Em entrevista à Folha de S. Paulo de hoje, o ex-presidente José Sarney afirma que “ninguém governa o tempo que governa. O meu tempo era diferente, de transição. Com a trágica morte do Tancredo [Neves], assumi a Presidência, mas o poder ficou com o Dr. Ulysses [Guimarães], que era o presidente do PMDB, que era quem tinha a força política naquele tempo. Tive de cumprir toda a agenda da ação democrática, que era a convocação da Constituinte, eleições, acabar com todas as leis autoritárias e ao mesmo tempo me legitimar, o que tentei fazer e fiz com o Plano Cruzado” – isto justificando por que não fez a reforma política.
Outro dia foi Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à TV Bandeirantes, que afirmou não ter feito a reforma política em razão de outras prioridades, entre as quais “o desmonte do monopólio estatal em setores então estatais, como o das telecomunicações”.
Mas o fato é que a reforma política é tarefa do Congresso Nacional, e não do Executivo – por mais que este influencie a parlamento, nas condições do presidencialismo brasileiro.
O buraco é mais embaixo. Os grandes partidos, detentores de bancadas maiores no Congresso, não desejam a reforma política, sobretudo com um sentido democratizante.
No próximo pleito de 2010, quem sabe, a se eleger uma parcela mais expressiva de parlamentares comprometidos com essa bandeira, possamos ter a reforma. Daqui até lá, é preciso debater o tema amplamente.
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