20 março 2023

Manobra ou prisão?

Trump diz que pode ser preso na próxima terça-feira

Ex-presidente republicano, que enfrenta diversos processos, convocou protestos contra suposta detenção
Folha de S. Paulo

 

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse neste sábado (18), na plataforma Truth Social, que pode ser preso na próxima terça-feira (21) em uma ação judicial movida pela procuradoria distrital de Manhattan.

Sem apresentar provas, Trump afirmou que vazamentos do gabinete do procurador indicavam que ele seria preso. Não detalhou, porém, quais seriam as acusações, e o escritório do procurador recusou um pedido de comentário.

Em duas publicações, o republicano afirmou que os EUA agora estão no "Terceiro Mundo" e repetiu a afirmação, falsa, de que as eleições foram roubadas. "Proteste, retome nossa nação", pede ele, ao final da publicação.

"Vazamentos ilegais vindos de um corrupto e altamente político escritório da procuradoria do distrito de Manhattan (...), cujo líder é financiado por George Soros, indicam que (...) o candidato republicano líder e ex-presidente dos Estados Unidos da América será preso na terça-feira da próxima semana", escreveu Trump, em letras maiúsculas.

O bilionário citado pelo republicano é um filantropo que apoia projetos ligados à democracia e à defesa das minorias em dezenas de países por meio da sua organização, a Open Society Foundations. O húngaro, que fez fortuna no mercado financeiro, começou a se envolver com projetos beneficentes no final dos anos de 1970, mas passou a protagonizar teorias da conspiração somente no começo dos anos 2000. Mais recentemente, entrou na mira de grupos conservadores —como os apoiadores de Trump e do ex-presidente Jair Bolsonaro— como um financiador do que chamam de "globalismo".

Nesta sexta-feira (17), o ex-presidente voltou ao Facebook e ao YouTube depois de mais de dois anos banido das plataformas por incitação à violência após seus apoiadores invadirem o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Trump, então, lançou a plataforma Truth Social, para a qual parte dos seus eleitores se direcionaram —a postagem deste sábado foi feita nessa rede social.

No início desta semana, o gabinete do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, começou a apresentar evidências a um júri que investiga o pagamento de US$ 130 mil que o ex-advogado de Trump Michael Cohen fez à estrela pornô Stormy Daniels nos últimos dias da campanha do republicano em 2016.

Daniels —cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford— afirma que teve um caso com Trump há uma década, algo que o ex-presidente nega. Em 2018, o advogado de Trump se declarou culpado por violações das leis de financiamento de campanha por seus pagamentos a Daniels e a outra mulher, entre outros crimes. Segundo ele, Trump o instruiu a fazer os pagamentos.

A investigação é um dos vários problemas legais que Trump enfrenta enquanto busca a indicação republicana para disputar a Presidência em 2024.

Atualmente, um conselheiro nomeado pelo procurador-geral dos EUA investiga o sumiço de documentos sigilosos da Casa Branca após o republicano deixar o cargo e os esforços do ex-presidente para anular os resultados da eleição de 2020, que ele perdeu para o democrata Joe Biden.

No ano passado, o escritório de Bragg ganhou um processo contra a Trump Organization por acusações de fraude fiscal. O procurador, porém, não indiciou o republicano por crimes financeiros, levando dois procuradores que trabalharam na investigação a renunciar.

Trump lidera os índices de apoio para indicação de seu partido na disputa pela Presidência, com 43% de apoio dos republicanos, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos de fevereiro. Seu rival mais próximo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, tem 31% de apoio e ainda não anunciou sua candidatura.

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