Para os democratas, chegou a hora?
Ainda não é tudo que virá e o que ele merece. Mas, de modo mais ponderado, devemos perguntar: para Bolsonaro começou o fim?
Urariano Mota/Vermelho
Eu ia escrever sobre o tricampeonato do Brasil na Copa do Mundo, no tempo da ditadura. Eu já havia começado o texto. Mas diante da notícia “STF manda Bolsonaro usar tornozeleira e PF cumpre mandado na casa de ex-presidente”, mudei de rumo.
Ainda não é tudo que virá e o que ele merece. Mas, de modo mais ponderado, devemos perguntar: para Bolsonaro começou o fim? Como cidadão do nosso povo, não posso deixar de lembrar algumas características e crimes do fascista cujo final se aproxima.
Genocida, negou a vacina para conter a Covid, e fez deboche da falta de oxigênio para pacientes em plena pandemia. Em duas lives, em 18 de março de 2021 e em 6 de maio do mesmo ano, o presidente simula um paciente sem oxigênio. A falta de ar era um sintoma comum de Covid em 2020 e em 2021, no pior período da pandemia.
No tenebroso exercício da presidência, segundo provas reunidas pelo Procurador-Geral da República Paulo Gonet, Bolsonaro foi líder de organização criminosa, o “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado democrático de Direito”.
Segundo um investigador da PF, Bolsonaro admitiu publicamente que financiou, com R$ 2 milhões, a operação que seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está fazendo nos Estados Unidos para adotar medidas contra o Brasil e contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
Como escritor, divulgo um trecho da última página do meu romance “A mais longa duração da juventude” na edição para a língua inglesa com o título de “Never-Ending Youth”:
“Sob a influência do fascismo, problemas que julgávamos resolvidos voltam à tona. O que será dos nossos direitos? O que será do trabalho dos nossos filhos? Haverá um mundo digno do nome para as novas gerações? Para essas perguntas, bem sabemos a resposta: vamos à luta, não podemos submergir em um mar de angústia e desesperança. O problema é que, no contexto geral desse fascismo, vêm as perguntas particulares para a nossa idade: Como podemos encarar o futuro? Que planos faremos? Que perspectivas temos?
Para quem atinge além dos 70 anos, o futuro a ser vivido é curto, pode até nem atingir o fim deste dia. Nesse aspecto, é uma repetição dos anos de ditadura, em inesperada semelhança. No entanto, a resposta hoje é bem diferente daqueles dias. Hoje, devemos encarar o futuro sem lhe destacar o prazo certo, pequeno de tempo. Para o breve futuro caminhamos na certeza de que até o fim viveremos com a força do que sabemos fazer e acreditamos. Ateus, materialistas, não teremos o céu depois da morte. O céu é nosso trabalho, aqui, agora, de hoje até o último segundo. O inferno é negar o que temos de melhor em nossa alma, porque de ideias e sentimentos somos feitos”.
Hoje, Bolsonaro recebe uma justa tornezeleira. Na luta pela democracia, o Brasil é hoje o melhor país do mundo.
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