As
eleições de outubro e o fator militante
Luciano Siqueira
Cá em plagas nordestinas, costumamos dizer (e viver) que o
ano começa quando termina o carnaval. A pleno vapor, como se a folia nos
purificasse, afastando dúvidas, inibições e receios; e alargando o horizonte
das novas batalhas a travar.
Pois o ano começou de fato e tudo, ou quase tudo gira em
função das eleições de outubro. O noticiário econômico é envenenado pelo
marketing eleitoral. Declarações de pré-candidatos, excessivamente adjetivadas
e pouco substantivas, idem. E os partidos cuidam, enquanto isso, de reunir a
tropa, ajustar planos de mobilização e logística. Pois cumprindo diferentes
papeis, de relevância relativa variada, cada um terá que se apresentar com o
que tem de melhor para a dura conquista do voto.
Nesse cenário, o Partido Comunista do Brasil tem entre seus
trunfos, digamos assim, a capacidade de luta de sua militância. Um fator
decisivo para seus projetos eleitorais, alvo do 8º. Encontro Nacional sobre
Questões de Partido, realizado dias atrás, justamente destinado a aprimorar,
entre quadros dirigentes de todo o País, a assimilação de suas linhas de ação
política e de construção organizativa – faces de um mesmo conteúdo estratégico.
E a partir daí, assegurar ampla, aguerrida e certeira mobilização dos seus
filiados e ativistas sob sua influência.
No embate eleitoral como em toda e qualquer peleja, os
comunistas se orientam pelo seu Programa Socialista e por diretrizes táticas
dele emanadas e formatadas pela sua direção central, em acordo com as circunstâncias
conjunturais. Assim é o projeto eleitoral deste ano, que busca melhor posicionar
o Partido no Parlamento e nas esferas de governo, tendo em vista o acúmulo de
forças na construção de um projeto nacional de desenvolvimento avançado.
Completar a integração nacional por meio de portentosos investimentos em
infraestrutura e reordenar a vida nos centros urbanos emergem como vetores
desse projeto nacional. Eleger forte bancada federal, conquistar o governo do
Maranhão e ampliar a presença nas Assembleias Legislativas dão sentido à busca
do voto.
Empreitada de tamanha envergadura requer uma estrutura de
quadros dirigentes de base e extensa rede de filiados e ativistas que reúnam, a
um só tempo, descortino, iniciativa política e capacidade de liderança; e que
penetre em toda parte feito água de chuva.
Isto num ambiente político complexo, a partir mesmo da
conformação das alianças políticas em construção, que não guardam
necessariamente correspondência exata entre a coalizão nacional, em função da
presidência da República, e as locais, para os governos estaduais. O que implica muito debate, em que questões de
ordem tática se mesclam com proposições programáticas. Como traduzir em âmbito
local, por exemplo, na campanha dos candidatos comunistas, a luta pela reforma
urbana de modo a fundir reclamos e anseios da população de cada lugar com o
avanço das transformações em curso nos últimos onze anos? Aí está uma pedra de
toque da batalha que se avizinha – e um trunfo que, bem explorado, valerá muito
na conquista do voto.
(Publicado no portal
Vermelho www.vermelho.org.br e no Blog
de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
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