Vendem-se prisões residenciais
Construtoras pensam em novos projetos adequados a
políticos presos em casa. Collor cumpre pena em seu dúplex para que seu ronco
não incomode companheiros de cela
Ruy
Castro/Folha de S. Paulo
Quem diria, a lei pode começar a influir no mercado imobiliário de Brasília. O número de civis e militares condenados por tentativa de golpe de Estado e tendo suas sentenças amenizadas para prisão domiciliar abriu uma oportunidade para as construtoras. Elas já planejam seus novos condomínios em função das necessidades de sentenciados. Até agora, as prisões domiciliares vinham sendo cumpridas nos endereços particulares de cada um —perfeitos talvez para conspirações, mas não para o cumprimento da pena.
Certas
instalações que até os valorizavam ficaram ociosas. A churrasqueira, por
exemplo, perdeu a utilidade —por determinação da Justiça, o condenado é
impedido de promover rega-bofes para seus asseclas, digo, correligionários.
Donde, nos amplos espaços para os forrobodós de outrora, a residência poderá
dispor de uma academia particular, equipada com esteiras, espaldares, estações
de musculação, mesas flexoras e cadeiras extensoras, para que o prisioneiro
mantenha, mesmo confinado, uma vida fit.
Impedido de
sair à rua para prevenir possíveis fugas ou obstrução da Justiça, o condenado não
pode manter sua antiga vida social. Carreatas, motociatas e
jet-skíadas estão fora de cogitação, claro. Comícios, nem pensar, nem mesmo
discursos em cercadinhos, já que o condenado está proibido de se dirigir ao
mundo exterior. Toleram-se, no máximo, papos ocasionais com carteiros, técnicos
da Net e entregadores de pizza.
As
construtoras sabem que suas residências prisionais não se comparam a algumas já
atualmente em uso, como a do ex-presidente Collor.
Ele cumpre prisão domiciliar em seu duplex à beira-mar na praia de Jatiúca, em
Maceió, avaliado em R$ 9 milhões, com 600 metros quadrados, quatro suítes,
adega, piscina e cascata artificial com filhote de jacaré. Collor foi obrigado
a esse sacrifício por sofrer de apneia do sono, isto é, roncar. Não seria justo
para seus companheiros de cela tê-lo roncando a noite inteira.
Imagine os de Bolsonaro tendo
de aturar os seus soluços.
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