No meio do caminho
existe uma grande solidão
Na
tentativa de preencher vazio, Róger Guedes se perde em uma grande solidão no
Corinthians
Tostão/Folha
de S. Paulo
A impunidade aumenta a criminalidade. Ainda bem que a liga
espanhola, a Fifa, as federações esportivas e os governos perceberam a gravidade do racismo e
da homofobia no futebol e anunciaram medidas duras para conter os preconceitos
criminosos. Espero que essas condutas não sejam passageiras. A forte e marcante revolta de Vinicius Junior poderá se
tornar um marco nessa luta.
À parte disso, vivemos uma época de espetacularização no mundo,
de exageros, de valorização maior dos discursos e gestos teatrais e midiáticos
do que da verdade e da realidade. É o mundo das narrativas, palavra da moda,
que quase sempre não significa nada.
No futebol, basta um lance bonito, um brilhareco, um gol da
vitória, para um jogador comum ser tratado como craque. Não podemos perder
também a referência de que a qualidade do jogo praticado no Brasil é muito
inferior à das grandes equipes europeias.
Muitos dos principais jogadores que atuam no país já foram para
o exterior e voltaram por não ter mais espaços nos melhores times. Há exceções.
Alguns não se destacaram fora por outros motivos, não técnicos. Há também
jovens que brilham no Brasil e têm grandes chances de se tornar estrelas
mundiais.
O time atual do Flamengo não tem mais nada a ver
com o que encantou anos atrás. Muitos jogadores brilharam em outros períodos de
suas carreiras e mesmo assim continuam com grande prestígio. Já o Palmeiras,
que tem hoje um time titular e um elenco superior ao do Flamengo, possui
atletas que brilham pelo que jogam, não pelo que foram.
O Corinthians possui
jogadores para atuar melhor do que tem feito. Luxemburgo tem tentado arrumar
primeiro o sistema defensivo com a escalação de duas linhas de quatro bastante
recuadas, que não avançam quando o time recupera a bola.
Os dois atacantes ficam muito isolados, distantes dos outros
oito atletas de linha. Róger Guedes tenta preencher esse enorme vazio, recuando
até a sua intermediária, e se perde pelo caminho. No meio do caminho existe uma
grande solidão. Uma grande solidão existe no meio do caminho.
Mais que os jogadores, os treinadores são tratados como heróis
nas vitórias e vilões nas derrotas. Como se fossem os principais responsáveis
por tudo o que acontece em campo. Além dessa supervalorização dos técnicos,
existe uma obsessão por achar um único motivo que explique tudo.
Por falar em treinadores, até quando a CBF vai esperar a
resposta de Ancelotti? Ele quer ou não quer ser técnico da seleção brasileira? Dizem que, se ele não aceitar o
convite, será outro treinador estrangeiro. Entre os portugueses mais cotados,
prefiro o Abel Ferreira, que certamente deverá mudar seu comportamento
agressivo durante as partidas.
Não verei problemas se for um treinador brasileiro. Há vários
bons. Discordo das opiniões de que o Brasil foi eliminado nas quartas de final
das duas últimas Copas do Mundo por causa de alguns erros cometidos por Tite.
Contra a Bélgica, no Mundial de 2018, teria sido o
deslocamento do zagueiro Miranda para a esquerda, para marcar Lukaku,
permitindo a chegada de De Bruyne pelo meio para finalizar. Os méritos foram da
Bélgica e de seu craque.
No jogo contra a Croácia, os problemas teriam sido a
substituição de Vinicius Junior durante a partida e o fato de o técnico não ter
feito uma retranca no final quando o Brasil vencia por 1 a 0. Penso que tenha
sido uma sucessão de acasos e de escolhas equivocadas de alguns jogadores
durante o trajeto da bola de uma área à outra.
Navegar é preciso, viver não é preciso https://bit.ly/3Ye45TD
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