O futebol vive de
deslumbramentos e desilusões
Tudo é exagerado, é sempre é
tudo ou nada quando se trata do esporte
Tostão/Folha de S. Paulo
Hoje, contra o Vasco, Vítor Pereira deve repetir a formação tática da
partida anterior, com três zagueiros, dois alas, três no meio e dois atacantes.
Everton Ribeiro continuará de fora. O treinador decidiu manter a estratégica de
que gosta, em vez de ter dois meias centralizados e mais dois atacantes.
Raramente uma equipe atua desta maneira.
Por que a formação com dois meias pelo centro deu certo com Jorge Jesus? Fora o que não sabemos, o time na época
era, individualmente, superior aos adversários do que atualmente. A equipe
pressionava mais à frente e recuperava a bola com mais facilidade. Os zagueiros
eram mais rápidos, avançavam na marcação e deixavam menos espaços entre eles e
o meio-campo. Havia também um excelente lateral esquerdo apoiador, Filipe Luiz.
As frequentes goleadas em jogos entre times com pouca diferença
técnica, em todo o mundo, e as muitas vitórias de equipes inferiores, como têm
ocorrido nos estaduais e na Copa do Brasil, tornam o futebol mais prazeroso e
emocionante, muito diferente de décadas atrás, quando predominavam as
retrancas, as partidas amarradas e feias.
Existem inúmeras maneiras de qualquer equipe organizar um
esquema tático. O Bayern joga com dois volantes hábeis, que marcam e avançam,
três meias e um centroavante. O meio-campo fica mais povoado. Já o Atlético-MG
trocou, em relação ao Bayern, um dos volantes por mais um atacante. Contra o
Millonarios, os dois atacantes (Paulinho e Hulk) voltaram a brilhar. Contra
adversários mais fortes, haverá uma melhor avaliação do desenho tático.
As principais grandes equipes da Europa atuam com quatro
defensores, um trio no meio-campo e uma linha de três atacantes. Nos últimos
jogos, Real Madrid e Barcelona trocaram um dos velozes
pontas por mais um armador pelo lado, Valverde, pela direita no Real, e Gavi,
pela esquerda, no Barcelona. O meio-campo ficou ainda mais forte. O Manchester City
fez o mesmo, na goleada por 7 a 0 sobre o Leipzig, ao colocar o meio-campista
Bernardo Silva pela direita, no lugar do rápido e hábil Mahrez. Haaland fez
cinco gols.
Haaland é hoje o maior artilheiro do futebol mundial. Ele une
velocidade, força física, altura e precisas finalizações com os pés e com a
cabeça, além de fazer bem a função de pivô, de costas para o gol, entre os
zagueiros. Paradoxalmente, o Manchester City, após a chegada de Haaland, piorou
no desempenho e no número de gols marcados. Antes, os outros jogadores, do meio
para frente, marcavam mais gols.
Não penso que isso ocorreu por causa da presença de Haaland. Deve haver outros motivos. Mesmo assim, o
City é vice-líder do Campeonato Inglês, atrás do Arsenal, e está nas quartas de
finais da Champions. Vai enfrentar o Bayern. Não há favorito.
Se o City for campão da Europa, título que o clube não possui,
que o técnico Guardiola só conseguiu com o Barcelona, além dessa competição ter
sido a principal razão da contratação de Haaland, o fenomenal centroavante, que
já é uma realidade, se tornará um dos maiores da história do futebol, ainda
mais que, por ser norueguês, ninguém vai contestá-lo por não ter sido campeão
do mundo por seleções.
Haaland é muito jovem e só com o tempo
saberemos, exatamente, aonde ele vai chegar. O mundo, mais ainda o futebol vive
de açodamentos, deslumbramentos e também de desilusões e decepções. Tudo é
exagerado. É tudo ou nada.
Velhos fatos se revivem sempre com um
dado novo https://bit.ly/3Ye45TD
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