Soletrando no escuro a tua voz
O amor, por vezes, causa dano
O amor, por vezes, causa dano
enquanto a noite acesa passa
deixando atrás o desengano
brisa que dorme e que se esgarça
ainda assim, dentro do inverno,
sempre abrasado amor eterno.
Na noite longa, quando passas,
é luminoso todo o inverno
e o coração que não se esgarça
mais do que luminoso, é terno.
Ramo de luz, meu desengano
foi te causar um dia dano.
É meu o luminoso inverno
e o passageiro desengano.
O teu rosto, dourado e terno,
acima paira desse dano,
pois tua mão serena esgarça
minha ternura quando passas.
Ao escutar meu desengano
deixas à margem, quando passas,
o lodo e o limo desse dano
que o vendaval do tempo esgarça
e traz, lavado pelo inverno,
um rastro de ternura eterno.
A tua voz doída esgarça
palavras no abrasado inverno,
doendo, inteira, quando passas
escondendo os teus olhos ternos.
Dói, meu amor, o desengano
que mágoa te causou, e dano.
Sinto que é longo e que é eterno
meu sofrimento quando passas
na correnteza desse inverno
que o vendaval do tempo esgarça,
por isso dói meu desengano
quando te causo mágoa e dano.
3 comentários:
Você não é apenas um amante da poesia, meu senador. Você seleciona poemas com rara sensibilidade.
Ana Paula
Caro Luciano,
Lindo este poema de Jaci Bezerra. Louvável esta sua idéia de distribuir poesia. A poesia é algo tão natural e direcionado à necessidade humana, que mesmo na internet prescinde de corporificar-se como virtual e chega real, como flores do campo, pétalas, acúleos, trigo e água ao coração dos homens.
Obrigado meu irmão pelas flores que sempre distribuíste em teu caminho. Esta inteireza e esta harmonia de humano que você possui e que identifico aprimorada pelas refregas da vida, pela sensibilidade e pela alegria, é quem nos dá a resposta para a existência de um político que serve de modelo à cena brasileira. Adiante amigo!
Quem foi tocado pela inquietude de construir um mundo melhor e mais justo, não pode parar.
Waldir Pedrosa Amorim
www.blogdowaldirpedrosa.blogspot.com
waldirpedrosa@gmail.com
O poeta Jaci Bezerra pode, até, ser "poeta"... ter "alma" de poeta; escrever belos poemas, falar de amor mas, sentir? Falta-lhe a sensibilidade de HUMANO. Humano, demasiado (des)humano.
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