21 março 2023

Futebol: emoção sempre

O futebol vive de deslumbramentos e desilusões

Tudo é exagerado, é sempre é tudo ou nada quando se trata do esporte
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Hoje, contra o Vasco, Vítor Pereira deve repetir a formação tática da partida anterior, com três zagueiros, dois alas, três no meio e dois atacantes. Everton Ribeiro continuará de fora. O treinador decidiu manter a estratégica de que gosta, em vez de ter dois meias centralizados e mais dois atacantes. Raramente uma equipe atua desta maneira.

Por que a formação com dois meias pelo centro deu certo com Jorge Jesus? Fora o que não sabemos, o time na época era, individualmente, superior aos adversários do que atualmente. A equipe pressionava mais à frente e recuperava a bola com mais facilidade. Os zagueiros eram mais rápidos, avançavam na marcação e deixavam menos espaços entre eles e o meio-campo. Havia também um excelente lateral esquerdo apoiador, Filipe Luiz.

As frequentes goleadas em jogos entre times com pouca diferença técnica, em todo o mundo, e as muitas vitórias de equipes inferiores, como têm ocorrido nos estaduais e na Copa do Brasil, tornam o futebol mais prazeroso e emocionante, muito diferente de décadas atrás, quando predominavam as retrancas, as partidas amarradas e feias.

Existem inúmeras maneiras de qualquer equipe organizar um esquema tático. O Bayern joga com dois volantes hábeis, que marcam e avançam, três meias e um centroavante. O meio-campo fica mais povoado. Já o Atlético-MG trocou, em relação ao Bayern, um dos volantes por mais um atacante. Contra o Millonarios, os dois atacantes (Paulinho e Hulk) voltaram a brilhar. Contra adversários mais fortes, haverá uma melhor avaliação do desenho tático.

As principais grandes equipes da Europa atuam com quatro defensores, um trio no meio-campo e uma linha de três atacantes. Nos últimos jogos, Real Madrid e Barcelona trocaram um dos velozes pontas por mais um armador pelo lado, Valverde, pela direita no Real, e Gavi, pela esquerda, no Barcelona. O meio-campo ficou ainda mais forte. O Manchester City fez o mesmo, na goleada por 7 a 0 sobre o Leipzig, ao colocar o meio-campista Bernardo Silva pela direita, no lugar do rápido e hábil Mahrez. Haaland fez cinco gols.

Haaland é hoje o maior artilheiro do futebol mundial. Ele une velocidade, força física, altura e precisas finalizações com os pés e com a cabeça, além de fazer bem a função de pivô, de costas para o gol, entre os zagueiros. Paradoxalmente, o Manchester City, após a chegada de Haaland, piorou no desempenho e no número de gols marcados. Antes, os outros jogadores, do meio para frente, marcavam mais gols.

Não penso que isso ocorreu por causa da presença de Haaland. Deve haver outros motivos. Mesmo assim, o City é vice-líder do Campeonato Inglês, atrás do Arsenal, e está nas quartas de finais da Champions. Vai enfrentar o Bayern. Não há favorito.

Se o City for campão da Europa, título que o clube não possui, que o técnico Guardiola só conseguiu com o Barcelona, além dessa competição ter sido a principal razão da contratação de Haaland, o fenomenal centroavante, que já é uma realidade, se tornará um dos maiores da história do futebol, ainda mais que, por ser norueguês, ninguém vai contestá-lo por não ter sido campeão do mundo por seleções.

Haaland é muito jovem e só com o tempo saberemos, exatamente, aonde ele vai chegar. O mundo, mais ainda o futebol vive de açodamentos, deslumbramentos e também de desilusões e decepções. Tudo é exagerado. É tudo ou nada.

Velhos fatos se revivem sempre com um dado novo https://bit.ly/3Ye45TD

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