A História e as reminiscências de Armando
Luciano Siqueira
É sempre oportuna a releitura da História – sobretudo quando nos deparamos com um novo ciclo de mudanças, como ocorre no Brasil de hoje. Pois a cada fase da trajetória de um país e de um povo é possível, e necessário, olhares renovados sobre o que se passou com o fito de melhor discernir, no presente, o futuro que desejamos.
Armando Monteiro Filho dá uma contribuição importante nesse sentido, com “Foi assim – memórias, histórias, depoimentos e confissões”, ao registrar impressões acerca de fatos marcantes de nossa História, dos quais em muitos teve participação ativa. Em algumas passagens, revela detalhes pouco conhecidos que podem, em certa medida, servir de uma espécie de fio da meada para melhor compreender o curso dos acontecimentos à época.
E Armando o faz com a simplicidade de quem encara a luta política com generosidade, sem jamais sobrepor motivações estritamente pessoais aos interesses maiores da Nação. É o que acentuo num breve depoimento (página 299), que tomo a liberdade de transcrever:
“Um homem público assinala a sua presença na cena política e social pelas opiniões que defende e, sobretudo, através de suas atitudes.
Armando Monteiro Filho, ao longo de sua trajetória de vida - deputado federal, ministro da Agricultura e militante - sempre se posicionou em favor da democracia e do progresso social.
Numa região em que as limitações do desenvolvimento econômico via de regra condicionam certa dependência dos empreendedores em relação aos governos federal e estadual, Armando - empresário em setores-chaves de nossa economia - jamais se deixou dobrar.
A partir do golpe militar de 1964, assumiu, corajosamente, um lugar de destaque na resistência democrática. Solidário para com os perseguidos, altivo na defesa dos seus pontos de vista e operoso na construção da unidade das correntes democráticas e no bom encaminhamento da luta pelo Estado de Direito.”
Essa postura, o “amigo velho” a mantém com o entusiasmo dos seus mais de oitenta anos bem vividos, sempre presente aos acontecimentos e acolhido como um avalista das causas que unem democratas das mais diversas correntes políticas. Por isso não surpreenderia se “Foi assim” viesse a se completar, em futuro próximo, com um segundo volume. Armando sempre terá muito que dizer – e a nos ensinar.
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