11 dezembro 2020

Táticas e revelações

 

Bem orientados, jovens brilham 

Meninos de Palmeiras e Grêmio contam com apoio de Abel e Renato para se desenvolverem

Tostão, Folha de S. Paulo

 

No domingo, fiz algo raro. Assisti, ao mesmo tempo, a duas partidas, uma entre São Paulo e Sport e outra entre Grêmio e Vasco. Quis ver o São Paulo e o Grêmio. Brevemente, se enfrentarão pela Copa do Brasil. São as duas equipes que têm jogado, neste momento, o melhor futebol do país. Evidentemente, o Flamengo, com todos os seus titulares, tem chance de jogar muito mais do que tem feito.

São duas equipes que trocam muitos passes, que querem ter o domínio do jogo e da bola, que avançam com muitos jogadores e que marcam muitos gols. O Grêmio tem mais talentos no meio-campo, enquanto o São Paulo depende demais de Daniel Alves.

Quando perdem a bola e não dá para recuperá-la onde a perderam, os dois times recuam e formam duas compactas linhas de quatro. O Grêmio já faz isso bem há anos. Só o São Paulo aprendeu recentemente. É a principal razão de a equipe ter melhorado a defesa, além da presença de Luan, que começa a participar mais da armação das jogadas.

Os dois times possuem vários jovens bons de bola, em evolução. Pepê é cada vez mais parecido com Everton Cebolinha, no estilo de jogar e nas características físicas. Jean Pyerre, além de exuberante nos passes e no domínio da bola, finaliza com enorme precisão. Ele já é o batedor principal de faltas, pênaltis e escanteios da equipe. Após um jogo recente, o comentarista Diogo Olivier falou que Jean Pyerre, ao fazer um gol de fora da área, parecia ter batido um pênalti.

O meio-campista Matheus Henrique parece ter herdado o talento de Arthur. E, na fila, já há outro do mesmo nível, o jovem Darlan, que tem entrado, com frequência, por causa das contusões de Maicon, o mestre de todos, quando está em boas condições físicas.

Outros jovens brilham em várias equipes brasileiras, principalmente no Palmeiras. O volante Patrick de Paula é alto, forte, desarma muito, tem um passe rápido e para frente, além de finalizar bem de fora da área. Veron, que no ano passado foi o melhor do Mundial Sub-17, já é um destaque no Palmeiras. Aonde vai chegar? Os meninos estão com tudo.

Alguns jogadores brasileiros estão muito bem na Europa e participam da seleção Sub-23. Vinicius Júnior e Rodrygo, com altos e baixos, jogam com frequência na equipe principal do Real Madrid e já foram convocados por Tite para a seleção principal. Tenho uma dúvida. Se os dois, antes do Real Madrid, tivessem jogado em um time médio europeu, não estariam melhores, como aconteceu com Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Romário, Rivaldo e outros? Kaká foi exceção, indo direto do São Paulo para brilhar pelo Milan.

Aumentou também bastante o número de jovens europeus, com menos de 20 anos, brilhando nas equipes principais, o que antes não acontecia. Será que os garotos, atualmente, em todo o mundo, estão mais prontos para se destacarem no futebol e em todas as atividades?

Eles precisam de orientação dos treinadores, o que tem ocorrido com Fernando Diniz, Renato Gaúcho, Abel Ferreira e outros. Fernando Diniz, que, por muito tempo, passou a dúvida se era um técnico inovador ou um sonhador sem conteúdo, tem mostrado que, a partir de agora, pode fazer uma brilhante carreira.

Renato Gaúcho, além dos conhecimentos técnicos e táticos, possui uma outra importante virtude, que tem sido negligenciada no atual mundo tecnológico: a capacidade de enxergar as entrelinhas, os detalhes objetivos e subjetivos, o que parece encoberto.

Veja uma dica de leitura: Marcelo Mário de Melo https://bit.ly/3f5b8ro

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