O esporte como ferramenta socialista contra o imperialismo
Clara Maria*
A participação no esporte internacional de forma vitoriosa tornou-se um indicador do poder nacional, já que a competição nessa área oferecia bases para a comparação do sucesso e na mobilização dos recursos populacionais, além de gerar um sentimento nacionalista e de pertencimento na sociedade.
A atividade física na União Soviética tinha a finalidade de ampliar a produtividade do trabalho, o preparo dos trabalhadores para as atividades de defesa e a difusão dos hábitos de coletividade e disciplina. Enquanto alguns especialistas soviéticos em meados de 1920, acreditavam que o esporte competitivo era de caráter capitalista e corrupto.
Lênin enxergava a importância da educação física no treinamento militar e na preparação para o trabalho, concebendo que o esporte seria uma força para o desenvolvimento individual harmonioso. Os pesquisadores soviéticos tratavam a educação física e a educação intelectual como processos relacionados, além de que a educação física e o esporte ajudariam a cultivar qualidades morais e de estética no espírito da moralidade comunista. Assim, o atleta soviético deveria ser um participante consciente da sociedade, que estudaria e conheceria não apenas seu esporte, mas as lições básicas de marxismo e de leninismo.
O esporte na sociedade socialista contesta, assim, aquele desenvolvido no sistema capitalista, pois era inerentemente corrupto num momento em que era parte de uma estrutura socioeconômica na qual era usado como meio para explorar os indivíduos, desviar as massas do esforço de luta por justiça social, trazia competição que poderia trazer prejuízos para a saúde física e mental além de preparar as pessoas para a conquista imperialista.
Desta maneira o esporte era explicitamente declarado como uma instituição política que tinha um papel significativo na luta entre o proletariado e a burguesia e entre o novo Estado socialista e o mundo capitalista.
Em 1930 diante da depressão econômica na Europa e do fortalecimento de regimes fascistas na Alemanha, o esporte estava começando a ser visto como um símbolo potencial de força e de dinamismo da União Soviética, diante do desafio de combater o fascismo no mundo, nasce o interesse soviético em garantir um papel importante nas relações esportivas internacionais que estava ligado à política externa e um objeto de prestígio e de identidade nacional
Em vez de condenar os eventos esportivos como espetáculos imperialistas, o Partido Comunista passou gradativamente a celebrar os ideais e as tradições do esporte moderno.No fim da década de 1930, a idéia de que o esporte também permitia a ampliação do prestígio nacional, alcançar números maiores de trabalhadores estrangeiros e de impressionar os governos de outros países com a força soviética.
A ideia de vencer os Estados capitalistas na área esportiva crescia, foi implementada várias campanhas com o intuito de trazer glória global ao esporte soviético e superar ao menos metade de todos os recordes mundiais dentro de poucos anos.
Uma nova era nos esportes internacionais começou nos Jogos Olímpicos de Helsinque em 1952, quando os atletas soviéticos fizeram uma estreia esplêndida na competição, justamente um ano após a criação do Comitê Olímpico Soviético. Os países socialistas liderados pela União Soviética conquistaram quase um terço das medalhas naqueles Jogos Olímpicos.
Por isso, gostaria destacar que o objetivo principal do governo soviético era a instauração do regime socialista. Todos os esforços, ações, práticas e políticas deste governo se voltavam para este objetivo e, com isso, o esporte exerceu uma grande importância ao se constituir como uma ferramenta estratégica de auxílio para alcançar os objetivos de um governo revolucionário.
*Diretora de universidades públicas da UNE
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