Daniel Alves atua como se visse o jogo de cima, é sábio em campo
Tostão,
Folha de S. Paulo
Daniel Alves e Filipe Luís, veteranos e
titulares da seleção brasileira, embora ache que Marcelo seja melhor, voltaram
para o Brasil. Aqui, terão contratos
mais longos e ganharão salários iguais ou pouco inferiores aos
que receberiam em grandes clubes europeus. Os dois estarão mais próximos dos
familiares e poderão programar melhor o futuro. Eles terão, no Brasil, ainda
mais prestígio.
Daniel Alves foi recebido como o grande craque do São Paulo e do futebol brasileiro, o
camisa 10. Por outro lado, serão mais cobrados, terão menos segurança pública e
companheiros de menor qualidade técnica, além de jogar em times com estratégias
diferentes das que tinham no futebol da Europa.
Além da lateral direita, Daniel Alves poderá jogar como um
meia-direita, aberto e à frente do lateral, como meio-campista, em um trio no
meio-campo, ou como um ala, no esquema com três zagueiros. Ele já atuou algumas
vezes nessas funções, com brilho. Daniel Alves possui uma brilhante técnica e
muita lucidez.
Joga como se visse a partida de cima, com ampla visão do
conjunto. É um sábio em campo.
Daniel Alves, cada vez mais, tem sido um armador-lateral, sem
avançar como um ponta. Se jogar assim, o São Paulo terá de se organizar coletivamente,
para diminuir os espaços nas costas do lateral. Com a contratação do espanhol Juanfran,
aumentam as possibilidades de Daniel Alves atuar em outra posição.
Há uma generosa avaliação de Juanfran. Ele, mesmo em seus
melhores momentos, foi apenas um bom lateral, muito marcador, disciplinado,
longe de ter o talento de um Daniel Alves.
Daniel Alves terá ainda de enfrentar as trapalhadas do VAR no Brasil,
que têm sido muito mais frequentes que em outros países. Aumentou o número de
pênaltis marcados após a bola bater no braço do defensor. Segundo os
especialistas, se a bola bater no corpo e, depois, no braço, não é pênalti. Mas
se tocar no corpo e, depois, no braço, fora da posição natural, como se o
jogador fosse um bonequinho estático, é pênalti. É regra demais. Os Zé
Regrinhas adoram.
O tempo passa, e ninguém sabe se Daniel Alves
estará em forma na Copa de 2022. O tempo passou, e Mano Menezes não é mais o
técnico do Cruzeiro. Ele reconheceu que o time precisava de um novo treinador,
com novas ideias. As dele se esgotaram.
Faltou também ao Cruzeiro, repito, um Guerrero e,
principalmente, um Edenílson no meio-campo, e não Edmílson, como saiu na última coluna. Desculpe!
O excelente time do Internacional é parecido com o
do Cruzeiro em seus melhores momentos, pela segurança, pela compactação
defensiva e por vencer em poucos lances, nos detalhes. Mano Menezes é o professor
de Odair Hellmann, de Carille e de outros treinadores. São pragmáticos,
disciplinados, racionais.
O futebol mudou nos últimos tempos. Há uma busca,
em todo o mundo, por jogar com muita intensidade, muita troca de passes, curtos
ou longos, com ousadia, sem fragilizar o sistema defensivo.
Isso era impossível
no passado. Agora, com os superatletas e com elencos numerosos, já acontece em muitas equipes. Não é mais ser defensivo ou ofensivo. É ser os dois.
Mourinho, desempregado há tempos, disse que está se
reciclando, observando. O mesmo deveria ocorrer com outros treinadores. “Tudo é
passageiro e eterno”, escreveu Pedro Maciel, poeta e escritor em tempo
integral, com quem, de vez em quando, me encontro e converso, em minhas
caminhadas até a Savassi, bairro de Belo Horizonte.
[Ilustração: Orlando Teruz]
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