Base objetiva da
extrema direita
Luciano Siqueira
A vida material fomenta a consciência social, que se
expressa através de diversas correntes
ideológicas e políticas.
A extrema direita reflete um dos polos da desigualdade
social em que estamos mergulhados.
Projetou-se no semivazio decorrente do
enfraquecimento da esquerda e segmentos progressistas em meio processo do golpe
que afastou Dilma e fortaleceu-se com a eleição do capitão Bolsonaro.
A desigualdade crescente, como atesta o estudo de Marcelo
Neri, pesquisador do IPEA.
Segundo ele, o mais longo ciclo de aumento da desigualdade de nossa história.
São 17 trimestres ininterruptos em que a desigualdade se
acentua, sempre em curva ascendente.
O desemprego crônico, que hoje aflige 12 milhões de pessoas,
é um dos fios condutores do fenômeno.
Acresce a acentuada redução de postos de trabalho na esteira
da automação dos processos produtivos e da geração de serviços.
Há que se reconhecer também a confluência de mecanismos
diversos que favorecem a concentração da produção, da renda e da riqueza.
As reformas ultra liberais em andamento atingem os assalariados
e a chamada “classe média” e mantém intocada a elite econômica, especialmente
banqueiros e grandes empresários do agronegócio.
O segmento mais consistente da extrema direita, fiel ao presidente
Bolsonaro, alimenta-se do inconformismo das elites (e de setores médios com
elas identificados) em relação aos avanços sociais verificados nos dois governos
Lula e primeiro governo Dilma.
Mas, em contrapartida, os efeitos da desigualdade atingem a
grande maioria da população. E a dura realidade cotidiana alimenta a
insatisfação que, como fogo de monturo, semeia a reação popular que se pode
vislumbrar num breve tempo futuro.
O atual ciclo de desigualdade fomenta os fatores políticos de
uma possível inversão de tendências e a base subjetiva para um novo pacto
social a ser alcançado.
Que assim seja.
[Ilustração: Josef Albers]
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