Luciano Siqueira
Ao conjunto das forças democráticas e progressistas que lograram êxito nas eleições presidenciais e venceram com Lula presidente, cabe foco quase que exclusivo no ingente esforço de concretização da agenda da reconstrução nacional.
O expurgo dos equívocos e diatribes praticados pelo bolsonarismo, por mais grave que sejam, e são, segue em segundo plano.
Inevitável, entretanto, que se tenha na devida conta notícias negativas a respeito do envolvimento de proeminentes figuras do governo anterior em mal feitos.
E quando se trata de membros da alta oficialidade das Forças Armadas, mais ainda.
Nesse caso, lamentando duplamente: por eventuais irregularidades efetivamente praticadas; e por envolverem uma instituição essencial à defesa da soberania do país, preservando a integridade do território e protegendo nossas fronteiras.
O capitão reformado Jair Bolsonaro, entre os muitos males que praticou no exercício da presidência da República, incluiu, infelizmente, a atração de antigos colegas de caserna, na atualidade ocupantes (ou na reserva) de autos postos na hierarquia militar para os círculos do poder.
Da natureza elitista e do caráter de classe do Estado brasileiro não cabem dúvidas. Tanto quanto a compreensão de que as Forças Armadas são instrumentos deste Estado, portanto com viés classista definido.
Porém, dentro de determinadas condições políticas e em ambiente democrático, é desejável que mantenham equidistância constitucional do poder constituído pela força do voto.
Essa equidistância, verdade seja dita, jamais significou postura apolítica — desde o Império até a instauração da República e em suas diversas fases.
Mas é péssimo para a preservação do ambiente democrático que oficiais de alta patente estejam envolvidos em atos indevidos, pois entre as consequências disso está o desgaste das forças junto a opinião pública — enfraquecendo-as, portanto.
Tudo indica que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Bolsonaro, inevitavelmente comprometerá militares de alto coturno. Tanto quanto agora essa anunciada investigação acerca de hipotéticas irregularidades cometidas no Rio de Janeiro, sob o governo Temer, quando da intervenção Federal sobre a segurança pública.
Que os praticantes de malfeitos sejam investigados e eventualmente ponidos na forma da Lei. E o Brasil possa ir adiante respirando os novos ares da democracia e da reconstrução nacional.
Velhos fatos se revivem com nova aparência https://bit.ly/3Ye45TD
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