29 junho 2020

Economia e geopolítica


A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO COMERCIAL BRASIL X CHINA NA FORMAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS BRASILEIRAS
Roberto y Plá Trevas*

O Brasil nos últimos anos tem apresentado um saldo positivo na sua Balança Comercial, principalmente em função do crescente aumento do resultado comercial com a República Popular da China.
Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, do Ministério da Economia, no ano de 2019, o Brasil exportou US$ 224,00 bilhões e importou US$ 177,34 bilhões, obtendo um saldo da Balança Comercial de US$ 46,66 bilhões.
A República Popular da China é o nosso principal parceiro comercial e, neste mesmo exercício de 2019, o Brasil exportou para a China US$ 57,62 bilhões e importou US$ 32,66 bilhões, obtendo um superávit comercial de US$ 24.96 bilhões,representando 54,25 % do superávit comercial brasileiro.
A China em 2019 foi o principal destino das exportações brasileiras, 27.8 %, com uma participação de cerca de duas vezes mais que a do segundo colocado, os Estados Unidos, que receberam 13,1 % das exportações brasileiras.
A pauta das exportações brasileiras para a China é composta basicamente de commodities, especificamente, soja, minério de ferro, petróleo bruto, carne e aves, dentre outras.
Em face desse superávit da nossa Balança Comercial, e sendo a China o nosso principal parceiro comercial,a formação das reservas internacionais brasileiras são decorrentes principalmente dos recursos financeiros advindos da corrente de comércio internacional, onde a China tem uma importância fundamental, pois conforme assinalado anteriormente, no ano de 2019, 54,25 % do saldo da balança comercial, originou-se das relações comerciais Brasil x China.
Conforme dados do Banco Central do Brasil, as reservas internacionais brasileiras que em 2017 apresentou um montante de US$ 381,97 bilhões, colocou o Brasil em sexto lugar no ranking de países com reservas internacionais substanciais, vindo o Brasil atrás da República Popular da China com US$ 3,202 trilhões, da Arábia Saudita no 2º lugar com US$ 2,257 trilhões, do Japão no 3º lugar com US$ 1,254 trilhão, da Suíça em 4º lugar com US$ 619,55 bilhões e de Taiwan no 5º lugar com US$ 419, 90 bilhões.
O resultado excepcional obtido pelo Brasil nas transações internacionais, decorreu das políticas econômicas-financeiras adotadas a partir de 2003, já no primeiro ano do Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, até o ano de 2015 no início do 2º Governo da Presidenta Dilma Rousseff, levando o nosso país a se consolidar fortemente no cenário internacional, notadamente nas relações comerciais com a China.
Em termos comparativos, em 2002, o montante das reservas internacionais herdadas do Governo Fernando Henrique era de US$ 36,2 bilhões, e de dezembro de 2003 a dezembro de 2016, nos Governos dos Presidentes Lula e Dilma, as reservas internacionais atingiram o excepcional patamar de US$ 365,02 bilhões, advindos dos superávits, obtidos ano a ano da Balança Comercial, a partir de 2003.
Em face do exposto, podemos constatar que as atuais reservas internacionais brasileiras,proveniente dos governos anteriormente citados, poderão ser um dos instrumentos de política econômica de suma importância a serem utilizados, em associação com a emissão de moeda pelo Tesouro Nacional, no sentido de proporcionar recursos financeiros, destinados ao enfrentamento dos desequilíbrios econômicos-financeiros, resultantes da atual pandemia do Covid 19 que o nosso país atravessa, sem contudo colocar em risco o nosso lastro internacional e tão pouco provocar inflação.
*Roberto y Plá Trevas é engenheiro civil e cientista político. Foi analista de projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Gerente de Recursos Externos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF e Coordenador de Relações Internacionais das Prefeituras do Recife e do Jaboatão dos Guararapes. Consultor de Empresas.
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