Joguei ao lado de Pelé e fui
entrevistado por Jô Soares
É o
que falo quando quero me sentir importante
Tostão, Folha de S. Paulo
Quando
quero me sentir importante, falo que joguei ao lado de Pelé e que fui
entrevistado por Jô Soares. Dos personagens
de Jô,
o que mais gostava era o Reizinho. Outro era o Zé da Galera, que telefonava do
orelhão para Telê, técnico da seleção brasileira, e dizia: "Bota ponta,
Telê"!
Tempos
depois, entrevistei, para a ESPN Brasil, o gênio da
crônica, Luis Fernando Verissimo, mais tímido que eu. Em
uma entrevista de Jô com Verissimo, ele disse: "Vi sua entrevista com o
Tostão. Vocês começaram calados e terminaram mudos".
Independentemente
das atuações e dos resultados das partidas de ontem, pelo Brasileirão, tivemos, no meio de
semana, ótimos e importantes jogos pela Libertadores, que merecem reflexões.
Nos próximos dias, conheceremos os classificados para as semifinais.
Corinthians e Flamengo mostraram
diferentes modelos táticos, bem-executados, mas prevaleceu a nítida
superioridade individual do Flamengo, embora os dois belíssimos gols tenham
tido a colaboração de detalhes imprevisíveis, como o escorregão do zagueiro
Balbuena e a batida da bola no braço do jogador do Flamengo, para ficar do
jeito que Arrascaeta queria.
Enquanto Vítor
Pereira seguia
o rígido modelo europeu de ter, obrigatoriamente, jogadores pelos lados que
atacam e defendem, Dorival Júnior escalou novamente os melhores para jogar onde
preferem. O futebol comporta várias estratégias, desde que seja bem executado o
que foi planejado e que haja atletas com talento.
No
losango formado no meio-campo por Dorival Júnior, Arrascaeta é a ponta, próximo
aos dois atacantes, onde gosta de estar, onde sabe jogar bem. Thiago Maia é a
outra ponta, mais recuado e centralizado, e os dois meio-campistas, Éverton
Ribeiro, pela direita, e João Gomes, pela esquerda, atacam e participam da
marcação pelos lados.
Arrascaeta
evoluiu bastante e, provavelmente, será um dos destaques da seleção uruguaia na
Copa, embora, dificilmente, jogará na mesma posição em que atua no Flamengo,
pois quase todos os técnicos não abrem mão de jogadores pelos lados, que atacam
e que defendem.
Athletico
e Estudiantes fizeram um bom e equilibrado jogo, empate por 0 a 0. O volante
Fernandinho foi
o grande destaque da partida, pelo talento, pela clareza, pela lucidez e pelos
passes precisos. Ele, que era reserva no Manchester City, tem tudo para ser um
dos craques do futebol no Brasil.
No
Mineirão, o Palmeiras conseguiu um bom empate, depois de estar perdendo por 2 a
0, graças à competência do técnico, às jogadas ensaiadas, à força mental, à
seriedade profissional e, principalmente, ao enorme talento nas cobranças de
falta e de escanteio de Gustavo Scarpa.
O
Atlético jogou tão bem quanto no ano passado e teve o domínio do jogo na maior
parte do tempo. Cuca escalou a equipe do jeito que fazia, com dois pontas
abertos, que marcam e atacam, e um meia pelo centro, Zaracho, próximo a Hulk.
Após
a partida, um grande número de repórteres queria saber de Cuca a razão pela
qual o Galo sofreu dois gols no fim. De acordo com as perguntas, cada um tinha
uma resposta preferida, que poderia ser técnica, tática, emocional ou
física. Cuca, com sabedoria e
simplicidade, respondeu: "Tudo isso, mais o Palmeiras e outras coisas que
eu não sei". Muitos ficaram frustrados pela resposta, pois queriam uma
única explicação, a chave do enigma.
O
futebol e a vida são complexos. Nós é que tentamos simplificá-los, com nossas
racionalizações e pretensa sabedoria.
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