Palpite infeliz
Luciano Siqueira
Não se trata de algo camuflado, antes
o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores mais próximos reafirmam a todo
instante a incompatibilidade do seu projeto de poder com a democracia.
Ou, de outro modo, proclamam que a democracia
há de dispensar o STF e o Congresso Nacional para que o presidente governe a
plenos poderes, com uma hipotética sustentação das Forças Armadas. Seria sua “nova
política”.
Ele não governa, provoca. Agride. Trabalha
diuturnamente em favor do caos sanitário, econômico, social e institucional. Do
caos, quem sabe, possa emergir como chefe supremo e inquestionável da nação.
Nessas circunstâncias, o bom senso e o
sentido da preservação da nação e da democracia recomendam unir forças em
sentido contrário ao presidente. Está em causa, acima dos diversos e legítimos projetos
partidários e que tais, a sobrevivência da democracia e da própria soberania
nacional.
Tendo justamente como pedra de toque a
defesa da democracia, ganham força articulações diversas reunindo amplos e diversificados
segmentos da sociedade, para além das correntes políticas estruturadas, mas com
a presença delas, e de líderes políticos de variados matizes, justamente
inspirados na bandeira da salvação nacional.
Espera-se que todas as personalidades
perfiladas em torno desse ideal se somem aos esforços de todos. Sobretudo lideres
de reconhecida proeminência.
O ex-presidente da República Luis
Inácio Lula da Silva está entre estes, com evidente destaque. A condição de
maior líder popular de nossa História recente lhe confere responsabilidades
públicas para muito além de projetos pessoais ou do seu partido, o PT.
Pois o que ocorre agora é uma marcha
para algo da dimensão de um movimento das diretas-já, cuja força em grande
parte residiu na pluralidade e na amplitude das vontades políticas reunidas.
Os manifestos se sucedem denotando o
envolvimento de subscritores influentes em diversos âmbitos. Quem assinou?, é a
pergunta mais comum.
O cronista esportivo Juca Kfouri
analisou esses movimentos com esperança e bom humor em artigo na Folha de S.
Paulo (que reproduzi em meu blog https://bit.ly/3eM8xBq),
cuidando da “escalação” desse escrete nacional. Na ala esquerda senti a
ausência de Lula.
Aguardem, ele assinará – eu mesmo
disse a amigas e amigos que me abordaram pelo WhatsApp. Mas na reunião da
direção nacional do PT ele foi claro ao condicionar a sua assinatura em algum
manifesto à identificação precisa de até onde os interesses do seu partido
estariam contemplados.
Peço licença para falar como cidadão
comum, não como integrante da direção nacional do PCdoB. Juro que me vieram à
mente, de pronto, os versos do samba de Noel: “Quem é você que não sabe o que diz?/Meu Deus do Céu,
que palpite infeliz!”
Oxalá o
querido líder e amigo compreenda a gravidade do momento e se some à ampla frente
que se forja em defesa do que nos é mais caro neste momento, a preservação do
Estado Democrático de Direito.
Um comentário:
Amigo eu não sou muito de fazer comentários mais você está serto o PT sempre se acovardar nesse momento deficio da política nacional
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