No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
As reformas interrompidas
O mundo é outro e o Brasil passou por alterações profundas, transformou-se em uma economia industrial complexa, tanto nas zonas urbanas, quanto na produção primária exportadora. Vamos atingindo a marca de 180 milhões de habitantes, em sua maioria vivendo nos grandes centros urbanos.
Os dados provenientes de organismos internacionais atestam que estamos pela faixa da décima primeira ou segunda economia mundial. Fabricamos da agulha aos aviões de última geração em condições de competitividade internacional.
No entanto, estancamos em um quesito fundamental - não só permaneceu como cresceu a concentração da renda e riqueza no país. Transformamo-nos em uma nação campeã, em termos planetários, em desigualdades na escala social. É um dado significativo que, desde a década de 90, as taxas de juros básicas garantem o nível mínimo de renda para 20 mil famílias que abocanham as riquezas aplicadas no setor financeiro especulativo.
Ampliando o leque da observação, comprovamos que apenas 10% dos brasileiros detêm mais de 75% da riqueza acumulada no país. São dados reveladores de inúmeros males que atingem a sociedade brasileira.
Há, é verdade, uma transferência anual de renda mínima, na faixa de 0,5% do Produto Interno Bruto, para mais de dez milhões de famílias em condições de extrema miserabilidade. Mas, não diminuirá, ao contrário, aumentará consideravelmente, a distância entre uma privilegiadíssima minoria e os demais estratos sociais.
São dados, idôneos, extraídos de um ensaio do professor Márcio Pochmann, professor licenciado da Universidade de Campinas e atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Eles dizem mais que discursos.
Os setores da chamada classe média, desde o governo FHC aos dias atuais, encontram-se em queda, pagando altos impostos, e os mais ricos, incólumes com as suas riquezas faraônicas.
Há 43 anos, quando se propõem reformas, reduzindo as desigualdades sociais, gritam, falaciosamente, sobre a “comunização” do país.
Sem as reformas urbana, tributária, da segurança, agrária, educacional, ambiental, não há desenvolvimento substancial, democracia efetiva. Impõe-se derrotar o conservadorismo condutor da linha financeira que sangra a nação, na perspectiva de construirmos um país mais justo e avançado.
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