15 novembro 2007

Nossa coluna de toda quinta-feira no portal Vermelho

Reforma para a cidade amada

Cidade é como gente. Sonhos, dores, amores, lutas, conquistas, insucessos, desencontros, tristezas, alegrias, esperanças plasmam a alma e o corpo da cidade, fixam qual irremovível tatuagem, na paisagem arquitetônica e no modo de viver e de dizer, os elementos da tradição, da História, da cultura; e as veredas da continuidade e da mudança. Permanências e possibilidades.

A ocupação do território urbano, com raras exceções, nesse país de conflitos e desigualdades, em geral se dá de modo desordenado. A reprodução do capital nada respeita, maquia a cidade com traços fisionômicos novos, ditos modernos, em conflito com o que encontra estabelecido. Onde deveria ser palco de convivência fraterna entre os homens predominam conflitos. Desajustes. Carências.

Cuidar hoje das cidades requer reformá-las, para que conservem suas vocações historicamente consolidadas e para que bem assimilem novas experiências.

Reforma que dê conta de novas centralidades, promova o diálogo entre a preservação e o desenvolvimento, geste ambientes saudáveis e seguros, democratize a ocupação e o uso do território, permita o acesso a direitos fundamentais como o de morar condignamente e dispor de serviços básicos que garantam condições sanitárias, transporte, educação, atenção à saúde, lazer.

A reforma urbana – uma das cinco prioritárias defendidas pelo PCdoB – impõe-se hoje, no Brasil, para que as cidades possam se desenvolver de modo fisicamente organizado, economicamente sustentável e socialmente justo.

Reclama da parte dos movimentos sociais, mais do que a pressão pontual em torno de problemas imediatos e localizados – que são legítimos, porém se esvaem se desconectados de uma abordagem mais abrangente e de uma concepção urbanística contemporânea. Implica em protestar, reivindicar – e propor.

Porque a cidade é como a mulher amada: o tempo passa, subsistem traços de maturidade e beleza e, pela reinvenção cotidiana da vida, novos encantos afloram - e com eles o desafio de cuidar, surpreender e plantar no presente o amanhã desejado.

A reforma urbana é uma necessidade objetiva e um imenso ato de amor à vida.

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