Luciano Siqueira
Improvisação é com a gente mesmo. Sempre ouvi falar que
estudiosos de diversos saberes atestam que o brasileiro é o ser mais criativo
da face da Terra. Daí o valor de nossa mão de obra qualificada em outros países.
Também a capacidade dos nossos operários manusearem equipamentos importados, de
ponta, dando solução eficaz, inclusive, em caso de pane.
Mas a tripulação de um Airbus da Emirates, empresa aérea dos Emirados
Árabes Unidos – uma das dez maiores do mundo -, teria ido muito além na improvisação.
A certo instante do voo de Bangkok, Tailândia, para Hong Kong, China, a
8 mil metros de altitude ouviu-se
uma grande explosão, causada pela invasão súbita de ar gelado na cabine. Uma as
portas se abriu abruptamente, formando uma abertura de aproximadamente 4
centímetros, e a pressão despencou.
O normal – se é que se pode usar essa expressão no caso – seria um pouso
de emergência. No entanto, o comandante e sua tripulação optaram pelo jeitinho
árabe (concorrente direto, pelo visto, do nosso velho jeitinho brasileiro): com
cobertores e travesseiros colados com fitas adesivas taparam a abertura e o voo
seguiu.
O episódio é contado pelo passageiro britânico David Reid e seu filho
Lewis e difundido por agências de notícias internacionais. A notícia não
registra depoimentos de outros viajantes.
Já a Emirates nega, segundo um porta-voz oficial: "Nós podemos
confirmar que houve um ruído saindo de uma das portas do A380 no voo EK384
entre Bangkok e Hong Kong, nesta segunda-feira, 11 de fevereiro. Em nenhum
momento, a segurança do voo foi posta em risco".
O mesmo faz a Airbus: "Não é possível que uma porta da cabine abra
em um A380 ou em qualquer aeronave enquanto estiver em voo, já que as portas
abrem para dentro e têm mecanismos de bloqueio".
Agências de notícias não costumam relatar fatos com a precisão
necessária à boa informação. A cobertura de conflitos onde estão envolvidos os
EUA e seus aliados é uma prova disso. Também não consta que tenham por hábito
espalhar dúvida sobre comunicados oficiais de grandes empresas, como a Emirates
e a Airbus. Por isso, dá para acreditar que o tal passageiro britânico tenha
dito a verdade, ou próximo disso, para merecer tamanho crédito das ditas agências.
De toda sorte, como viajo de avião com certa frequência, e o faço na
tranquilidade de quem imagina que jamais possa acontecer algo assim, prometo
botar o olho nas portas da aeronave, dando meu crédito pessoal a Mr. David Reid
e seu filho Lewis. Afinal, a uma altura de 8 mil metros tudo pode acontecer. Ou
não?
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