,5 %. O governo conta com o resultado do papel indutor do setor público, em que cada R$ 1 investido resulta em R$ 1,5 em investimentos privados.
Fonte dos recursos
Os R$ 63,3 bilhões necessários aos investimentos diretos nos próximos quatro anos virão da economia com os juros da dívida pública, porque conta com uma redução gradual da taxa Selic, além de 0,5% do PIB que seria abatido do superávit primário anual. Se os investimentos forem plenamente executados, o superávit então pode cair de 4,25% ao ano para 3,75%. Isso pode não ocorrer se a arrecadação crescer além do estimado e “sobrar” dinheiro para o superávit e os investimentos. No ano passado, o governo já tinha se proposto gastar parte do superávit e não foi preciso, porque a arrecadação foi recorde e só conseguiu investir 0,14% do 0,5% do PIB proposto.
Contenção de despesas
O PAC não traz compromissos com a redução de despesas correntes (gastos com custeio da máquina, programas sociais etc), como inicialmente previsto, como foram de remanejar receitas para os investimentos. O único compromisso explícito de contenção de gastos é o limite estipulado para a folha de pagamento dos funcionários do Executivo federal. Os reajustes não poderão ultrapassar a variação da inflação mais 1,5% ao ano. E o aumento do salário mínimo, conforme lei já proposta ao Congresso, será indexado à variação do IPCA, acrescido do crescimento do PIB de 2 anos anteriores. Nos dois casos, não se trata de corte de despesa, mas de contenção de crescimento de despesa.
Juros da divida pública
No quadro das receitas esperadas, o governo projeta uma queda gradual e segura dos gastos com juros da dívida. A taxa anual média cairia de 12,2% em 2007, para 11,35% em 2008, 10,5% em 2009 e 10,05% em 2010. Com essa estimativa de redução de gastos financeiros, o déficit nominal do governo cairia também anualmente. A queda dos juros é uma estimativa, já que os juros obedecem à lógica dos mercados, interno e externo.
Impostos, encargos e desonerações
O PAC não proporá uma reforma tributária, nem trabalhista, pelo menos por enquanto. Por ora, o governo vai fazer a desoneração, por meio de medida provisória e decreto, de setores de bens de capital (máquinas e equipamentos), matérias-primas para a construção civil, equipamentos de transmissão digital, semi-condutores e computadores. Nos casos de investimentos em infra-estrutura (energia, portos, saneamento etc), a empresa ficará isenta do recolhimento do PIS/Cofins.
Espera-se uma perda de arrecadação de R$ 6,6 bilhões em 2007. Duas medidas trarão alívio de caixa para as empresas: a data para recolhimento das contribuições ao INSS passará do dia 2 para o dia 10 de cada mês. E do PIS/Cofins, do dia 15 para o dia 20 de cada mês.
Previdência Social
O governo vai criar um fórum de debates, com participação de especialistas, aposentados, trabalhadores etc, para propor, ao final de seis meses, uma reforma do sistema previdenciário. Com uma ressalva: nenhuma mudança atingirá os direitos adquiridos de quem já ingressou no sistema. As mudanças seriam para as futuras gerações.
Lei de licitações e ambiental
O governo pretende alterar a lei de licitações (lei 8.666) e também vai enviar um projeto de lei complementar para o Congresso estabelecendo competências para legislar sobre o meio ambiente. A regra básica é: se o projeto em questão impactar mais de um estado, a competência será federal. Se impactar mais de um município, será estadual.
Fundo de Investimentos com recursos do FGTS
A Caixa Econômica Federal vai administrar um fundo de investimentos para alocar recursos da ordem de R$ 5 bilhões para investimentos em energia, rodovias, ferrovias, portos e saneamento. A rentabilidade do fundo, a exemplo de um fundo de ações, dependerá do sucesso dos empreendimentos que comporão o portfólio do fundo. O risco é do investidor. Os trabalhadores poderão optar por aplicar até 10% de seu saldo de FGTS nesse fundo.
Ampliação do limite de endividamento de estados e municípios
Estados e municípios terão maior margem de endividamento para investir em saneamento. O PAC vai flexibilizar o limite de 45% que a Caixa Econômica Federal está autorizada a emprestar para governadores e prefeitos, além de aportar mais R$ 5,2 bilhões para elevar o capital da Caixa. Com isso, estima-se mais R$ 7 bilhões para investimentos, via estados e municípios, em 4 anos.
Habitação para a classe média
Será promovida a elevação da liquidez do fundo de Arrendamento Residencial (FAR), para permitir a antecipação da opção de compra de um imóvel arrendado, pelo arrendatário.
Defesa da concorrênciaO governo se empenhará na aprovação de projeto de lei em tramitação no Congresso, que cria o Sistema Brasileiro de Defesa da concorrência, juntando conselhos do Cade, SDE e SEAE.
Clique aqui para ler a íntegra do discurso do presidente Lula
História: 22 de janeiro de 1945
O 1º Congresso Brasileiro de Escritores, Rio, critica o Estado Novo, pede completa liberdade de expressão e diretas para presidente. (Vermelho www.vermelho.org.br).
À luz do dia
Vale para a política e para a vida.
Para que as idéias fluam desenvoltas e, submetidas ao crivo da crítica, se aperfeiçoem ou se redirecionem.
E para que pela prática se afirmem ou se esvaiam.
Tempo de mudança: de debate e de ação.
Versos que sensibilizam
Crise nas Alagoas
Bem diferente do início do governo Eduardo Campos em Pernambuco.
Inabilidade política? Problemas herdados do antecessor? Equívocos de concepção?
Em artigo no Vermelho (www.vermelho.org.br), o ex-deputado constituinte Eduardo Bomfim (PCdoB) faz considerações esclarecedoras. Veja o texto na postagem seguinte.
O Choque e a Gestão
O clima de insatisfação que se espalha por todo o estado de Alagoas é decorrente da estratégia administrativa adotada pelo novo governo empossado em primeiro de janeiro, baseada em conceitos já aplicados em nosso país, que resultaram em paralisia econômica, privatizações lesivas, além de outros efeitos danosos.
A justificativa do governo possui base doutrinária conservadora, penaliza os setores assalariados da população, em particular os servidores públicos estaduais, provoca crises em várias áreas produtivas, atingindo a grande maioria da população, como um efeito em cascata.
Essas medidas de impacto anunciadas pelo governo não atingem o ramo de atividade que acumula a esmagadora parcela da riqueza em Alagoas: a agroindústria do açúcar.
Penaliza os assalariados, a pequena e média indústria, a agricultura, os profissionais liberais, os comerciantes que lidam diretamente com os servidores públicos, gerando um círculo danoso a um expressivo contingente da economia alagoana. Fala-se em “choque de gestão” para salvar Alagoas de uma crise muito grave. Mas as causas da dívida pública e desacertos na economia, reconhecidas por todos, não foram originadas pelo aumento dos servidores públicos, como pretende induzir o governo.
São fruto, em parte, das políticas públicas de arrocho fiscal impostas aos Estados da federação durante mais de oito anos e cuja orientação provém dos tecnocratas do Fundo Monetário Internacional, FMI. As conseqüências negativas estão aí há um bom tempo.
Ademais, não constitui segredo para a maioria da sociedade o conhecimento da sonegação de impostos por parcelas de setores da agroindústria, impedindo o aumento da receita do Estado. Há outras causas de origens estruturais, assim como descontroles conjunturais.
No entanto, a iniciativa do governador em seguir o conselho de Maquiavel ao Príncipe, aplicando medidas impopulares no início do governo, deveria ser adotada contra os que acumulam grandes somas do capital. Seria uma medida de coragem cívica e de impacto econômico extremamente positivo.
Caso contrário, preserva-se quem mais deve e busca-se resolver o impasse pelos caminhos insolúveis, porque a crise não reside nos salários dos servidores. A renda continuará concentrada, aumentando as disparidades sociais. Gesta-se uma crise popular explosiva. A chicotada será no lombo do mais fraco. É a antiga fórmula revestida de um vocabulário modernoso.
21 janeiro 2007
Boa tarde, Capiba
Voltei Recife
Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "pás", os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguês do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé
Feliz retorno
Afinal, foram sete dias de férias.
Cá estamos e volta. Com a cabeça leve e a disposição redobrada. Para lutar mais e melhor.
E para estreitar mais ainda nossa amizade.
Daí a letra-poema de Capiba transcrita na postagem aí de cima.
19 janeiro 2007
Boa noite, Chico Buarque e Francis Hime
Atrás da porta
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua